quinta-feira, 3 de março de 2011

9599 - FREDERICO VARNHAGEN

A INDÚSTRIA DE REFRATÁRIOS NO BRASIL


Aníbal Camillo Togni
Togni S/A – Materiais Refratários

Fui convidado pelo presidente Urames para narrar a história da indústria de refratários no Brasil , mas confesso que não tenho a pretensão de colocar essa palestra em tal nível. A história merece um trabalho muito mais amplo.

Sinto-me muito honrado com o convite que me foi feito, porém quero que entendam minhas palavras, como modesto relato dos conhecimentos que obtive durante os anos que labutei como industrial cerâmico e informações que obtive dos muitos amigos que adquiri na minha atividade.

A indústria de refratários no dizer de alguns é uma indústria induzida pelas demais indústrias. Eu vou mais longe; classifico a indústria de refratários como a indústria base das indústrias de base; é a indústria de refratários a espinha dorsal da indústria em geral; é a industria de refratários que possibilita às industrias que dependem do fogo a sua existência.

Alguns tratados se referem a materiais refratários, materiais cerâmicos que tenham capacidade de resistir temperaturas superiores a 1600 graus centígrados. Porém creio que o mais correto no conceito cerâmico, é apresentar como material refratário, todo produto capaz de resistir altas temperaturas, sem fundir retrair ou se deformar, sem a definição rígida de determinada temperatura.

Assim, todo produto cerâmico tem sua refratariedade. Tomemos como exemplo os refratários de cordierita que nas vizinhanças dos 1300 graus colapsam fatalmente e em torno dos 1250 graus são insubstituíveis.

Assim, temos que considerar que os produtos refratários existem desde quando construíram os primeiros fornos para queimar produtos úteis para a humanidade, tais como tijolos, telhas, e também alimentos como pães, doces etc. E também para a proteção do homem contra os rigores do inverno.

No universo cerâmico, temos empresas que se dedicaram a fabricar produtos para atendimento da construção civil, porcelana, louça de mesa, isoladores elétricos, etc.

E empresas fabricantes de produtos capazes de resistir temperaturas elevadas que atendam às necessidades de seus clientes, normalmente clientes industriais. Estas últimas empresas que são intituladas de indústrias de refratários é que serão objeto de nossa exposição.

Até o século XVI os refratários eram obtidos de certas argilas mescladas com rochas silicosas como arenitos ou micaxistos, ou essas mesmas rochas lavradas com formatos que permitissem sua aplicação na construção dos fornos.

No Brasil, a pedra sabão foi mais um produto que pode ser adicionado a esse elenco, permitindo a construção dos primeiros altos fornos e forjas catalão para produção de ferro gusa.

Frederico Varnhagen, (1782-1842), foi o construtor do primeiro alto forno para fabricação de gusa no Brasil. Foi nomeado pelo rei de Portugal, em 1814 como diretor das obras da Real Fábrica de São João de Ipanema, para aproveitamento do minério de ferro da região de Sorocaba, e a primeira corrida ocorreu em 1818. Daquela corrida foram construídas três grandes cruzes que foram colocadas nas proximidades da fábrica, sendo a maior fincada no alto do morro de Araçoiaba.
O forno de Varnhagen em Araçoiaba, foi revestido com blocos de arenito lavrados.

Em Minas Gerais forjas catalão e pequenos fornos, eram revestidos com pedra sabão.

O primeiro alto forno de Minas Gerais e segundo do Brasil foi construído em Caeté por Francisco Monlevade, com a criação da Indústria Mineira de Siderurgia, mais tarde Cia. Siderúrgica Belgo Mineira.

Os altos fornos da época possuíam perfil bem diferenciado dos altos fornos atuais,- mais se pareciam com os tradicionais fornos de olarias que ainda vemos em certos locais.

Ainda com esse modelo foi construído o terceiro alto forno do Brasil, próximo a Itabirito, em 1888 na Usina Esperança, mais tarde Usina Queiroz Júnior, atualmente VDL Siderurgia LTDA. Esse alto forno pode ainda ser visto na antiga entrada da usina, onde é conservado como relíquia histórica.

