quinta-feira, 3 de março de 2011

9550 - NATURALISTAS ESTRANGEIROS NO BRASIL

Selecione o idioma​▼Home Redespeleo Grupos Espeleologia Conexão Subterrânea & livros Notícias Agenda Loja Codex Eventos Mapoteca Contatos 02/04/2004 - História da espeleologia
Histórico da espeleologia brasileira
O Brasil colonial e a época dos naturalistas
Augusto Auler



Grupo Bambuí


1 - O Início da Colonização Européia

São poucos os registros conhecidos sobre cavernas no período inicial da colonização do Brasil. Isto se deve, sem dúvida, a dois fatores principais. O primeiro diz respeito à escassez de estudos nesta área, que com certeza trarão novas informações sobre o assunto. O outro fator é de natureza puramente estratégica. Nos dois primeiros séculos da colonização do Brasil os portugueses “se agarraram ao litoral como caranguejos” na palavra de um historiador antigo. Todas as povoações foram estabelecidas à beira mar e foram efetuadas poucas entradas para o interior. Como existe uma ausência de formações calcárias no litoral brasileiro, é natural que houvesse reduzido contato entre os primeiros colonizadores e nossas cavernas.

Um dos primeiros documentos sobre cavernas brasileiras de que temos conhecimento refere-se a uma carta ao rei de Portugal, escrita em 1717 por Francisco de Mendonça Mar, onde este menciona que residia “há 26 anos (portanto desde 1691) na Lapa do Bom Jesus”, a atual gruta santuário de Bom Jesus da Lapa (BA). Sobre esta caverna existem diversos relatos ao longo dos anos, realçando sua importância como centro de peregrinação. Outra caverna que durante o século 18 foi objeto de uso religioso foi a Lapa de Antônio Pereira em Mariana (MG), cuja primeira notícia conhecida data de 1752. Ainda durante o século 18 iniciou-se a extração de salitre em muitas das nossas cavernas, principalmente nos Estados da Bahia e Minas Gerais.

2 - Os Naturalistas

2.1 - Naturalistas da Colônia

O Brasil esteve fechado a naturalistas estrangeiros até 1808. Até esta data, apenas brasileiros e portugueses tinham permissão para explorar as riquezas da colônia. Algumas descrições detalhadas de cavernas datam do final do século 18, notadamente nas regiões limítrofes do país, onde o interesse em demarcar e proteger as fronteiras incentivavam viagens de exploração. A Gruta do Inferno, próxima ao Forte de Coimbra (MS) às margens do Rio Paraguai, foi visitada diversas vezes a partir de 1786, quando foi descrita por Ricardo Franco Serra. O naturalista baiano Alexandre Rodrigues Ferreira também visitou a Gruta do Inferno em 1791 e no ano anterior, 1790, nos legou uma descrição da Gruta da Onça, também na fronteira oeste do país.

Outro naturalista de importância foi Martim Francisco de Andrada, autor de algumas das primeiras descrições de cavernas nos Estados de São Paulo e Paraná. Em 1803 Andrada visitou uma gruta nos arredores de Curitiba, provavelmente a Gruta dos Jesuítas. Em 1805, em nova viagem, descreveu a Gruta de Santo Antônio (atual Gruta Casa de Pedra) em Iporanga (SP).

A extração de salitre ganhou importância durante o século 19. O naturalista mineiro José Vieira Couto recebeu a incumbência de efetuar estudos sobre o tema e escreveu, em 1803, uma interessante Memória sobre o salitre em que são mencionadas cavernas. O clássico livro do Padre Aires de Casal “Chorographia Brasílica”, publicado em 1817, apresenta diversas referências a cavernas em vários pontos do país, mostrando que muitas grutas já eram, então, conhecidas.

