quinta-feira, 8 de julho de 2010

1386 - HISTÓRIA DO LIVRO

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Monteiro Lobato e Paul Faucher:
uma história comparada do livro infantil
Tâmara C. S. Abreu
Doutoranda/Universidade Estadual de Campinas
Resumo
Este artigo contempla a história do livro infantil no Brasil e na França
entre os anos vinte e quarenta do século 20. Concentra-se no estudo das
obras de Monteiro Lobato e de Paul Faucher, criador dos álbuns do “Père
Castor”, pois eles empreenderam experiências pioneiras na produção de
livros para crianças com um ponto em comum: a existência de um
projeto pedagógico aliado ao projeto editorial. Investigar o papel não
apenas do autor mas também do editor é um caminho sugestivo para
discutir as representações de infância e educação na literatura infantil
produzida por ambos.
Palavras-chave: Livro para crianças; História da edição; Escola Nova;
Monteiro Lobato.
Abstract
This article concerns the history of children's books in Brazil and in
France between 1920 and 1940. It is focused on the works of Monteiro
Lobato and Paul Faucher, the author of the albums of "Père Castor".
These writers had a common point in their pioneering experiences as
publishers of books for children: the existence of a pedagogical project in
association with the editorial project. The investigation of their role of
publishers, and not only their role of writers, is a suggestive way of
studying the representations of childhood and education in their
publications for children.
Key-words: Books for Children; History of publishing; Progressive
Education; Monteiro Lobato
Résumé
Cet article concerne l’histoire du livre pour enfants au Brésil et en France
entre les années vingt et quarente du vingtième siècle. Il s’agit d’une
étude sur les oeuvres de Monteiro Lobato et de Paul Faucher, créateur
des albums du Père Castor, puisqu’ils ont fait des expériences pionnières
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dans la production de livres pour enfants avec un point commun :
l’existence d’un projet pédagogique rallié au projeto éditorial. Rechercher
le rôle non pas seulement de l’auteur mais aussi de l’éditeur est un
chemin suggestif pour discuter les représentations d’enfance et
d’éducation dans leur littérature pour enfants.
Mots-clés: Livres pour enfants ; Histoire de l’édition ; Nouvelle
Education ; Monteiro Lobato.
1. Introdução
Partindo da concepção de livro como um objeto importante para
o estudo das práticas culturais de uma sociedade, uma vez que as suas
idéias circulam amplamente através das mídias impressas, este artigo
propõe-se a introduzir um estudo comparativo da história do livro para
crianças no Brasil e na França entre os anos 20 e 40 do século XX,
através das obras do brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948) e do francês
Paul Faucher (1898-1967), criador dos famosos álbuns do Père Castor.
Visa a contribuir com as discussões sobre questões relativas à história da
literatura e da leitura, inclusive as diversas mediações que perpassam
esses textos desde a produção até a recepção; concentra-se no estudo livro
em sua totalidade, enquanto suporte material portador de convicções
estéticas, filosóficas e pedagógicas dos seus criadores.
Pelo papel fundamental da imagem nos livros destinados ao
público infantil; pelas alterações sofridas por este objeto tanto em seus
textos quanto em seus suportes materiais1, na primeira metade do século
passado, em função do desenvolvimento da indústria editorial e das artes
gráficas no Brasil e na França; pela interdependência de fatores externos e
internos à produção e à circulação desses livros na especificidade de suas
relações (sociais, ideológicas, políticas, econômicas), comparar a obra
infantil de Monteiro Lobato e Paul Faucher implica antes de tudo
conceber o livro para crianças como uma obra feita a (e recebida por)
diversas mãos.
1 Seja cartonado ou em brochura, seja um livro-tela em tecido lavável ou um
álbum-panorama que se desdobra formando uma tela única, seja grande ou à
italiana, tal diversidade presente em catálogos (livres d’étrennes) de editoras
francesas entre os anos 1928-1932 confirma a existência de uma “cultura do
álbum” discutida por especialistas franceses em literatura infantil.
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Confrontar os livros “dirigidos”, por assim dizer, por Lobato e
Faucher, sofrendo interferências que vão das escolhas do editor ao
revisor, do ilustrador ao designer gráfico, do vendedor de livraria aos pais
e professores, significa levar em consideração não apenas o que as
aproxima enquanto produções do mesmo gênero — literatura para
crianças — mas também o que as distancia enquanto produtos de duas
culturas distintas como o Brasil e a França entre os anos vinte e os anos
quarenta do século a que pertencem. Significa, enfim, refletir sobre a
maneira como, em duas funções diferentes como a escrita e a edição,
Lobato e Faucher atuaram como pólos de fomento cultural para a
infância em seus respectivos países. Vejamos agora que questões podem
ser levantadas a partir dessa reflexão.