Em 1892, foi construído em Miguel Bournier, M.G., um alto forno com 10 m de altura. O projeto certamente exigia um material refratário de melhor performance. Assim é que em 1893, era fundada em Caeté, a Cia. Cerâmica Nacional, a primeira indústria de refratários do Brasil que posteriormente foi denominada Cia. Cerâmica João Pinheiro.

Essa empresa produzia artigos de porcelana, e passou a produzir caixas refratárias, indispensáveis para seu uso e também tijolos para os novos altos fornos.

Alguns anos depois, logo no início do século XX surge também no Rio Grande do Sul, Raphael Papaleo com a segunda indústria de refratários no Brasil.

Muitas pequenas indústrias de refratários se instalaram no Brasil, tendo contribuído largamente para o nosso desenvolvimento, porém não possuímos registros que nos autorizem a relatar datas com segurança.

Dentre elas podemos citar a Refratários Itabrasil em S. Caetano do Sul, de José Pascoal Rosseti. –Refratários Magnani, em Rudge Ramos, de Theodoro Magnani. -Usina Faria, em Jaçanã, de Carlos Faria Marcondes. –Aremina - Argilas e Minérios Industriais, em Jaçanã, pertencente a João de Augustines e a parte industrial entregue ao competente eng. chinês, Tze Ching Chin. -Alumina, de Giulio Comini e Américo Mantegari. -Temporal, de Amauri e Átila Temporal.

Grupos estrangeiros também cobiçaram o potencial do mercado brasileiro: A A. P. Green, empresa norte americana, se instalou no Brasil com duas fábricas, uma delas em são José dos Campos, onde tinha um forno túnel e outra, no Rio de Janeiro. A primeira, era dirigida por um engenheiro dinamarquês, o Dr. Tucson e a fábrica do Rio, pelo Eng. Fred Wood Lacerda.

Em Poços de Caldas, foi Fundada a IRPCA - Industria de Refratários Poços de Caldas, Motivada por Cláudio Ornelas Brito, com capital de quatro grupos, Carneiro, Junqueira, Carvalho Dias e Massa.

Das empresas mencionadas acima, poucas conseguiram decolar, e as que o conseguiam já fizeram seu pouso forçado.

Em 1923 foi fundada em São Caetano do Sul – S.P., a empresa denominada Cerâmica Privilegiada do Estado de São Paulo que passou a produzir refratários sílico-aluminosos, feitos com argilas do Rio Tamanduatei e do Ribeirão dos Meninos. Eram materiais refratários de média performance, cuja temperatura de operação recomendada era de 1200 graus centígrados.

Em 1930, Roberto Símonsen assumiu o controle acionário da referida empresa, mudando sua razão social para Cerâmica São Caetano.

Alem de materiais refratários, a Cerâmica produzia ladrilhos e outros produtos para a construção civil. Os ladrilhos eram queimados em fornos garrafão e as quebras representavam mais de 50%. Diante disso em 1935, a empresa passou a fabricar as caixas refratárias, para a queima dos ladrilhos de sua fabricação.

Os produtos refratários da CSC, passaram a se impor pela qualidade, a partir do momento em que ela começou a utilizar argilas de uma nova jazida em Guarulhos nas proximidades do aeroporto de Cumbica, fato que ocorreu em1939.

Nos anos de 1940 e 1941, iniciava a era da grande siderurgia no Brasil, com a criação da Cia. Siderúrgica Nacional. Na ocasião, o presidente Getúlio Vargas convocou o Dr. Roberto Simonsen, para criar uma linha de refratários de sílica, produto empregado nos antigos fornos tipo Siemens Martin, que eram largamente utilizados na produção de aço.

Roberto Simonsem prometeu a Getúlio que conseguiria e passou a investir pesado na CSC, naturalmente com a consciência voltada para o fato de que o mundo já estava evoluindo dentro da segunda guerra mundial, e o Brasil carecia de independência na produção de aço e refratários.

