quarta-feira, 11 de maio de 2011

10576 - FUTURISMO

Futurismo
.


Um envolvimento na
política da Itália

O futurismo foi um movimento fundado pelo poeta italiano Fillippo Tomasso Marinetti, que redigiu um manifesto e tentou espalhá-lo em 1909.

MARINETTI (Filippo Tommaso), escritor italiano (Alexandria, 1876 - Bellagio, 1944), iniciador do movimento futurista, cujo manifesto publicou no jornal parisiense Le Figaro (20 de fevereiro de 1909).

Nesse manifesto, já proclamava o fim da arte passada e a ode à arte do futuro (futurismo, daí o nome do movimento).

Com implicações políticas, buscava tornar a Itália livre do peso de sua história e inserí-la no mundo moderno.

A dinâmica é o centro
da arte

Ao poeta juntaram-se outros artistas - principalmente poetas e pintores - como Umberto Boccioni (1882 - 1916), Carlo Carrá (1881 - 1966), Giacomo Balla (1871 - 1958), Luigi Russolo (1885- 1947) e Gino Severeni (1883 - 1950).

BOCCIONI (Umberto), pintor e escultor italiano (Reggio di Calabria, 1882 - Verona, 1916), importante no movimento futurista.
CARRÀ (Carlo), pintor italiano (Quargnento, 1881 - Milão, 1966). Militou no futurismo, nos metafísicos, mas regressou às tradições nos anos 20. Participou das Bienais de São Paulo com destaque em sala especial.

Em abril de 1910 era lançado um manifesto da pintura futurista, seguido por um manifesto da escultura futurista em 1912 e um livro sobre seus objetivos em 1914 (Pinttura,Scultura Futurista, Milão) os dois últimos escritos por Boccione.

O movimento, a velocidade, a vida moderna, a violência, as máquinas e a quebra com a arte do passado eram as principais metas do futurismo.

Somente a forma e a cor não mais bastavam para representar o dinamismo moderno, como se lê no manifesto de 1910:

«Deve ser feita uma limpeza radical em todos os temas gastos e mofados a fim de se expressar o vórtice da vida moderna - uma vida de aço, febre, orgulho e velocidade vertiginosa.»

Até 1912, as influências maiores na maneira como davam formas artísticas às suas idéias era a dos impressionistas e pós-impressionistas, artistas que já apresentavam certa preocupação em representar o dinamismo.

O mundo moderno e a
velocidade

Após 1912, uma exposição em Paris marca a hegemonia da influência cubista sobre a arte do grupo.

Os artistas futuristas deparavam-se com o sério problema de representar a velocidade em objetos parados.

As soluções normalmente foram a representação de seres humanos ou animais com múltiplos membros dispostos radialmente e em movimento triangular.

Forças mecânicas ou físicas eram fontes temáticas bastante freqüentes, em especial nos primeiros trabalhos futuristas.

«Automóvel e Ruído», de Balla ou «O que o Bonde me contou», de Carrá, são bons exemplos desses quadros.

Talvez Boccioni, uma das principais forças do futurismo, tenha sido o artista mais bem-sucedido na representação da velocidade.

«Formas Únicas de Continuidade no Espaço» transmite o efeito de projeção no espaço, diferenciando-se, de acordo com Herbert Read, em História da Pintura Moderna, do vigor dinâmico barroco, por não mais gravitar em torno de si).

A influência das guerras nos
movimentos artísticos

A Primeira Grande Guerra Mundial e a morte de Boccioni em 1916, ferido no conflito, foram golpes decisivos no movimento futurista que acabou se dissolvendo.

Entretanto, os futuristas deixaram contribuições importantes para a arte do Século 20, seja no futurismo russo, composto por artistas como Malevitch, ou no dadaismo.

MALEVITCH ou MALIEVITCH (Kazimir), pintor russo (Kiev, 1878 - Leningrado, 1935). Precursor da arte abstrata, expôs, já em 1918, seu quadro intitulado Quadrado branco sobre fundo branco.

Também teve grande influência para artistas importantes como Marcel Duchamp e Robert Delaunay em atentá-los para a representação do movimento que acabaria marcando os estilos característicos dos artistas.

DUCHAMP (Marcel), pintor francês (Blainville, 1887 – Neuilly-sur-Seine, 1968). Inicialmente influenciado pelo cubismo, teve depois participação importante no movimento dadá e no surrealismo. Tendo-se fixado nos E.U.A., dedicou-se à "antiarte" e em 1914 criava o primeiro ready-made. Suas pesquisas viriam a exercer influência na "pop-art".
DELAUNAY (Robert), pintor francês (Paris, 1885 – Montpellier, 1941). A seu ver, o quadro devia ser uma organização rítmica baseada numa seleção de planos coloridos.

