quarta-feira, 2 de março de 2011

9502 - VIAJANTES ESTRANGEIROS NO BRASIL

VIAJANTES ESTRANGEIROS NA CORTE DE DOM JOÃO VI
Carollina Carvalho Ramos de Lima (Faculdade de História, Direito e
Serviço Social – UNESP/Franca)
Desde a descoberta do Novo Mundo, no século XVI, a literatura de viagem
mostrou-se um notável veículo de propagação de imagens sobre o continente
americano. O gênero tinha muitos apreciadores na Europa, e foram publicadas
importantes coleções de narrativas – Grands Voyages (1590), de Theodore de Bry,;
Collections of voyages (1598), de Levinus Hulsius; Collection of voyages and Travels
(1704), de John Churchill; General Collection of Voyages and Travels (1808), de
John Pinkerton; entre outras. No entanto, sobre a colônia portuguesa na América se
tinha disponível pouca fontes de informações, uma vez que, Portugal quase nada
escreveu sobre suas terras além-mar no decorrer dos três séculos de seu domínio;
restando, portanto, aquilo que partiu das penas de outras nações do Velho Mundo,
sobretudo Inglaterra, França e Alemanha.
No entanto, a literatura de viagem a respeito do Brasil ganhou vigor depois do
desembarque de D.João VI no Rio de Janeiro, quando as restrições à entrada e
permanência de visitantes europeus são abolidas com a famosa abertura dos portos
às nações amigas, em 1808i – estima-se que entre 1500 e 1808 cerca de cem
relatos de viagem foram publicados sobre o país; porém, esse número (cem relatos)
foi superado, depois da abertura dos portos, em pouco mais de cinqüenta anos. Tais
relatos descreviam, em linhas gerais, a paisagem natural que circundava a urbe, o
clima tropical e a fertilidade da terra, a arquitetura e o funcionamento da cidade, os
costumes dos colonos e os ritos da corte. O Rio de Janeiro aparece, na maioria das
vezes, como o lugar mais belo do mundo por causa de suas riquezas naturais;
riquezas estas, que no século XIX, atraíram, com o aval do monarca, inúmeros
viajantes naturalistas com o intuito de estudarem a flora e a fauna brasileira.
Desta forma, o século XIX é para o Brasil um momento rico em se tratando de
narrativas de viagem, uma vez que, o desembarque da Família Real flexibilizou as
inúmeras restrições quanto a entrada e permanência de visitantes estrangeiros no
país. O estabelecimento da corte no Rio de Janeiro imprimiu na capital imperial uma
nova organização política e econômica, bem como, novos padrões de convivência e
de costumes. Além disso, o grande número de estrangeiros que visitaram a colônia
portuguesa, ou até mesmo os que aqui se estabeleceram (principalmente, na sede
fluminense) exigiu que a cidade carioca criasse mecanismos para atender as novas
demandas de moradias, bens e serviços.
Cabe lembras, que as razões e motivos para se empreender uma viagem se
modificaram ao longo do tempo, podemos dizer que o século XVIII desenvolveu um
novo estilo de viagem – consolidado no decorrer dos oitocentos – caracterizado,
grosso modo, pelo movimento de viajantes naturalistas, cuja maior motivação era
realizar um diagnostico, de caráter cientifico, da fauna e da flora do lugar visitado.
Em grande parte, tais expedições, viajavam com financiamento particular, porém
obtinham o apoio das cortes européias (LEITE, 1995, p.51).
Assim, diante deste contexto político, econômico e cultural do inicio do século
XIX, nos propomos, nesta comunicação, analisar correspondências, diários e
narrativas de alguns viajantes estrangeiros que estiveram no Rio de Janeiro entre
1808 e 1821, de modo, a mapear as noções comuns que têm a maioria dos autores
a respeito dos cariocas e sua cidade. Contudo, é importante ressaltar, que não faz
parte de nossas pretensões, comparar as descrições com outros tipos de
documentos, a fim de buscar o real funcionamento do Rio de Janeiro. O objetivo de
nossos estudos é, sim, compor o quadro criado pelos visitantes da capital do império
luso-brasileiro, quadro este, que pode fugir das perspectivas de outros documentos
tidos como oficias (atas do governo, certidões, registros do Paço imperial).
