quinta-feira, 3 de março de 2011

9582 - COLONIZAÇÃO ITALIANA NO BRASDIL

Imigração italiana no BrasilOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Imigração italiana no Brasil

1875-1960
Decreto Prinetti | Lei Adolfo Gordo | Sociedade de Socorro Mútuo
Principais temas
Alteridade | Assimilação cultural | Identidade cultural
Arquivos
Arquivo Edgard Leuenroth
Memorial do Imigrante
Principais destinos
Espírito Santo | Minas Gerais | Paraná
Rio Grande do Sul | Santa Catarina | São Paulo
Literatura
Brás, Bexiga e Barra Funda | Juó Bananère
Televisão
Terra Nostra
Pessoas
Lista de ítalo-brasileiros
A imigração italiana no Brasil teve como ápice o período entre 1880 e 1930. Segundo estimativa da embaixada italiana no Brasil, vivem no País cerca de 25 milhões de descendentes de imigrantes italianos.[1] Os ítalo-brasileiros estão espalhados principalmente pelos estados do Sul e do Sudeste do Brasil, quase metade no estado de São Paulo. Assim, os ítalo-brasileiros são considerados a maior população de oriundi (descendentes de italianos) fora da Itália.[2][3] É importante notar, contudo, que o Censo Brasileiro não pesquisa este tipo de informação[4], nem a Embaixada Italiana no Brasil realiza pesquisas nesse sentido.

Índice [esconder]
1 História
2 O Brasil como destino
3 A colonização italiana no Sul
4 Mão-de-obra italiana para o café no Sudeste
5 Os italianos nas cidades brasileiras
6 Regiões de origem
7 Os italianos nos estados brasileiros
7.1 Rio Grande do Sul
7.2 Santa Catarina
7.3 Paraná
7.4 São Paulo
7.4.1 Na capital
7.5 Minas Gerais
7.6 Rio de Janeiro
7.7 Espirito Santo
7.8 Centro-Oeste do Brasil
7.9 Norte do Brasil
7.10 Nordeste do Brasil
8 O declínio da imigração italiana
9 Língua
10 A influência italiana no Brasil e seus descendentes
11 O abrasileiramento dos italianos
12 A comunidade hoje
13 Referências
14 Bibliografia
15 Ver também
16 Ligações externas

[editar] HistóriaQue entendeis por uma Nação, Senhor Ministro? É a massa dos infelizes? Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos pão branco. Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho. Criamos animais, mas não comemos a carne. Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos a nossa Pátria? Mas é uma Pátria a terra onde não se consegue viver do próprio trabalho?
— Fala anônima de um italiano para o Ministro de Estado da Itália.[5] Séc. XIX
A imigração italiana no Brasil foi intensa, tendo como ápice a faixa de tempo entre os anos de 1880 e 1930. A maior parte dela se concentrou na região do estado de São Paulo.[6]

Os italianos começaram a imigrar em número significativo para o Brasil a partir da década de 1870. Foram impulsionados pelas transformações socioeconômicas em curso no Norte da península itálica, que afetaram sobretudo a propriedade da terra. Um aspecto peculiar à imigração em massa italiana é que ela começou a ocorrer pouco após a unificação da Itália (1861), razão pela qual uma identidade nacional desses imigrantes se forjou, em grande medida, no Brasil.

O século XIX foi marcado por uma intensa expulsão demográfica na Europa. O alto crescimento da população, ao lado do acelerado processo de industrialização, afetaram diretamente as oportunidades de emprego naquele continente. Estima-se que, entre 1870 e 1970, em torno de 28 milhões de italianos emigraram (aproximadamente a metade da população da Itália). Entre os destinos principais estavam diversos países da Europa, América do Norte e América do Sul.[7]

[editar] O Brasil como destino
Panfleto estimulando a imigração para o Brasil.Para compreender a imigração italiana no Brasil, é necessário analisar os aspectos do país durante o século XIX. Na primeira metade deste século, a Grã-Bretanha, superpotência da época, pressionou fortemente o Brasil para acabar com o tráfico negreiro que supria as necessidades de mão-de-obra com a importação de escravos da África. A Lei Eusébio de Queirós proibiu o tráfico negreiro em 1850 e, a partir deste momento, começou a falta de mão-de-obra nas zonas em que se expandia a cultura cafeeira. Isto foi limitadamente resolvido com a importação de escravos da Região Nordeste.

Nesta época, surgiu no Oeste Paulista um grupo de fazendeiros que, premido pela falta de mão-de-obra escrava, defendeu o uso da mão-de-obra livre nas plantações de café, opondo-se politicamente aos fazendeiros do Vale do Paraíba, donos de grandes plantéis de escravos. A nação brasileira passou então por um período de fermentação das idéias abolicionistas. Novas leis, como a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885) anunciavam o fim próximo da escravidão. Ao mesmo tempo, a população escrava envelhecia durante a segunda metade do século XIX sem que a reprodução natural da população fosse suficiente para suprir a necessidade de mão-de-obra nas lavouras que se expandiam ou para colonizar as terras ainda inexploradas no sul do Brasil. É comum afirmar-se erroneamente que a libertação dos escravos em 1888 desencadeou a falta de mão-de-obra nas lavouras quando os escravos libertos saíram das fazendas para as grandes cidades. Isto aconteceu em pequena escala, e somente no Vale do Paraíba onde a lavoura cafeeira estava em franca decadência de produção. Enquanto isto, na então província de São Paulo, as plantações de café prosperava e necessitavam cada vez mais de mão-de-obra em quantidade muito superior à existente.


