Livro de Economia
Contribuição de Fernando Tadeu*
29 de June de 2007
Nas categorias do XIV Prêmio Brasil de Economia de 2007 uma nova modalidade criada pelo Sistema COFECONCORECONs
parece que veio para ficar: Livro de Economia. Trata-se de uma importante conquista dos Economistas
com vistas à ampliação na divulgação dos trabalhos realizados e para que cada um de nós possa conhecer melhor o trabalho
do outro. Muito pouco se sabe das produções de cada região brasileira e esse novo espaço constituiu-se num passo
significativo para a aproximação dos pesquisadores e cria mais alternativas que levem ao conhecimento as publicações
realizadas pelos economistas de todo o Brasil.
"A Marcha para o Oeste não deve limitar-se ao advento benéfico do trator, mas, principalmente, a criar a expansão
redentora do livro".
Cassiano Nunes
Nas categorias do XIV Prêmio Brasil de Economia de 2007 uma nova modalidade criada pelo Sistema COFECONCORECONs
parece que veio para ficar: Livro de Economia. Trata-se de uma importante conquista dos Economistas
com vistas à ampliação na divulgação dos trabalhos realizados, e para que cada um de nós possa conhecer melhor o
trabalho do outro. Muito pouco se sabe das produções de cada região brasileira e dos Programas de Pós-Graduação em
Economia, apesar dos inúmeros esforços do CNPq. A instituição do Currículo Lattes deu um passo significativo para a
aproximação dos pesquisadores, mas, alternativas que levem ao conhecimento das publicações serão sempre bem-vindas.
A premiação Livro de Economia a ser conferida pelo Sistema COFECON-CORECONs era o que faltava para que se
pudesse ter uma idéia do que vem pensando os Economistas sobre as questões nacionais e internacionais nos Estados
da Federação. E, nesse sentido, o instrumento proposto se constitui em meio eficaz para fazer chegar aos multiplicadores
de idéias o produto do trabalho realizado. E, neste ponto, um pedido: a timidez deve ser deixada de lado para que o
Livro de Economia possa ser ainda mais lido. Todos sabem que o sistema de circulação do livro no Brasil deixa a desejar,
com exceção da distribuição realizada pelas grandes editoras com tradição e experiência na comercialização dos livros.
A tarefa de distribuição do livro sempre foi um desafio para a maioria das editoras universitárias brasileiras. Colocar preço
num livro nunca foi algo fácil de ser decidido, pelo menos no caso da EdUFMT, que coordenei de 1992 a 1998, sem
nenhuma tradição de comercialização. Contudo, como os preços é que dão valor a todas as coisas, essa máxima acabou
sendo perseguida, e visou ao alcance da sustentabilidade.
De forma particular cultivo um enorme respeito pelo trabalho das editoras: universitárias e comerciais. Torço para que
ambas continuem a serem vistas de formas diferentes, pois uma não atrapalha a outra, e há espaço para todas. Espero
que a editora universitária continue apoiando aquilo que tem de melhor, ou seja, os trabalhos acadêmicos, sem, no
entanto, deixar de editar aqueles outros trabalhos que dificilmente teriam chance numa editora comercial, mas que são
importantes de serem publicados.
Quem algum dia trabalhou como editor, não consegue, pelo resto da vida abandonar de vez o ofício. A editoração de um
livro tem magia, encanto e envolve muitas pessoas (autor, revisor, editor, impressor, bibliotecário etc.) Um livro dentro
das normas instituídas precisa de ficha catalográfica feita por um bibliotecário responsável, do registro na Biblioteca
Nacional, e depois de pronto, do depósito Legal na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, conforme prevê o decreto n.
1825, de 1907 (não sei se todos cumprem o decreto, mas, seria interessante que assim o procedessem). Um livro deve
ser feito para ser eterno, pois além de contar fatos do mundo, reacende discussões e provoca releituras.
De acordo com Wilson Martins, professor e grande estudioso do livro, "A história do homem ocidental é, em última
análise, a história do livro. Tudo o que se fez até hoje, desde os tempos pré-históricos, mas sobretudo a partir da
Conselho Federal de Economia
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Antiguidade, tem encontrado no livro, na palavra escrita, a sua interpretação, o seu programa ou a sua glorificação".
