sexta-feira, 1 de junho de 2012
O TERREMOTO DE LISBOA
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Sexta-feira, 01 de Junho de 2012 | ISSN 1519-7670 - Ano 16 - nº 696
Jornal de Debates LEITURAS DE VEJA
Quando os seres humanos tremem
Por Michelson Borges em 29/03/2011 na edição 635
A revista Veja da semana passada (que destacou o maior terremoto ocorrido na história do Japão) traz um artigo de Mario Sabino intitulado "Quando Deus tremeu". Logo abaixo do título, há o seguinte olho:
"Em 1755, o terremoto de Lisboa propiciou aos iluministas a oportunidade de demonstrar a irracionalidade religiosa. Passados dois séculos e meio, já não se acredita tanto que vivemos no melhor dos mundos. Mas é grande a crença de que um dia sobrepujaremos a natureza por meio da ciência e da tecnologia. Trocamos apenas de religião."
No fundo, é um texto depressivo que procura mostrar a "inutilidade" da religião e a pretensão inalcançável da ciência de salvar a espécie humana dos caprichos da natureza – aliás, como sustenta reportagem publicada na Veja da semana anterior, nosso Sol vai torrar a Terra daqui a cinco bilhões de anos. O que nos resta, então? Você estranha que, para os naturalistas, a máxima seja mesmo "comamos e bebamos, porque amanhã morreremos"? Que sentido há em se discutir ética, segurança, direitos humanos ou fraternidade num mundo regido pelas inexoráveis leis da biologia darwinista? Que sentido há em perder tempo com esse papo humanista se, no fim das contas, vamos todos desaparecer? Queremos adiar (ou não pensar) no inevitável, ou apenas garantir uma vida mais confortável enquanto aguardamos o fim?
O que Sabino escreveu ilustra a típica reação traumática que acomete alguns pensadores depois de ver ou viver um evento catastrófico. É o tipo de vazio que implode a alma, causa desconforto e faz com que alguns forçosamente parem para pensar em algo mais do que as preocupações do dia-a-dia. Sabino relembra a tragédia que foi o terremoto de Lisboa. O sismo (considerado por alguns estudantes das profecias bíblicas como um dos marcos do começo do tempo do fim) alcançou estimados 9 pontos na escala Richter, gerou tsunamis e levou à morte mais de 50 mil pessoas em Portugal e outras 10 mil na África. A ironia, para muitos, é que o tremor aconteceu justamente no feriado católico do Dia de Todos os Santos, quando as igrejas estavam lotadas de fieis.
Os disparates de correntes religiosas
Após o terremoto, o iluminista Voltaire escreveu o romance satírico Cândido, ou o Otimismo, no qual sobressai o personagem Dr. Pangloss, personificação caricatural do pensamento do filósofo Gottfried Leibniz. Segundo Sabino, "esse alemão [Leibniz] poderia ter passado à história somente como um dos maiores matemáticos de todos os tempos, mas caiu nas presas de Voltaire ao concluir, depois de analisar uma série de relações de causa e efeito, que `vivemos no melhor dos universos possíveis criados por um Deus´".
Erraram Leibniz e Voltaire. Leibniz errou porque não entendeu que este não é o melhor dos mundos justamente porque não é o mundo que Deus criou – ou pelo menos não o criou para ser deste jeito. Segundo o livro bíblico de Gênesis (que muitos insistem em desacreditar comparando-a a uma fábula justamente para atribuir a Deus todo o mal derivado do pecado que Ele não originou), no mundo que Deus criou para a humanidade eram inexistentes a morte, a dor, a tristeza, a solidão, a incompreensão e todas as coisas ruins que caracterizam este mundo pós-pecado. Deus jamais planejou que terremotos, nevascas, secas, tornados e injustiças ceifassem vidas humanas, assim como não planejou que Adão e Eva fizessem uma escolha errada motivados pelos enganos de um anjo que tomou, ele também, a terrível decisão de se rebelar contra o Criador.