Navio com italianos no porto de Santos(1907).Enquanto isso, a Itália passava pelas guerras pela Unificação Italiana. Após o fim destas, a economia italiana se encontrava debilitada, associada a problemas de alta taxa demográfica e desempregos. Os Estados Unidos (maior receptor de imigrantes) passaram a criar barreiras para a entrada de estrangeiros. Tais fatores levaram, a partir da década de 1870, ao início da maciça imigração de italianos para o Brasil.[8]

No final do século XIX e início do século XX, as ideias de darwinismo social e eugenia racial tiveram grande prestígio no pensamento científico mundial. Na medida em estas ideias eram aceitas e divulgadas pela comunidade científica nacional, o imaginário social e político brasileiro passou a considerar que os brasileiros eram incapazes de desenvolver o país por serem, em sua grande maioria, negros e mestiços.[9][10] A política de imigração passou então a ser planejada não apenas com o propósito de suprir a mão-de-obra necessária ou de colonizar territórios pouco ocupados, mas também para "branquear" a população brasileira. Neste projeto social, negros e mestiços iriam paulatinamente desaparecer da população brasileira por meio da miscigenação com as populações de imigrantes europeus.

Neste contexto, o imigrante italiano era considerado um dos melhores, pois além de ser branco, também era católico. Deste modo, sua assimilação seria fácil na sociedade brasileira e ele colaboraria para o "branqueamento" da população em geral.

Deve-se ressaltar não foi apenas o Brasil que implantou políticas de imigração que privilegiavam os grupos de imigrantes conforme as características racias ou religiosas desejadas. Vários países do mundo preferiam até mesmo o imigrante do norte da Europa em vez dos que vinham do sul.

A imigração italiana para o Brasil atingiu seu ápice no final do século XIX. Porém, por volta de 1900, aparecem na imprensa italiana notícias de péssimas condições de vida de emigrantes italianos que não podiam abandonar as fazendas de café onde trabalhavam, pois tinham dívidas principalmente relativas ao pagamento dos custos de suas viagens. Isto faz com que, em 1902, o governo da Itália emita o decreto Prinetti proibindo a imigração subsidiada de cidadãos italianos para o Brasil. O fluxo de imigrantes diminui bruscamente já que, a partir de então, cada cidadão italiano que quisesse emigrar para o Brasil deveria ter dinheiro para pagar a própria passagem.

Imigração italiana para o Brasil por períodos [11]
Período 1884-1893 1894-1903 1904-1913 1914-1923 1924-1933 1934-1944 1945-1949 1950-1954 1955-1959 Total
Quantidade 510.533 537.784 196.521 86.320 70.177 N/D 15.312 59.785 31.263 1.507.695

Canção dos imigrantes toscanos


"Itália bela, mostra-te gentil
e os filhos teus não a abandonarão
senão eles vão todos para o Brasil
e não se lembram mais de voltar
ainda aqui haveria trabalho
sem ter que emigrar para a América
o século presente está nos deixando
e o novecentos se aproxima
eles têm a fome pintada na cara
e para saciá-los não existe a medicina
a cada momento escutamos dizer:
e vou para lá onde tem a colheita do café".

Canção dos imigrantes
(Final do século XIX)[12][13]

Uma família de imigrantes italianos. Canção dos imigrantes vênetos


"América América
lá se vive que
é uma maravilha
vamos ao Brasil
com toda a família
América América
se ouve cantar
vamos ao Brasil
Brasil a povoar"

Canção dos imigrantes
(Final do século XIX)[14]


[editar] A colonização italiana no Sul
Plantação da uva em Caxias do Sul.Os italianos primeiramente se instalaram no Sul do Brasil. Em 1850, o País decreta a Lei de Terras, em que só se podia ter acesso às terras através da compra das mesmas, e não apenas apossando-se delas, como anteriormente. O fator principal de o Sul ser o pioneiro na imigração italiana se deve ao mais fácil acesso às terras naquela região. Aos italianos, restou as terras mais inférteis ao longo das serras sulistas, pois as melhores terras já se encontravam ocupadas, sobretudo por imigrantes alemães.

Nessas regiões, o italiano se agrupou em colônias agrícolas, muitas vezes compostas exclusivamente por italianos. Desta maneira, o doloroso fato de abandonar sua terra natal se tornava mais ameno, a partir do momento que o imigrante tentava recriar em terras brasileiras características de seu país de origem.

Em 1872, italianos vindos das regiões de Veneto e Trento, estabeleceram-se, como agricultores, em vários núcleos coloniais da região de Curitiba. Esses núcleos deram origem aos atuais bairros de Pilarzinho, Água Verde, Umbará e Santa Felicidade, entre outros. Os colonos dedicaram-se inicialmente à produção de queijos, vinhos e hortigranjeiros.

Em 1875 foram criadas mais colônias em Paranaguá, Morretes e Antonina, na Serra do Mar, no Paraná, e nas atuais cidades de Garibaldi e Bento Gonçalves na Serra gaúcha, no Rio Grande do Sul.

Os imigrados no Rio Grande do Sul eram, em sua maioria, do Vêneto. Após cinco anos, o grande número de imigrantes obrigou o Governo a criar uma nova colônia italiana, Caxias do Sul. Os italianos se espalharam por várias partes do Rio Grande do Sul, e muitas outras colônias foram criadas por particulares, que vendiam as terras aos italianos. Nessas terras, os imigrantes italianos começaram a cultivar uvas e a produzir vinhos. Atualmente, essas áreas de colonização italiana produzem os melhores vinhos do Brasil.

Em Santa Catarina, os colonos que vieram do norte da Itália no final do século XIX fugindo da pobreza se estabeleceram principalmente no sul do estado. Hoje seus descendentes representam quase metade da população catarinense e ocupam posição de destaque na economia através da vinicultura e da produção de grãos, queijos e embutidos. O turismo rural encontra terreno fértil na região de Criciúma, Urussanga e Orleans, onde antigos casarões coloniais e cantinas típicas dividem a atenção com obras de arte como o Paredão do Zé Diabo e o Museu ao Ar Livre, que retrata a vida dos primeiros imigrantes.