De qualquer forma, ambos se situaram entre os pioneiros a chamar a atenção para a nova vida que se punha à frente do a essa nova vida (como as máquinas).

Fontes: Enciclopédia Digital Master..
Enciclopédia Koogan Houaiss.


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Algumas Imagens

GIACOMO BALLA (Itália - 1871-1958)
- Jovem na sacada - 1912 - óleo sobre tela
- Transformação espiritual - 1918 - óleo sobre tela

CARLO CARRÀ (Itália - 1891-1966)
- O Cavaleiro do Apocalipse - 1908 - óleo sobre tela
- Deixando o teatro - 1909 - óleo sobre tela


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Manifesto Futurista


O Manifesto Futurista foi escrito por Fillippo Marinetti e publicado em "Lo Figaro" em 20 de fevereiro de 1909.



1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade.

2. A coragem, a audácia, a rebelião, serão elementos essenciais da nossa poesia.

3. Até hoje, a literatura exaltou a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo de corrida, o salto mortal, a bofetada e o sopapo.

4. Declaramos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um carro de corrida com a carroçaria enfeitada por grandes tubos de escape como serpentes de respiração explosiva… um carro tonitruante que parece correr entre a metralha é mais belo do que a Vitória de Samotrácia.

5. Queremos cantar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada, por sua vez, em corrida no circuito da sua órbita.

6. O poeta terá de se prodigar, com ardor, refulgência e prodigalidade, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.

7. Não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um carácter agressivo pode ser considerada obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas, para reduzi-las a prostrar-se perante o homem.

8. Estamos no promontório extremo dos séculos!… Porque deveremos olhar para detrás das costas se queremos arrombar as misteriosas portas do impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Nós vivemos já no absoluto, pois já criámos a eterna velocidade.

9. Nós queremos glorificar a guerra, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos libertários, as belas ideias por que se morre e o desprezo da mulher.

10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo o tipo e combater o moralismo, o feminismo e todas as vilezas oportunistas ou utilitárias.

11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela revolta; cantaremos o vibrante fervor nocturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas eléctricas; as gulosas estações de caminho-de-ferro engolindo serpentes fumegantes; as fábricas suspensas das nuvens pelas fitas do seu fumo; as pontes que saltam como atletas por sobre a diabólica cutelaria dos rios ensolarados; os aventureiros navios a vapor que farejam o horizonte; as locomotivas de vasto peito, galgando os carris como grandes cavalos de ferro curvados por longos tubos e o deslizante voo dos aviões cujos motores drapejam ao vento como o aplauso de uma multidão entusiástica.


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É da Itália que lançamos ao mundo este manifesto de violência arrebatadora e incendiária com o qual fundamos o nosso Futurismo, porque queremos libertar este país de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários.

Há muito tempo a Itália vem sendo um mercado de belchiores. Queremos libertá-la dos incontáveis museus que a cobrem de cemitérios inumeráveis.

Museus: cemitérios!... Idênticos, realmente, pela sinistra promiscuidade de tantos corpos que não se conhecem. Museus: dormitórios públicos onde se repousa sempre ao lado de seres odiados ou desconhecidos! Museus: absurdos dos matadouros dos pintores e escultores que se trucidam ferozmente a golpes de cores e linhas ao longo de suas paredes!

Que os visitemos em peregrinação uma vez por ano, como se visita o cemitério no dos dos mortos, tudo bem. Que uma vez por ano se desponta uma coroa de flores diante da Gioconda, vá lá. Mas não admitimos passear diariamente pelos museus nossas tristezas, nossa frágil coragem, nossa mórbida inquietude. Por que devemos nos envenenar? Por que devemos apodrecer?

E que se pode ver num velho quadro senão a fatigante contorção do artista que se empenhou em infringir as insuperáveis barreiras erguidas contra o desejo de exprimir inteiramente o seu sonho?... Admirar um quadro antigo equivalente a verter a nossa sensibilidade numa urna funerária, em vez de projetá-la para longe, em violentos arremessos de criação e de ação.

Quereis, pois, desperdiçar todas as vossas melhores forças nessa eterna e inútil admiração do passado, da qual saís fatalmente exaustos, diminuídos e espezinhados?

