sábado, 30 de junho de 2012
USINA ELÉTRICA DE FURNAS
Usina Hidrelétrica de FurnasOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Usina Hidrelétrica de Furnas
Rio Rio Grande
Localização Minas Gerais
Coordenadas 20°40'11S , 46°19'05W
Inaugurada 1963
Informações Técnicas
Capacidade de geração 1216 MW
Unidades geradoras 8
Barragem
Altura 127 m
Comprimento 550 m
Reservatório
Capacidade 22,59 bilhões de m³
Área alagada 1473 km²
Construção
Início da construção 1958
Término da construção 1963
Período de construção 5 anos
Operação e distribuição
Empresa Geradora Furnas Centrais Elétricas
Empresa Operadora Furnas Centrais Elétricas
Empresa Distribuidora Furnas Centrais Elétricas
Site: http://www.furnas.com.br/
A Usina Hidrelétrica de Furnas foi a primeira a ser construída pela empresa que dela herdou o nome. Está localizada no curso médio do Rio Grande, no trecho denominado "Corredeiras das Furnas", entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória, em Minas Gerais. No início da construção pertencia ao município de Alpinópolis-MG, e possui uma potência nominal de 1.216 MW (8 X 152 MW)[1]. A operação da Usina de Furnas está certificada pela NBR ISO 9002, desde dezembro de 2000.
Sua construção começou em julho de 1958, tendo a primeira unidade entrado em operação em 1963. A construção dessa usina, uma das maiores da América Latina na época, permitiu que se evitasse o colapso energético do País, na década de 60.
O reservatório, um dos maiores do Brasil, com 1.440 km² e 3.500 km de perímetro, banha 34 municípios de Minas Gerais. A inundação de áreas férteis trouxe prejuízos para os agricultores, mas possibilitou, além do desenvolvimento da região com a nova usina, o aumento da renda relacionada ao turismo, visto que a indundação formou novas e belas paisagens, como os cânions na cidade de Capitólio.
Índice [esconder]
1 Histórico da construção da Usina de Furnas
1.1 Origem
1.2 Construção
1.3 Transposição do Rio Piumhi
1.4 Águas
1.5 A usina e as Comunidades do Lago
1.6 A tentativa de privatização
2 O Lago de Furnas
2.1 Geografia
2.2 Associação dos Municípios do Lago de Furnas (ALAGO)
2.3 Impostos
2.4 Balsas
3 Outros benefícios
4 Ver também
5 Referências
6 Ligações externas
[editar] Histórico da construção da Usina de Furnas[editar] OrigemContam as histórias que foi o engenheiro da Cemig Francisco Noronha quem descobriu as Corredeiras das Furnas, quando saiu para pescar a convite da família Mendes Júnior. Era sabido que a Cemig já procurava no Rio Grande um lugar ideal para construir uma usina. Diante de um cânion longo e profundo, o engenheiro, impressionado, tirou fotos, desenhou barragens sobre as mesmas, calculou a profundidade do reservatório e, em Belo Horizonte, apresentou seus estudos ao engenheiro John Reginald Cotrim, então vice-presidente da Cemig e futuro presidente de FURNAS. O diretor técnico de Furnas foi o engenheiro hidráulico Flávio Lyra.
Cotrim verificou pessoalmente o local e chegou à conclusão que estava diante de um potencial que permitiria a construção de uma usina de grande porte para atender os três principais centros socioeconômicos do país: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, evitando assim o colapso energético que ameaçava o país.
Em 1955, Cotrim passou a integrar a equipe de governo de Juscelino Kubitschek, que em 28 de fevereiro de 1957, assinou o decreto 41.066 e criou uma das maiores obras do seu governo: a Central Elétrica de Furnas, com sede em Passos, Minas Gerais.
Usina de Furnas-Construção das Tubulações em 29/05/1962
Usina de Furnas-Barragem em 01/12/2012[editar] ConstruçãoConstruir a maior usina hidrelétrica do país na época, com capacidade de gerar uma potência elétrica de 1.216 MW, exigiu a contratação de profissionais estrangeiros, principalmente ingleses, e a importação de equipamentos da Itália, Suécia, Estados Unidos, Suíça, Canadá e Japão, mas também contou com a criatividade dos engenheiros e operários brasileiros que ajudaram na resolução de muitos problemas técnicos de última hora. Os estudos em modelos físicos reduzidos foram efetuados no Laboratório de Hidráulica Saturnino de Brito no Rio de Janeiro comandados pelo engenheiro Theóphilo Benedicto Ottoni Netto.
