sexta-feira, 22 de junho de 2012

OS SOLDADOS DA BORRACHA NA AMAZÔNIA

NOSSO SITE: www.portalimpacto.com.br LU 120510 PROT: 3768 SOLDADOS DA BORRACHA PROF.: CONTEÚDO - 2011 10 4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO IMPACTO: A Certeza de Vencer!!! A ECONOMIA DA BORRACHA E O ESFORÇO DE GUERRA NOS ANOS 40: OS SOLDADOS DA BORRACHA NA AMAZÔNIA. Objetivo do Texto: Analisar o BOOM da borracha na Amazônia nos anos 40, vinculando-o com o esforço da II Guerra Mundial. O Arigó ganhou Status de Soldado da Borracha A região amazônica no período da II Guerra viria novamente a ser cobiçada pelos países capitalistas, para delírio das elites. A ofensiva imperialista do Japão no oriente colocou 97% das áreas produtoras asiática em suas mãos, quebrando a hegemonias dos inglês. Os países do Eixo fascista, Alemanha, Itália e Japão, foram beneficiados pela expansão japonesa, pois a rota de abastecimento de borracha para a Europa foram cortadas pela Alemanha, arruinando os interesses dos aliados: EUA, França e Inglaterra. O governo Brasileiro, à época chefiado por Getúlio Vargas, mesmo assumindo posições fascistas no Brasil, foi pressionado pelas elites nacionais e internacionais a declarar guerra ao eixo em 1942. A pressão norte americana foi intensa, já que os EUA era o maior credor do Brasil. Além do mais, os alemães foram acusados de afundar submarinos brasileiros. A subserviência econômica e o patriotismo, levaram o Brasil a entrar nessa guerra, mesmo que a nossa ajuda bélica fosse desnecessária. A propaganda patriótica serviu mais para mostrar o lado brasileiro de um presidente ditador. O governo brasileiro assinou acordo com os EUA e Inglaterra os ACORDOS DE WASHINGTON (1942-1943), comprometendo-se a fornecer borracha, desencadeando a “Batalha da Borracha”. O acordo consistia no fornecimento de capitais à região através do Banco de Importação e Exportação e a RUBBER RESERVE COMPANY. Como parte das transações foi criado na Amazônia o Banco de Crédito da Borracha (1942), com 40% de capitais dos EUA. O Banco da Borracha buscava aumentar a produtividade, entretanto “o surgimento do Banco não provoca alterações relevantes nos processos produtivos” (Seduc-1992), pois ao invés de financiar os produtores diretos, subsidiou as empresas estrangeiras. Em 1940, o ditador Getúlio Vargas visita a região e pronuncia em Manaus o Discurso do Rio Amazonas. “a terra do futuro, o Vale da Promissão na vida do Brasil de amanhã”. Falava de “exploração nacional das culturas, concentração e fixação do potencial humano”. Pois a Marcha para o Oeste integraria a região “no campo econômico da nação, como fator de prosperidade e energia criadora”. A região voltou a prosperar. As elites voltaram a acreditar que a Amazônia era uma terra abençoada por Deus. O capital novamente circulava em Belém e Manaus. Muitos ganhavam dinheiro alugando casas para os “estrangeiros” e novos empregos foram ofertados nas repartições públicas. A propaganda Nacionalista-Patriótica (típica do governo varguista) serviu para unir um pais tão desigual e violentamente reprimido pela ditadura de Vargas. O patriotismo levou brasileiros à Itália através da FEB (Força Expedicionária Brasileira) que sem ter muita importância bélica, serviu mais para mostras que os “nossos filhos estavam no conflito” Entretanto a guerra não ganhava-se somente nos campos da Itália, existia um outra guerra que tínhamos que ganhar: “A Batalha da Borracha”, levando os estrategistas do governo a criarem o slogan “para ganhar a guerra é preciso ganhar a batalha da borracha”. Esse Nacionalismo-Patriótico criou um sentimento de dever na sociedade que se sentiu na obrigação de defender o seu país. Os nordestinos (chamados de ARIGÓS), foram os maiores soldados desse exército. Expulsos novamente por um seca que atingiu o nordeste nos anos de 1941 e 1942, cearenses, potiguares e pernambucanos migraram para a Amazônia. Foram mais de 30 mil nordestinos. Um ‘inferno’ verde os esperava: malária, febre amarela, a cobiça das elites e empresas estrangeira sedentas de lucro e prontas para repetiram as humilhações e escravismo dos barracões. O aviamento novamente iria marcar as relações de poder entre seringalistas e seringueiros, o capital novamente iria jorrar para mandar de voltar para a Europa os filhos dos coronéis para transformarem-se em doutores. O governo organizou programas para atrair mãode- obra como o SERVIÇO ESPECIAL DE MOBILIZAÇÃO DOS TRABALHADORES e a COMISSÃO ADMINISTRATIVA DO ENCAMINHAMENTO DE TRABALHADORES PARA A AMAZÔNIA.“O sistema de produção da borracha, baseado no barracão, não tinha mudado. Os métodos de corte da seringueira eram também os mesmos.” (Lessa- 1991). Os EUA investiram 15 milhões de dólares na Amazônia com treinamento, transporte, criação de colônias agrícolas, crédito rural, e assistência aos trabalhadores. O objetivo era alcançar 100 mil toneladas de borracha por ano. NOSSO SITE: www.portalimpacto.com.br CONTEÚDO - 2011 REVISÃO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!! Todo esse esforço não conseguiu alcançar os seus objetivos. Problemas como: transporte difícil, as permanentes cheias e vazantes nos rios afluentes. A meta de 100 mil toneladas/ano não conseguiu atingir o esperado. ”A Campanha da Borracha não era, na verdade, um plano de valorização regional a longo prazo,(...), mas consequência do esforço de manter a demanda da borracha e de outra matérias-primas da selva em nível satisfatório às exigências do mercado internacional.