2.2 - Naturalistas Estrangeiros

A partir da liberação do país a estudiosos estrangeiros, um grande número de naturalistas passou a palmilhar o território nacional, principalmente franceses, ingleses e alemães. Vários deles relatariam visitas a cavernas, mas na maior parte das vezes seriam breves incursões, pois as cavernas constituíam objeto de interesse secundário dentro do amplo espectro de toda a natureza brasileira a explorar. A maior parte das descrições ocorre na porção central do país no Estado de Minas Gerais, já que grande parte deles seguia pelos poucos trajetos então existentes, como a Estrada Real. Cavernas como a Gruta Casa de Pedra próxima a Tiradentes (MG), foram descritas por vários naturalistas. A lista de naturalistas que se referem a cavernas é bastante extensa, podendo-se citar, entre outros, os de língua germânica (alemães, austríacos e suíços) Eschwege, Spix & Martius, Pohl, Rugendas, Riedel, Langsdorff, Halfeld, Helmreichen, Burmeister, Tschudi, Heusser & Claraz; os anglo-americanos Mawe, Gardner, Walsh, Burton, North, Hartt, Fountain, Vincent e os franceses Saint Hilaire, Castelnau e Liais.

2.2.1 - Peter Lund

Peter Lund - foto: Eugen WarmingDentre os vários naturalistas estrangeiros, o nome do dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880) merece figurar em destaque, devido às notáveis contribuições a diversos ramos da espeleologia. Peter Lund foi levado a se interessar por ossadas em caverna devido a um encontro fortuito com o seu conterrâneo Peter Claussen, que já escavava e comercializava material paleontológico de cavernas nos arredores de Curvelo. Lund foi o primeiro a produzir descrições científicas detalhadas de nossas cavernas, efetuadas entre 1834-1844. Muito embora o interesse de Lund estivesse sempre voltado para os fósseis de cavernas, o cientista dinamarquês elaborou conceitos originais sobre espeleogênese, formação de salitre, deposição de espeleotemas e cronologia dos sedimentos em grutas.

Logo no início de seus trabalhos em cavernas, Lund travou conhecimento com o artista norueguês Peter Andreas Brandt. Brandt se transformaria no fiel secretário e auxiliar de Lund, encarregando-se dos desenhos e topografias de cavernas. Brandt produziu ao menos 27 mapeamentos de cavernas de alto nível, além de uma bela série de aquarelas. Peter Lund teria visitado, segundo suas próprias palavras, cerca de 1000 cavernas na região central de Minas Gerais. Lund, em conjunto com a sua equipe, deve, inquestionavelmente, ser colocado como o pioneiro da espeleologia no Brasil, devido às suas importantes contribuições para a exploração, mapeamento e pesquisa científica de nossas cavernas.

2.2.2 - Richard Krone

Cerca de meio século após Lund, o alemão Richard Krone (1861-1917) realizou importantes trabalhos nas cavernas do Vale do Ribeira. Radicado em Iguape, e sócio correspondente de diversos museus do Brasil e exterior, Krone foi um explorador infatigável, que se interessava sobremaneira pela pré-história da região. Como espeleólogo Krone nos deixou uma listagem de cerca de 41 cavernas por ele exploradas na virada do século, além de um belo mapa da Gruta do Monjolinho. Ricardo Krone foi também um pioneiro da fotografia de cavernas no Brasil, tendo publicado várias dezenas de fotografias subterrâneas. Sua atuação em prol da preservação das cavernas da região é também notável pela antevisão da importância das grutas, ainda que não tenha logrado êxito imediato.

3 - Primórdios da espeleologia moderna

Em fins do século 19 e início do século 20, várias descrições de cavernas, por cientistas, aventureiros ou mesmo sob forma de romance, nos são legadas. Os nomes de Álvaro da Silveira, autor do levantamento topográfico da Gruta Casa de Pedra (MG) em 1894, Cássio Lanari, Carlos Prates e mesmo o imperador Dom Pedro II, que visitou grutas em Minas Gerais e Bahia podem ser mencionados. Autores como Bernardo Guimarães e Augusto Zaluar produziram romances ambientados parcialmente em cavernas. Antonio Olinto Pires, em 1922, foi autor de uma das primeiras tentativas de síntese sobre a espeleologia e as cavernas do Brasil. Em 1938 o versátil padre naturalista Camilo Torrend publica o primeiro livro espeleológico do país, seguido, em 1939, pelo inventário do IBGE “As Grutas em Minas Gerais”.







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08/05/2011
12 International Cave Rescue Conference



The symposium 12th of the cave rescue commission of the UIS is on the way. Bulgaria proposes us a planning in a pleasant natural site. It was various accommodations. The caves, rivers, canyon and cliffs are interesting for exercise or application.
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17/2/2011
Vídeo do mergulho no Abismo Krubera -1980m


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