(MARTINS, Wilson. A Palavra Escrita. São Paulo: Ática, 1996, p. 426).
No ano de 1996, Cuiabá sediou a IX Reunião Anual das Editoras Universitárias Brasileiras, da qual ficou um registro
em vídeo, que tenho guardado, com depoimentos inéditos de dirigentes das grandes, pequenas e médias editoras
universitárias, sobre temas imprescindíveis, e que precisam ser conhecidos pelo Brasil para o Brasil conhecer o Brasil.
Por ter dedicado, de forma intensa, alguns anos, ao dia-a-dia de uma editora universitária pequena, posso afirmar que
nas editoras universitárias a situação econômica precisa ser mais estudada pelos Economistas.
Por que o mercado editorial brasileiro ainda continua reduzido? O que vem sendo lido no Brasil atualmente pelos
Economistas? A demora em conhecer o que vem sendo produzido no mundo se deve ao custo dos direitos autorais?
Por que ainda lemos tão pouco? O que dificulta o andamento de uma editora universitária? A burocracia? A editora
universitária deveria ampliar o papel a ser desempenhado? Por que editoras universitárias como a EDUNESP,
EDUSP e EDUNB parecem vir dando certo? Como uma editora universitária pode conquistar a autonomia financeira?
Em que o Brasil tem faltado com as editoras universitárias? Como anda a Política Editorial brasileira? O que tem feito o
governo pelo setor editorial? Por que o Brasil pensa sempre a curto prazo?
Seriam tantas as proposições, que precisaria de uma mesa redonda para discutir o livro. Aliás, nós Economistas,
poderíamos ajudar a repensar estratégias no sentido de fortalecer o livro universitário no Brasil, e por conseqüência o
Livro de Economia. Num dos futuros Encontros de Economia Brasileira a discussão que deveria estar presente seria
sobre "Livro de Economia e Editoras Universitárias". Para Cassiano Nunes, amigo que conheci na década de 90, em
Brasília, quando lá estive para o lançamento de um livro editado pela EdUFMT, contendo manuscritos "entre" Langsdorff
e D'Alincourt, "Uma universidade de nada vale se não ensinar a amar os livros".
No Brasil, a história do livro se confunde com a trajetória de Monteiro Lobato, um editor que deu a vida pelos livros, e que
também teve pelos percursos muitas outras experiências. Além de editor, Monteiro Lobato foi um grande escritor, e
das suas criações não se pode esquecer do famoso Jeca Tatu, que mereceu inúmeros trabalhos pela polêmica
causada. Ousado, criativo, incompreendido, Monteiro Lobato nunca desistiu das suas idéias em prol do livro no Brasil.
Segundo uma pesquisa de 1996, patrocinada pela Melhoramentos, "A história do livro no Brasil pode ser dividida em
antes e depois de Monteiro Lobato. O escritor paulista foi o responsável pelos primeiros investimentos nacionais na
área do livro, desde a Editora Revista do Brasil, passando pela Monteiro Lobato et Cia, e pela Cia. Editora Nacional,
até chegar à editora brasiliense que ajudou a fundar." (ABRÃO, Bernadette Siqueira; PAIANO, Enor; NADER, Wladyr.
Momentos do Livro no Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1996, p. 48).
A seguir, um desejo: que a persistência do editor Monteiro Lobato sirva de exemplo para as editoras brasileiras:
universitárias e comerciais. Antes de encerrar, gostaria de compartilhar com todos algo que me desagrada: os elevados
preços do livro no Brasil. Quando estive em Buenos Aires, em 2005, fiquei impressionado com o vigor do mercado
editorial e com a facilidade para se adquirir um livro. Seria o preço dos livros em Buenos Aires menores do que no Brasil
devido ao fato de muitos países falarem espanhol?
Por fim, espero, neste XIV Prêmio Brasil de Economia, encontrar o Livro de Economia das mais variadas partes do país.
Estejam certos de que o maior prêmio para os livros que estiverem concorrendo será a possibilidade criada pelo
Sistema COFECON-CORECONs de os tornarem ainda mais conhecidos.
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* Professor do Departamento de Economia da UFMT e dos Programas de Mestrado em Economia e História da UFMT.
Conselho Federal de Economia
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