Participou da direção da CSC, o Eng. Armando de Arruda Pereira, pessoa que foi também prefeito de São Paulo e presidente Internacional do Rotary Clube. Foi marcante o investimento da CSC, em material humano, promovendo inúmeras viagens ao exterior, com visitas às principais indústrias de refratários, objetivando o desenvolvimento técnico.

Na ocasião já participava do corpo técnico da CSC, o Eng. Felipe José Vicente de Azevedo Franceschini, ao qual a CSC deve toda a estruturação da fábrica de refratários de sílica, obtendo produtos com até 95% de SiO2, material então indispensável para as abobadas dos fornos Siemens Martin.

Foi montada uma seção semi-industrial, com apoio de bons laboratórios, o que permitiu grande evolução na fabricação de novas linhas de tijolos sílico-aluminosos de 32, 38 e 45% de Al2O3 com argilas de Jundiapeba, nas vizinhanças de Mogi das Cruzes, de onde vinham também os quartzitos para a fabricação dos refratários de sílica.

Ainda naquela época a CSC passou a desenvolver novos produtos com novas tecnologias, obtendo materiais de até 70% de Al2O3, com argilas gibsíticas procedentes da região de Uberaba.

As primeiras experiências, com refratários básicos foram efetuadas em 1947, com magnesitas do Ceará, região de Iguatú, e atual Açude de Orós.

Vinha a empresa trabalhando até o momento com a utilização de fornos intermitentes, quando em 1953, entrou em operação seu primeiro forno túnel.

O numero de técnicos e engenheiros arregimentado pelo Eng. Franceschini, conduziu a qualidade e a imagem da empresa a níveis internacionais. Difícil de relatar todos esses valiosos elementos, pelo que apresento minhas escusas. Entretanto não é demais lembrar de nomes como Luciano Barzaghi, Carlos Roberto Valente da Cruz, Nelson Souto Maior, Urames Pires dos Santos, Walter Ferreira, Gladstone Bustamante e Pascoal Giardulo.

Novos investimentos na área dos básicos foram efetuados em 1961, com magnesita da região de Castela na Bahia. Hoje a jazida encontra-se inundada pela represa de Sobradinho.

Em 1973, a CSC, já com uma capacidade de produção de 7000 t. mês, foi adquirida pela Magnesita S/A, que paulatinamente, transferiu a fábrica de refratários para Belo Horizonte.

A industria de refratários no Brasil teve também sua alavancagem proporcionada pela própria indústria siderúrgica que diante das dificuldades encontradas para obter certos materiais, se viu obrigada a produzir seus próprios refratários.

Assim é que em 1953, quando a Cia. Siderúrgica Belgo- Mineira, instalou seu primeiro conversor LD em João Monlevade, ela montou ao lado de sua aciaria, uma fábrica de refratários destinada a produzir revestimentos de dolomita e piche para o seu conversor – que diga-se de passagem foi o primeiro LD das Américas. Teve participação ativa na construção e início de operação, o Eng. Manfredo Kaiser. A dependência da referida fábrica só deixou de existir no momento que a Magnesita S/A conseguiu desenvolver um produto adequado àquela operação.

Na mesma época a ACESITA – Aços Especiais Itabira, Belgo Mineira, CBUM - Companhia Brasileira de Usinas Metalúrgicas, (Grupo Hime) e outras indústria que produziam aço por vazamento indireto, fabricavam também seus tijolos especiais para placas. Necessidade que só deixou de existir com a entrada em operação da Cerâmica Saffran também em 1953, que se especializou na referida linha, com qualidade excepcional, atendendo inclusive grande mercado de exportação, tudo com a liderança do Dr. Otto Saffran e seu filho Alfredo Saffran.