Por sua vez, Voltaire errou ao bater num espantalho (erro típico de muitos críticos da religião atuais). Assim como fazem os neoateus fundamentalistas Richard Dawkins, Sam Harris, Christopher Hitchens e outros, Voltaire atacou um arremedo de religião baseado em crendices e dogmas humanos. Se Leibniz e Voltaire tivessem entendido corretamente as doutrinas bíblicas da criação, da queda e da redenção, haveriam poupado o mundo de seus comentários infelizes que ainda hoje influenciam muitos que incorrem no mesmo erro: desconhecem a Bíblia e julgam o cristianismo pelos disparates de algumas correntes religiosas que posam de cristãs.
Deus previu, mas não determinou
As promessas do racionalismo iluminista falharam, dando origem à desilusão pós-moderna, ao relativismo e ao desprezo das grandes metanarrativas. A religião, de certa forma, abraçou o relativismo ao defender a teologia liberal, que reinterpreta a Bíblia e lhe minimiza o aspecto sobrenatural. As pessoas estão sem rumo, sem esperança e se dão conta disso de modo muito claro quando as tragédias lhes arrancam de sob os pés o chão que antes lhes parecia tão firme. Sabino resume bem esse mal-estar na conclusão de seu texto que mais parece um desabafo:
"Dois séculos e meio depois do terremoto na Europa, diante de catástrofes como a que nocauteou o Japão, a maioria das pessoas talvez já não acredite que vivemos no melhor dos mundos ou universos. Mas é grande a crença de que um dia poderemos sobrepujar a natureza, por meio da ciência e tecnologia, em que pesem as evidências de que suas adversidades são apenas mitigáveis. Trocou-se o Deus de Leibniz pela Razão iluminista. Voltaire adquiriu algumas feições de Pangloss."
Mas quer saber de uma coisa? É bom mesmo que a maioria das pessoas não mais acredite que vivemos no melhor dos mundos. Por quê? Porque de fato não vivemos. Na verdade – a triste verdade –, este é o pior dos mundos para se viver. Aqui, desgraçadamente, o pecado criou raízes, virou metástase num planeta agonizante. Antes que esse câncer seja finalmente extirpado, este mundo jamais será o melhor. Continuará, sim, sendo a maçã podre do Universo.
Infelizmente, muita gente como Sabino entende que aqui não é um bom lugar, mas conclui que "está tudo bem" porque só temos este lugar para morar e esta vida para viver. Passado o trauma do terremoto; sepultados os mortos; reconstruídas as cidades, tudo volta ao "normal". Cada um retoma sua vidinha e pronto. E os prazeres da carne e as ilusões da mídia estão aí para anestesiar quem prefere viver na caverna, na Matrix (lembra-se do filme?).
Por meio de Seus profetas, Deus anunciou que o aumento das convulsões deste mundo doente que "suporta angústias até agora" (Rm 8:22) seriam sinais de que a solução definitiva – a volta de Jesus – estaria mais próxima. Note bem: Deus previu, mas não determinou, assim como previu o pecado e tomou providências redentivas antes mesmo de o mal se manifestar no Universo.
"A bandeira da verdade"
Alguns dizem: "Tudo bem. Deus não causa as tragédias. Mas por que Ele tem que se valer delas para chamar a atenção das pessoas? Ele não poderia usar meios mais pacíficos, como um arco-íris ou algo assim?"
Não só poderia como o fez. Que meio seria mais pacífico do que entregar a própria vida e morrer a mais humilhante das mortes para mostrar que ama a todos? Jesus, o "Príncipe da paz", o "servo sofredor", é a suprema expressão do amor de Deus. Mas o que tem feito a humanidade a esse respeito, haja vista que existem tantas evidências da existência, morte e ressurreição do Deus-homem Jesus Cristo? Transformaram-nO num personagem meramente histórico, num grande profeta, num sábio judeu – como se fosse possível considerar profeta e sábio quem se dissesse Deus... Ou Ele era e é Deus, ou foi o maior impostor da história. Não existe meio-termo. E se Ele foi mesmo Deus, essa é a maior revelação com a qual todo ser humano poderá se deparar. Só que, infelizmente, muitos a ignoram e levam a vida como se nada de especial houvesse acontecido lá no monte Calvário.
