Entendendo "O Mundo de Sofia"
O livro intitulado O Mundo de Sofia é um romance envolvente que, de forma natural e didática, introduz a História da Filosofia dando rápidas pinceladas sobre o seu desenrolar no Ocidente. Levanta as principais questões estudadas pelos pensadores de todos os tempos, vivo exemplo da inquietude humana e da instintiva busca por referenciais de conduta: Deus, o Universo, o Homem, a Sociedade e a História.
Sofia Amudsen, personagem central de O Mundo de Sofia, é uma jovem estudante que vê a sua vida mudar completamente por conta de cartas anônimas com as mais diversas questões existenciais: Quem é você? De onde você vem? Como começou o mundo? Ao escrever de forma nada erudita, com narrativas em estilo romancista, o escritor Jostein Gaarder nos conduz ao fantástico mundo da história da filosofia e o que se apresentava antes como intangível e misterioso se revela diante de nossos olhos como fascinante e indispensável: a filosofia.
O autor mostra que, no início, era necessário a utilização do pensamento mitológico para que as pessoas pudessem compreender os processos naturais a sua volta e, ainda hoje, podemos observar características desse pensamento, como, por exemplo, algumas superstições.
Logo após a vitória de Atenas, apareceram os chamados filósofos da natureza que começaram refletir o mundo. São também conhecidos como pré-socráticos, e seu principal pensador foi Demócrito, com a sua teoria do átomo.
Após o desenvolvimento de tais teorias sobre a natureza do mundo, começaram a aparecer filósofos que se concentraram em descobrir a natureza do homem, sua relação com o mundo e a melhor forma de bem viver com este e consigo próprio, dando origem ao pensamento ético e moral baseado na razão, primórdio para uma feliz e reta vida.
O primeiro grande filósofo grego, mundialmente reconhecido foi Sócrates. Sócrates preocupou-se em descobrir e depois ensinar as pessoas que o verdadeiro conhecimento vem de dentro e só este pode lhe fornecer o discernimento necessário para a vida, sendo este só possível através do emprego da maior faculdade do Homem: sua razão. Platão foi o responsável pelo registro do pensamento socrático, realizado através de seus diálogos, preservando a retórica na escrita. Suas principais preocupações giravam em torno daquilo que seria eterno e imutável, a origem de todas as coisas que vemos e como podemos defini-las quando as observamos. Da academia de Platão surgiu o terceiro e último grande filósofo da Antigüidade: Aristóteles. Grande cientista, pesquisador de várias áreas do saber, não só o da filosofia, foi um dos fundadores da pesquisa empírica e da noção de classificação natural de espécie, sendo seus moldes a base do desenvolvimento e separação das ciências como as conhecemos ainda hoje.
Já na época de Aristóteles o império grego começara a se desfazer ante o avanço do império macedônio de Alexandre Magno. Filosoficamente, várias ramificações do pensamento socrático e platônico ocuparam seu devido espaço na procura de uma concepção humana de vida.
Havia, já no período do Império Romano, que sucedeu o macedônio, dois círculos culturais distintos, o indo-europeu e o semita. Nesta situação de encontro entre tais correntes aparece aquele que foi profetizado pelo povo israelita, o filho de Deus, Jesus de Nazaré. Por sua filosofia também foi morto, como Sócrates. Após sua morte e notícias de sua ressurreição, o apóstolo Paulo disseminou sua filosofia e as revelações bíblicas, formando, em pouco tempo, comunidades cristãs por toda a Europa.
Nesse período histórico conturbado e evolutivamente estagnado a Igreja Católica firmou seu poderio moral-ético-religioso. Desta doutrina, portanto, surgiram os principais filósofos da Idade Média. Esta filosofia católica foi uma forma de unir a base indo-européia grega, de Platão e Aristóteles, a teologia do Velho e Novo Testamento. O primeiro a conseguir eficiência em sua tarefa foi Santo Agostinho. Este monge procurou conciliar a teologia cristã ao neoplatonismo. Outro importante filósofo foi Tomás de Aquino, responsável pela conciliação das teorias de Aristóteles com os ensinamentos e cultura bíblicas.
O Renascimento foi a realização de uma retomada do humanismo grego, sendo, entretanto, uma de suas principais características o individualismo. Isso ocorreu devido a mudança da concepção da natureza da vida humana e a própria visão deste do mundo e de si mesmo: começou-se a medir o mundo através dos conhecimentos e da experiência real do ser.
A partir desta nova visão de mundo, pouco tempo depois surgiram teorias e formas de se viver opostas irreconciliáveis. O século XVII é conhecido como período Barroco, pois as formas não são mais suaves, e sim, opulentas e agressivas, cheias de contrastes, o que exteriorizava as tensões do consciente mundial da época.
Em virtude destes acontecimentos nasce René Descartes, responsável pela reunião do pensamento contemporâneo num único e coerente sistema filosófico. Dentre as várias teorias desenvolvidas deve-se destacar além de Descartes, Spinoza, segundo o qual "...Deus não é um manipulador de fantoches...".
O otimismo cultural era reinante nesta época, pois todos acreditavam que seria uma questão de tempo para que a irracionalidade não mais desempenha-se uma força tão vital em relação ao Homem, ao mesmo tempo que buscavam uma religião natural − esta religião estaria em contato com a estrutura natural do ser.
A última grande época de desenvolvimento humano, que veio logo após o Iluminismo, foi o Romantismo, já que depois apareceram novas teorias e concepções de mundo em campos distintos do conhecimento: Marx na economia, Darwin na biologia, Freud na psicologia.
Dentre os filósofos românticos o de maior destaque foi Hegel. Contribui para a concepção de que existem verdades maiores que a razão humana e a filosofia, portanto, não poderia ser desvinculada da época a qual se desenvolveu, tendo então, todo pensamento, um contexto histórico. Desenvolveu a teoria de tese, antítese e síntese, provando sua teoria do dinamismo da razão humana.
No mesmo tempo em que de desenvolvia o pensamento de Marx, crescia na Europa uma corrente científica conhecida com Naturalismo, tendo como seu principal representante a figura de Charles Darwin. Darwin propôs a teoria da Evolução das Espécies.
Por fim, destacamos como última grande teoria mundial a do Big Bang. Através desta, os astrônomos explicam que a atual expansão do universo deveu-se a uma grande explosão ocorrida em seu centro.
Mas, correlacionando-se tais dados com a eterna pergunta "de onde nós viemos?", pode-se fazer um paralelo com as teorias mais antigas, do dia e noite de Brahma no hinduísmo, ou o faça-se a Luz da Bíblia, ou a explosão do centro do Universo, no Big Bang? As idéias humanas giram ciclicamente em torno das mesmas perguntas, mas as respostas, com o passar das eras, são cada vez mais sutis, análogas e abrangentes.
A partir desse breve entendimento sobre a obra "O Mundo de Sofia", espero ter contribuído para que meus leitores interessem-se em ler a obra em toda a sua íntegra. Vale a pena!
Referência Bibliográfica: GAARDEN, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo, Cia. das Letras, 4 ed., 1995.
© Texto produzido por Rosana Madjarof
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