O conjunto de narrativas que estudamos para compor esta comunicação
denota, primeiramente, um aspecto muito característico da literatura de viagem,
desde do século XVI: o compromisso com a verdade. Os viajantes vangloriam-se por
“relataros lo que allí vi y oír” (ROBERTSON, 1920, p.62)ii. No entanto, os relatos dos
oitocentos tentam ter um caráter cientifico, que leva os viajantes, que no decorrer do
século XIX estiveram no Brasil, a optarem em “ver com os próprios olhos”, a fim de
oferecer um registro fidedigno de suas viagens. O pintor francês Jean Baptist Debret
(1972, p.01), a este respeito, escreveu:
Valendo-me do título honroso de vosso correspondente no Rio de
Janeiro, ouso hoje oferecer-vos dedicando, esta obra histórica e
pitoresca, em que me lembro, antes de tudo, ao mundo intelectual,
que o Império do Brasil deve ao Instituto de França sua Academiadas
Belas Artes do Rio de Janeiro. [...]. Historiador fiel, reuní nesta obra o
Brasil os documentos relativos aos resultados dessa expedição
pitoresca, totalmente francesa, cujo progresso acompanhei passo a
passo.
O Brasil aparece nas narrativas como um lugar pitorescoiii (DEBRET, 1972,
p.116; POHL, 1976, p.20; SAINT-HILAIRE 1974, p.19). Era como se os viajantes;
estivessem num espaço inusitado, original e envolvente. Viajantes como Debret,
Rugendas e Saint-Hilaire ficaram conhecidos por suas pranchas que, em comunhão
com o texto escrito, levariam ao conhecimento do Velho Mundo o cenário dos
trópicos.
No Rio de Janeiro os viajantes encontraram um exuberante panorama natural.
A descrição da baía de Guanabara, por exemplo, evidencia o impacto inicial
causado pelo fausto da paisagem, de forma tal, que a descrição surpreende seus
leitores, é como se, o viajante mesmo tendo feito outras tantas viagens, jamais
tivessem pousado os olhos em tanta beleza (BRACKENRIDGE, 1820, p. 16;
CALDCLEUGH, 1825, p.06; MAWE, 1978, p.82). A esplêndida paisagem, portanto,
parece nunca ter sido vista pelo europeu, que dificilmente a esqueceria. O pintor da
expedição francesa Uranie, Jacques Arago (1855, p. 257), foi enfático ao dizer:
“dasafia-vos para vos esquecerdes jamais d’uma floresta virgem como a do Brazil,
mesmo quando a vossa vida for secular, mesmo depois de ter-des passeado nas
capitaes de todos os paizes, no meio de todos os archipelagos, sob todas as zonas”.
Nesse sentido, ao elogiarem as belezas naturais, os viajantes foram
unânimes, enaltecendo a prodigalidade do solo, como se “o Criador” tivesse sido
muitíssimo generoso com esta porção de terra do outro lado do Atlântico (ARAGO,
1855, p.245). Para o alemão Ludwing von Rango (1966, p.132), diante de uma raça
bastarda, “a natureza, para fazê-los aceitáveis aos olhos do mundo, derramou seus
encantos com indizível amor”.
O cenário brasileiro aguçava os sentidos do viajante, inspirando-o a fazer uma
interpretação romântica da naturezaiv: “Casi no puede concibierse nada más
semejante a la magia. Parecia que, sim esperario o quererio, hubiéramos salido in
um instante del caos a um mundo cubierto de riqueza y beleza maravillosas”.
(ROBERTSON, 1920, p. 62). Os alemães Spix e Martius (1976, p.80), também
descreveram a magia que envolve o individuo ao conhecer o Brasil: “tudo age com
magia toda especial na alma do homem sentimental renascido pelo espetáculo do
delicioso país”.
No entanto, para a maioria dos viajantes, o entusiasmo inicial oriundo da
exuberante paisagem, se esvai depois do encontro com a urbe e seus habitantes. É
como se, “tudo que a natureza fizesse (sic) por este país fosse (sic) magnificamente,
por isso parece tanto mais pobre o que o homem criou”. (RANGO, 1966, p.144).
No limiar da estada na capital do Império luso-brasileiro, o sentimento de
magia dava lugar à angústia, ao pesar e ao pavor. O Rio de Janeiro mostra-se
repugnante quanto ao clima, as pragas, a imundice e a insalubridade citadina. Os
visitantes europeus, repetidas vezes, reclamaram da atmosfera tropical, lemos, em
quase todos os relatos, a expressão: o calor era insuportável. E malgrado a pena de
estar sob o julgo de um clima tão hostil, os viajantes atribuíram ao intenso calor uma
série de problemas sanitários da cidade:
The effects of the climate and soil of this part of Brazil, without don’t
being particularly favourable to longevity, are certainly far from proving
destructive to human life. While most tropical countries have their
peculiar dieseases, this can scarcely be system any tendency to
dieseases of the liver, all warm some cases of this nature have
ocurred at Rio de Janeiro, ande terminated fatally with surch rapidity,
the European, even qith strong biliary symptoms, continues the same
life of luxuary before regardless of repeated warnings. Dieseases of
the skim are very common, and to them the negro race seens
peculiarly liable. (CALDCLEUGH, 1825, p.17).