Por esse e outros motivos que evidenciam a indiferença humana, Deus Se vale das tragédias como Seu "megafone". É assim que o ex-ateu C. S. Lewis define a dor em seu livro O Problema do Sofrimento. Veja o que ele escreveu: "Enquanto o homem mau não toma, na forma de sofrimento, consciência do mal inequivocamente presente em sua existência, ele está preso na ilusão. Uma vez despertado pelo sofrimento, ele sabe que, de uma forma ou de outra, está `face a face´ com o Universo real. Assim, ou se rebela (com a possibilidade de uma vazão mais evidente e de um arrependimento mais profundo em algum estágio posterior) ou faz alguma tentativa de adaptação, a qual se for buscada, haverá de leva-lo à religião. [...] Não resta dúvida de que o sofrimento, na forma de megafone de Deus, é um instrumento terrível, pois pode levar à rebelião definitiva e sem arrependimento. Ele propicia, contudo, a única oportunidade que o homem mau pode ter para se emendar. Ele retira o véu ou finca a bandeira da verdade na fortaleza da alma rebelde" (p. 108, 109).
Comente aqui Comentários(24) Outros textos deste autor Este é um espaço de diálogo e troca de conhecimentos que estimula a diversidade e a pluralidade de idéias e de pontos de vista. Não serão publicados comentários com xingamentos e ofensas ou que incitem a intolerância ou o crime. Os comentários devem ser pertinentes ao tema da matéria e aos debates que naturalmente surgirem. Mensagens que não atendam a essas normas serão deletadas - e os comentaristas que habitualmente as transgredirem poderão ter interrompido seu acesso a este fórum.
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Heller Freitas
Enviado em: 29/03/2011 19:37:01
A despeito da ignorância ou loucura do homem, o Soberano do universo há de concluir Sua obra redentora. Independente do desprezo ou resistência da maioria, Ele há de pôr um fim ao pecado, seu originador e aos que, deliberadamente promovem o mal... Todo o que crê ou não num poder pleno, onipotente e superior a qualquer força, verá, em breve, o cumprimento da profecia bíblica "Virei outra vez!", quando o Salvador Jesus se manifestará nas nuvens dos céus, "com poder e grande glória", para "julgar os que destroem a terra" e retribuir a cada um "conforme as suas obras". Quando se der esse fato, a história tomará um rumo jamais imaginado, sequer, nos contos fictícios. Situações muito piores que a do Japão, ainda estão por vir. Tragédias muito maiores que a do World Trade Center em 2001, ainda mais aterradoras, serão testemunhadas pela mídia mundial, antes daquele "grande dia", mas ainda não será o fim... O dia final virá. Nenhum feito científico ou tecnológico, poderá interferir ou mudar o curso final da história da terra. Deus ainda chama, mas, o chamado é para quem "consegue" ouvir: "Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-O enquanto está perto". Isa. 55:6 Em breve, O PLANETA irá tremer, antes de ser plenamente despovoado... Não haverá mais graça, nem misericórdia, e sim, juízo Eterno. Feliz será o que aceitar Jesus, AGORA! Parabéns pela pauta, Michelson!
Eduardo Massay
Enviado em: 29/03/2011 23:28:12
Isso aqui é um Observatório da Imprensa ou um Observatório de questões religiosas?
