sexta-feira, 22 de junho de 2012

RUY BARBOSA: REFORMA DO ENSINO SECUNDÁRIO E SUPERIOR

Geografia Ensino & Pesquisa, v. 15, n.3, p. 154166, set./dez. 2011 Mormul, N. M.; Machado, M. C. G. Girotto, E. D. ISSN 22364994 | 161 Enfatizava a importância do uso de exemplos para a geografia e, ao tratar do ensino primário, colocoua como substância principal, alertando sobre a ausência da figura humana nos compêndios geográficos e a necessidade de incorporar este assunto. Ao considerar necessária uma educação para a vida, enfatizava que, nos Estados Unidos, no qual se compreendia profundamente essa questão, defendiase que: “[...] a geografia elementar era uma homenagem necessária àqueles, dentre todos os interesses, que domina hoje os destinos das maiorias nações” (BARBOSA, 1947b, p. 315). Percebia que a geografia poderia ser uma disciplina inspiradora, capaz de suscitar os desejos das crianças em conhecer e amar sua pátria. Do modo como era trabalhada nos países civilizados, poderíamos nós também utilizála para educar nossas crianças e alavancar o desenvolvimento econômico do nosso país. O ensino da geografia vinha a constituir a moldura animada e pitoresca, dentro da qual se representava vivamente aos olhos do aluno o espetáculo da civilização contemporânea, com os seus recursos, lutas, dificuldades, conquistas, esplendores e contrastes de sombras. Assim, o aluno era conduzido suavemente até os limites, nos quais principiava o sistema da vida na superfície da terra, obra do meio que o envolvia com a pátria, com as águas e, finalmente, com o ambiente. Para tanto, admitiase que não existia outra ciência que causasse tanto agrado às crianças quanto a geografia, pois essa ciência tem o universo todo como palco de atuação. Basta, no entanto, para isso, conduzir as crianças para que se sintam parte desse universo. Para Spencer (1927, p. 3), “[...] o que importa não é aquilo que realmente somos, mas o que mostramos ser, assim, na educação, a questão não está no valor intrínseco dos nossos conhecimentos, mas nos seus efeitos extrínsecos sobre os outros”. Constituise ensino de geografia num poderoso instrumento para o desenvolvimento geral do pensamento, assim como familiarizar os alunos com o verdadeiro método de investigação científica, que contribui para despertar a curiosidade nos alunos, por meio de informações pertencentes a essa ciência. Sendo assim, as crianças só se tornarão admiradoras da natureza, quando passarem a perceber as ligações existentes entre elas. O sentimento de amor e respeito pela natureza será despertado a partir da infância e, ao se sentirem integradas, irão conhecer e atribuir valores às coisas que estão ao seu redor. Com o passar dos anos, outros valores serão trabalhados, com o intuito de formar indivíduos conscientes e responsáveis pelo lugar que será ocupado por eles no futuro. O Método Intuitivo aplicado ao ensino de geografia Rui Barbosa enfatizou a urgência em reformular a instrução escolar, inclusive, a necessidade de adotar um novo método de ensino e defendia o uso dos sentidos para a aprendizagem. Era sincero ao dizer que um método estéril, como o usado até então, de nada serviria e definia o ensino atual como vão abstrato e morto. No parecer de Rui Barbosa sobre a reforma do ensino primário, o método intuitivo7 foi exaltado como o elemento mais importante de toda a reforma. Cumpre renovar o método, orgânica, substancial, absolutamente, nas nossas escolas. Ou antes, cumpre criar o método; porquanto o que existe entre nós, usurpou um nome, que só por antífrase lhe assentaria: não é o 7 Veja o que escreve sobre o assunto Valdemarin (2004 p. 103). “Em meados do século XIX, o método intuitivo é entendido por seus propositores europeus e americanos como um instrumento pedagógico capaz de reverter a ineficiência do ensino escolar, que é assim pontuada: forma alunos com domínio insuficiente de leituras e escrita e com noções de cálculo insatisfatórias, principalmente pelo fato de alicerçar a aprendizagem exclusivamente na memória, priorizar a abstração, valorizar a repetição em detrimento da compreensão e impor conteúdos sem exame e discussão”. COPYRIGHT AUTOR DO TEXTO

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