Nas colônias do Sul do Brasil, os imigrantes italianos puderam se agrupar no seu próprio grupo étnico, onde podiam falar seus dialetos de origem e manter sua cultura e tradições. A imigração italiana para o Brasil meridional foi muito importante para o desenvolvimento econômico, assim como para a cultura e formação étnica da população

[editar] Mão-de-obra italiana para o café no Sudeste
O Memorial do Imigrante, antiga Hospedaria dos Imigrantes, no bairro do Mooca, em São Paulo.Embora tenha sido a região Sul a pioneira na imigração italiana, foi a Região Sudeste aquela que recebeu a maioria dos imigrantes. Isto se deve ao processo de expansão das lavouras de café em São Paulo. Com o fim do tráfico negreiro e o sucesso da colonização italiana no Sul, o Governo Paulista passa a incentivar a imigração italiana com destino aos cafezais. A imigração subsidiada de italianos começou na década de 1880. Os próprios donos das fazendas de café tratavam de atrair imigrantes italianos para as suas propriedades. Os proprietários de terras pagavam a viagem e o imigrante tinha que se propor a trabalhar nas fazendas para devolver o valor da passagem paga.

Os imigrantes italianos, na maioria, imigravam para o Brasil em famílias e eram chamados de colonos. O governo brasileiro preferia atrair famílias inteiras para o Brasil. Nas plantações de café, todos trabalhavam: homens, mulheres e até crianças.[3] Os fazendeiros, acostumados a trabalhar com escravos africanos, passaram a lidar com trabalhadores europeus livres e assalariados. Todavia, muitos italianos nas fazendas de café foram submetidos a jornadas de trabalho maçantes como as enfrentadas pelos afro-brasileiros e muitos eram tratados de maneira semelhante a dos escravos. Essa situação gerou muitos conflitos entre os imigrantes italianos e os fazendeiros brasileiros, causando rebeliões e revoltas. As notícias de trabalho semi-escravo chegaram à Itália, e o governo italiano passou a dificultar a imigração para o Brasil.[15]

[editar] Os italianos nas cidades brasileiras
Estabelecimento comercial de imigrantes italianos na cidade de Jequié, Bahia, ano de 1930.Embora a imigração italiana no Brasil fosse quase que exclusivamente rural, com o passar do tempo, muitos dos imigrantes começaram a sair das zonas rurais. Nas fazendas de café, a situação de semi-escravidão culminou, em 1902, num decreto do governo italiano proibindo a imigração subsidiada para o Brasil. Muitos imigrantes voltaram para a Itália, enquanto muitos se instalaram nos centros urbanos brasileiros. O imigrante italiano no meio urbano brasileiro foi de extrema importância, participando ativamente no desenvolvimento do comércio e de atividades urbanas. Em 1901, 90% dos operários fabris de São Paulo eram italianos. Foram um dos protagonistas no desenvolvimento dos maiores centros urbanos do Brasil.[3]

Ao lado de brasileiros e de outros imigrantes, os italianos trabalharam ativamente nas fábricas que se multiplicavam pelo País. Os salários eram muito baixos, o que forçava os imigrantes a viverem amontoados em cortiços, podendo viver em uma única casa diversas famílias. Surgem, então, bairros como o Brás e o Bixiga, ainda hoje ligados ao passado operário italiano. O trabalho não era exclusivo dos homens: crianças e mulheres italianas formavam parte significativa dos trabalhadores. Com o passar do tempo, o setor terciário das cidades brasileiras cresceu e muitos imigrantes italianos deixaram as indústrias para trabalhar como artesãos autônomos, pequenos comerciantes, motoristas de ônibus e táxi, vendedores de frutas e vegetais, sapateiros, garçons de restaurante.[3] Surgiram então pessoas que se destacaram. O exemplo mais notável é de Francesco Matarazzo, criador do maior complexo industrial da América Latina do início do século XX, tendo sido um dos marcos da modernização no Brasil. Desta forma, membros da comunidade italiana passaram a compor a elite paulista: a maioria dos primeiros grandes industriais de São Paulo vinham da colônia italiana.[8]

[editar] Regiões de origemImigração italiana para o Brasil (1876-1920)[16]
Região de Origem Número de Imigrantes Região de Origem Número de Imigrantes
Vêneto 365.710 Sicília 44.390
Campânia 166.080 Piemonte 40.336
Calábria 113.155 Puglia 34.833
Lombardia 105.973 Marche 25.074
Abruzzo-Molise 93.020 Lácio 15.982
Toscana 81.056 Úmbria 11.818
Emília-Romagna 59.877 Ligúria 9.328
Basilicata 52.888 Sardenha 6.113
Total : 1.243.633
A imigração italiana no Brasil ficou marcada por ter vindo, sobretudo, do Norte da Itália. A grande corrente migratória veio do Vêneto, no Nordeste italiano, região outrora com grandes problemas nas zonas rurais. Foi notória, porém, a presença de pessoas originárias do Centro e Sul da Itália, sobretudo no início do século XX, nas plantações de café paulistas.