Dioclécio Luz
Enviado em: 30/03/2011 17:22:13
A Bíblia é um livro de contos. Uma ficção que muitos tomam como reportagem ou crônica escrita por um deus. Tudo bem, cada um acredita no que quer. Ensino para o meu filho que esse Deus cristão é muito mau, muito cruel, porque deixou seu filho ser torturado e morrer diante de todo mundo. E pobre da religião que expoe uma "foto" desse rapaz sendo torturado e morto como se isso fosse uma virtude. Pobre da religião que toma essa maldade paterna como sabedoria ou amor divino. Para saber desse deus inventado para suprir as carências fraquezas humanas sugiro Nietzsche e Freud; para conhecer o histórico de maldade dessa ficção chamada deus sugiro o dossiê das maldades de deus, o livro Caim, de José Saramago. A grande maioria das guerras e massacres no mundo não ocorreriam se as pessoas não acreditassem tanto nesse deus.
william Costa
Enviado em: 31/03/2011 10:39:09
Parabéns Michelson Borges pelo texto. Muito didático e interessante. Eduardo Massay : A reportagem foi veiculada na revista veja, portanto qualquer assunto que está na imprensa pode ser debatido neste observatório. Dioclésio, rezarei por voce e por seu filho. Que Deus tenha compaixão de você .
Paulo Campos
Enviado em: 31/03/2011 11:38:29
Deus, Deus ... Deus ... Deus. Criação, queda e redenção, criação queda e redenção ¨Aqui, desgraçadamente, o pecado criou raízes, virou metástase num planeta agonizante. Antes que esse câncer seja finalmente extirpado, este mundo jamais será o melhor. Continuará, sim, sendo a maçã podre do Universo.¨ Se Leibniz e Voltaire tivessem entendido corretamente as doutrinas bíblicas da criação, da queda e da redenção, haveriam poupado o mundo de seus comentários infelizes que ainda hoje influenciam muitos que incorrem no mesmo erro: desconhecem a Bíblia e julgam o cristianismo pelos disparates de algumas correntes religiosas que posam de cristãs. A religião, de certa forma, abraçou o relativismo ao defender a teologia liberal, que reinterpreta a Bíblia e lhe minimiza o aspecto sobrenatural. O que houve com o observatório da imprensa Ó Deus ,meu Deus meu Deus???
SILVIO MIGUEL GOMES
Enviado em: 31/03/2011 12:26:46
O obsrvatório da imprensa é obra do Jornalista Alberto Dines, portanto, onde impera a liberdade. Da mesma forma como dizem aqueles para "mudar de canal se não estão gostando de ver", não precisam ler também o que escreve o sr. Michelson Borges.
Jaime Collier Coeli
Enviado em: 31/03/2011 12:46:56
Com certeza, para um teista, este é o mundo criado por Deus e só pode ser o melhor dos mundos possíveis, simplesmente porque Deus não tem liberdade de escolha, porque o Ser Perfeito elegeu, no ato de criação, os melhores destinos possíveis. É moralmente indiferente supor que Deus possa pelo menos decidir entre encruzilhadas, porque se Deus situou dois objetos similares, no ato da criação, em lugares diferentes, não haveria diferença moral se os colocasse em outro local, porque, como ato de Ser Perfeito, também seriam atos perfeitos.Se Deus disse: Faça-se isto aqui e aquilo ali" não há como discutir a perfeição de sua decisão. E mais: não há como parar ou alterar coisas que para os seres humanos ainda não existem. Prezado Borges, seja coerente em seu teísmo, para não ofender os ouvidos ateistas como os meus. Aceite a predestinação como um sentimento de fé, por estupido que possa parecer.
Bel Alves
Enviado em: 31/03/2011 18:24:07
Já li muita coisa no Observatório de Imprensa, mas nunca imaginei ler um texto desses. De início, pensei que fosse ler mais uma crítica à Veja ou ao texto do Sabino, mas não, o referido texto só foi um gancho para a apologia religiosa. Não sou atéia, mas não é para saber sobre religião ou o discutir o pecado que eu acesso o Observatório. Francamente, dizer que tragédias como a do terremoto no Japão servem como o megafone de Deus para converter os "infiéis" é uma profunda falta de respeito com as vítimas e suas famílias. Não esperava ler um absurdo desses justamente aqui. E para quem diz que o Observatório de Imprensa pode publicar qualquer coisa porque aqui "impera a liberdade", cabe a reflexão: se o Observatório pode publicar qualquer coisa, então a Imprensa também pode, e, sendo assim, qual a utilidade do Observatório?