(...)” (Souza-1991). “Que praga” vão reclamar novamente as elites. Os saldos da guerra: o eixo foi derrotado, os EUA passaram a hegemonizar o mundo capitalista, a ditadura varguista caiu e o Brasil definitivamente passa para a esfera de dominação norte americana. 20 mil soldados da borracha morreram nos seringais sem dispararem e levarem um único tiro (número maior que as baixas sofridas pela FEB na Itália, foi mais vantajoso ter ido a Europa). Os ARIGÓS perderam a patente de solados e os que morreram não ganharam um túmulo do “soldado desconhecido”, outros foram abandonados na beira dos rios. Com o término da II Guerra, os seringais asiáticos foram abertos novamente aos ingleses, levando a nova decadência dos seringais amazônicos. BELÉM: UMA CIDADE EM PÉ DE GUERRA. A cidade de Belém fervilhava à época da II guerra. Navios estrangeiros chegavam, trazendo soldados; arigós chegavam para serem enviados aos seringais, as casas de comércio aumentavam suas vendas, as empresas comerciais, ligadas a economia da borracha intensificavam seus negócios, os quartéis providenciavam os alistamentos. Muitos paraenses incorporamse a FEB e foram à Itália. Todo esse clima de guerra só poderia ser disciplinado por um soldado fiel ao patriotismo brasileiro: Magalhães Barata. Getúlio Vargas nomeou Barata para sua segunda interventoria no Pará (1943-1945). A escolha justifica-se pela necessidade da conjuntura de Guerra e Ditadura. Só um militar do porte autoritário de Barata, para atender as exigências do capital norte americano, interessados no plantio e extração da borracha e como agente repressor da ditadura do Estado Novo. A missão de Barata seria disciplinar a sociedade conforme as exigências do Estado Novo, suscitar na sociedade o patriotismo para a guerra. Barata ao assumir o governo no Pará irá encontrar uma sociedade agitada, pela falta de alimentos (2/3 de gêneros alimentícios eram importados do Sul, a produção pecuária e agrícola estava nas mãos de poucos e esgotada, devido a carência de mão-de-obra deslocada para os seringais). Os comerciantes escondiam feijão, manteiga, café e açúcar para majorar os preços. “O governo distribuiu cartões às famílias após recenseamento, cupons que lhe assegura uma quantidade de carne fresca de porco ou vísceras duas vezes por semana” (Fontes-1993) Essa estratégia não conseguiu resolver a fome da população. Outro cenário da cidade eram as intensas lutas populares, lideradas pelos Comitês Democráticos e pelos Comitês Democráticos Contra a Fome, ligados ao PCB que eclodiam nos bairros periféricos (Canudos, Cremação, Jurunas) devido a falta de infra-estrutura (saneamento, transporte, luz, água, capinação de ruas. Belém era uma cidade de poucos bairros privilegiados (Batista Campos, Marco, São Brás) com pavimentação, transporte e energia. Existiam duas cidades: uma bem cuidada pelo Estado e outra desprezada, mas onde seus moradores eram chamados a participarem com seus espíritos patrióticos. As lutas políticas uniam sindicatos, partidos e movimentos de bairros contra a ditadura do Estado novo. Barata ignorava essa situação caótica ao afirmar: “a guerra já se fazia sentir os seus efeitos tentaculares quando assumi o governo. Apesar dessa situação angustiosa, insuficiência das primeiras fontes de alimentação publica(...) a nossa população acolheu sempre as medidas restritivas que lhe eram impostas, com notável espírito de compreensão das circunstâncias decorrentes da guerra e de patriótico sacrifício, não se mencionando nenhuma perturbação da ordem pública(...)” ( Relatório de Barata - 1944). Em Belém formou-se a COMISSÃO ESTADUAL DE AJUDA A FEB. Recrutando jovens para servirem a pátria, pois “verás que um filho teu não foge a luta”. A cidade foi ocupada por soldados dos EUA que passavam por Belém para abastecer e depois dirigirem-se aos campos de batalha. É devido essa necessidade que constrói-se o aeroporto de Val de Cãs. O policiamento da cidade era realizado pela polícia local e estrangeira, juntos buscavam “disciplinar o espaço, impedindo a desordem política e individual. Ao toque de recolher, mendigos, bêbados, loucos, prostitutas, marginais, menores eram recolhidos para manter a ordem e controle social do espaço. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA - ANDRADE, Cássio Guilherme Franco, Disciplina, Criminalidade e Resistência na Belém da segunda Guerra ( 19434-1944), Belém, UFPa, 1990. TCC - BARATA, Joaquim C. de Magalhães, Relatório apresentado ao Presidente da República, Belém, 1994. - DEAN, Warren, A luta pela borracha no Brasil, São Paulo, Nobel, 1989. - FOLHA DE SÃO PAULO, 10 de Agosto de 1997. - SANTANA JR, Leopoldo Nogueira, Uma leitura crítica dos relatórios ( 1944-1957-1958) do governador Magalhães Barata: seu discurso sobre a educação pública no Pará, Monografia de especialização, Belém, UFPa, 1995. - SOUZA, Márcio, Breve História da Amazônia, Marco Zero, São Paulo, 1994. - VEIGA, Hecilda, A redemocratização em Belém (1945- 1947): os Comitês Democráticos e a Campanha Contra a fome, Belém, FASE, 1984. COPYRIGHT AUTOR DO TEXTO

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