2. O livro multi-faces: suporte pedagógico-gráfico-artístico
A concomitância entre o desenvolvimento das teorias
educacionais surgidas no século dezenove — que deram origem ao
movimento da Escola Nova no século posterior — e o aparecimento de
uma literatura moderna para crianças não nos deixa dúvidas a respeito
da indissociabilidade entre estas duas faces da história do livro infantil. A
sentença parece óbvia se levarmos em consideração que tudo estava em
mutação num mundo “em revolução”: desde a industrial, passando pela
francesa, a russa, até as duas guerras mundiais. No entanto, tomando o
livro como um objeto inscrito no largo pano de fundo das circunstâncias
em que é produzido, pode-se chegar a um conjunto de fatores
interpretativos que explicariam, por exemplo, os diferentes investimentos
editoriais no Brasil e na França bem como os diferentes públicos a que se
destinam essas obras em cada contexto particular.
Poderíamos ainda, reconstituindo a estrutura editorial que deu
origem aos livros infanto-juvenis de Lobato e Faucher, assim como os
elementos do paratexto genettiano,2 tentar compreender outras questões,
2 O conceito de “paratexto” criado Gérard Genette considera aspectos como o
título, o prefácio, as traduções, as séries/coleções, as ilustrações e todo o conjunto
que dá forma concreta, que “garante a presença do texto no mundo”, como
elementos que dão sentido ao texto.
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tais como: O que faz um livro ser adotado ou não em programas
escolares? Ou um lançamento vender menos ou mais? O que faz um
ilustrador ser escolhido em detrimento de outro para uma determinada
obra? O que determina a maior ou menor tiragem de uma obra? Quais
são as orientações de leitura presentes nesses livros? Que fatores
mobilizariam um projeto editorial? Lançadas essas questões, que serão
tratadas ao longo do artigo, voltemos à indissociabilidade dos fatores
pedagógicos e editoriais para modernização da literatura infantil.
Ao mesmo tempo em que no transcurso dos séculos XVIII e XIX,
sucessivamente, Pestalozzi, Froebel e Dewey criavam as bases principais
das discussões e iniciativas para o modelo de uma nova educação na
Europa e nos Estados Unidos, a indústria tipográfica e as novas técnicas
de reprodução de imagens se multiplicavam, deixando para trás práticas
que alteravam significativamente o aspecto gráfico dos produtos que as
máquinas produziam — o objeto impresso a que chamamos livro.
As gravuras em relevo, em cobre, em ferro e sobre madeira
(xilogravura) que ilustravam os livros iam sendo aos poucos substituídas
ou alternadas pela técnica da litografia, diminuindo assim o custo da
produção, separando a obra do gravador (ou gravurista) da obra do artista
e tornando-a mais original, uma vez que este passava a compor suas
próprias imagens sem passar pela mediação do gravador. Os primeiros
ateliês de litografia na França datam de 1816 e 1817, e fizeram desta
técnica de reprodução de imagens um marco na história do livro, pois até
o século dezenove não se podia imprimir texto e imagem ao mesmo
tempo — o que implicava dois processos de composição e intervenções
diversas na trajetória que vai das mãos do artista às mãos do leitor. A
evolução dos processos de fabricação dos impressos se fez notar também
nessa época pela conjugação de diversos fatores econômicos, artísticos e
tecnológicos como, por exemplo, a melhoria na qualidade do papel e das
máquinas que permitiam a impressão de tipos e imprimiam em formatos
ou tamanhos diferentes.
No Brasil do século 19 provavelmente não se praticava a
litografia, pois a indústria editorial ainda não era desenvolvida, não
compartilhava da realidade moderna européia. O mercado estava nas
mãos de dois livreiros-editores imigrantes: o português Francisco Alves,
especializado no filão escolar, e os irmãos Garnier. Em contraste com a
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massa de analfabetos do resto do país, o Rio de Janeiro bourgeois do
início do século 20 e a São Paulo da aristocracia do café consumiam
literatura nacional (Bilac, Machado, João do Rio, etc.) impressa em terras
estrangeiras, fosse Lisboa ou Paris. Enquanto os meninos liam Jules
Verne e as meninas liam a Comtesse de Ségur, nas boas famílias das
capitais do Brasil e da França durante a Belle Époque, as principais
capitais européias fervilhavam de exposições internacionais, salões,
congressos, havia movimentos artísticos diversos. Da Alemanha se
espalhou pela Europa o movimento de pedagogia artística — resultando
na criação de comissões mistas3 (membros e inspetores da instrução
pública, professores, arquitetos, pintores e escultores) que tinham a
função de instaurar uma educação estética nas escolas francesas da III
República, quando o Ministro da educação era Jules Ferry.