Em verdade eu vos digo que a frequentação cotidiana dos museus, das bibliotecas e das academias (cemitérios de esforços vãos, calvários de sonhos crucificados, registros de lances truncados!...) é, para os artistas, tão ruinosa quanto a tutela prolongada dos pais para certos jovens embriagados por seu os prisioneiros, vá lá: o admirável passado é talvez um bálsamo para tantos os seus males, já que para eles o futuro está barrado... Mas nós não queremos saber dele, do passado, nós, jovens e fortes futuristas!

Bem-vindos, pois, os alegres incendiários com seus dedos carbonizados! Ei-los!... Aqui!... Ponham fogo nas estantes das bibliotecas!... Desviem o curso dos canais para inundar os museus!... Oh, a alegria de ver flutuar à deriva, rasgadas e descoradas sobre as águas, as velhas telas gloriosas!... Empunhem as picaretas, os machados, os martelos e destruam sem piedade as cidades veneradas!

Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: resta-nos assim, pelo menos um decênio mais jovens e válidos que nós jogarão no cesto de papéis, como manuscritos inúteis. - Pois é isso que queremos!

Nossos sucessores virão de longe contra nós, de toda parte, dançando à cadência alada dos seus primeiros cantos, estendendo os dedos aduncos de predadores e farejando caninamente, às portas das academias, o bom cheiro das nossas mentes em putrefação, já prometidas às catacumbas das bibliotecas.

Mas nós não estaremos lá... Por fim eles nos encontrarão - uma noite de inverno - em campo aberto, sob um triste galpão tamborilado por monótona chuva, e nos verão agachados junto aos nossos aeroplanos trepidantes, aquecendo as mãos ao fogo mesquinho proporcionado pelos nossos livros de hoje flamejando sob o vôo das nossas imagens.

Eles se amotinarão à nossa volta, ofegantes de angústia e despeito, e todos, exasperados pela nossa soberba, inestancável audácia, se precipitarão para matar-nos, impelidos por um ódio tanto mais mais implacável quanto seus corações estiverem ébrios de amor e admiração por nós.

A forte e sã Injustiça explodirá radiosa em seus olhos - A arte, de fato, não pode ser senão violência, crueldade e injustiça.

Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: no entanto, temos já esbanjado tesouros, mil tesouros de força, de amor, de audácia, de astúcia e de vontade rude, precipitadamente, delirantemente, sem calcular, sem jamais hesitar, sem jamais repousar, até perder o fôlego... Olhai para nós! Ainda não estamos exaustos! Nossos corações não sentem nenhuma fadiga, porque estão nutridos de fogo, de ódio e de velocidade!... Estais admirados? É lógico, pois não vos recordais sequer de ter vivido! Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio às estrelas!

Vós nos opondes objeções?... Basta! Basta! Já as conhecemos... Já entendemos!... Nossa bela e mendaz inteligência nos afirma que somos o resultado e o prolongamento dos nossos ancestrais. - Talvez!... Seja!... Mas que importa? Não queremos entender!... Ai de quem nos repetir essas palavras infames!...

Cabeça erguida!...

Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio às estrelas."


QUEM FOI MARINETTI

Marinetti, Filippo Tommaso

O futurismo, movimento estético surgido no início do século XX em oposição às fórmulas tradicionais e acadêmicas, teve no escritor italiano Filippo Tommaso Marinetti seu fundador e principal teórico.

Marinetti nasceu em 22 de dezembro de 1876 em Alexandria, Egito. Estudou em seu país e depois na Itália, Suíça e França, onde viveu muito tempo. Em 20 de fevereiro de 1909 publicou no jornal Le Figaro, de Paris, o primeiro manifesto futurista, em que expunha a necessidade de abandonar as velhas fórmulas e criar uma arte livre e anárquica, capaz de expressar o dinamismo e a energia da moderna sociedade industrial. As idéias de Marinetti foram adotadas por artistas como Umberto Boccioni, Giacomo Balla e Gino Severini, que em 1910 publicaram seu próprio manifesto.

A obra teatral Le Roi bombance (1909; O rei pândego) e o romance Mafarka le futuriste (1910; Mafarka o futurista), ambos em francês, constituíram a expressão literária das teorias de Marinetti, modeladas na estrutura caótica da trama e no emprego de livres associações lingüísticas. Em Guerra sola igiene del mondo (1915; Guerra, única higiene do mundo), defendeu a intervenção italiana na primeira guerra mundial. Tornou-se ativo militante fascista e, em Futurismo e fascismo (1924), chegou a afirmar que a ideologia fascista representava uma extensão natural das idéias futuristas. Marinetti morreu em Bellagio, Itália, em 2 de dezembro de 1944.

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