Atualmente a Cerâmica Saffran negociou sua fábrica de Betim com a prefeitura do município, por estar muito no centro da cidade e não ter área convenientemente adequada para suas expansões. Paralelamente, está transferindo as operações para a sua nova unidade de Itaúna - M.G., com uma fábrica mais moderna, mais ampla e com mais espaço para crescimento. Com o falecimento do Dr. Otto, assumiu a presidência o Dr. Alfredo, tendo sido nomeada para a direção operacional da empresa a Sra. Mirna Saffran.

Na ocasião já existia em São Paulo a Refratários Brasil, que pertencia a Manoel Gimenes Garcia.- Produzia muitas peças especiais socadas manualmente e tijolos pelo processo de via úmida. Atendia principalmente pequenas fundições, cristalerias e montadoras de caldeiras, dentre elas a Conterma e A.B.Garcez, grandes construtoras de fornos, incineradores e da infinidade de chaminés que pontilhavam a zona leste de São Paulo, nos bairros do Braz, Mooca e Tatuapé, quando observadas do topo dos arranha céus da Rua XV de Novembro em direção ao Parque D. Pedro.

A empresa era situada em Rudge Ramos e em outubro de 1967 foi adquirida pelo Sr. Henrique da Silva Ferreira, que dinamizou sua fábrica, a ponto de em pouco tempo esgotar seu espaço. Como Solução o Sr. Henrique adquiriu nova área em Suzano em 1970, onde construiu uma nova fábrica.- E Já em 1971, transferiu para lá todas as atividades da Refratários Brasil.

Em l986, iniciou a construção de uma filial em Betim, M.G. que foi inaugurada em 1989. Diante das dificuldades que passou o setor durante as décadas de 80 e 90, (também chamadas décadas perdidas), por que passou o Brasil, a fábrica foi temporariamente desativada, tendo posteriormente sido arrendada para a Cerâmica Saffran.

O grande lance da Refratários Brasil, foi a compra da IBAR- Indústria Brasileira de Artigos Refratários em 1998, que anteriormente pertencia ao Grupo Votorantim. Já há algum tempo a direção da empresa vinha sendo exercida por Carlos Henrique da Silva Ferreira. E em 2001 foi promovida a fusão da refratários Brasil e IBAR, surgindo assim nova empresa denominada Ibar Suzano.

A nova administração da IBAR tem se mostrado imensamente competente, tendo conduzido a fábrica de uma condição deficitária de muitos anos, para belíssimos resultados.

Nos anos de 1952/53, o Brasil entrou na era dos refratários fabricados por eletro fusão. A Emas - Eletro Metalúrgica Abrasivos Salto, iniciou a produção de alumina eletro fundida para refratários, com bauxita calcinada procedente de Poços de Caldas. - Várias indústrias de refratários desenvolveram novas tecnologias com o enriquecimento em alumina de alguns produtos, permitindo a fabricação de refratários com até 95% de Al2O3, abrindo ao mercado a oferta de produtos com muito melhor desempenho. Em segundo lance, passou a produzir carbeto de silício, produto de características especiais para certo refratários.

A Emas pertenceu à Carborundum que passou a produzir refratários acabados para as indústrias consumidoras, criando o seu próprio mercado, independente da Emas que ofertava matérias-primas para as indústrias de refratário.

Posteriormente a Emas foi vendida, passando pela Alcoa e atualmente para a Treibacher.

A Carborundum manteve a sua fábrica de Vinhedo, que posteriormente foi vendida para à multinacional francesa Saint Gobain, grande participante do mercado de refratários.

Outra empresa foi instalada em S.J. da Boa Vista com vistas a projeto semelhante. Trata-se da Elfusa - Geral de Eletro Fusão, constituída pelo Grupo Curimbaba e Sivat. Atualmente a empresa pertence em sua totalidade ao Grupo Curimbaba .

Liderada por Sebastião Moreira Curimbaba, que não poupou recursos para torná-la uma empresa de primeira linha, possui pessoal técnico de valiosa expressão, não podendo deixar de ser mencionados os nomes de Arnaldo Curimbaba, Leonardo Curimbaba Ferreira, Jaime Spletstozer, e Gabriel Warwich Kerr de Paiva Côrtes.