Entre 1904 e 1907 também surgiram na França muitas
sociedades4 dedicadas a discutir e promover a educação estética da
criança através do que eles chamam de imagerie scolaire. As fotos,
estampas e livros oferecidos como prêmio no final do ano, bilhetes de
satisfação, capas de cadernos, material escolar, decoração, painéis,
quadros explicativos e tabelas, todo o entorno escolar da criança
contribuiriam para uma educação estética. A ilustração nos livros para o
público infanto-juvenil era então motivada seja por encomenda seja pela
pura expressão artística, constituindo “uma criação artística totalmente à
parte, híbrida, dividida entre arte e pedagogia” (Renonciat 2003:3).
Não se sabe a que ponto o movimento de “educação estética”
europeu teria penetrado no Brasil. Mesmo com alguma defasagem de
tempo com que algumas idéias e discussões internacionais chegavam
através de jornais estrangeiros, isto antes da nossa primeira transmissão
de rádio (1922), pode-se notar uma grande quantidade de
reprodução/tradução de artigos atuais sobre educação e infância na
Revista do Brasil, cujo proprietário e diretor era Monteiro Lobato entre
3 Comission de la décoration des écoles et de l’imagerie scolaire.
4 A mais importante foi a société L’Art à l’école, formada em 1907 por
importantes figuras na França: funcionários da instrução pública e das Belas
Artes; críticos e homens de letras; artistas e arquitetos; e editores. Em 1908 ela
passa a se chamar L’Art et l’enfant, cria sua revista bimestral homônima, e em
1914 já contava 65 seções regionais e cerca de 60 mil membros.
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1918 e 1925. Um deles, cujo título é A literatura infantil, é do alemão
Marcel Braunschwig4 e foi publicado em outubro de 1921.
Na esteira da evolução pedagógica, durante os anos que se
poderiam chamar entre-séculos, os conceitos de educação e infância iam
sendo reconstruídos em novos parâmetros tanto na França quanto no
Brasil. Apoiados numa concepção sócio-interacionista e construtivista do
desenvolvimento intelectual, físico e emocional — de acordo com as
formulações resultantes das experiências de médicos que associavam
biologia e psicologia como Henri Wallon, sua discípula Maria Montessori
e Jean Piaget — os educadores mudam a sua percepção da infância: de
agora em diante todo aprendizado deve partir do interesse da criança; seu
universo torna-se a origem e o destino do processo educativo. Nas
universidades americanas — que serviam como campo de aplicação para
os resultados de suas excursões de “descoberta” dos sistemas
educacionais em outros países — John Dewey, por sua vez, continuava a
sua extensa obra de filosofia da educação baseada no pragmatismo e na
eficiência social.
Convém lembrar que, em meio às transformações após a
Primeira Guerra (1914-1918), um dos graves problemas era o grande
número de crianças órfãs, além daquelas com algum tipo de deficiência
física em decorrência da guerra. Muitas iniciativas se deram através da
criação artística e literária, dando início a uma literatura infantil —
assim como ocorreu na educação — fortemente engajada com a
promoção da paz. No programa de apoio para a reconstrução dos países
atingidos organizado pelos Estados Unidos, havia duas instituições
importantes para a promoção da leitura infantil: O Comitê Aux Régions
Dévastées (CARD) e o Book Committee on Children’s Libraries (BCCL).
O CARD abre na França várias bibliotecas e uma “cammionette
circulante”; Caroline Griffiths, presidente do BCCL, propõe à França e à
Bélgica uma biblioteca inteiramente consagrada à juventude. Assim
nasce, quatro anos após a de Bruxelas, em 12 de novembro de 1924, a
Bibliothèque de L’Heure Joyeuse de Paris com 2.000 livros, 2
bibliotecárias, sala de leitura e uma mobília feita nos Estados Unidos
especialmente adaptada ao tamanho das crianças e jovens leitores. O
4 Especialista no tema e autor de L’Art et l’enfant : essai sur l’éducation
esthétique, publicado em 1907.
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BCCL se encarregou de manter por um ano as despesas e depois a
prefeitura de Paris assumiu assegurando a sua existência até os dias de
hoje. A L’Heure Joyeuse representa não apenas um modelo de política de
leitura pública, mas também o maior acervo histórico de literatura
infanto-juvenil do país (com raras preciosidades), tendo sido ela, entre
outras iniciativas e parcerias pioneiras na promoção da leitura, o
laboratório de teste para os primeiros álbuns experimentais do Père
Castor.