O Brasil foi o único país do mundo onde a grande parte dos imigrantes italianos veio das regiões setentrionais. No restante do mundo, predominou o imigrante meridional. Os vênetos eram pequenos proprietários de terra na Itália e viam na imigração para o Brasil a possibilidade de se tornarem grandes fazendeiros. Os imigrantes do Sul da Itália, por sua vez, eram braccianti, gente muito pobre que trabalhava em terras alheias.[3] Ademais, os vênetos são mais claros que a maioria dos italianos e, em contrapartida, os meridionais são mais morenos.[17]

[editar] Os italianos nos estados brasileiros
Passaporte raro de uma família de sardos que imigrou para o Brasil, em 1896, no Vapor América, que atracaram no Porto do Rio de Janeiro, com destino ao Estado de Minas Gerais - Família Scarpa: Giovanni Battista Scarpa, Maria Luigia Canu e suas filhas, Antonietta Scarpa e Maria Scarpa, provenientes da cidade de Tissi, Província de Sassari, Sardenha.
Monumento aos imigrantes italianos em Caxias do Sul. Brasileiros descendentes de italianos por regiões e estados[18]
Região Estado População total
(milhões) População com ascendência italiana
Quantidade
(milhões) Porc.
Região Sudeste 65,5 13,5 20%
São Paulo 33,0 9,9 30%
Espírito Santo 2,6 1,7 65%
Minas Gerais 15,8 1,3 8%
Rio de Janeiro 14,1 0,6 4%
Região Sul 18,9 8,5 45%
Paraná 4,9 3,7 39%
Rio Grande do Sul 9,5 2,1 22%
Santa Catarina 4,5 2,7 60%
Região Norte 8,9 1,0 11%
Região Centro-Oeste 10,4 0,4 4%
Região Nordeste 42,8 0,2 0,4%
Total no Brasil 151 23,6 15,6%

[editar] Rio Grande do SulVer artigo principal: Imigração italiana no Rio Grande do Sul

Parte da réplica da antiga Caxias do Sul, no parque de exposições da Festa da Uva, em Caxias do Sul, Brasil.O estado do Rio Grande do Sul recebeu a primeira leva de imigrantes italianos a chegar ao Brasil. Os primeiros imigrantes desembarcaram em 1875, para substituírem os colonos alemães que, a cada ano, chegavam em menor quantidade. Os colonos italianos foram atraídos para a região para trabalharem como pequenos agricultores e lhes foram reservadas terras selvagens na encosta da Serra Gaúcha.

Na região foram criadas as primeiras três colônias italianas: Conde D’Eu, Dona Isabel e Campo dos Bugres, atualmente as cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, respectivamente. Com o tempo, os italianos passaram a subir as serras e a colonizá-las. Com o esgotamento de terras na região, esses colonos passaram a migrar para várias regiões do Rio Grande. A base da economia na região italiana do Rio Grande foi, e continua a ser, a vinicultura.

No centro do estado foi criada a Quarta Colônia de Imigração Italiana, o primeiro reduto de italianos fora da Serra Gaúcha e que originou municípios como Silveira Martins, Ivorá, Nova Palma,Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João do Polêsine. Nesse último, está a localidade de Vale Vêneto, nome dado para fazer homenagem a tal região italiana.

Outras colônias italianas foram criadas e deram origens a cidades como Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves, Garibaldi, Flores da Cunha, Antônio Prado, Veranópolis, Nova Prata, Encantado, Nova Bréscia, Coqueiro Baixo, Guaporé, Lagoa Vermelha, Soledade, Cruz Alta, Jaguari, Santiago, São Sepé, Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul. Essas são as principais colônias italianas do estado. Estima-se que imigraram para o Rio Grande 100 mil italianos, entre 1875 e 1910. Em 1900, já viviam no estado 300 mil italianos e descendentes.

Atualmente, vivem no Rio Grande do Sul três milhões de italianos e descendentes, representando cerca de 30% da população do estado.[19]

[editar] Santa Catarina
Casa de pedra em Nova Veneza, marco da colonização italiana.Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao estado de Santa Catarina em 1836, oriundos da Sardenha, fundando a colônia de Nova Itália (atual São João Batista).[20] Esses imigrantes pioneiros chegaram em número reduzido e pouco influenciaram na demografia do estado. Foi mais tarde, a partir de 1875, que passou a ser assentado no estado número maior de imigrantes italianos. Neste ano, foram criadas as primeiras colônias italianas do estado: Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiúna. Diversas outras colônias foram criadas nos anos seguintes, sendo o sul de Santa Catarina o principal foco de colonização italiana do estado. Os imigrantes se dedicaram principalmente à agricultura e à indústria de carvão.

A partir de 1910, milhares de gaúchos migraram para Santa Catarina, entre eles, milhares de descendentes de italianos. Esses colonos ítalo-brasileiros colonizaram grande parte do Oeste catarinense. Como exemplos de sobrenomes de imigrantes italianos para essa região podemos citar: Setti, Barcarollo, Pasquali, Rostirolla, Rovaris, Gasparetto, Biasi, Panceri, Dorini, Dagostin, Sartori, Masson, Bongiovanni, Zanatta, Macarini, Gemelli, Dambrós e Stival.

Atualmente, vivem em Santa Catarina três milhões de italianos e descendentes, representando cerca da metade da população catarinense.[21]

[editar] Paraná
Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, em Colombo, Paraná. Obra iniciada em 1898, em estilo romano, sendo uma cópia fiel das igrejas italianas.Os primeiros italianos a imigrar para o Paraná foram os vênetos, a partir de 1975, alocados em colônias próximas à Paranaguá, nas regiões de Morretes e Antonina. A Colônia Alexandra e posteriormente a Colônia Nova Itália tiveram vários problemas, sendo que seus moradores foram posteriormente remanejados para regiões mais próximas da capital[22].

Em 1900, viviam no estado do Paraná mais de trinta mil italianos, espalhados por catorze colônias etnicamente italianas e outras vinte mistas. No início, a maior parte dos imigrantes trabalhou como colonos autônomos porém, com o desenvolvimento do café, passaram a compor a mão-de-obra da região. As maiores colônias prosperaram na Região Metropolitana de Curitiba, sendo o município de Colombo (localizado na Grande Curitiba) a maior colônia italiana do Paraná[23][24][25]. A Colônia Alfredo Chaves (que posteriormente se tornaria a cidade de Colombo) foi uma das quatro onde se concentraram os primeiros italianos que chegaram ao estado. As outras são a Senador Dantas (que deu origem ao bairro curitibano Água Verde), a Santa Felicidade (atual pólo gastronômico da capital paranaense) e a Colônia de Santa Maria do Tirol, localizada no município de Piraquara (na Grande Curitiba). A influência italiana se faz presente em todas as regiões do estado (como no norte do estado, com o vocábulo terra roxa, oriundo da confusão da língua italiana para a cor vermelha - "terra rossa").