Fábio Carvalho Alves, na época, empregado de uma pequena empreiteira chamada Mendes Júnior, trabalhou no núcleo de argila da barragem da usina e conta que não foram poucos os problemas enfrentados. "Deslocar equipamentos pesando cerca de 30 mil kg em balsas era muito difícil. Lembro do dia em que uma afundou com uma carreta de combustível e tive que usar escafandro sem nunca antes ter mergulhado", lembra.
Fábio, hoje aposentado, vive nas Escarpas do Lago, primeiro e maior empreendimento turístico do Reservatório de Furnas, que aprisionou 21 bilhões de metros cúbicos de água dos rios Grande e Sapucaí. A Mendes Júnior, cujo crescimento, em suas próprias palavras, se deve à construção da usina de Furnas, é uma das maiores construtoras do país.
[editar] Transposição do Rio PiumhiVer artigo principal: Rio Piumhi
Visando não inundar da cidade de Capitólio, o Rio Piumhi, afluente do Rio Grande, teve toda sua bacia (com seus 22 afluentes), juntamente com sua ictiofauna, transposta para a Bacia do Rio São Francisco quando da construção da Usina Hidrelétrica de Furnas. Atualmente, pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos e da Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolvem pesquisas na região.
[editar] ÁguasA construção de túneis e galerias para desviar o curso dos rios Grande e Sapucaí desafiou a habilidade técnica de engenheiros e exigiu grandes esforços de operários. Muito esforço também foi necessário para convencer os proprietários de terras dos municípios da região a vendê-las para a Empresa, em nome do interesse nacional.
Nem José Cândido Barbosa, um dos primeiros e únicos a negociar com Furnas "sem entrar em demanda", se convenceu fácil de que as águas fossem alagar suas terras, localizadas no município de Guapé. "Eu fiquei desconfiado porque vieram pedir para demarcar minhas terras e só botavam estacas em terra boa. Fiquei com medo que eles quisessem era invadir a terra da gente".
Depois de consultar um advogado, que explicou que as melhores terras geralmente ficam nos vales, finalmente se decidiu. "Pensei… Ah, vou vender esse trem, porque tudo custou meu suor mesmo, não recebi herança de ninguém. Fui lá e vendi". O valor pago pela Empresa ele não lembra, mas garante que os dois cheques que recebeu foram suficientes para comprar a fazenda onde mora hoje, que lhe custou seis milhões de cruzeiros, e revela que ainda sobrou dinheiro. Houve gente para quem nem o dinheiro oferecido, nem a ameaça de ver tudo ficar debaixo d'água era suficiente para abandonar a terra. A maioria recebeu o valor venal, depositado em juízo pela Empresa.
Dona Clarisse de Souza Rodrigues deu mais trabalho aos advogados de Furnas. Nem mesmo a carta do presidente Juscelino a convenceu de vender as terras. Dona da fazenda Corredeiras, que abriga hoje as instalações da usina, ela lutou com unhas, dentes, água fervente e tiros de carabina para não ser desapropriada.
Hoje falecida, é seu filho José Rodrigues Filho, o Vinho, ex-funcionário de FURNAS, que relata que o único que conseguia conversar com ela era o advogado Aldo Hildo Motta. "Minha mãe era brava e para ela as terras não tinham preço. Furnas oferecia dinheiro, fazendas melhores que a nossa e ela não aceitava nada. As obras começaram com ela dentro do canteiro". Motta, depois de lhe dar presentes, levá-la ao Rio de Janeiro, encheu os olhos de dona Clarisse com um sobrado alugado pela Empresa na nova São José da Barra, todo mobiliado, "com geladeira e tudo mais que só milionário tinha na época. Ela nunca tinha visto nada igual". O aluguel do sobrado por cinco anos somado a 2,7 milhões de cruzeiros, "em notas bonitas, douradas", fizeram Clarisse mudar-se com a família. "O dinheiro ela emprestou, guardou, acabou. Ela morreu numa casinha humilde, na rua Alagoas".
Hoje, Vinho, que trabalhou como servente, zelador, ajudante de cozinha, cozinheiro e garçom na Casa de Visitas de Furnas, sonha em comprar áreas que ficavam na antiga propriedade e que não foram utilizadas pela Empresa. "Se FURNAS colocar à venda esses remanescentes, eu quero comprar em memória dos meus pais, que amavam aquelas terras".