O aspecto da urbe carioca enojava os visitantes europeus (LUCOCCK, 1940,
p. 167), em geral a limpeza das ruas deixava muito a desejar, “a ponto de se verem,
nos lugares mais freqüentados, às vezes durante dias inteiros, cães, gatos e
mesmos outros animais mortos“ (RUGENDAS, 1976, p.110). Para os viajantes os
habitantes do Rio haviam adotado um gênero de vida moroso para viverem sob o
calor tropical, e este modo de vida, parecia ter abdicado dos princípios básicos de
asseio pessoal e do lugar onde habitavam. A higiene, portanto, não era uma virtude
dos brasileiros (CALDCLEUGH, 1825, p.20-21; MAWE, 1978, p.82).
Para piorar certas doenças acometiam, especialmente, os viajantes. Entre
estas moléstias “duas sobressaem, que, embora não mortais, devem ser altamente
incomodas e desagradáveis. A inchação das pernas e que por sinal, são raramente
curáveis”. (RANGO, 1966, p. 133). Além disso, os recém chegados ao Rio de
Janeiro, como relata Leithold (1966, p. 40):
[...] apanham uma espécie de sarna ou eczema nas mãos, mas sem
ser tão coçativa. [...]. Outra moléstia, não menos repelente, é a das
pernas grossas, quais potes de manteiga, que vemos pelas ruas, às
vezes simultaneamente com hérnias, deixando a mais deprimente
das impressões nos espíritos sensíveis. (LEITHOLD, 1966, p. 40).
A arquitetura da cidade, ao contrário do cenário natural, pouco impressionou
os viajantes. A geografia carioca exigiu que para a construção da cidade fossem
dissecados os mangues, brejos e lagoas, no entanto, “[...] é de surpreender que
muito pouco se faça do lado do governo para secá-los” (RANGO, 166, p. 133). Em
verdade, D. João VI e seus ministros trabalharam, com grande afinco, no
embelezamento da cidade e na criação de infra-estrutura que atendesse as novas
demandas, trazidas com a corte. No entanto, o empenho do príncipe regente
esbarrou em “grandes dificuldades; [uma vez que] por toda parte torna-se necessário
fazer saltar os rochedos para a abertura das novas ruas e dos cais para dar maior
regularidade às que já existem”. (RUGENDAS, 1976, p. 16).
Neste processo de construção citadina, faltou um plano organizativo de
expansão da urbe, de forma que o resultado final, foi uma cidade com ruas e
quarteirões irregulares e sinuosos, características apontadas pela maioria dos
relatos estrangeiros:
As ruas, como já ficou dito, na maioria estreita, são às vezes bem
pavimentadas e supridas de calçadas. As sarjetas correm pelo meio,
como em Paris. [...]. A iluminação noturna da cidade satisfaz a tudo o
que se refere à mesma está instalado de maneira muito funcional.
(LEITHOLD, 1966, p. 12 -13).
O palácio real, por exemplo, não foi bem quisto por grande parte dos
viajantes, acreditava-se que o edifício imperial não estava à altura da realeza e das
riquezas naturais da nova sede da corte (DEBRET, 1972, p.90). O Paço foi
construído “num estilo limpo, plano, e de modo algum grandioso – grandiosidade
que, por sinal, não combinaria com a atual situação da família real” (MACQUARIE,
2007, p.37). Como sintetizou Rugendas (1976, p.15): “O Palácio Imperial é um
edifício vasto e irregular da pior arquitetura”.
No entanto, o soberbo aqueduto chama a atenção de todos os forasteiros, os
chafarizes, elegantemente construídos de pedra, recebeu ornamentos parisienses
que comovia o observador. Tanto o alemão Theodor Von Leithold (1966, p.13),
quanto Debret (1972, p.90) compararam o estilo da edificação ao grandioso feitio
romano. Os tais grandiosos aquedutos conduziam a água, obtida das montanhas,
por toda cidade.
Os arredores do centro do Rio de Janeiro – Botafogo, Catete, Santana, Glória,
Catumbi e Mata-Porcos – no entanto, receberam exaltados elogios, graças a uma
arquitetura aprazível e elegante, conseqüência do ordenamento harmonioso de uma
série de casas novas e de bom gosto, em consonância, com as belezas naturais
circundantes (DEBRET, 1972, p.90; LEITHOLD, 1966, p.13; RUGENDAS, 1976, p.