Em Curitiba chegaram a partir de 1872, estabelecendo-se como agricultores em vários núcleos coloniais da região, que posteriormente deram origem aos atuais bairros de Pilarzinho, Água Verde, Umbará e Santa Felicidade (tradicional bairro de cultura e gastronomia italiana da capital paranaense), por exemplo. Com o passar do tempo adotaram outras atividades, incluindo industriais e comerciais.

Fato inédito no Brasil, a Colônia Cecília foi a primeira experiência anarquista no país [26]; fundada em 1890 no atual município de Palmeira por um grupo de libertários mobilizados pelo italiano Giovanni Rossi, os colonos plantaram mais de oitenta alqueires de terra - em área que lhes fora cedida pelo Imperador Pedro II, pouco antes da proclamação da República - e construíram mais de dez quilômetros de estrada, numa época na qual inexistiam máquinas, tratores ou guindastes de transporte de terras. Nos quatro anos de existência da colônia, sua população chegou a atingir cerca de 250 pessoas. O experimento da Colônia Cecília terminou por vários motivos, tanto econômicos como sócio-culturais.

Outras cidades receberam imigrantes italianos: além de municípios da Microrregião de Paranaguá (na Serra do Mar e litoral) e a capital, cidades da Grande Curitiba (como São José dos Pinhais, Araucária, Campo Largo, Piraquara, Cerro Azul e Colombo), assim como do interior receberam significativo número de imigrantes[27]. Atualmente representam cerca de 40% da população paranaense, sendo o estado sulista com maior população descendente de italianos[18].

[editar] São Paulo
Imigrantes posando para fotografia no pátio central da Hospedaria dos Imigrantes, ca. 1890.O estado de São Paulo possui a maior colônia italiana no Brasil. Atraídos para trabalharem nas colheitas de café, no ano de 1900 já viviam no estado 800 mil italianos. Com o fim da escravidão no Brasil, o país começou a atrair imigrantes a fim de substituir a mão de obra africana. São Paulo concentrava a maior parte das fazendas de café e, por isso, recebeu mais de 70% de todos os imigrantes italianos que vieram para o Brasil.

Com a decadência da produção cafeeira, os italianos passaram a rumar cada vez mais para o centros urbanos, onde chegaram a compor a maior parte da mão-de-obra nas indústrias paulistas. A influência italiana em São Paulo é evidente tanto no interior do estado, como nas regiões urbanizadas, em bairros como a Mooca ou o Bixiga.

Atualmente, vivem em São Paulo treze milhões de italianos e descendentes, representando cerca de 32,5% da população do estado.[28]

[editar] Na capital
O Edifício Itália, no centro de São Paulo, um dos símbolos da imigração italiana na cidade.Cidade de São Paulo [29] Ano Italianos Porcentagem da população da cidade
1886 5.717 13%
1893 45.457 35%
1900 75.000 31%
1916 187.540 37%
[editar] Minas GeraisVer artigo principal: Imigração italiana em Minas Gerais
Minas Gerais tornou-se um dos maiores redutos da colônia italiana do Brasil. A imigração ficou dividida em dois segmentos: colonos agricultores que foram atraídos para os arredores de Belo Horizonte e trabalhadores para o café, atraídos para o Sul de Minas. Em 1900, já viviam no estado 70 mil italianos.

Atualmente, vivem em Minas Gerais 1,5 milhão de descendentes de italianos, representando cerca de 7,5% da população do estado.

O Cruzeiro Esporte Clube foi fundado em 1921 pelos italianos, como Società Sportiva Palestra Italia e só alterou seu nome devido a Segunda Guerra Mundial.

[editar] Rio de JaneiroAo contrário do que sucedeu no restante do Brasil, no Rio de Janeiro os imigrantes italianos eram majoritariamente urbanos, trabalhando principalmente na indústria e no comércio. Em 1900 viviam no estado 35 mil italianos, a maioria na própria cidade do Rio de Janeiro, e o restante nas colheitas de café.

Atualmente, vivem no Rio de Janeiro 600 mil italianos e descendentes, representando cerca de 4% da população do estado.

A cidade de Valença, no sul do estado possui a maior colônia de descendentes de italianos do estado do Rio de Janeiro. [30]

[editar] Espirito SantoO Espírito Santo abriga uma das maiores colônias italianas do Brasil. Os imigrantes foram atraídos para o Estado a fim de ocupar inicialmente a região das serras. Os imigrantes foram obrigados a enfrentar a mata virgem e foram abandonados pelo governo à própria sorte. A situação de miséria vivida por muitos colonos fez com que, em 1895, o governo italiano proibisse a emigração de seus cidadãos para o Espírito Santo.[31] De qualquer forma, a contribuição italiana para a cultura e economia do Estado foi de fundamental importância e, hoje, o Espírito Santo possui a maior porcentagem de ítalo-descendentes do Brasil, atualmente prósperos na Capital ou nas cidades do interior, onde mantêm as tradições seculares de seus antepassados.