Inicialmente produziu alumina eletro fundida, partindo das bauxitas de Poços de Caldas, tendo desenvolvido muito seu elenco de produtos, com qualidade e custos ajustados para exportação. Pode-se dizer que atualmente a Elfusa produz qualquer tipo de grão eletro fundido para refratários, dentre eles mulita, magnesita, sinter simultâneo, sílica fundida, zircônio, cromita etc.

Dedicou-se também a certos refratários especiais, a empresa denominada Foseco, que produziu placas de refratários de amianto e outras ligas, que eram empregadas no revestimento de distribuidores de máquinas de lingotagem. Na mesma área, produzia pelo processo de prensagem isostática, válvulas longas e válvulas submersas. Foi a primeira empresa a fabricar esse produto no Brasil. Posteriormente a prensa e os equipamentos periféricos para a produção das referidas válvulas, foram vendidos para a Flocon, instalada no Rio de Janeiro, hoje Vesuvius.

A Magnesita S/A: Georges Louis Minvielle e Pierre Cahen dois cidadãos franceses, em 1939, quando iniciava a segunda guerra mundial, interessados em magnésio metálico, metal de grande valor estratégico na época, dedicaram-se à busca de minério de magnesita, que eles julgavam ser apropriado para aquele fim.

Com a informação da existência de afloramentos do minério na área central da Bahia e com uma amostra do mesmo em mãos, partiram do Rio de Janeiro para Jequié, a fim de consolidar a informação. Após longas buscas e muita dificuldade, encontraram na Serra das Éguas, município de Brumado, o minério procurado

Não tendo recursos para conduzir o negócio, procuraram o Dr. Antonio Mourão Guimarães, médico e banqueiro residente em Belo Horizonte que tinha estreita amizade com o Dr. Luiz Ensch, então presidente da Cia. Siderúrgica Belgo Mineira. Este, sabedor de que o produto não era adequado para a fabricação de magnésio metálico, mas ideal para a fabricação de refratários, recomendou ao Dr. Antonio que assumisse o negócio.

Foi então criada em 12/07/1940 uma sociedade denominada Magnesita S/A, tendo como acionista majoritário o Dr. Antonio Mourão Guimarães e acionistas minoritários os Srs. Georges Louis Minvielli, Pierre Cahen e a Cia Siderúrgica Belgo Mineira, esta com participação de 10%.

Até o início da segunda guerra mundial, a fraca indústria siderúrgica do Brasil, importava da Europa os materiais refratários necessários para sua operação. A partir de então, ficaram impraticáveis as importações, trazendo sérios embaraços à nossa siderurgia.

Neste cenário a Magnesita descortinou grande oportunidade para a criação de seu negócio, o que também abria novas possibilidades para a indústria siderúrgica nacional de se abastecer em curto prazo de refratários nacionais, livrando-se das custosas e perigosas importações.

Em 1942, o Dr. Antonio Mourão Guimarães, convidou o Dr. Sócrates Mariani Bittencourt para assumir a presidência da Magnesita S/A, ficando o Dr. Antonio na vice-presidência. Foram então iniciados os projetos para a produção de sinter de magnesita em Brumado na Bahia, junto à jazida da Serra das Éguas e uma fábrica de refratários básicos e sílico-aluminosos na Cidade Industrial de Contagem, próximo a Belo Horizonte.

Em 1945 foi iniciada a produção de refratários sílico-aluminosos na Cidade Industrial e em 1947, a produção de sinter de magnesita em Brumado. No mesmo ano foi iniciada a produção de refratários básicos nas instalações da Cidade Industrial.

Na mesma ocorrência foi também encontrado talco de primeira qualidade que foi objeto de uma moagem de talco que entrou em operação no mesmo ano no Rio de Janeiro.

Em 1948 foram construídos mais dois fornos verticais em Brumado elevando a produção de sinter magnesiano para 60.000 toneladas ano.