Os anos vinte e trinta foram, guardadas as devidas diferenças, o
ponto alto do movimento escolanovista, de norte a sul tanto no
continente americano quanto no europeu. Nas discussões bizantinas
durante os congressos de educação que se espalhavam por esses países e
também nas centenas de artigos veiculados em revistas (que
funcionavam como órgão propagador do movimento) discutia-se a
aprendizagem e os métodos de ensino, as disposições psicológicas inatas
e aquelas adquiridas socialmente, o trabalho em grupo, a moral. O que se
observa no ambiente caótico de idéias divergentes, embora nem sempre
opostas, entre educadores e entusiastas do movimento era o seguinte
ponto em comum: em toda parte havia o igual propósito de abandonar o
modelo de escola tradicional por uma escola nova. Um modelo que,
como já foi dito, buscava horizontalizar as práticas educativas: o papel do
professor evoluiria de transmissor para facilitador, a criança ganharia um
papel ativo, de construtor do próprio conhecimento.
A partir deste novo olhar da sociedade em relação ao seu mais
novo integrante (a criança), surgem novas formas de interagir com ela, de
educá-la; surge uma nova linguagem que determina uma nova
comunicação através da criação artística, mais precisamente da literatura
infantil. “E o livro infantil passa a ser escrito procurando preencher essas
condições impostas pela educação renovada, procurando desenvolver,
desabrochar a personalidade infantil [...]” (Salem 1970:49).
Não por acaso a literatura para crianças e jovens entra na sua
fase de maturidade de braços dados com o desabrochar da imagem para
as mídias culturais, sejam elas impressas ou não-impressas — livros,
jornais, revistas, cinema, televisão — na sociedade do Pós-Guerra (1914-
1918), ou seja, nas primeiras décadas do século XX. O livro produzido
para o pequeno leitor ultrapassa a tradição dos manuais escolares, não
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mais se dirige apenas a crianças alfabetizadas com lições de catecismo ou
de escotismo, mas passa a incluir o grupo dos pequeninos ainda
iletrados, porém aptos a uma sensibilização às imagens, aprendizes de
uma leitura do mundo. Vejamos a origem da predominância estética
nesse tipo de produção editorial.
3. O livro-imagem
Nos salões e nas bibliotecas familiares européias surge em 1820
o álbum, este “drôle” de suporte editorial que inverte a hierarquia
ocidental tradicional entre texto e imagem5 (Renonciat), colocando o
texto em segundo lugar. Ocidental porque o estudo dos suportes
editoriais japoneses, feito atualmente por um dos grupos de pesquisa do
Centre d’Etude de l’Ecriture et de l’Image (CEII) na Universidade Paris
VII, aponta para as diferentes práticas estabelecidas pela relação textoimagem
no Japão.
Mesmo tendo o álbum sofrido alterações de forma e conteúdo
durante os cem anos que separam o seu surgimento do ano de 1931 —
marco editorial para o conceito de livro infantil moderno que se
consolida com les albums du Père Castor, alterando também o público ao
qual se destina, um ponto permaneceu intacto: o privilégio da imagem
sobre o texto. Todavia, esse privilégio não é quantitativo, mas
estatutário, alçando a imagem a um status que antes era exclusivo do
texto numa obra impressa. Descendente da Escola Nova e ícone da
modernidade na tecnologia da indústria editorial, o álbum enquanto
composição heterogênea de texto + imagem + suporte gráfico passa a ser
a referência da literatura infantil no século XX.
Não podendo ainda a escola — instituição dependente da
aprovação do governo e da sociedade civil — promover de forma
extensiva e livre de impedimentos todas as transformações necessárias a
uma nova educação, o livro infantil se revela o meio mais adequado e
5 Annie Renonciat é especialista da história do livro infanto-juvenil na França
entre os anos 1919-1931, tendo defendido uma tese magistral sobre o tema em
2007 na Université Paris 7 — Denis Diderot, onde é professora e maître de
conférences.
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criativo de se dirigir diretamente às crianças. Ele representa um
instrumento de transformação social, o primeiro aliado da Nova
Educação na concretização dos seus objetivos e ideais, materializando
uma filosofia educacional aliada ao projeto editorial ou à coleção que lhe
deram origem. A literatura infantil ganha uma maior dimensão na
medida em que transcende a sua vocação estética e se reveste de uma
outra competência: a de atuar na formação de um novo homem para
uma nova sociedade, agente da própria educação, sujeito da própria
história.
Classificados como “álbum de imagem”, “livro de estampa”,
“álbum de figuras”, “álbum de colorir”, “livro-jogo” ou simplesmente
“álbum” com narrativas ou com atividades manuais diversas, é preciso
salientar que, antes dos álbuns do Père Castor publicados pela editora
Flammarion, já havia produções de sucesso para o público infantojuvenil,
porém elas tinham propostas editoriais diferentes. No periódico
semanal La Semaine de Suzette, criado em 1905 pelo editor Gautier-
Languereau e modelo de publicação bem-sucedida, já apareciam as
histórias da simpática Becassine, heroína às avessas que começa
aparecendo na última página da Semaine, conquista o público e ganha
seu próprio álbum em 1907. Já havia os álbuns Felix-Lorioux (ilustrador
de sucesso); a célebre Bibliothèque Rose da Hachette; O best-seller L’île
Rose de Charles Vildrac (1924); os belos álbuns do editor Tolmer; álbuns
do Mickey e do Gato Félix; e diversas coleções dirigidas ao público
infantil e juvenil em mais de cem editores.