A imigração de fato de italianos para o Espírito Santo inicia-se com a Expedição Tabacchi, organizada por um fazendeiro norte-italiano, Pietro Tabacchi, que organizou um projeto de colonização em sua propriedade, Monte das Palmas, localizada nas imediações de Santa Cruz (atual município de Aracruz) em 1874. De acordo com o sociólogo italiano Renzo Grosselli essa expedição, composta por 386 camponeses do Trentino (à época denominado de Tirol Italiano e sob o domínio austríaco) e do Vêneto, além de um padre e de um médico, inaugurou a imigração em massa de italianos para o Brasil. Esses imigrantes embarcaram no navio La Sofia, no porto de Gênova, em 03 de janeiro e finalmente chegam à baia de Vitória em 17 de fevereiro de 1874. O desembarque em terra dos primeiros passageiros imigrantes iniciou-se no dia 21 do mesmo mês. Diante desse importante fato histórico para os italianos no Brasil, essa data é hoje reconhecida como o Dia Nacional do Imigrante Italiano, um projeto de lei sancionado pelo Governo Brasileiro em 2008.

Devido ao isolamento de mais de um século, as colônias italianas do interior do Espírito Santo ainda mantêm costumes dos imigrantes e muitos dos descendentes ainda falam dialetos italianos.

Atualmente, vivem no Espírito Santo 1,7 milhão de italianos e descendentes, já bastante miscigenados com descendentes de outros povos, representando cerca de 65% da população do estado. É comum encontrar no estado pessoas com um sobrenome italiano e outro derivado de alguma outra região, como a Alemanha, a Pomerânia, o Líbano, Portugal e Espanha. No estado foi maior a miscigenação de italianos com alemães pois quando o Brasil ingressou na segunda guerra mundial, Getúlio Vargas deixou estritamente proibida a fluência do idioma alemão, e no Espírito Santo haviam colônias que ainda o falavam. Para assimilar o idioma foram reforçados pelo governo casamentos entre italianos e alemães, sendo assim, muito forte no Espírito Santo, a união dessas culturas. Também se encontra no Espírito Santo, descendentes de italianos miscigenados com outras etnias, provenientes da África e do Oriente Médio, apesar da miscigenação de italianos com estes ter sido menor do que a com alemães, sendo fácil assim, encontrar capixabas que podem ser classificados tanto como ítalo-capixabas como teuto-capixabas, tendo ancestralidade de ambas as regiões.[carece de fontes?]

[editar] Centro-Oeste do BrasilPraticamente não houve imigração italiana para a região Centro-Oeste do Brasil. A maior parte das pessoas de origem italiana da região são migrantes oriundos do Sul do Brasil. A partir da década de 1970, a falta de oportunidades no interior do Sul fez com que milhares de sulistas migrassem para o Centro-Oeste, em especial para o Mato Grosso do Sul. Entre esses migrantes, figuravam milhares de ítalo-brasileiros.[32]

Atualmente, vivem na região Centro-Oeste 400 mil italianos e descendentes, representando cerca de 4% da população da região.

[editar] Norte do BrasilNo Norte do Brasil, os imigrantes italianos fixaram-se majoritariamente no Acre. Atualmente, vivem na região Norte cerca de 1 milhão de italianos e descendentes, representando cerca de 11% da população da região.[18]

[editar] Nordeste do BrasilA imigração italiana do Nordeste teve um padrão, que pode compreender quatro fases: a pré-colonial, a colonial, a imperial e a republicana. A descendência italiana na região se tornou indecifrável por causa da miscigenação [33].

Na fase pré-colonial, o território nordestino era para os europeus apenas uma massa de terra dentro do Brasil, eles toleraram os povos indígenas da região e o que lhe eram de direito, fazendo apenas o avistamento da costa, para num futuro próximo engana-los através do escambo e logo depois tentar escravizá-los. Nessa fase a entrada de italianos no Nordeste já era considerada como importante, devido à sua presença em várias expedições exploradoras, no que lhe renderam experiências no Mediterrâneo, e acabando por ficar na Península Ibérica à procura da oportunidade de participar de outras expedições marítimas, a fim de achar riquezas e de aumentar os seus negócios, fazendo eles partirem para o Nordeste do Brasil. Entre os navegadores, o mais famoso a pisar em terras nordestinas foi o florentino Américo Vespúcio, que por suas cartas, acabou por dar seu nome para ao continente "descoberto" por Cristóvão Colombo.

Na fase colonial, entre 1535 a 1822, a atuação da imigração foi diferente, tendo em vista que os territórios já não eram os mesmos, pois os portugueses para realizar totalmente a conquista do país, se fixaram no território, colocaram a baixo as nações indígenas e reorganizaram o lugar em função de uma economia de exportação de riquezas, nessa fase os indígenas já lutavam contra os franceses, ingleses e holandeses, que também queriam as terras. Assim os reis de Portugal e da Espanha (durante o domínio espanhol de Nápoles) criaram uma guerra contra os holandeses entre 1624 a 1654 (na época da Nova Holanda), utilizando, forças militares italianas vinda de Nápoles. Ainda nessa fase foram numerosos os sacerdotes italianos enviados ao país, para trabalharem no processo de evangelização dos povos indígenas. Dois jesuítas italianos, Andreoni e Benci, se destacaram por haver escrito livros sobre o Brasil, no século XVIII. Outros religiosos vindo para o Nordeste Brasileiro, são os capuchinhos, que foram desbravadores dos sertões. Além dos religiosos e das forças militares, muitos costureiros, alfaiates, sapateiros, funileiros, caldeireiros, mecânicos e etc, se fixaram tanto nas capitais como no interior do Nordeste, a fim de trabalhar.




Na fase imperial, as coisas também foram diferentes, houve uma preocupação com a ocupação de posições consideradas importantes para o governo brasileiro e com o desejo de "embranquecer" a população. Por isto, o governo passou a desenvolver uma política de colonização, com mais intensidade no sul do país, não só com os italianos, como com outras nacionalidades europeias. Eles se instalaram no país e passaram a se mobilizar por outras províncias do Império. A partir de então, a descendência italiana no Nordeste já estava indecifrável por causa da miscigenação.