Bira sousa
Enviado em: 31/03/2011 19:31:04
Hoje, recebi um e-mail de um certo senhor japonês, propondo a todos os seres humanos que oferecessem uma oração, às 12:00 horas, às águas do reator de Fukushima. E agora, leio este texto. Sou eu que estou fora do eixo, ou tem alguma coisa errada com o planeta Terra?
Luiz Eduardo Amaral
Enviado em: 01/04/2011 11:16:54
Concordo com a primeira parte do texto quando ele contextualiza o artigo da Veja como "depressivo". Não acredito que o Sr. Mario Sabino, confortavelmente aqui no Brasil, esteja tão abalado com a tragédia japonesa que tenha virado um niilista. É sim, típico dos ideólogos do conservadorismo (como os escribas da Veja e o establishment religioso) aproveitarem este drama para induzirem conclusões de que o mundo não muda, o ser humano é um joguete do destino, e que portanto esforços em busca de uma evolução moral e social são inúteis,
Artur Dias
Enviado em: 01/04/2011 11:20:55
É lastimável que o OI abra espaço para um texto que não se propõe a esclarecer coisa alguma, senão semear a ignorância - que, espero, não prolifera entre os leitores do site. Como em qualquer discurso religioso, o "jeitinho" para justificar as desgraças aparece neste aqui, e vai abrir espaço para uma justificação cínica de desgraças provocadas pela espécie humana.
Eli Carlos
Enviado em: 01/04/2011 19:02:55
Íncrivel como esse jornalista se aproveita da tragédia ocorrida no Japão para fazer proselitismo cristão. A bíblia é uma cópia de outros mitos, como por exemplo o mito da criação de gênesis é copiado de um épico babilônico chamado Emuna Elish. Adão e Eva possuem um equivalente na Epopéia de Gilgamesh, até o dilúvio de Noé é inspirado na história mesopotâmica chamada Epopéia de Atrahasis. Existem várias evidências históricas e arqueológicas sobre materiais que serviram de inspiração à biblia. Agora o autor do texto vir dizer que existem EVIDÊNCIAS da ressurreição de Jesus? Fala sério. Só faltou o caro jornalista lembrar que o terremoto no Haiti foi uma punição divina àquele povo por fazerem muita macumba. É um típico cristão fundamentalista que acha que deus é uma projeção da sua própria personalidade: homofóbico, misógino, intolerante com os infiéis e tirano. Ele deixou isso claro quando disse que quem questiona o deus dele só pode ser ateu, como se o cristianismo fosse realmente a religião "oficial"
Jaime Collier Coeli
Enviado em: 02/04/2011 08:32:06
Muito bem lembrad, prezado Eli Carlos. Permita-me aduzir uma cosmovisão nacional, com a vantagem de ser feminista e se referir ao papel dos alucinogenos, levantada em S. Gabriel da Cachoeira, Amazonas (UNIRT/FOIRN, 1995). O universo foi criado segundo os Desana Kebiriporã, por uma mulher, no meio das trevas, num banco de quartzo, com uma cuia de ipadu, outra de tapioca e fumando charutos. Ela enfeita-se e cria um quarto para si mesma e, em sguida, cria o universo.
Paulo Hase
Enviado em: 02/04/2011 11:16:03
Onde entra a religião sai o racionalismo. Onde sai o racionalismo entra a superstição. Depois de ingerir essa cicuta teológica só existe um antídoto; corra para Nietzsche, Marx e Freud.