15). Estas regiões da cidade carioca estavam, em geral, reservadas à nobreza e às
pessoas ricas, nacionais ou estrangeiras, sendo que, muitos de nossos viajantes se
hospedaram nestas residências.
Os estrangeiros, em sua maioria, sentiram-se bem acolhidos pelos colonos,
principalmente se fossem introduzidos por um anfitrião da fidalguia portuguesa
(ARAGO, 1855, p. 252; POHL, 1976, p.46; RUGENDAS, 1976, p. 23). O povo da
colônia tropical, em geral, foi considerado muito afável e receptivo, “às vezes
inoportunos, mas sempre polidos” (SAINT-HILAIRE, 1974, p.27), Debret (1972, p.86)
reafirmou esta característica ao dizer:
Com muita justiça os viajantes que percorreram o Novo Mundo citam
o brasileiro como o habitante mais cortes e afável da América do Sul.
Essas qualidades se deve em parte a influencia de um clima delicioso
que, fecundando-lhe as belas plantações, apenas exige dele que
fiscalize sossegadamente as abundantes colheitas cuja importação
constitui a base de seu comércio marítimo.
No entanto, apesar da calorosa acolhida, sem dúvida, era uma tranqüilidade
estar em meio aos conterrâneos, nas palavras da francesa Rose de Freycinet:
“quando nos encontramos num país estrangeiro, experimentamos uma grande
satisfação ao encontrar compatriotas”. (FREYCINET, R., 2007, p.42). Ainda mais
dramático foi o comentário do militar alemão Ludwing von Rango que se dizia
emocionado, a ponto de chorar “cada vez que passava por uma oficina, loja ou casa
e ouvia falar alemão, aparecendo em seguida um homem pálido, banhado em suor,
cujo rosto parecia marcado pelo arrependimento”. (RANGO, 1966, p. 120).
Arrependimento este, que Rango sentiu ao chegar no país e conviver com o
populacho e seus hábitos.
Em diversas ocasiões os brasileiros mostraram-se ressabiados com a
presença estrangeira no Rio de Janeiro, e freqüentemente os viajantes teceram
comentários a este respeito, como o do pintor alemão Johann Rugendas (1976,
p.24-25):
É certo que os brasileiros não demonstram sua desconfiança nem
sua prevenção, senão muito raramente, nas relações quotidianas;
mas, cedo ou mais tarde, e às vezes depois de muito tempo, o
estrangeiro percebe que foi apenas tolerado e por detrás trabalhavam
contra ele. Não é raro ouvirem-se amargas censuras dirigidas aos
brasileiros acerca desse aspecto de seu caráter; mas os que se
queixam com maior veemência não são os que teriam maior direito de
fazê-lo e, para ser justo, é preciso convir em que a desconfiança do
habitante do Brasil para com o europeu não é inteiramente
justificável. Ela assenta na convicção de que os europeus que vêm
para fazer fortuna, no comércio, nos empregos públicos ou de
qualquer outra maneira, não têm nenhum amor ao país, nem aos
seus habitantes; ao contrario, um absurdo orgulho fá-los afastarem-se
destes últimos; pensam apenas em se enriquecer para levarem em
seguida para a Europa o que tiverem juntado; e para atingir esse
objetivo, mostram-se decididos não só a qualquer negócio no Brasil,
mas até fugir do país.
O fato, é que a transferência de Dom João VI para o Brasil reforçou as
atribuições administrativas e comerciais da cidade carioca, panorama intensificado
depois da famosa abertura dos portos às nações amigas. Momento em que o Rio de
Janeiro, audível e visivelmente, começou a adquirir feições europeizadas. Destarte,
a cidade carioca, no olhar destes viajantes, é um exemplo significativo da
possibilidade de implantação do processo civilizador nos trópicos, nas palavras de
Pohl (1976, p.38):
Se algum ponto do Novo Mundo merece, por sua situação e
condições naturais, tornar-se um dia teatro de grandes
acontecimentos, um foco de civilização e cultura, um empório do
comércio mundial é, ao meu ver, o Rio de Janeiro. Não posso aqui
reprimir essa observação.
O significativo contingente de estrangeiros, circulando na capital, insuflou
novos padrões de convivência, de cultura e organização citadina, em outras
palavras, “língua, costume, arquitetura e afluxo de produtos da indústria de todas as
partes do mundo dão à praça do Rio de Janeiro aspecto europeu” (SPIX e
MARTIUS, 1976, p. 42). A cidade fluminense, portanto, passou a ter traços de
civilidade e modernização, calcados nos exemplos europeus:
É de bom-tom, na alta sociedade, imitar os costumes ingleses; mas
estes são tão contrários à vivacidade dos habitantes e mesmo o clima
que uma tal preocupação só pode provocar uma impressão
desagradável no estrangeiro imparcial. Este não pode de se sentir
chocado ao deparar, no meio de uma nação tão grande e tão original,
com as mesquinharias, as bobagens e os preconceitos da alta
sociedade européia e, principalmente inglesa. (RUGENDAS, 1976, p.