[editar] A usina e as Comunidades do LagoNo dia 9 de janeiro de 1963 o túnel que desviou o curso do rio Grande para a construção da Usina de Furnas foi fechado e as águas que formaram um dos maiores reservatórios do mundo, criou praias, formou cânions e cachoeiras inundou vilarejos e mudou para sempre a história dos 34 municípios que ficam ao longo dos 1.440 km² de extensão do Lago de Furnas.
A sede do município de Guapé ficou praticamente submersa, o que levou à construção de uma nova sede em local definido pela população. O distrito de São José da Barra, então pertencente a Alpinópolis e emancipado em 1994, ficou integralmente debaixo das águas e deu lugar à "Nova Barra", que a pedido do padre Ubirajara Cabral, pároco local, foi construída pela Central Elétrica de Furnas na forma de um banjo.
A maioria dos municípios possuía vocação agropecuária, mas com o alagamento das áreas produtivas diversificaram suas atividades. Surgiram pequenos comércios e o turismo, ainda pouco explorado, apresenta-se hoje como opção natural para geração de renda na região. São cerca de 260 empreendimentos turísticos, entre hotéis, pousadas e clubes náuticos, de acordo com a Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago) que movimentam a economia local, gerando empregos e impostos para os municípios.
[editar] A tentativa de privatizaçãoA empresa Furnas havia sido incluída no Plano Nacional de Desestatização, idealizado e implantado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Porém, o então governador de Minas Gerais, Itamar Franco, insurgiu-se contra a privatização da empresa, conclamando o povo mineiro e brasileiro para impedirem que mais um patrimônio do brasileiro fosse privatizado. Na ocasião, Itamar mobilizou a Polícia Militar de Minas Gerais na região da usina, ameaçando explodir uma barragem caso Furnas fosse privatizada. Apesar desta postura ter sido criticada, Itamar conseguiu seu objetivo e a empresa não foi privatizada.[2]
[editar] O Lago de FurnasA represa cobre uma superfície de 1440km².[3] atingindo 34 municípios de Minas Gerais. O lago é formado por dois "braços", um a leste e outro a sul da barragem. Do lado leste o principal rio que deságua no lago é o Rio Grande. Do lado sul a represa é formada da junção dos rios Verde, Sapucaí, Machado, além de muitos ribeirões e córregos.
Lago de Furnas visto da Estação Espacial Internacional.O Lago de Furnas é a maior extensão de água do estado e por isso é chamado de Mar de Minas. Possui muitas praias artificiais e cânions que transformam o lago numa grande atração turística.
[editar] GeografiaO nível de armazenamento do lago é de 768 metros acima do nível do mar, com o nível máximo de 769,3 metros e o nível mínimo de operação de 750 metros.[3]
Ao longo de sua extensão, o lago exibe diversas paisagens com contornos sinuosos, por causa do "mar de morros" sobre o qual a represa foi formada. Na região de Capitólio existem os Cânions do Lago de Furnas, que possuem cerca de 20 metros de altura com várias cachoeiras e reentrâncias que formam uma bela paisagem.[3] Em Boa Esperança foi criado um dique que forma uma lagoa (Lagoa Encantada) para que a cidade não ficasse tão sujeita às variações do nível do lago e também para fins de paisagismo, visto que em torno desse lago foram construídas várias avenidas arborizadas.
[editar] Associação dos Municípios do Lago de Furnas (ALAGO)Trinta e quatro municípios foram atingidos pelo Lago de Furnas. Estes municípios, a fim de explorar turisticamente as transformações advindas da criação da represa, buscando a sustentabilidade econômica e a preservação ambiental dos municípios lindeiros banhados pelo lago, formaram a Associação dos Municípios do Lago de Furnas (ALAGO), da qual fazem parte Aguanil, Alfenas, Alpinópolis, Alterosa, Areado, Boa Esperança, Cabo Verde, Camacho, Campo Belo, Campo do Meio, Campos Gerais, Cana Verde, Candeias, Capitólio, Carmo do Rio Claro, Coqueiral, Cristais, Divisa Nova, Elói Mendes, Fama, Formiga,Guaranésia, Guapé,Guaxupé ,Ilicínea, Itapecerica, Lavras, Nepomuceno, Paraguaçu, Perdões, Pimenta, Ribeirão Vermelho, São João Batista do Glória, São José da Barra, Três Pontas e Varginha.
