quinta-feira, 8 de julho de 2010

1411 - HISTÓRIA DO LIVRO

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JORNAL EDUCAR
LITERATURA INFANTIL
MAIO / 2001



Era uma vez...


Uma relação de amor: o livro e eu



A co-responsável por eu estar aqui, resenhando livros infanto-juvenis, é a Prof. ª Nilma Lacerda, a quem eu muito agradeço. Foi sob sua coordenação que um gripo bastante interessado em Literatura infantil e juvenil se reuniu e resenhou, para a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), o catálogo "Premiados de 92", referente às obras que receberam prêmios e láutreas por terem se destacado na produção literária do ano de 1991. Provei do sabor e não parei mais de resenhar.

Mas a morada da aranha é a mais frágil das moradas (Corão, 29, 49)

"Essa fragilidade evoca a de uma realidade de aparência ilusórias, enganadoras. Assim, será a aranha a artesã do tecido do mundo ou a do véu das ilusões que esconde a Realidade Suprema?"

CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain - Dicionário de Símbolos. 10ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1996.

Nilma é uma aranha mágica que tece fios maravilhosos de pura emoção, enredando-nos em sua teia de palavras amorosas, sonhadoras e prazerosas, e nós leitores não queremos sair desse enlevo. Tecelã de sonhos, ela nos envolve em sua teia nada frágil. É o seu criador presenteando-nos com sua obra.

Ela é professora graduada em Português-Literatura, com Mestrado e Doutorado em Literatura Brasileira, e autora premiada de livros para crianças, jovens e adultos, tais como: "Dois Passos Pássaros" (FNLJI); "E o Vôo Arcanjo" (Record); "Viver é Feito à Mão/ Viver é Feito em Vermelho" (Miguelim); "As Fatias do Mundo" (RHJ) - Prêmio Jabuti 1997; e "Manual de Tapeçaria" - um vencedor do Prêmio Rio de Literatura, categoria: Romance/1985 - , que, após 15 anos de estréia, está sendo reeditado pela Editora Revan com novo projeto gráfico, no qual o destaque é a capa feita pelas bordadeiras de Dumont, especialistas em passar emoções através dos fios coloridos das linhas.

Colaboradora em periódicos ligados à Literatura tais como "Leitura: Teoria e Prática", "Notícias", "Doce de Letra" e outros, Nilma tem, também, publicado vários ensaios e, no ano de 2000, lançou "Fantasias", "Fingimentos" e "Finalmente" (Revan), "Cartas do S. Francisco: Conversas com Rilke à Beira do Rio" (Caminho das Águas) e traduziu, ainda, "O Homem das Miniaturas", do original francês de Virginie Lou (Revan).

Como conferencista em congresso nacionais e internacionais, sua palavra sempre é bem recebida. No último Congresso de Literatura Infantil e Juvenil em Cartagena (Colômbia), pudemos testemunhar o brilho de seu discurso e o entusiasmo da platéia. A autora recebeu a bolsa VITAE de Literatura para desenvolver o projeto "Um Homem Valente", sobre a poética do pintor Iberê Camargo (ainda inédito).

Vamos saborear um pouco dos livros "Fantasias", "Fingimentos" e "Finalmente" e aposto que terão o maior prazer em lê-los na sua integridade, deixando a imaginação correr solta...



FANTASIAS. Nilma Gonçalves Lacerda; il. Christiane Mello, Rio de Janeiro: Revan, 2000.

Quem ao olhar fantasias expostas ou vestidas por outras pessoas não teve, por um momento, vontade de se incorporar àquele traje de ilusão?

Lily - nossa protagonista - uma menina muito esperta que se veste e se despe com trajes de pirata, índio, bailarina, cigana, etc. com tanta desenvoltura. Sua imaginação voa longe e ela vivencia cada vestuário como se fosse ela própria a heroína das histórias inventadas.

Nesse troca-troca de roupas, a bagunça é inevitável e o ralhar da mãe, a que tudo assiste sem conseguir deter a filha na bagunça que se forma, é atenuado quando ela própria se vê refletida nos devaneios da menina.

As ilustrações da Christine dialogam em harmonia com as palavras de Nilma, mostrando que a artista reinterpretou a história com sua linguagem específica.



FINGIMENTOS. Nilma Gonçalves Lacerda; il. Marcelo Ribeiro, Rio de Janeiro: Revan, 2000.

Auto Psicografia O poeta é um fingidor, Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente (...)

Fernando Pessoa Cancioneiro

Só os poetas fingem? Não é claro. Todos nós, em algum tempo, fingimos o que não somos. Mas, nada que prejudique a quem quer seja.

Ulisses e Heitor são dois colegas que estão sempre conversando durante o período escolar. Ulisses sempre com a cabeça em outras histórias que não aquelas dadas em sala de aula. Só que ele sempre está presente no local - lutando, sofrendo e também participando junto com Vasco da Gama, Santos Dumont, Alice, Peter Pan etc.

Sua imaginação é pra lá de fértil, a ponto de...

Não vou contar mais, pois assim vocês vão querer saber das peripécias de Ulisses.

Que as ilustrações de Marcelo são dinâmicas e alegres não restam dúvidas, despertando emoção no leitor, ao ganharem movimento e volume nas páginas coloridas.



FINALMENTE. Nilma Gonçalves Lacerda; il. Angela Amarante, Rio de Janeiro: Revan, 2000.

O sonho de Vitória era ganhar um cachorrinho de verdade. Seu pai prometia, mas não cumpria o desejo dela. Então, a menina resolveu a questão. Se não podia ter cachorro, brincaria de dinossauro, gato, camaleão etc. Para tal empreitada, bastava a imaginação. Cada bichinho tinha uma maneira carinhosa e diferente de ser tratado, e eram todos participantes ativos das histórias inventadas pela Vitória.

Como acha a história? Não ouso contar. Leiam o livro, vão gostar.

As ilustrações de Angela ressaltam, com muita propriedade, os elementos essenciais da narrativa, incluindo, aí, os modelos vivos que dão vida às gravuras.

E, como diz a própria autora:

"Claro que, em todas as narrativas, o sonho se impõe à realidade, as verdades dos personagens, reconhecidas, são integradas ao cotidiano."

Em tempo: no final de cada livro há explicação sobre os personagens, de uma maneira surpreendente e inovadora.


COPYRIGHT DEVIDO AO AUTOR DO TEXTO.

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