Em 1950/51 a Magnesita iniciou a produção de dolomita sinterizada na Cidade Industrial, com matéria-prima vinda da Serra do Curral em Belo Horizonte.- A Magnesita S/A foi a pioneira na produção de refratários básicos de magnesita e dolomita, não só no Brasil como em toda a América Latina.

Em 1952, o Dr. Antonio Mourão Guimarães, nomeou o seu filho Dr. Helio Pentagna Guimarães, engenheiro de minas, formado na Colorado School of Mines, nos Estados Unidos e especialista em prospecção e operações da indústria petrolífera, cuja missão era tornar a Magnesita uma empresa de participação internacional.

Com a participação do Dr. Hélio, teve início a aquisição de tecnologia e conhecimentos através de acordos com empresas de renome mundial e a criação de um centro de pesquisas e desenvolvimento. Iniciou também o melhoramento das fábricas de básicos, a criação da fábrica de sílico-aluminosos, o início da produção de refratários de sílica e também a produção de refratários cromo-magnesianos, para as abobadas dos fornos Siemens Martin da CSN, até então importados.

Em 1958 foi adquirida a Risa que na época fabricava tijolos isolantes e em 1961 foi fundada uma subsidiária na Argentina denominada Rasa- Refratários Argentinos, para a produção de refratários básicos monolíticos.

Em 1965 faleceu o fundador da empresa, o Dr. Antonio Mourão Guimarães, tendo sido eleito para a vice-presidência o Dr. Hélio P. Guimarães. Permaneceu na presidência o Dr. Sócrates Mariani Bittencourt. Naquele ano a fábrica da Cidade Industrial atingiu uma produção de 120.000 toneladas.- Na década de 60 várias expansões foram realizadas; foram construídos 3 fornos de calcinação em Brumado e 3 fornos túneis para a queima de refratários básicos e sílico-aluminosos na Cidade Industrial.

Em 1973 faleceu o Dr. Sócrates M. Bittencourt e assumiu a presidência o Dr. Hélio Pentagna Guimarães.

A década de 70 foi marcada pela expansão e modernização da empresa, com melhoramentos das instalações de Brumado e qualidade do sinter.- Construção do terminal marítimo de Aratú na Bahia para exportação, compra da Cerâmica São Caetano, passando a atuar também no setor de pisos cerâmicos; início da parceria com a Kurosaki Refractories do Japão para o fornecimento de tecnologia para a fabricação de válvulas de gaveta, massas para tamponamento e canais de altos fornos.

Nas décadas de 80 e 90 a empresa passou por um desenvolvimento constante, com aprimoramento de seus métodos, modernização e automação dos equipamentos. Destaca-se a fundação da Refratec - Produtos Eletro Fundidos LTDA., e Mas- Infor Sistemas de Automação LTDA.- Aquisição de novas prensas hidráulicas com auxilio de robôs, automação dos fornos túneis, inauguração de nova fábrica de monolíticos e obtenção da ISO 9.001.

Em 2003, faleceu o Dr. Hélio Pentagna Guimarães, o verdadeiro consolidador da Magnesita S/A, assumindo a presidência o seu filho Dr. Eduardo Carlos Guimarães. Este, mantendo a política administrativa de seu progenitor, consolidou a empresa como uma indústria de refratários que cobre quase todos os produtos para a indústria em geral com exceção dos blocos de carbono para cadinhos de altos fornos e blocos eletro fundidos para fornos de vidro.

Com dados de 2005 a Magnesita encontra-se entre a sétima e oitava maior indústria de refratários do mundo, tendo faturado US$500.000.000,00 e tendo exportado aproximadamente US$50.000.000,00, o que a coloca como a terceira exportadora mundial nessa linha de produtos e segunda maior nos Estados Unidos.


A Togni S/A:
Em 1892, Antônio Togni, imigrante italiano, veio para o Brasil em companhia de sua mãe e mais sete irmãos. Perseverante e trabalhador, principiou como lavrador, tornando-se comerciante, padeiro e produtor de vinho. Na chácara onde cultivava uvas, fundou uma pequena olaria, denominada Olaria Togni, semente do Grupo Togni.