Apesar da vasta produção editorial infanto-juvenil existente, os
dois primeiros álbuns do Père Castor (1931) publicados pela Flammarion
diferiam de seus antecessores e contemporâneos porque rompiam com
tradições estéticas, ambos ilustrados pela russa emigrada Nathalie
Parain, e se engajavam explicitamente em um projeto pedagógico
moderno. Assim como Faucher, Lobato lançou o Narizinho (1920) sob a
classificação de “álbum de figuras” e com um padrão estético
radicalmente diferente do que se fazia na época para crianças: as
ilustrações eram de Voltolino, o caricaturista mais apreciado na
imprensa ítalo-brasileira que circulava em São Paulo na época.
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4. Por que Lobato e Faucher?
Tendo sido editor (e paralelamente escritor) de 1918 a 1925,
Monteiro Lobato publicou entre 1920 e 1931 vinte títulos inéditos para o
público infantil, sendo o vigésimo a reunião da maior parte dos que o
antecedem em um volume maior e melhor organizado em termos de
composição visual: Reinações de Narizinho (1931). Este livro é
considerado um marco dentro da obra lobatiana, pontuando o início de
uma fase mais madura do autor para crianças, bem como a evolução no
aspecto gráfico dos seus livros. Eles passaram a ser maiores em número
de páginas, as ilustrações (ou os ilustradores) mais diversificadas, e as
reedições constantemente revistas e alteradas; passaram também a trazer
histórias mais densas/aprofundadas no seu tema — iluminando
problemas nacionais em questões de cultura, política, economia, língua,
história, geografia, etc. — inaugurando uma fase mais “pedagógica” da
sua produção literária.
Antes de Reinações, a maior parte das publicações lobatianas
eram baseadas em histórias fantásticas do mundo maravilhoso
(Narizinho Arrebitado, O Marquez de Rabicó, O Noivado de Narizinho, O
Gato Félix, Aventuras do Príncipe, Cara de Coruja, O Circo de
Escavalinho, O pó de Pirlimpimpim, O Irmão de Pinocchio, Peter Pan, A
Pena de Papagaio); abordavam o folclore nacional e a cultura popular
com seus mitos e lendas (O Sacy e Jeca Tatuzinho); traziam fábulas
(Fábulas e Fábulas de Narizinho) ou aventuras (A Caçada da Onça,
Aventuras de Hans Staden e O Garimpeiro do Rio das Garças). Com
exceção de Hans Staden (1927), que pela primeira vez apresentava às
crianças uma História do Brasil “desromantizada”, sem a falsa idéia de
que os portugueses descobriram a terra dos índios e sim desvelando uma
ocupação invasora e predatória, desrespeitosa para com os valores e
manifestações de uma cultura tão legítima quanto qualquer outra; e de
Jeca Tatuzinho (1924), uma espécie de cartilha para ensinar noções de
higiene e saneamento às crianças através da figura do Jeca Tatu, os livros
eram essencialmente ficcionais.
Os livros publicados depois de Reinações de Narizinho (1931),
por sua vez, apresentam uma feição não apenas ficcional, mas também
educativa, aparentemente quase instrutiva — arriscaríamos dizer, ao
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misturar às narrativas ficcionais noções de cultura geral e temas que
abordam as ciências humanas, exatas e naturais. História do Mundo para
as Crianças (1933), Emília no País da Gramática (1934), Aritmética da
Emília (1935), Geografia de Dona Benta (1935), O Poço do Visconde
(1936), Serões de Dona Benta (1937), são alguns deles. Além das
adaptações de alguns clássicos da Literatura Universal, os títulos da série
1 Literatura Infantil passam — a partir de Reinações — a ser organizados
dentro de uma coleção denominada Biblioteca Pedagógica Brasileira e
dirigida pelo educador Fernando de Azevedo.
É interessante notar que essa mudança ocorre justamente depois
de Lobato se tornar amigo de Anísio Teixeira, quando ambos moravam
em Nova York, nos últimos anos da década de 20. O sólido vínculo de
amizade entre eles (que está documentado nas cartas publicadas em livro
citado em rodapé na pág. 12 deste relatório) começou em 1927, mesmo
ano em que, coincidentemente, Faucher vai ao 4º Congresso da Ligue
Internationale de l’Education Nouvelle (LIEN)6 em Locarno (Suíça) e lá
conhece o pedagogo tcheco Frantisek Bakulé (1877-1957), aproximandose
dele e casando-se com a sua assistente anos depois — fato que o torna
definitivamente um militante e colaborador direto do escolanovismo na
França e na Europa central.