Na fase do Brasil republicano, o Nordeste continuou a receber italianos, que vieram por causa do grande crescimento e da modernização da agroindústria canavieira, do desenvolvimento da indústria têxtil, do crescimento da cultura do cacau e do lançamento, no mercado externo, de produtos extrativos.

Após a Segunda Guerra Mundial, houve novas experiências, como a de implantação de uma colônia de agricultores em Jaguaquara e Itiruçu, na Bahia, o que provocou modificações nos usos e costumes dessas cidades.[34]

Em 1837 chega à Bahia um grupo de 62 exilados políticos oriundos da península italiana, que foram presos devido às agitações políticas que ocorriam no período que antecedeu à unificação da Itália. Estes exilados sensibilizaram-se e aderiram ao movimento revolucionário que ocorria em Salvador, a Sabinada. Alguns foram presos, outros retornaram para a Itália e houve aqueles que mudaram para o Rio de Janeiro. Este envolvimento político dos imigrantes fez com que uma nova leva de exilados, oriundos da região de Nápoles, fosse cancelada.[35] Em 1950, alguns rumaram para Itiruçu, fundando a colônia Bateia.

Com a migração inter-regionais, alguns descendentes de italianos oriundos do Sudeste do Brasil vivem na região. Atualmente, vivem no Nordeste 150 mil italianos e descendentes (ainda reconhecidos, por não terem passado por miscigenações), representando cerca de 0,35% da população da região.

[editar] O declínio da imigração italiana
Casa de pedra e madeira do fim do século XIX em Caxias do Sul, influenciada pela arquitetura italianaAs contínuas notícias de trabalho semi-escravo e condições indignas nas fazendas de café do Brasil fizeram com que a imigração de italianos para o Brasil caísse, e se desviasse para os Estados Unidos e Argentina. Em 1902, a Itália ativa o "decreto Prinetti", proibindo a imigração subsidiada para o Brasil, devido aos relatos de trabalho semi-escravo nas fazendas de café de São Paulo.[36]

A imigração italiana no Brasil continuou grande até a década de 1920, quando o ditador Benito Mussolini, com seu governo nacionalista, passou a controlar a emigração italiana. Após a Segunda Guerra Mundial e a declaração de guerra do Brasil contra os países do eixo, a vinda de italianos para o Brasil entrou em decadência. Paralelamente, o país recebeu ajudas financeiras através do Plano Marshall, que obrigou a permanência de trabalhadores para reconstruir a Itália.[8]

No Brasil, com o excesso de mão-de-obra, o então presidente Getúlio Vargas decreta, em 1934, a Lei de Cotas de Imigração, que dificultava a entrada de estrangeiros no País. Após a II Guerra Mundial entraram, ainda, 106.360 italianos no Brasil encerrando, assim, o grande fenômeno migratório para o País.[37]

[editar] LínguaHoje em dia, quase todos os ítalo-brasileiros falam o português como língua materna. A língua italiana foi proibida no Brasil na década de 1930, pelo presidente Getúlio Vargas, após declarar guerra contra a Itália. Qualquer manifestação da cultura italiana no Brasil era crime. Isso contribuiu bastante para que o idioma italiano fosse pouco desenvolvido entre os descendentes de italianos.[38]

Na cidade de São Paulo, a diversidade dos falares dos imigrantes resultou numa maneira de falar bastante peculiar, que se difere substancialmente do falar caipira, que predominava na região antes da chegada dos italianos e é ainda generalizado no interior do estado. O novo falar se forjou da mescla do calabrês, do napolitano, do vêneto, do português e ainda com o caipira. Atualmente, a influência italiana no português falado em São Paulo não é tão grande quanto no passado, embora o sotaque paulistano continue marcado pelo dialeto ítalo-brasileiro que predominava na cidade no início do século XX. É de notar que a influência italiana no falar paulistano se generalizou bastante, ao ponto de englobar os habitantes da cidade que nem ao menos possuem ascendência italiana.[13]

Fenômeno semelhante ocorreu no interior do Rio Grande do Sul, mas englobando quase que exclusivamente a população de origem italiana. O dialeto talian (com raiz no vêneto), é bastante difundido nas zonas vinícolas do estado.[39] Nas zonas rurais marcadas pelo bilinguismo, mesmo entre a população monolíngue em português, o sotaque italiano é bastante característico.[40]

[editar] A influência italiana no Brasil e seus descendentes
Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha.A imigração italiana para o Brasil foi um dos maiores fenômenos imigratórios já ocorridos. A medida que o número de imigrantes e seus descendentes ia crescendo, o Brasil modificava os seus costumes, assim como os imigrantes modificam os seus. É de notar que a influência italiana no Brasil não ocorreu de forma uniforme: enquanto no Sul/Sudeste do País a comunidade italiana era forte e, em certas localidades, chegaram a representar a maioria da população, noutras regiões do País a presença italiana foi quase nula.

Das inúmeras contribuições dos italianos para o Brasil e à sua cultura, destacam-se:

Introdução de elementos tipicamente italianos no catolicismo de algumas regiões do Brasil (festas, santos de devoção, práticas religiosas).
Diversos pratos que foram incorporados à alimentação brasileira, como o hábito de comer panetone no Natal e comer pizza e espaguete frequentemente (principalmente no Sudeste), além da popular polenta frita.
O sotaque dos brasileiros (principalmente na cidade de São Paulo, o sotaque paulistano), na Serra gaúcha, no sul catarinense e no interior do Espírito Santo.
A introdução de novas técnicas agrícolas (Minas Gerais, São Paulo e no Sul).
A criação do time Palestra Itália em 1914 com o intuito de aproximar e unificar os imigrantes italianos que viviam na cidade de São Paulo. Mas por ocasião da segunda guerra mundial, o time foi forçado a mudar o seu nome para Sociedade Esportiva Palmeiras sob pena do clube perder todo o seu patrimônio físico. Isso por imposição da ditadura Vargas após declarar guerra contra a Itália, sendo criminalizado no Brasil qualquer manifestação cultural italiana.
A imigração italiana no Brasil também serviu de inspiração para várias obras artísticas, televisivas e cinematográficas, como as telenovelas Terra Nostra e Esperança, e o filme O Quatrilho, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