108).
Malgrado a influência que a cultura européia exercia sobre os habitantes, fato
que acabava por oferecer ao Rio de Janeiro uma faceta civilizada, os viajantes
sentiam-se num mundo estranho, sobretudo quando encontravam “a turba variegada
de negros e mulatos, a classe operária com que ele topa por toda parte, assim que
põem o pé em terra” (SPIX e MARTIUS, 1976, p.42). Negros e mulatos, no
imaginário viajante, destoavam da paisagem “civilizada” ideal, uma vez que, a capital
era uma cidade quase “européia” no meio da pujante mata tropical.
Percorrendo as ruas fica-se espantado com a prodigiosa quantidade
de negros, perambulando semi-nus e que executam os trabalhos
mais penosos e servem de carregadores. Eles são mais raros nos
dias de festas, solenizados por procissões e pelo costume singular
dos fogos de artifício distante das igrejas tanto de dia como de noite.
(DEBRET, 1972, p. 91).
Os viajantes mostraram-se críticos quanto ao trato oferecido aos negros, no
entanto, alguns consideraram “que os escravos daqui são tratados com mais
brandura que na América do Norte e nas colônias dos povos da Europa do Norte”
(POHL, 1976, p.43). Leithold explica que a adoção de uma postura mais amena com
os escravos, não é por uma questão humanitária por parte dos portugueses e de
outros colonos, mas “de sagacidade política, pois [os mesmos] já passaram por uma
terrível experiência antes de adotarem a presente atitude para com os seus
escravos” (LEITHOLD, 1966, p.33). Porém, a maioria vê a escravidão, como a coisa
mais terrível dos trópicos (MORIER, 2006, p.45; RANGO, 1966, p.147; SHILLIBEER,
1817, p.15).
A comunidade negra e seus “estranhos” hábitos foram severamente criticado
pelos forasteiros. Os viajantes atribuíram a presença dos africanos alguns problemas
inerentes a urbe, tais como: a imundice das vias públicas (“deve-se considerar que
muito da sujeira das ruas se deve à comunidade negra, a mais numerosa da cidade”
[MORIER, 2006, p.23]); a criminalidade e vadiagem (“os negros vadios praticam toda
sorte de barbaridades” [ESCHEWEGE, 1823, p.100]); e a cantoria nas ruas (“os
negros se estimulam uns aos outros, cantando de modo repulsivo e barulhento”
[RANGO, 1966, p. 147]).
O interessante é que, alguns dos viajantes que conviveram diariamente com
os cativos – seja na condição de acompanhante em algum trajeto, seja como seu
serviçal –, acabaram por se convencer que os escravos eram “gente boa”, simpática
e com capacidades peculiares (LETHOLD, 1966, p. 32-35):
[...] sempre simpático lo más sinceramente com la felicidad transitória
que gozabam estas pobres vitimas de la opressión y crueldad: y
mientras no podía contener la risa a expensas de los alegres miles
que me rodeaban, era consuelo cordial y positivo el observar que
suerte dura y miserable podia ser olvidada por ellos um tiempo y dar
sitio a um intenso aunque pesajero goce de la vida. (ROBERTSON,
1920, p.71).
Embora os escravos constituíssem a maioria da população, o número de
brancos no Rio de Janeiro teve considerável acréscimo, com a chegada de
cortesãos e nobres depois de 1808. Os recém-chegados da corte portuguesa, na
sua maioria, ocupavam funções públicas e compunham a sociedade distinta do Rio.
As mulheres, rainhas do lar, pouco eram vistas circulando pelas ruas cariocas,
cabendo a elas a supervisão dos afazeres domésticos e educação da prole. Os
viajantes ressaltam, em suas narrativas, esta imagem das mulheres brancas
enclausuradas em casa, que “viviam a maior parte do tempo nos aposentos”
(LEITHOLD, 1976, p.27; POHL, 1976, p.45; ROBERTSON, 1820, p.67). As
mulheres, no cumprimento dos deveres religiosos, podiam ser vistas nas missas,
fora isso, a única ocasião em que se admitia a presença feminina, com a condição
de estarem devidamente acompanhadas dos maridos, eram as cerimônias da corte,
bem como, nos espetáculos de teatro ou música. Rose de Freycinet (2007, p.50)
observou que:
As mulheres, proibidas de ir a espetáculos, cuidam de substituí-los
por essas festas religiosas, às quais comparecem sempre muito
enfeitadas e decotadas, como se estivessem em um baile, tratando
mais de se divertirem do que de rezar a Deus. Vi algumas muito
bonitas: são realmente umas morenas atraentes.