A coincidência de datas chama a atenção também para o ano de
1931, quando Lobato publica Reinações com uma “virada pedagógica” na
edição de seus livros, e quando Faucher se inicia como editor e produtor
de livros para crianças, criando les albums du Père Castor. Seus dois
primeiros álbuns (Je fais mes masques e Je découpe, 1931) saíram do
prelo no momento em que Faucher voltava de uma missão pedagógica de
três meses na Europa Central (a fim de conhecer as práticas pedagógicas
desses outros países), subvencionada pelo Ministério da Educação
francês; da mesma forma que Lobato, através das suas relações com a
política do estado de São Paulo, vendeu de uma só vez 30.000
exemplares da versão escolar de A Menina do Narizinho Arrebitado
(1921) para a Secretaria de Educação (na época chamada Diretoria de
6 03-15 de agosto de 1927. A LIEN foi fundada pelo pedagogo suíço Adolphe
Ferrière em 1921 na cidade de Calais (França) e promovia congressos bienais em
diferentes cidades da Europa, reunindo os maiores intelectuais europeus
envolvidos nas questões debatidas sobre a Educação Nova ou Escola Nova.
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Instrução Pública), e foi convidado pelo Presidente Washington Luís de
1927 a 1931 para assumir em Nova York o cargo de adido comercial do
governo brasileiro.
Note-se que os três primeiros livros de ficção infantil lançados
por Lobato e citados anteriormente: A menina do Narizinho Arrebitado
(1920) e O Sacy (1921), cuja inscrição central na folha de rosto o
classificam como livro de figuras; e Narizinho Arrebitado: segundo livro
de leitura para uso das escolas primárias (1921), cujo subtítulo o inclui
no rol do que conhecemos hoje por paradidático. Quando o álbum
representava um dos grandes filões da indústria editorial européia para o
público infantil,7 o autor talvez já percebesse o valor da plasticidade para
esse tipo de produção, usando portanto um “rótulo” bem próximo —
livro de figuras. Quanto ao paradidático, parece ter sido Lobato o
inventor de tal gênero no Brasil, uma vez que os velhos didáticos (apesar
de rechaçados pela crítica) rendiam grande lucro às editoras, mas não
havia ainda livros de leitura extra-curricular oficialmente adotados pelas
escolas públicas.
Intenções comerciais ou pedagógicas à parte, é preciso salientar
que, como mencionado anteriormente, nessa época Lobato era
editor/diretor da Revista do Brasil e já publicava muitos artigos, resenhas
e notas sobre infância e (principalmente) educação de alguns colegas
como Fernando de Azevedo, Sampaio Dória, Afrânio Peixoto, Mário
Pinto Serva, Lourenço Filho, entre outros. Este último, tendo exercido
além do magistério em psicologia inúmeros cargos na instrução pública
do país, foi co-diretor da Revista do Brasil, junto com Lobato, de junho a
dezembro de 1919. Curioso é pensar que dez anos depois Lourenço Filho
publica o livro que o torna reconhecido internacionalmente, Introdução
ao Estudo da Escola Nova (1930), recebendo muitas críticas positivas e
cartas de líderes escolanovistas como Adolphe Ferrière e Edouard
Claparède. Também Paul Fauconnet, então professor da Sorbonne,
publicou resenha elogiosa sobre o livro no Estado de São Paulo em
novembro de 1930.
7 Segundo Annie Renonciat, o álbum se dirige mais especificamente às crianças a
partir da 2º metade do século 19, mas é só no século 20 que ele se torna um
suporte artístico, literário e pedagógico de grande riqueza, de usos variados e
definição assaz problemática.
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A par disto, Paul Faucher, editor e dono de livraria, alguns anos
depois, aderindo ao movimento renovador, passava a participar e
colaborar na organização dos encontros pedagógicos que reuniam seus
intelectuais contemporâneos. Assim como Lobato valeu-se da sua
experiência diplomática de 4 anos nos EUA para se familiarizar com a
filosofia escolanovista de John Dewey — trazidas e traduzidas por Anísio,
Faucher se inseriu no escolanovismo por outro viés, tendo como
facilitador o próprio entorno, o espaço geográfico e o contexto em que se
situava: a Europa central se debatia contra a escola tradicional. Ao
mesmo tempo estavam, contemporâneos de Dewey, na França Roger
Cousinet e Célestin Freinet; na Suíça Edouard Claparède, Adolphe
Ferrière, Jean Piaget e Pierre Bovet; na Itália Maria Montessori; na
Bélgica Ovide Decroly; na Polônia Janus Korczack; e na Tchecoslováquia
(atual República Tcheca), Frantisek Bakulé.