Segundo a Associação dos Municípios do Lago de Furnas (ALAGO): "historicamente a região guarda a memória das tribos indígenas que ali habitaram, das trilhas bandeirantes em busca de ouro, das fazendas seculares e dos quilombos rebeldes. Muito dessa história submergiu em fevereiro de 1963, quando as águas do lago subiram seu nível por sobre casas, plantações e até mesmo cidades, transformando definitivamente o lugar. Seus habitantes levaram algum tempo para reconhecer a nova paisagem e as novas possibilidades oferecidas pelo grande lago que se formara. Aos poucos, porém, em seus remansos, agradáveis pousadas, férteis pesqueiros e elegantes embarcações foram surgindo e delineando o futuro turístico do Lago de Furnas".
[editar] ImpostosApenas os impostos gerados pela produção de energia na Usina de Furnas respondem pela maior parte dos recursos de cidades como São João Batista do Glória e São José da Barra que, por sediarem as instalações da usina, dividem meio a meio o ICMS pago pela Empresa. As demais cidades também são beneficiadas e recebem, proporcionalmente à área alagada, a Compensação Financeira dos Recursos Hídricos (CFRH).[4]
[editar] BalsasComo o sistema viário, composto na maior parte por estradas vicinais, também foi inundado pelo reservatório, a Empresa disponibilizou balsas à população local. Ao todo são 15 embarcações, sendo três à jusante e 12 à montante da barragem, operadas em convênio com 11 prefeituras. Além do investimento inicial, FURNAS arca com os custos de manutenção. O transporte para pedestres é gratuito, mas a renda obtida com o transporte de veículos fica integralmente para o município.
[editar] Outros benefícios
Represa de Furnas em Varginha.Outros benefícios diretos aos municípios, criados pela presença da Usina de Furnas, advêm da política de meio ambiente e responsabilidade social da Empresa.
A estação de Hidrobiologia e Piscicultura, implantada na década dos 70, além de produzir espécies nativas como dourado, trairão, piau-três-pintas, piracanjuba, curimbatá e pau-caranha, para repovoar o reservatório, faz a distribuição de tilápias invertidas para os produtores rurais de São José da Barra.
São fornecidos cerca de 150 mil alevinos por período reprodutivo a produtores selecionados pela Emater, segundo o biólogo Paulo Sérgio Formágio. Um deles é Nelson Alves Batista, proprietário do sítio Vargem dos Pinheiros. Em 2002, ele recebeu o primeiro lote de alevinos/juvenis de tilápia-nilótica e a orientação profissional dos técnicos da piscicultura de Furnas. Hoje ele se diz satisfeito com o resultado e com a produção de cerca de 90 toneladas/ano.
A estação também realiza o levantamento das comunidades de peixes de cada reservatório das usinas em operação no Rio Grande, Paranaíba e Paraíba do Sul e emite relatórios para órgãos ambientais, como Instituto Florestal e Ibama. Além disso, avalia a qualidade da água em termos ambientais, medindo o grau de poluição através dos níveis de fósforo e nitrogênio.
Outra atividade que beneficia diretamente os municípios vizinhos à usina é realizada pelo Horto, que produz cerca de 80 mil mudas/ano de espécies nativas cultivadas para o reflorestamento de parte da mata ciliar e destinadas à arborização das cidades banhadas pelo Lago de Furnas.
Horta nas Nascentes e o Pomar Comunitário, recém implantado, também são projetos que fornecem alimentos para famílias carentes de comunidades próximas e entidades beneficentes
[editar] Ver tambémRio
Turbina hidráulica
Energia maremotriz
Hidrologia
Lista de usinas hidrelétricas do Brasil
Furnas Centrais Elétricas
Referências↑ Azevedo-Santos, V. M.; Costa-Neto, E. M.; Lima-Stripari, N. 2010. Concepção dos pescadores artesanais que utilizam o reservatório de Furnas, Estado de Minas Gerais, acerca dos recursos pesqueiros: um estudo etnoictiológico. Revista Biotemas, 23 (4): 135-145
↑ "Itamar vai à guerra". In: http://veja.abril.com.br/250899/p_046.html)
↑ a b c Usina Hidrelétrica de Furnas. Furnas Centrais Elétricas. Página visitada em 18 de março de 2012.
↑ Nascente das Gerais. Lago de Furnas. Página visitada em 18 de março de 2012.
[editar] Ligações externasAssociação dos Municípios do Lago de Furnas
Furnas Centrais Elétricas S.A.
Estudos sobre a transposição do Rio Piumhi
Lago de Furnas
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[Esconder]v • eHidrografia do Brasil
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