A rua, lugar de convivência, era tida no Rio de Janeiro, como espaço de
circulação dos negros, dos vadios, dos andarilhos e dos pobres, de forma tal que,
“além dos escravos, poucos são os que andam a pé. Quem se respeita, mesmo de
posses modestas, se sai a cavalo ou de carro” (LEITHOLD, 1966, p. 27). A vida
social na capital fluminense, portanto, restringia-se: às festividades religiosas,
aparições da Família Real, à apresentações de concertos musicais e peças teatrais,
além das raras reuniões (jantares) na casa da fidalguia portuguesa. Para muitos
viajantes, “a vida que aqui se leva é muito monótona; poucas são as distrações e
quase não há reuniões sociais. Quem quer se divertir tem que fazê-lo por sua
iniciativa própria”. (LEITHOLD, 1966, p. 26).
A alegria barulhenta das festividades brasileiras, especialmente as religiosas,
foi um traço peculiar registrado pelos estrangeiros. Num tom pejorativo, atribuíam tal
balburdia ao populacho carioca, e questionavam sobre a necessidade de tanto
alarde causado pelos fogos de artifício (MAWE, 1978, p.81; POHL, 1976, p.46;
RUGENDAS, 1976, p. 110).
Como já dissemos, a diversão no Rio de Janeiro limitava-se as festas
populares, celebrações da corte ou apresentações teatrais. As pomposas cerimônias
no Paço reuniam-se centenas de súditos, que ali prestavam as honras à família real
(RANGO, 1966, p.136). Os viajantes, que narraram tais cerimoniais, ficaram
perplexos com o beija-mão – solenidade que normalmente acontecia todas as
noites, às oito horas, em São Cristóvão, e, nos grandes festejos de gala na Corte da
cidade, depois da missa na Capela Real. Leithold relatou que numa destas noites,
ele contabilizou trezentas pessoas, e pasmou-se ao chegar a conclusão de que “o
rei teve a mão beijada seiscentas vezes. [...] A maioria limita-se a beijar a mão,
retirando-se sem dizer uma palavra. (LEITHOLD, 1966, p. 63-64).
Além disso, quando o rei ou alguém da família real saía do Paço, todo
português ou brasileiro, sem exceção, e independentemente das circunstâncias
climáticas, deveria apear o carro e fazer a genuflexão. Por certo tempo, os
estrangeiros também foram forçados a esta vexatória obrigação, mas após terem
demonstrado descontentamento com a imposição, foi determinado que somente os
súditos de Portugal, Brasil e Algarves ficariam sujeitos à mesma. (LEITHOLD, 1966,
p. 58; LUCCOCK, 1940, p.63; ROBERTSON, 1920, p.67):
É hábito em Portugal, e agora no Brasil, toda pessoa – não
importando a sua posição social ou idade – que se encontrar no
caminho do rei quando este vai à rua, ajoelhar-se durante a sua
passagem, mesmo que seja na lama; as pessoas a cavalo ou em
carros não estão isentas dessa constrangedora cerimônia.
(FREYCINET, 2007, p.43).
A casa real transportada para o Rio de Janeiro, destacou-se pela simplicidade
com que viveu e pelos conflitos em que se envolveu. Para os viajantes a corte pouco
ostentava, quer seja na arquitetura do Palácio Real, quer seja no asseio pessoal
(LEITHOLD, 1966, p.54; RANGO, 1966, p.134). “Se humilde era a residência real,
mais humilde ainda se mostravam no seu aparelho e séqüito, quando apareciam em
público” (LUCCOCK, 1940, p.66). A situação precária do Tesouro público impôs, a
corte de D.João VI, uma representação modesta, e que ainda sim lhe pesava.
Na visão dos estrangeiros, a administração imperial enfrentava dois
problemas cruciais: corrupção e má gestão. Leithold aponta que “tanto em Portugal
como no Brasil não faltam funcionários escrupulosos cuja conduta é irrepreensível;
somente as tentações para o enriquecimento são numerosas, e muitos o que dela se
aproveitam” (1966, p. 78). Além disso, a abundância dos recursos naturais na capital
fluminense, exigia um governo eficiente que lhe desse prestigio político. (MAWE,
1978, p.83). O rei se mostrava um “baixinho gordinho” problemático, e apesar de
toda sua simpatia faltava-lhe talento. D.João era “um homem com pouquíssimos
méritos, um homem que passaria por besta se não fosse rei. [...]. É um homem de
pouca majestade” (FREYCINET, R., 2007, p.52).