Todo o material era feito à mão. A empresa produzia telhas curvas do tipo colonial, tijolos comuns e um tijolo de 500X400X60 mm, conhecido como ladrilhão. O ladrilhão representa o início da fabricação dos primeiros refratários em Poços de Caldas, uma vez que era empregado nas soleiras dos fornos de padaria da região. Levantamentos demonstram, que desde a sua fundação até o começo da década de 50, 80% dos edifícios da cidade tinham sido construídos com seus produtos.

Em 1937 faleceu o fundador, Antônio Togni. Em 1940, Carlos Brunacci Togni e Alexandre Aníbal Bussolino, respectivamente filho e genro de Antônio Togni o sucederam na condição de herdeiros como titulares da empresa, na época sob a razão social Bussolino & Togni. Em 1945, Eliseu Ângelo Togni adquiriu a parte de Carlos Brunacci Togni e em 1948, Aníbal Camillo Togni adquiriu a parte de Alexandre Aníbal Bussolino, passando a denominar-se Togni & Irmão.

Nesta ocasião, a empresa já possuía suprimento elétrico, um transformador de 97 KVA e dois motores, um de 16,5 HP e outro de 21 HP, que acionavam duas pequenas marombas. Dois fornos tipo caieira constituíam o potencial de queima; e logo, mais um forno do mesmo tipo foi acrescentado.

Em 1952 foi construído um forno tipo Hoffmann, mas o mercado de construção civil entrava em crise, saturado daquele tipo de produto. Para preencher a capacidade ociosa do novo forno, a empresa passou a calcinar bauxita destinada à eletro fusão de abrasivos.

Com muita vontade de crescer, os novos empreendedores buscaram mercados alternativos e verificaram, pelas características das matérias-primas locais, que o destino da empresa seria a produção de materiais refratários. Como na Europa, também aqui iniciou-se a fabricação de refratários com a mesma tecnologia empregada na fabricação de materiais de construção.

Em 1953, dotada de equipamento modesto para o que se propunha, a empresa produziu os primeiros tijolos refratários, tornando-se pioneira no aproveitamento das argilas aluminosas do planalto de Poços de Caldas, para este fim. Já em 1956 foi fornecido o seu primeiro revestimento para alto-forno a carvão vegetal. Este fato coincide com a intensificação da industrialização brasileira, que ganhou importante impulso nos anos 50, através da chegada da indústria automobilística e da implantação da siderurgia de grande porte no Brasil.

Os anos 60 foram marcados por rápida expansão. Foi construído novo galpão industrial, oficina para manutenção mecânica, secador para o forno de chamote e um forno túnel. Também foram ampliadas as instalações de extrusão, moagem e prensas. A capacidade produtiva foi elevada de 6000 para 36000 t / ano. Em 1964 a empresa passou a Sociedade Anônima, com a razão social de Cerâmica Togni S/A.

Em 1973, a Togni adquiriu a Irpca – Indústria de Refratários Poços de Caldas S/A, antiga concorrente, que se encontrava desativada. Sua fábrica foi toda remodelada para re-entrada em operação. Com mais dois fornos verticais para produção de matéria prima e dois fornos túneis, a capacidade produtiva foi elevada para 60.000 t / ano.

Na década de 80 foi construído o Centro de Pesquisa e Controle de Qualidade. Foram também intensificados os contatos com o objetivo de adquirir tecnologia nos Estados Unidos, Espanha, Alemanha e Japão, o que trouxe valiosos conhecimentos à empresa. Em 1984 a razão social foi mudada para a atual, Togni S/A – Materiais Refratários.

Em 1986 a Togni novamente elevou sua capacidade de produção para 70.000 t / ano e destacando-se como o terceiro grupo produtor de refratários no Brasil. As linhas de produto já abrangiam: materiais formados e não formados, aluminosos, sílico-aluminosos, isolantes, concretos, massas de socar e argamassas.

