sexta-feira, 17 de agosto de 2012

CARRO A VAPOR NO CANADÁ

Site da SBPC Comunicado aos Leitores do Jornal da Ciência Edição Impressa JC 719, de 3/8/12 Clique para ver o índice das matérias Acesse aqui para ler a edição completa JC 719 Impresso Charges Clique para ampliar JC impresso - edições anteriores Notícias Sexta-Feira, 17 de agosto de 2012 JC e-mail 3736, de 06 de Abril de 2009. 17. Petróleo barato barra veículos a hidrogênio Carro que solta vapor d'água em vez de poluição superou barreira tecnológica. Folha testou protótipo da Ford no Canadá; automóvel é eficiente, mas ainda não atingiu preço competitivo para desbancar gasolina Afra Balazina escreve para a “Folha de SP”: Ao ligar o carro, o barulho lembra o de um aspirador de pó, porém mais baixo e menos irritante. Depois, quase não se ouve mais ruído. A resposta é muito rápida e o veículo parece leve, desliza suavemente pelas ruas de Vancouver, no Canadá. O veículo elétrico com célula a combustível de hidrogênio não deixa a desejar em potência. E, o melhor de tudo, não solta nenhum poluente pelo escapamento, somente vapor d'água. Evita, assim, a emissão para a atmosfera do gás de efeito estufa CO2, que contribui para o aquecimento global. Em visita ao Instituto de Inovação de Célula a Combustível do NRC (Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá), a reportagem da Folha fez um test-drive com um modelo Ford Focus movido a hidrogênio. Ao dirigir o carro, fica claro que a tecnologia não é mais um empecilho para esse tipo de veículo. Embora muitos protótipos tenham sido criados nos últimos anos, porém, nenhum atingiu escala comercial ainda. Michael Fowler, professor da área de engenharia química da Universidade de Waterloo, tem a resposta pronta para explicar a demora: o petróleo ainda está barato, e ninguém vai se interessar em comprar carros ecológicos se é mais econômico se locomover soltando fumaça. Na sexta-feira, em Nova York, a cotação do barril de petróleo fechou em US$ 52,51. Ainda não está claro, porém, quão caro os combustíveis fósseis terão de ficar para que se decida investir no hidrogênio. O interesse pelo combustível limpo existe desde 1959, quando foi criado um trator com célula a combustível de hidrogênio. Na crise do petróleo, nos anos 1970, a pesquisa pela tecnologia voltou. Mas, quando o preço do petróleo caiu, o assunto perdeu importância. Na década de 1990, com o aumento da preocupação ambiental, o hidrogênio voltou à pauta. Oferta e demanda A Honda já faz leasing (espécie de aluguel) do modelo FCX Clarity, que usa o hidrogênio, na Califórnia (EUA). O preço é US$ 600 ao mês, e inclui a manutenção do veículo. Enquanto nos EUA e no Japão o interesse maior é pela implantação do motor a hidrogênio em carros, na Europa a atenção é para os ônibus, que vêm sendo testados na Alemanha e em outros países. O presidente da Honda, Takeo Fukui, acredita que levará ainda dez anos até que essa tecnologia seja comercialmente viável. E isso não significa que haverá produção em massa a preços baratos, mas sim que o carro estará "disponível para a compra a um preço semelhante ao de um veículo de luxo hoje". Um dos fatores que encarecem o carro é que os melhores eletrodos disponíveis para as células a combustível precisam de platina, metal raro e caro. Por isso, muitos grupos de pesquisa têm estudado alternativas. O próprio NRC pesquisa a utilização de aço como substituto à platina. E pesquisadores de Quebec, também no Canadá, acabam de apresentar em estudo na revista "Science" um catalisador a base de ferro para rivalizar com o elemento nobre. Porém, na opinião de Ennio Peres da Silva, chefe do Laboratório de Hidrogênio da Unicamp, hoje já se conseguiu reduzir a platina a uma quantidade tão pequena que, mesmo que não se encontre algo à altura dela, isso não será uma barreira ao uso do hidrogênio. E ele critica quem só se preocupa com a questão de preço. "Se fosse só o preço que determinasse, até hoje estaríamos andando a cavalo, que era era mais rápido e mais econômico do que os primeiros carros." Ele argumenta que o veículo a hidrogênio tem o dobro da eficiência, não polui, não faz barulho. E, se acabar a luz da sua casa, ele pode ser usado para obter energia elétrica. "Essa tecnologia não é a mais barata. Mas a humanidade vai ganhar com seu uso. É uma questão de fazer a