domingo, 5 de fevereiro de 2012

CARLOS V - SACRO IMPÉRIO

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Francisco e Lutero



Francisco I e Lutero, os inquebrantáveis adversários de Carlos V



O grande projeto de Carlos V de manter a cristandade unida sob uma só coroa, a do Sacro Império Romano, e obediente a uma mesma Santa Madre Igreja Católica, fiel à autoridade do papado, naufragou. Carlos V teve que enfrentar quatro guerras contra a França de Francisco I, da dinastia dos Valois, que chegou aos extremos de concertar-se com Solimão, o magnífico, o imperador dos infiéis, para combatê-lo, como também inúmeras revoltas dos príncipes alemães que, a toda hora, aproveitando-se do furor luterano contra as indulgências, brandiam armas em favor das "Liberdades Germânicas". Não foi possível fazer a monarquia francesa, do país do galicismo, aceitar subordinar-se a uma idéia imperial que ela entendia limitadora das suas prerrogativas, bem como foi inútil tentar convencer os povos germânicos a retornarem ao redil católico-romano. Francisco I e Lutero (o monge esteve na presença do imperador na Dieta de Worms, em 1521), foram adversários formidáveis de Carlos V e da sua política da cristandade unida. A tal ponto que o imperador capitulou. Pela Paz de Crépy, de 1544, ele encerrou as guerras contra a França, sem demover Francisco I da sua posição autônoma e, uns anos depois, pela Paz de Augsburg, de 1555, que ele assinou com seus súditos alemães, teve que concordar com o princípio Cujus regio, ejus religio (conforme a religião que o príncipe abraçava, esta seria a religião do seu povo), o que na prática dava liberdade religiosa aos protestantes dentro do império.


Os Frontes de Guerra
do Império de Carlos V
Verificou-se assim que os frontes de guerra do império distribuíam-se num amplo raio geográfico que abarcou quatro continentes, cada um deles com intensidade variada:

Continente Conflito
Europa Oriental Enfrentamento com Francisco I da França e com a coligação franco-turca. Luta para conter e fazer retroceder a heresia protestante e a independência dos príncipes na Alemanha
África Ataque à Túnis para reprimir os atos de pirataria árabe liderados por Barba-roxa que lutava pela hegemonia do Mediterrâneo Ocidental
Europa do Leste Defesa do império contra os assaltos de Solimão, o magnífico, contra o sul da Itália, contra a Hungria e a Áustria
América Conquista dos impérios asteca, maia e inca, levada a efeito pelos seus capitães Cortés e Pizarro





Carlos V, armado como um cavaleiro medieval, 1547






O Fracasso de Carlos V

"... ante todas cosas, habéis menester determinaros en dos cosas; la una y principal: tener siempre a Dios delante de vuestros ojos, y ofrecerle todos los trabajos y cuidados que habéis de pasar, y sacrificaros y estar muy pronto a ellos; y lo otro, creer y ser sujeto a todo buen consejo."

Conselho de Carlos V ao seu filho Felipe II, 1555



A Confissão de Augsburg, 1530





Profundamente abatido com o resultado final da sua obra, impotente em integrar a França no seu sistema monárquico universal e em destruir a heresia luterana, ativa, rebelada contra o catolicismo, Carlos V decidiu, para perplexidade das cortes européias, simplesmente abdicar do trono. Uns meses depois da capitulação dele frente as príncipes alemães (a quem ele batera oito anos antes na batalha de Mühlberg, de 1547), tendo malogrado todos os seus esforços de pacificação (como na Dieta de Augsburg, 1530, quando assistiu paciencioso à exposição de Philip Melanchthon, chamada de Confissão de Augsburg, sobre os direitos dos protestantes) viu fracassar a sua iniciativa de reunir num concílio a cristandade desentendida. Esta, separada por um ódio teológico que tornou-se cada vez mais crescente, fez com que católicos e protestantes se embrenhassem numa guerra religiosa que devastou a Europa por mais de um século, só arrefecendo em 1648 (Tratado de Westfália). Em vista disso, sentindo que não tinha mais vigor para continuar, Carlos V resolveu renunciar a tudo.


Atendendo ao conselho de Sêneca



A abdicação do trono em Bruxelas, 1555



Pode cogitar-se que Carlos V tenha sido influenciado por uma passagem de Epicuro ou Sêneca, lembrada por Montaigne (Ensaios, vol., I, cap. XXXIX) onde eles aconselhavam a um amigo que abandonasse a vida pública argumentando: "Vivestes até agora nadando e flutuando pelos mares; voltai para o porto para morrerdes. Passastes a vida em plena luz, vivei à sombra o tempo que vos resta...Com os outros prazeres renúncia ao que emana do aplauso dos homens." Numa cerimônia breve ocorrida na cidade de Bruxelas no dia 25 de outubro de 1555, realizada sob um manto de tristeza cortesã, estando presentes os Estados Gerais e os Cavaleiros da Ordem do Tosão de Ouro, após um breve pronunciamento, Carlos V fez com que o seu filho Felipe se sentasse no trono. A outra parte da sua possessão, o Sacro Império Romano, ele já havia delegado desde tempos ao seu irmão mais novo Fernando, que ele antes fizera chefe do Reichsregiment, o governante imperial da Áustria e, depois, rei dos Romanos. Desta forma, o grande império dos Habsburgos dividiu-se num ramo espanhol e num austríaco.


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