Curiosamente, da mesma forma que obras pedagógicas eram
publicadas por Lobato e continuaram a sê-lo pelo seu sócio quando ele
deixou a editora, Faucher dirigiu a coleção Educação lançada em 1927
pela Flammarion, publicando livros de pedagogos escolanovistas
europeus, como o importante Trois Pionniers de l’Education Nouvelle, de
Adolphe Ferrière. Já em 1934, a Cia Editora Nacional divulgava, na 2ª
edição do Educação Progressiva, de Anísio Teixeira, uma lista com os 8
volumes da 3ª série8 da coleção Biblioteca Pedagógica Brasileira (entre os
quais estavam Claparède, Dewey e Czerny).
De acordo com as cartas trocadas entre Monteiro Lobato e os
educadores escolanovistas, em especial Anísio Teixeira, pode-se ver que
um enviava seus escritos ao outro (e vice-versa) para apreciação, ambos
dando opiniões dos textos lidos mutuamente.9 Temos, dessa forma,
entre os anos 20 e 40, tanto no Brasil quanto na França, um panorama
de relações entre editores, educadores e autores/criadores de livros para
8 Série 1: Literatura Infantil; série 2: Literatura Adulta; série 3: Atualidades
Pedagógicas.
9 Em carta de 21/11/1933, Lobato comenta livro de Anísio e diz que está
pensando em J. Carlos para ilustrar o livro que ele está escrevendo: Emília no
País da Gramática — porém foi Belmonte o ilustrador. Em carta-resposta, Anísio
manda-lhe o discurso pronunciado na inauguração da semana da educação e pede
que o leia.
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crianças que nos sugere ter havido uma significativa troca de idéias e
mútua influência nas suas produções.
Passemos agora a um preliminar quadro comparativo entre os
livros de Monteiro Lobato e de Paul Faucher. Vale ressaltar que este
artigo, como foi declarado no início, tenta apenas introduzir uma análise
comparativa. Trata-se de um primeiro exercício de escrita da tese,
quando os elementos e as categorias de análise ainda estão sendo
construídos, portanto estes podem sofrer alterações e certamente se
aperfeiçoar durante a separação do joio e do trigo, no processo de
sedimentação das idéias que aqui estão sendo esboçadas.
LOBATO FAUCHER
Ênfase no texto literário: textos
longos e ilustrados, desenhos
ofisticados, cores fortes,
graficamente moderno.
Ênfase no suporte material: textos
curtos, ricos em imagens,
desenhos simples, cores fortes,
graficamente moderno.
Público-alvo: crianças a partir de
7 anos
Público-alvo: crianças a partir de
2 anos
Convida à inteligência e à
reflexão: narrativas elaboradas,
com humor e fino espírito crítico
abordam questões culturais,
sociais e políticas misturadas à
ficção.
Convida a agir: narrativas em
imagens, jogos de montar, armar,
danças, música, recorte, colagem
e pintura a aceitação do outro e o
respeito às diferenças.
Temas: cultura geral e disciplinas
escolares
Temas: lazer, arte e atividades
manuais.
Edições em brochura e cartonadas
(de luxo), algumas com folhas de
guarda ilustradas.
A maior parte em brochura;
tamanho e formato bastante
variados.
Ricos de informações na folha de
rosto (estas informações diferem
ao longo das edições), que chama
a atenção e situa melhor o leitor.
Poucas informações na folha de
rosto, quase sempre as mesmas:
maior regularidade no padrão de
edição/projeto gráfico
51
Informa sempre a data e o
número da edição, mas nem
sempre informa a
gráfica/impressor
Informa o impressor, as datas do
copyright e da impressão (mas
não há número de edição)
Menor nº de páginas nos anos 20,
grande número de páginas a partir
de 1931 e nova redução na 2ª
edição de Reinações (1933).
Nº de páginas sempre pequeno,
variando pouco segundo a coleção
(16-24 págs).
Sempre com propaganda e preço
das outras obras de Lobato
(marketing comercial).
Apenas os primeiros álbuns
veiculam publicidade dos outros
títulos mas sem preço.
Todos os livros são textos
ilustrados até a década de 40,
quando saem na Argentina os
livros de Lobato em “ediciones
juguete” ou livro-jogo, livro de
armar.
Os livros variavam muito na
forma/função: álbum ilustrado,
imagier, livro-jogo, atividades
manuais, recorte, colagem,
pintura, música, dança,
dobradura, origami, etc.