Sérgio Kempers
Enviado em: 02/04/2011 15:06:51
Um dos textos mais insólitos publicados no OI. O autor rotula cientistas, detentores de cátedras nas mais renomadas Universidades, de serem “neoateus fundamentalistas”! Por que “neo”? Qual é o livro, como o Alcorão ou a Bíblia, que determine os fundamentos para isso? “Que sentido há em se discutir ética, segurança, direitos humanos ou fraternidade num mundo regido pelas inexoráveis leis da biologia darwinista?”, pergunta o autor. Vivemos em grupos sociais. O comportamento ético é necessário, sempre. Para ter balizamento moral, não é preciso acreditar em uma entidade sobrenatural, que nunca se revela, mas que tudo sabe, tudo vê e que está em todos os lugares para nos condenar, por qualquer pequena falha, ao sofrimento eterno depois da infalível morte. Você pode ser bom e fraterno sem ter fé! Fazer o bem e ser humanista sem acreditar em algo não tangível! Sem buscar, apenas, recompensas vindouras. Mas, as trombetas bíblicas foram substituídas por megafones. Ainda prefiro as trombetas, como nos filmes épicos da velha Hollywood!
Gerson Chagas
Enviado em: 02/04/2011 22:59:27
Realmente, concordo com os demais leitores que se demonstraram tão surpresos quanto decepcionados pelo teor canhestro e prosélito do texto. O sentimento religioso é algo que deve ser respeitado, pois é de natureza pessoal ; o fato de sua manifestação ser excessiva, excludente e, em certos casos, até execrável, é outra questão. O que não se justifica é um espaço destinado à manifestação crítica e reflexiva dê guarida a um texto tão despropositado quanto desrespeitoso - sim, pois as vítimas de um cataclisma não merecem ser postas na condição de meros elementos de ratificação retórica.
Bruno de Oliveira
Enviado em: 03/04/2011 01:39:30
É o pior texto que já li aqui no observatório. Totalmente avesso ao que esse site representa, principalmente pelo fato de que o autor abandona seu trabalho de jornalista para enveredar na mais absoluta ideologia. A começar, o senhor Michel Borges afirma levianamente que Leibniz errou na interpretação da bíblia. Ora, é o senhor, com seu saber pobre que não compreendeu Leibniz, que - como sabe qualquer estudante fraco de Filosofia - conclui que vivemos no melhor dos mundos por meio de argumentos filosóficos e não por interpretação da bíblia. Assim, Voltaire não estava "a surrar um espantalho" no seu "Candido", mas discutindo filosofia por meio da expressão literária como substituição aos argumentos formais. Ademais, a comparação com o ateísmo é ridícula considerando que o próprio Voltaire era, ao contrário de Diderot, deísta. Tanto o era, que censurou partes diversas dos escritos de Jean Meslier, o padre ateu que não tinha o mesmo pudor de Voltaire ao criticar os dogmas da cristandade; dogmas esses que o senhor impõe ao leitor como se fosse parte do dever do jornalista e não dos astrólogos, dos padres. Simplesmente ridículo, já li colunas com as quais não concordei, mas nunca li nada constrangedor como esse texto, que se erige com a mesma qualidade baixa dos textos que comenta.
Jaime Collier Coeli
Enviado em: 03/04/2011 08:31:07
Não será exagero louvar o enorme serviço prestado à sociedade pelos profetas explicitos do obscurantismo que, de fato, esclarecem para a sociedade os propósitos intrinsecos aos vários monoteísmos em atividade no mundo. Todos têm por objetivo apagar da História as pequenas conquistas culturais alcançadas a partir de 1600. O pretexto é sempre o mesmo: a instauração de uma "ética" fundamentada no medo. Portanto, não é de espantar que muitas de suas manifestações ocorram pela via das atividades terroristas. Essa ação não se observa apenas em épocas mais recentes. É antiga, inclui a eliminação de pessoas, construções físicas e livros. Por conseguinte, não é fato observável que o proselitismo dito "religioso" exiba um propósito "moral". Ao contrário, exerce atividade política, de luta pelo poder controlador das mentes humanas . sua capacidade de ação na sociedade, suas riquezas. Resumindo, é a propaganda do obscurantismo, que só pode ser combatida democraticamente ao ser escancarada, escrachada. Devemos elogiar em seus profetas o esclarecimento do enorme perigo que o teísmo, pelos monoteísmos, apresentam para todos os seres humanos.