[editar] O abrasileiramento dos italianosPara fazer a América não é preciso somente trabalhar com esse bendito café, é necessário que nossos filhos frequentem a escola para aprender o português e todas as coisas deste país. Essa será nossa maior riqueza no Brasil.
— Fala anônima de um imigrante italiano no Brasil[carece de fontes?]. Séc. XIX
Católico e latino, o imigrante italiano se assimilou no Brasil mais facilmente que alemães e japoneses, por exemplo. O quase desaparecimento dos dialetos italianos no Brasil é um exemplo dessa rápida assimilação.[2]

É evidente, porém, as diferenças entre o grupo de italianos que se concentrou em colônias (no Sul) e os trabalhadores do café (Sudeste). Nas colônias, o imigrante se manteve por cerca de três gerações praticamente isolado com outros italianos nas zonas rurais sulistas. No Sudeste do Brasil, por outro lado, o italiano mais facilmente se integrava entre a população local.

[editar] A comunidade hojePopulação italiana no Brasil[41]
Ano Número
1920 558.405
1940 325.283
1950 242.279
1970 152.801
1991 53.543
2000 43.718
A população de imigrantes italianos no Brasil está, atualmente, em franco decréscimo. A maior parte dos imigrantes são idosos, visto que as últimas grandes levas de imigrantes chegaram na década de 1950. O número de italianos residentes no Brasil ultrapassava meio milhão de pessoas em 1920, caindo para apenas pouco mais de 40 mil em 2000.

Porém, no ano de 2003, segundo a Aire (l’Anagrafe degli italiani residenti all’estero) havia no Brasil 162.225 cidadãos italianos e, segundo os Anagrafi consolari del Ministero degli Esteri, há 284.136 cidadãos italianos no País. A maioria destes são cidadãos ítalo-brasileiros, visto que a Itália garante a cidadania italiana para os descendentes, salvo algumas exceções, e o Brasil permite a dupla-nacionalidade de seus cidadãos. De acordo com as leis italianas, não há diferença jurídica entre um italiano nascido na Itália ou no estrangeiro. Em São Paulo estão inscritos no Consulado 154.546 cidadãos italianos, no Rio de Janeiro 38.736, em Porto Alegre 37.278, em Curitiba 30.987 e em Belo Horizonte 13.769. O Brasil possui, de acordo com diferentes fontes, a oitava ou a sexta maior população de cidadãos italianos no mundo.[3]


Presidente Lula e membros da comunidade ítalo-brasilera durante a Festa da Uva.Quando se toma por base o número de brasileiros descendentes de italianos, o Brasil possui a maior população italiana fora da Itália. Não se sabe o número exato, visto que os censos nacionais não questionam a ancestralidade do povo brasileiro. Todavia, as estimativas oscilam entre 23 a 25 milhões os brasileiros com algum grau de ascendência italiana, representando cerca de 15% da população brasileira.[3]

Os italianos e descendentes não formam um grupo étnico à parte da população brasileira, mas integrante e enraizado dentro da sociedade brasileira. Seus descendentes figuram nos mais diversos setores da sociedade do País. Por exemplo, numa pesquisa de 2001, das 10.641 empresas industriais do Rio Grande do Sul, 42% estavam nas mãos de brasileiros de origem italiana.[3] Certas localidades do Brasil meridional e do Sudeste têm uma clara maioria de brasileiros de origem italiana. Tal fato é mais evidente em localidade rurais do Sul do Brasil, tomando por exemplo municípios como Nova Veneza, onde os de origem italiana somam 95% da população local.[42] Mesmo nas grandes metrópoles a presença da coletividade italiana é enorme: São Paulo com seus 10 milhões de habitantes, maior cidade do Brasil, possui 60% da população com ascendência italiana e, Belo Horizonte com 2,5 milhões de moradores, 30% é descendente.[43][44]

Nas eleições italianas de 2006, os italianos residentes no estrangeiro puderam participar. No Brasil, 62.599 cidadãos italianos votaram.[45]

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[editar] BibliografiaALVIM, Zuleika. Brava gente! os italianos em São Paulo, 1870-1920. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986.
BERTONHA, João Fábio. Os italianos. São Paulo: Editora Contexto, 2005. ISBN 8572443010
CENNI, Franco. Os italianos no Brasil. São Paulo: EDUSP, 2003. ISBN 8531406714
GROSSELLI, Renzo M. Colônias Imperiais na Terra do Café - camponeses trentinos (vênetos e lombardos) nas florestas brasileiras. Vitória: [Arquivo Público do Estado do Espírito Santo], 2008. ISBN 8598928011
TRENTO, Ângelo. Do outro lado do Atlântico. São Paulo: Studio Nobel, 1988 ISBN 852130563X
[editar] Ver tambémBrasileiros brancos
Imigração no Brasil
Ítalo-brasileiro
Imigração italiana em Jequié (Bahia)
Arquitetura colonial italiana no Rio Grande do Sul
[editar] Ligações externasO Commons possui uma categoria com multimídias sobre Imigração italiana no BrasilLo status degli italiani in Brasile (2006) (em italiano)
Centro di documentazione sulle popolazioni e le culture italiane nel mondo (em italiano)
Memorial do Imigrante
Imigração italiana no site do IBGE (Informações para crianças e adolescentes)
Sociedade Italiana do Rio Grande do Sul
Projeto Imigrantes - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
Imigração em São Paulo - Arquivo Público do Estado de São Paulo
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Categoria: Imigração italiana no Brasil
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