escolha certa", diz Silva. A demora da comercialização do veículo a hidrogênio, lembra Lars Rose, pesquisador do NRC, pode ter relação com a questão do "ovo e da galinha" -não há demanda porque não existe o carro, e não há carro porque não há demanda. Mas Silva afirma que isso pode ser superado -afinal, situação semelhante ocorreu com o etanol e o gás natural. Perdendo o bonde Foi no Laboratório de Hidrogênio da Unicamp que se criou o primeiro -e único- carro brasileiro elétrico com células a combustível de hidrogênio. Infelizmente, diz Silva, o país não investiu o suficiente e "perdeu o bonde" da tecnologia. Ele critica a falta de apoio do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia) -para fazer o carro, por exemplo, o grupo contou apenas com o MME (Ministério de Minas e Energia). Na opinião de Silva, os motores a combustão interna, menos eficientes do que os elétricos, estão com os dias contados. "Não podemos apostar em algo que vai acabar". diz. Na América do Norte e no Japão, principalmente, os carros híbridos -que alternam bateria elétrica e gasolina- têm feito sucesso. Há cerca de um ano, a Toyota anunciou que o Prius havia atingido a marca de 1 milhão de veículos vendidos. Outros mercados Em alguns países, o hidrogênio já ocupa outros nichos. Nos EUA, sistemas de backup de energia em torres de comunicação usam células a combustível de hidrogênio em vez de baterias. Apesar de sua instalação ser mais cara, a nova tecnologia é mais segura e tem um custo de manutenção menor. O Brasil, por enquanto, tem só um exemplo desse tipo de uso. Nova tecnologia passará por teste em ônibus de SP Ainda neste mês começará a circular em São Paulo o primeiro ônibus brasileiro com célula a combustível de hidrogênio. Ele já rodou cerca de mil quilômetros em testes em Caxias do Sul (RS), onde foi montado. Com nove tanques de combustível -com capacidade para 5 kg de hidrogênio cada- e duas células a combustível, o veículo tem autonomia para circular 300 km sem reabastecer. Suas células foram originalmente projetadas para carros de passeio -optou-se por não usar as específicas para ônibus pois há poucas empresas que as fabricam no mundo. Carlos Zundt, gerente de planejamento da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), afirma que o hidrogênio é obtido por meio da eletrólise, que possui um "ciclo fechado e limpo". Não é a forma mais barata de obter o hidrogênio, mas ela não deixa nenhum subproduto para ser tratado -diferentemente do que acontece se for usado gás natural para extrair o hidrogênio. O preço final do ônibus é sigiloso, porém Zundt ressalta que "é bastante competitivo". E o desempenho do protótipo é igual ao de um trólebus e superior à tecnologia diesel -são mais rápidos e apresentam maior torque do que a tecnologia convencional. Agora, diz ele, o país juntou-se a outros três capazes de fazer ônibus a hidrogênio: Estados Unidos, China e Alemanha. O veículo circulará durante quatro anos no Corredor Metropolitano ABD (São Mateus-Jabaquara), que tem 33 km de extensão. A estação de abastecimento ficará na garagem da concessionária Metra, em São Bernardo do Campo. A previsão é que sejam construídos mais quatro ônibus dentro do projeto, que é do Ministério de Minas e Energia e coordenado pela EMTU. Os recursos para sua realização somam US$ 16 milhões a fundo perdido, vindos do GEF (Global Environment Facility)/Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e do MME/Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Jogos de inverno Vinte ônibus com células a combustível de hidrogênio farão o trajeto entre o aeroporto de Vancouver e a estação de esqui Whistler, no Canadá, durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2010. Parte da competição ocorrerá em Whistler e, segundo o NRC, que integra o grupo para criação da "Estrada do Hidrogênio", a ação será uma "metáfora para a transição para a economia do hidrogênio e de um futuro sustentável". Os ônibus ainda estão sendo montados -a reportagem pôde ver apenas um modelo anterior, chamado de "museu". Os ônibus poderão circular por cerca de 500 km sem reabastecer, numa velocidade máxima de 90 km/h, e terão uma expectativa de vida de 20 anos. Haverá cinco postos para reabastecimento na região. (Folha de SP, 6/4) Anterior 16. 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