Apesar da falta de realeza, os viajantes reconheciam os inúmeros progressos
ocorridos no Rio de Janeiro depois da transferência da corte (DEBRET, 1972, p.86;
LUCCOCK, 1940, p.70; MAWE, 1976, p.86). Nas palavras de Rugendas (1976,
p.106):
As circunstâncias que, em princípios do século XIX, forçaram a Casa
de Bragança a procurar refúgio no Novo Mundo, contra os exércitos
de um conquistador favorecido pela vitória e talvez, também contra a
perigosa proteção de um aliado demasiado poderoso, foram de
enorme importância para o Brasil e, principalmente, para o Rio de
Janeiro. É em 1808 que começa realmente a história do Brasil e do
Rio de Janeiro; ou derrotas sangrentas, suscetíveis de atrair para o
país a tenção de observadores superficiais, as modificações que
ocorreram no estado intelectual e material da antiga colônia, e
principalmente da capital, são da mais relevância.
A presença estrangeira nos trópicos, permitida e incentivada depois da
abertura dos portos, propiciou que o processo de civilização no Rio de Janeiro,
durante o reinado de D.João VI, fosse resultado das inúmeras relações comerciais
com as nações européias estabelecidas desde então. Este projeto de civilização,
inegavelmente, teve influência estrangeira, influência esta, que se mostrou na vida
social, nas variações e no desenvolvimento do luxo e das necessidades e,
finalmente, nas classes elevadas, no desejo sempre crescente de cultivar, de uma
maneira mais completa, as suas faculdades intelectuais (RUGENDAS, 1976, p. 108).
Os estrangeiros, em sua maioria, elogiaram os esforços de D.João VI e seus
ministros para colocarem o Brasil nos trilhos do progresso científico, da erudição e
do gosto pelas artes. O príncipe regente incentivou o cultivo das letras, e apoiou
expedições cientificas, artísticas e comerciais que visavam introduzir na colônia a
modernização que a Europa vivia naquele momento. Sobre este esforço, o
comerciante inglês John Luccock (1976, p. 107) fez o seguinte comentário: “Desde a
chegada de D. João VI ao Rio, o governo português fez varias tentativas louváveis
para introduzir no Brasil, além das instituições civis, os estabelecimentos de
instrução pública da Metrópole”.
Não se pode dizer que, a bem da verdade, que as medidas tentadas por
D.João VI surtiram o efeito de uma mudança radical dos parcos estabelecimentos
que se dispunha às vésperas de sua chegada, Seus empreendimentos
“civilizatórios”, a rigor, tinham como objetivo suprir as demandas de crescimento do
setor comercial, além das necessidades cotidianas de sua corte.
A abertura, com a chegada da família real, significou, em si mesma, a
ampliação da demanda por bens culturais, as exigências da corte resultaram na
vinda de levas de músicos e artistas, que preparavam espetáculos tanto para as
horas de descanso da família real, como para a nobreza em geral, que viam nessas
ocasiões um momento para exibir-se. Sob a ótica viajante, tais espetáculos não
impressionavam, “era um grande picadeiro, destituído de gosto e arte, é a sede de
um bando que tem a petulância de se intitular atores e artistas, acreditando mesmo
ocupar uma posição na classe, talvez porque ninguém lhe negara a mais baixa
sociedade” (RANGO, 1966, p. 144). Talvez a música, dentre as manifestações
artísticas, fosse aquela que mais agradasse o exigente gosto estrangeiro, as
canções, de boa ou má qualidade, alimentavam tanto o espírito das camadas sociais
elevadas, quanto à da ralé, se tornando um traço peculiar da cultura brasileira:
A música é tão apreciada pela gente educada da população quanto
pelos escravos e com igual fervor: ouve-se todo o tempo o canto
monótono dos negros acompanhado de instrumentos que eles
próprios constroem e quando três deles se reúnem mesmo nos mais
rudes trabalhos, sempre há um que canta ou faz soar as cordas.
(RANGO, 1966, p.151).
Para os viajantes, o Rio de Janeiro era, sob muitos aspectos, um dos lugares
mais interessantes do Novo Mundo. E talvez aquele que, pelo seu aspecto material e
moral, apresentava as maiores garantias de um rico porvir – aquele belo porto,
situado num país que produz tudo que as necessidades físicas do homem exigem,
tudo o que o Estado pode precisar da natureza para a sua propriedade. Todavia, a
apreciada generosidade da Mãe natureza, exigia um povo sábio, perspicaz capaz de
implementar as bases da modernidade, que abdicasse da educação tradicional, tida
como retrograda, para adquirir qualidades intelectuais e físicas necessárias para
gozar os dotes de uma natureza tão pródiga.
