sexta-feira, 1 de junho de 2012

OS MAIORES MAREMOTOS DA HISTÓRIA

Maremoto de 1755 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ir para: navegação, pesquisa O Maremoto de 1755 foi resultado directo do grande sismo com epicentro no Atlântico Nordeste que a 1 de Novembro de 1755 destruiu a cidade de Lisboa e múltipas outras localidades no litoral sul de Portugal e na costa noroeste de Marrocos. Foi o maior maremoto de que há registo histórico no Oceano Atlântico, causando grande mortandade em todas as costas atingidas. [editar] O maremotoCausado pelo terramoto de 1755 que a 1 de Novembro daquele ano destruiu Lisboa e várias outras cidades do sul de Portugal e do Norte de África gerou-se um poderoso maremoto que percorreu o Atlântico Norte causando danos na Madeira e Açores e ainda nas Caraíbas e na costa leste dos Estados Unidos da América. O texto que se segue, extraído dos Anais da Ilha Terceira, de Francisco Ferreira Drummond, edição da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1836, pp. 262-267, conta o sucedido na ilha Terceira, uma das mais atingidas: No 1º de Novembro deste ano fatal, das 9 para as 10 horas da manhã aconteceu a quase total ruína da famosa cidade de Lisboa, procedida de um horroroso terremoto, que demoliu a maior parte de seus edifícios, padecendo os templos mais sumptuosos, e palácios magníficos; e por fim pôs o elemento do fogo a última mão a este grande e tremendo feito, que se tornou por castigo. Em todas as ilhas dos Açores se alterou o mar àquela mesma hora, e nesta ilha Terceira houve uma enchente, que nas partes mais baixas do sul entrou por terra dentro, lançando nela muito peixe de diversas qualidades. No Porto Judeu subiu o mar à altura de 10 palmos na rocha mais elevada. Em Angra entrou até à praça chamada dos Cosmes, hoje — Praça Velha — ficando os navios boiando em seco, por se retirarem as águas quando quiseram fazer o acesso, e no refluxo levou o mar as muralhas da alfândega , muitas madeiras que por ali estavam, assim como todos os barcos varados no Porto de Pipas. Acha-se a fl. 211 do livro dos óbitos na igreja Matriz da vila da Praia a seguinte declaração: Em sábado 1º de Novembro, dia da festividade de todos os Santos do presente ano de 1755, pelas nove para as dez horas do dia, e a tempo que se cantava missa de Tércia, estando o mar em ordinária tranquilidade, se elevou tanto em três contínuas marés ficando quase seca a sua profundidade por largo espaço, e nunca visto de pessoas de maior idade: e com estas três elevações insólitas entrou pelo porto desta vila, inundou a lagoa dela, chamada o Paul da Praia, e todo o seu areal, desde o dito porto até o lugar da Ribeira Seca, demolindo 15 casas a fundamentis, e entre elas a ermida do Apostolo S. Tiago, sita no lugar do Porto Martins; areando terras e vinhas, derribando paredes, que ficaram cravadas nos prédios de seus donos, que com grandes despesas as não restituíram ao antigo estado; nem em muitos anos produziram os frutos que antes rendiam: neste admirável e inopinado acontecimento, que seria castigo da Divina Justiça contra os depravados costumes dos homens se recorreu logo à Divina Misericórdia, com preces em todas as igrejas e mosteiros desta vila, e no dito dia saio em procissão a milagrosa imagem do Santo Cristo da Casa da Misericórdia; e no 32 dia se fez segunda procissão por toda esta vila, com assistência do clero, e mais comunidades dela: e ainda se continuam outras deprecações à Senhora dos Remédios, Rosário, e Piedade, para que por sua intercessão possamos alcançar de Deus Senhor nosso e Cristo Jesus seu filho a suspensão deste castigo, e a reforma na vida dos homens. Deixo escrito neste livro a fatalidade deste caso sempre memorando, e não menos do que já aconteceu na mesma vila em 24 de Maio de 1614, que sempre será lembrado: e permita Deus que de um e outro se lembrem os homens, para comporem os seus procedimentos, e acções, regulando-as sempre pelas leis do mesmo Deus, e sua igreja. Neste naufrágio lamentável faleceram Mateus Teixeira, pescador, marido de Ignez da Conceição, morador desta ilha, que no dia seguinte foi achado defunto, e sepultado na igreja da Misericórdia. E também faleceu Simão Machado Evangelho, marido de Rosa Maria, que não apareceu depois da inundação; D. Catarina Teresa, mulher de Inácio Paim da Câmara , e Ana, menor, que se diz filha do mesmo, e Josefa Antónia, fâmula dos ditos, que todos três naufragaram na mesma casa, em que no dito tempo assistiam em o lugar do Cabo da Praia; mas ainda casa pertencente a esta paróquia. E ultimamente faleceu no dito dia Manoel Vieira Luiz, marido de Angela da Ascensão, nosso paroquiano, morador na Canada d’Angra, que também com os mais não saio do naufrágio, em que pereceram. E para que assim conste se fez este termo em 13 do dito Novembro de 1755, por se esperar poderem sair do mar os corpos de defuntos em alguns deles. Diz uma nota: O cadáver do dito Simão Machado apareceu depois de. um mês e 24 dias, e se achou o cadáver deste defunto no Paul, inteiro , e sem corrupção notável, e foi sepultado no hábito de S. Francisco na igreja da Misericórdia desta vila em 24 de Dezembro do dito ano. ---Godinho -- Christovão Borges da Costa, pelo mesmo António Gonçalves da Costa, que não assignou este termo assim os outros. Outro assento, e de não menos importância achei no livro do tombo da igreja paroquial de Santo António do Porto Judeu a fl. 304; eis aqui o seu texto: — In posteritatem — Em dia de Todos os Santos do ano de 1755, pelas 10 horas da manhã, pouco mais ou menos, aconteceu nesta ilha um enchente e vazante de maré extraordinário, e cá nunca visto, que no porto deste lugar chegou o enchente á altura de dez palmos da rocha, e vazou até o direito da fortaleza, principalmente três marés, e depois as seguintes foram moderando os acessos e recessos, até que foram ficando no seu natural pelo decurso da tarde. Na cidade foi esta cheia mais notável porque chegou a entrar acima do portão, levou o muro do caminho do matadouro: e o vazante foi tanto que chegaram a aparecer as ancoras da amarração dos navios, perigaram 3 ou 4 homens, que quiseram acudir a barcos, e deles está um enterrado no adro desta igreja, que saiu neste porto. Na vila da Praia ainda mais notável porque chegou com muita força ao paul, onde deixou enxurrado algum barco, e com grande admiração levou um de carregação por detrás da fortaleza, por cima daqueles grandes calhaus, e sempre direito, com três homens dentro, sem prejuízo atendível. Ainda que neste lugar e nesta ilha se não sentiu terremoto, foi a causa desta cheia um que no dia e hora houve na corte e cidade de Lisboa, que durando o espaço de 8 minutos pôs em terra com total ruína quase toda a corte, e edifícios sumptuosos dela, e ao mesmo tempo se conjuraram os quatro elementos porque a terra com aquele moto, nos nossos tempos nunca vistos, o ar com notável vento inquieto, a água com a cheia extraordinária e nunca vista, o fogo que incendiando toda a corte, o que sucedeu em muitas partes dela totalmente reduziu tudo a cinzas, em que se perdeu todo o precioso, e quantos corpos que ainda estavam vivos, que presos debaixo das ruínas não puderam fugir, assim de homens como de mulheres, e se abrasaram: que se reputou o número, à primeira consideração, a 30 mil pessoas, que nas ruínas, fogo e cheia morreram, depois com melhor exame, e por falta nos róis da igreja se disse serem mais de 50 mil. Proh dolor!?? Chegou este terremoto e cheia, não com notável espanto em França, Castela, e Roma, e consequentemente aos mais estados da Europa; porém no império Otomano se sentiu muito principalmente no Salé, Maníquez, e Marrocos, e em outras muitas cidades, e províncias suas com que morreram tantas mil pessoas, como também nas grandes cheias do mar tanto no terremoto do dia l.º de Novembro, que não foi 1á o maior, mas no do dia 18 do mês, que indo de Maniquez para outra cidade fugindo muitos com camelos e mulas carregadas do mais precioso, se abriu a terra e desapareceu e subverteu tudo, e em cerco em que estavam 16 mil Judeus só 8 escaparam; e estas e outras muitas que aqui se não podem relatar vieram e as vi escritas em uma carta que enviou o guardião do convento de Maniquez ao seu comissário de Castela. Aqui acaba a parte do assento relativo à enchente e sucessos deste ano, a segunda parte contém a notícia dos sucessos de 1757, onde a hei de transcrever. Parece que o mencionado ano de 1755 foi bastante calamitoso por contágio de graves moléstias nas pessoas de pouca idade como observei nos livros mortuários de algumas paróquias. Na de S. Sebastião, de 2 em 2 e de 3 em 3 dias havia enterros; a 3 de Agosto acha-se o termo 4 meninos, dos quais o maior tinha 5 anos, mas não achei menção da moléstia; o que certamente escapou à notória curiosidade do vigário Manuel de Sousa de Meneses. Finalmente, sendo tão notável o estrago feito por esta enchente na costa sul da ilha, que além de levar muitas casas, entulhar cerrados, obstruir estradas, derribar fortificações, não achei menção alguma dela nos livros das Câmaras, que tão pouco se fazia caso de transmitir à posteridade o conhecimento de tais fenómenos. [editar] Ligações externasDados históricos sobre os maremotos no Atlântico. Informação sobre maremotos no Atlântico e outros oceanos. Listagem dos maremotos mais destrutivos em cada oceano. Tsunamis no Atlântico? Propagação de um tsunami originado nas Canárias. Efeitos do maremoto de 1755 na costa leste da América do Norte. Obtida de "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Maremoto_de_1755&oldid=29290646" Categorias: História dos AçoresGeologiaHistória de Portugal1755 em Portugal Ferramentas pessoaisEntrar / criar conta Espaços nominaisArtigo Discussão VariantesVistasLer Editar Ver histórico AçõesBusca NavegaçãoPágina principal Conteúdo destacado Eventos atuais Esplanada Página aleatória Portais Informar um erro ColaboraçãoBoas-vindas Ajuda Página de testes Portal comunitário Mudanças recentes Estaleiro Criar página Páginas novas Contato Donativos Imprimir/exportarCriar um livroDescarregar como PDFVersão para impressãoFerramentasPáginas afluentes Alterações relacionadas Carregar ficheiro Páginas especiais Ligação permanente Citar esta página Esta página foi modificada pela última vez à(s) 19h39min de 13 de março de 2012. 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