Em 1990 entrou em operação nova fábrica beneficiadora de matéria-prima em Sacramento, Triângulo Mineiro, produzindo mulita sinterizada de 70% de alumina e consolidando a ampliação das reservas de argilas aluminosas da empresa para cerca de 20 milhões de toneladas.

A fabricação de materiais para válvula gaveta teve início em 1982, quando também entrou em operação a unidade para impregnação de refratários. Já em 1987, a TOGNI ampliou sua participação neste mercado, adquirindo 50% do capital da Re-Plate Equipamentos Siderúrgicos LTDA., fabricante dos equipamentos completos para este sistema de lingotamento e oferecendo toda assistência técnica. Em 1994 as atividades da Re-Plate foram expandidas para Argentina, onde foi construída nova fábrica e fundada a Ripley S.R.L.

Entre 1996 e 1998, começou a produção de sinter de magnesita e de magnésia-cromo, inicalmente nas instalações de Poços de Caldas e, posteriormente em Sacramento. A linha de produtos foi então ampliada, incorporando tijolos magnesianos, de magnésia-cromo, magnésia-carbono e diversas massas básicas.

Em 1999 faleceu Eliseu Ângelo Togni, meu irmão e companheiro de lutas na criação e consolidação da empresa. No ano seguinte, seu filho Fábio Eduardo Togni, que já atuava como diretor comercial, assume a vice-presidência e seu irmão, Lívio Valério Togni a direção industrial.

A década de 90 exigiu um esforço extraordinário para redução de custos, em um ambiente de mercado extremamente competitivo e com demanda crescente na qualidade. Em 2000, a Togni obteve a sua Certificação ISO 9001.

Na mesma época, a Togni consolidou sua participação como importante fornecedora da indústria de vidro, tendo se equipado com 4 máquinas de corte e polimento para os blocos empregados nestes fornos, produzidos em materiais sílico-aluminosos, aluminosos e de grãos de mulita eletro fundida. A seção é provida de área especialmente plana para a confecção da pré-montagem de sub-soleiras dos fornos e auxiliada por ponte rolante com capacidade de 1.500 quilos, para a movimentação dos blocos. Feita a pré-montagem, os blocos são numerados para serem entregues exatamente como serão colocados no forno do cliente.

Hoje, próxima dos 100 anos de fundação e há 53 anos produzindo refratários, a Togni tem um faturamento anual na ordem de US$50.000.000,00, emprega 600 funcionários e compõe um grupo de empresas que além da área de refratários, atua em mineração, rochas ornamentais e sanitários.

Não podemos falar sobre a indústria de refratários no Brasil, sem mencionar também outras tantas empresas que ainda hoje atuam neste setor, cuja produção é grandemente pulverizada. Dentre elas, destacamos: -Reframa, -Ceramicolor, -Refratek, -WKW Ziegler, -Refratários Scandelari, -Refrata, -RESDIL, -Refratários Dedini, -Terzi , -Cerâmica Librelato, -Refratários Paulista, -Estiva, -Combustol, -Morganite e -Refratários Modelo.

Com a globalização gradativa das indústrias consumidoras de refratários, tais como a industria siderúrgica, a indústria de cimento e também dos concorrentes produtores de refratários internacionais, passou a ser o objetivo principal do setor, a produção de refratários competitivos em qualidade e custo para poder enfrentar esta concorrência internacional, que tem vindo não só da Europa (normal nos anos passados), mas também mais recentemente dos países Asiáticos, principalmente a China.

Também fruto do persistente desequilíbrio cambial que vive o nosso país, esta década dos anos 2000 vai exigir um grande esforço para redução dos custos, sem que isto afete a qualidade dos produtos.

A indústria de refratários brasileira cobre praticamente todos os principais campos de aplicação de refratários e consegue atender satisfatoriamente em nível internacional as necessidades do mercado brasileiro, o que é comprovado pelas reduzidas importações de refratários no Brasil. Está pronta para enfrentar os desafios que nos aguardam nos próximos anos, principalmente as ameaças vindas do continente asiático.




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