Certamente não exagero quando te digo que cá não se conhece, com
raras exceções, o que seja arte ou ciência nem mesmo gosto pelas
matérias. Embrutecidos pelo calor e por certos hábitos adquiridos na
educação, quase não se sentem o estimulo de fazer algo mais do que
se deixar enfeitiçar ou embair pela hipocrisia de estranhos, como se a
religião se tivesse refugiado dentro deles. (RANGO, 1966, p. 136).
Nas narrativas, há determinadas passagens em que os viajantes demonstram
ter esperança no futuro do Brasil, tanto porque a natureza é prodigiosa, quanto pelo
próprio caráter do povo. “O brasileiro, geralmente bom, é dotado de uma vivacidade
que se vislumbra nos seus olhos pretos e expressivos, feliz disposição natural que
ele aplica com êxito o cultivo das ciências e das artes” (DEBRET, 1972, p.109;
ROBERTSON, 1920, p.60; SHILLIBEER, 1817, p.12).
Deve-se dizer, em louvor da nova geração brasileira, que ela é
dotada de uma boa vontade incomensurável e deseja, ardentemente,
adquirir os conhecimentos cuja falta sente tão vivemente; os
progressos realizados, em todos os ramos da ciência, pelos
brasileiros que se encontram em Londres ou Paris, são uma
promessa de realizações importantes para o futuro. (RUGENDAS,
1976, p. 108).
Em suma, podemos dizer, que dentre o universo da literatura de viagem,
algumas temáticas, como procuramos demonstrar no decorrer deste capitulo, foram
recorrentes: a natureza exuberante e desconhecida; a arquitetura incipiente e mal
planejada; a insalubridade citadina e as doenças decorrentes; a negritude da
população; a clausura feminina; o excesso do luxo no vestir, no mobiliário e no
formalismo social; a monótona vida social; a corte e suas celebrações, em especial,
a cerimônia do beija-mão; o fortalecimento das relações comerciais entre Brasil e a
Europa; o incentivo ao cultivo das letras; e adequação dos modos de vida na colônia
aos padrões europeu, tido, para época, como modelo do ”civilizado”.
É certo que cada autor possui sua própria forma de escrever o que vê e
experimenta, ao longo de sua viagem, posicionamento este, que está intimamente
ligado a formação intelectual/profissional, as interferências do social e o momento
histórico, aspectos que contribuem para uma visão particularizada do autor-viajante
sobre determinados assuntos. No entanto, privilegiamos, no presente estudo, a
análise do pensamento, do instrumental filosófico, dos conceitos, idéias e imagens
que perpassaram grande parte do imaginário viajante no inicio do oitocentos.
Sem perder de vista que o visitante europeu, antes de observador, foi,
provavelmente, um leitor de outras narrativas, que o dotara de um certo preconceito
(pré-conceito) com relação ao Brasil. Nesse sentido, podemos dizer que seu olhar
tenta, antes de qualquer coisa, comprovar o que já foi dito sobre o país, além de
descobrir elementos novos, originais que possam ser úteis à ciência, dando a
conhecer ao Velho Mundo o Novo Mundo no século XIX.
iAntes de 1808, a Coroa portuguesa restringiu a entrada de visitantes estrangeiros nos trópicos, por
meio de dois decretos: o primeiro de 1591, que proibia a vinda de navios estrangeiros para a colônia;
e o segundo de 1605, que vetava definitivamente a presença estrangeira em solo brasileiro. Sendo
assim, durante dois séculos visitantes estrangeiros foram impedidos de circularem livremente pela
colônia portuguesa na América.
iiEsta postura adotada especialmente pelos viajantes naturalistas, segundo Ana Maria Belluzo (1995,
p. 10, grifo nosso) “corresponde às exigências do homem total da época iluminista, o artista-cientista,
capaz de colocar a sensibilidade em colaboração com a razão”.
iii Na Inglaterra do final do século XVIII, havia duas correntes principais que se vincularam a idéia do
pitoresco. A primeira difundida por William Gilpin, orientada, sobretudo pela experiência do artista
amador, que viajava à procura de cenas selvagens e abruptas da natureza. E a segunda, orientada
por Uvedale Prince e Richard Knight, na qual o pitoresco era a verdadeira aparência visível das
coisas, e que a imitação da natureza era a meta da arte. (MARTINS, 2001, p. 55-57).
iv Numa abordagem romântica da natureza prestigia-se, segundo Antônio Candido, “os seus aspectos
agrestes inacessíveis – montanha, cascata, abismo, floresta, que irrompe de sob as colinas, prados e
jardins”. (1981, v.2, p.30).
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