Os textos eram escritos só por
Lobato (salvo
traduções/adaptações), que
revisava e alterava a si mesmo
constantemente a cada edição;
mudavam apenas os ilustradores.
Diversos autores, ilustradores,
pedagogos e artistas plásticos
juntos, todos embora
supervisionados por Faucher,
criavam os álbuns em equipe
(concepção coletiva).
5. Considerações finais
Para além de uma polissemia do texto literário, as vertentes
contemporâneas dos estudos em Literatura — onde se incluem história
da leitura e da escritura, história do livro, intertextualidade e recepção —
apontam para uma polissemia da forma que dá suporte a esse texto
literário. Levando em consideração que um novo formato do objeto
“livro”, uma nova apresentação tipográfica, enseja uma nova legibilidade
e também um novo horizonte de recepção para uma determinada obra,
destaca-se a importância do aspecto editorial para a composição literária.
52
Trata-se de não excluir da análise uma observação atenta sobre “[...]
como os objetos tipográficos encontram inscritos em sua estrutura a
representação espontânea, feita por seu editor, das competências de
leitura do público ao qual ele os destina” (Chartier 2001:98).
Seguindo semelhante linha de estudo e respeitando a radical
diferença no texto literário produzido por Lobato (individualmente) e por
Faucher (coletivamente), e as alternâncias de ambos no papel de editor e
escritor, esta pesquisa de Doutorado, ainda em curso, tem como foco de
análise os livros resultantes dessas atividades conjugadas. Editores e
escritores — e talvez justamente por isso, Lobato e Faucher teriam
conseguido, pela tiragem e reimpressões de seus livros, atingir um
número de leitores raramente atingido no conjunto da obra de um autor
em literatura infanto-juvenil entre os anos 20 e 40 do século vinte.
As leituras e pesquisas feitas para a tese até o presente momento
confirmam a hipótese de que, mesmo não tendo conhecido o trabalho
um do outro, Monteiro Lobato e Paul Faucher manifestariam uma
concepção de infância e de educação semelhante não apenas aos
intelectuais do seu tempo (psicólogos, médicos, filósofos, professores,
sociólogos, pedagogos) que estavam engajados no movimento renovador
da educação no Brasil e na França, mas relativamente semelhantes entre
si. Os matizes dessa teoria da criança e da aprendizagem na qual se
baseia o escolanovismo se fazem perceber em duas vertentes (que
chamaremos “escolas”): a escola americana (John Dewey) e a escola
européia (Claparède, Cousinet, Ferrière, Piaget, Freinet, Bakulé, entre
outros). Lobato, por sua trajetória social e profissional, teria assimilado o
escolanovismo americano; Faucher, por sua vez, teria assimilado o
escolanovismo europeu, gerando em seus livros, diferenças originadas no
seio do próprio movimento que chamamos Escola Nova — tão
heterogêneo quanto amplo.
A idéia inicial desse projeto de pesquisa era encontrar o máximo
de semelhança possível entre os livros de Lobato e Faucher, como se a
comparação em literatura tivesse a função de diminuir as diferenças
entre os objetos culturais em questão. Hoje, entendemos que a literatura
comparada deve iluminar semelhanças e diferenças, analisando as
origens de ambas e o contexto em que elas se inserem, percebendo que
sentidos se produzem nas práticas culturais que as legitimam.
53
Referência bibliográfica
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fecundidade da obra infantil lobatiana. Dissertação de Mestrado. Recife:
Universidade Federal de Pernambuco.
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Revista do Brasil, n° 70, pp. 118-126.
— CHARTIER, Roger (org.). 2001. Práticas da Leitura. 2ª ed. São Paulo:
Estação Liberdade..
— ______; MARTIN, Henri-Jean. 1991. Histoire de l’édition Française:
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— FAUCONNET. Paul. Um livro brasileiro sobre a escola nova, São
Paulo, O Estado de São Paulo, 11 de novembro de 1930.
— GENETTE, Gérard. 2002. Seuils. Paris: Seuil. Collection Points
Essais.
— RAYMON, Annick. 2002. L’Education morale dans le mouvement de
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L’Harmattan.
— RENONCIAT, Annie. 1997. Les livres d’enfance et de jeunesse en
France dans les années vingt (1919-1931). Années charnières, années
pionnières. Tese de Doutorado. Paris: Université Paris 7 — Denis
Diderot.
— ______. 2003. L’Image pour enfants: pratiques, normes, discours
(France et pays francophones XVIe-XXe siècles). La Licorne. UFR
Langues Littératures Poitiers/ Maison des Sciences de l’Homme et de la
Société.
— SALEM, Nazira. 1970. História da Literatura Infantil. São Paulo:
Editora Mestre Jou.


COPÝRIGHT DEVIDO AO AUTOR DO TEXTO.

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