MARCO DOURADO
Enviado em: 04/04/2011 19:14:58
Mohammed Shah Adeli, um dos mulás talibans que incitaram o ataque que matou 12 pessoas em um prédio da ONU, certamente se sentiria muito à vontade na companhia dos que vieram aqui criticar (criticar?) o jornalista Michelson Borges. Talvez Adeli até lhes fornecesse pedras para lapidarem o articulista. Madrassal por madrassal, nossas "universidades" não conseguem formar mentes capazes de concatenar uma refutação minimamente consistente, que não descambe para o ataque pessoal furioso em forma de matilhas e locustas. Um até se diz aposentado - como se os demais não houvessem aposentado o raciocínio ainda na adolescência. Querem debater ideias e somente ideias, sem juízo de valor, sem apelar para chavões de militância? Façam fila, valentes! Um argumento objetivo por vez - eu disse OBJETIVO, entenderam? Ou peguem o próximo voo pra Kabul para matar saudades de seus irmãozinhos.
Jaime Collier Coeli
Enviado em: 04/04/2011 20:26:30
"Idéias sem juizo de valor" é sem dúvida um prato cheio de pasteis de vento. Mas é preciso cuidado. Pitágoras recomendava a seus seguidores que não ingerissem favas, para evitar a ventosidade. E havia nisso uma racionalidade: os gregos de sua época acreditavam que o alento, as ventosidades do corpo humano, consistiam a alma. Tanto é que os médicos tapavam as narinas dos moribundos para evitar que a alma fugisse do corpo. E não é que tinham "juizo de valor"? Alguns pastéis de vento podem fazer que até mesmo um prodigioso teólogo de botequim regurgite sua "alma".
Marco Dourado
Enviado em: 05/04/2011 08:12:29
"Sem juízo de valor" é um eufemismo para "não traga para este espaço seus recalques e preconceitos". Objetividade, prezado. Objetividade e precisão restritas ao que foi proposto no artigo. Fazendo uma generosíssima concessão, recomendo Ockham: Pluritas non est ponenda sine necessitate, embora, como se vê, ainda não tenhamos pluritas até agora. Adiante.
Jaime Collier Coeli
Enviado em: 05/04/2011 09:31:01
O "eufemismo", prezado alter ego do ilustre Borges, revela de fato o ato falho de quem declara claraente desejar expulsar do convivio cristão toda dissidência. Isso já aconteceu no início do segundo milênio da era crista, quando o grande Roscelino denominou "flatus vocis" as palavras esvaziadas de significado, inventadas para predicar coisas reais, sendo expulso por Anselmo. Foram gastos quase 600 anos para que a Humanidade recuperasse a criatividade intelectual e se livrasse do obscurantismo, na atualidade novamente defendido por teólogos do pastel de vento, vale dizer, "flatus vocis".
MARCO DOURADO
Enviado em: 05/04/2011 18:11:54
Caro Coeli, estou pedindo apenas objetividade. Aponte no texto do meu amigo Michelson Borges (sim, não somos heterônimos) as inconsistências e falácias que julgue ter encontrado e aí conversaremos. Até lá, recomendo-lhe uma boa leitura: Newton, um dos pais da ciência moderna escreveu "As Profecias do Apocalipse e o Livro de Daniel". Uma pá de cal no deísmo - essa bactéria oportunista que tantos epígonos lastimáveis gerou.
Luiz Gustavo Assis
Enviado em: 05/04/2011 18:12:34
"Se tornou claro na segunda metade do século XX que o homem ocidental decidiu abolir a si mesmo. Estando cansado da luta para ser ele mesmo, ele criou seu próprio tédio fora de sua própria riqueza, a sua própria impotência fora de sua própria erotomania , sua própria vulnerabilidade de sua própria força; tocando a trombeta que traz as paredes de sua própria cidade a desmoronar-se e, em um processo de auto-genocídio, convencendo-se de que ele é grande e trabalhando em conformidade com a pílula, bisturi e seringas para tornar-se menor, a fim de ser uma presa mais fácil para seus inimigos, até que, finalmente, ter se educado em imbecilidade, e poluído e se drogado em estupefação..." Malcom Muggeridge
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