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Propagação da religião na sociedade actual
Nvunda Tonet
nvunda@portugalmail.pt
Bacharel em Psicologia pela Universidade Agostinho Neto, frequenta a Licenciatura em Psicologia Clínica pela mesma Universidade. Cronista no semanário Folha 8 (Angola) onde assina a página Psicologia e Você.
2007
Idioma: Português
Palavras-chave:
Antes de avançar propriamente para o conteúdo deste tema, é importante esclarecer aos leitores que o teor deste artigo é de cariz puramente técnico científico partindo sempre de uma abordagem lógico-formal e não tem intenção de ferir ou magoar indivíduos religiosos.
Há quem diga que é preferível ter uma religião, mesmo que ela não esteja correcta, do que ser um céptico, visto que se as pessoas fossem cépticas, nada as impediria de agir desordenadamente. Acredito que essa afirmação é correcta, visto que a grande maioria das pessoas já não se importa com o próximo mesmo seguindo seitas Cristãs, que pregam justamente o amor ao próximo.
Em princípio, portanto, em vez de perguntar o que é religião, preferíamos indagar o que caracteriza as aspirações de uma pessoa que dá a impressão de ser religiosa: uma pessoa religiosamente esclarecida parece-nos ser aquela que, tanto quanto lhe foi possível, libertou-se dos grilhões, dos seus desejos egoístas e está preocupada com pensamentos, sentimentos e aspirações a que se apega em razão do seu valor intra pessoal. Parece-nos que o que importa é a força desse conteúdo intra pessoal, e a profundidade da convicção na superioridade do seu significado quer se faça ou não alguma tentativa de unir esse conteúdo a um Ser Superior ou seja Deus.
Assim, uma pessoa religiosa é devota no sentido de não ter nenhuma dúvida quanto ao valor e eminência dos objectivos e metas supra pessoais que não exigem nem admitem fundamentação racional. Eles existem, tão necessária e corriqueiramente quanto ela própria. Neste sentido, a religião é o antiquíssimo esforço da humanidade para atingir uma clara e completa consciência desses valores e metas, reforçar e ampliar incessantemente o seu efeito. Quando concebemos a religião e a ciência segundo estas definições, um conflito entre elas parece impossível. Pois a ciência pode apenas determinar o que é, não o que deve ser, isso está fora do seu domínio, logo todos os tipos de juízos de valor continuam a ser necessários. A religião, por outro lado, lida somente com crenças, dogmas e espiritualidade: não lhe é lícito falar de factos e das relações entre os factos. Segundo esta interpretação, os famosos conflitos ocorridos entre religião e ciência no passado devem ser todos atribuídos a uma apreensão equivocada da situação descrita. Nesta ordem de pensamento, podemos definir Religião como sendo um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que a humanidade considera como sobrenatural, divino e sagrado, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças.
As primeiras reflexões sobre a religião foram feitas pelos antigos Gregos e Romanos. Xenofonte relativizou o fenómeno religioso, argumentando que cada cultura criava deuses à sua semelhança. Embora cada religião apresente elementos próprios, é também possível estabelecer uma série de elementos comuns às várias religiões e que podem permitir uma melhor compreensão do fenómeno religioso. As religiões possuem grandes narrativas, que explicam o começo do mundo ou que legitimam a sua existência. O exemplo mais conhecido é talvez a narrativa do Génesis na tradição judaica e cristã. As religiões tendem igualmente a sacralizar determinados locais. Os motivos para essa sacralização são variados, podendo estar relacionados com determinado evento na história da religião (por exemplo, a importância do Muro das Lamentações no judaísmo) ou porque a esses locais são associados acontecimentos miraculosos (santuários católicos de Fátima ou de Lourdes).
Na antiga religião grega, os templos não eram locais para a prática religiosa, mas sim locais onde se acreditava que habitava a divindade, sendo por isso sagrados. As religiões estabelecem que certos períodos temporais são especiais e dedicados a uma interacção com o divino. Esses períodos podem ser anuais, mensais, semanais ou podem mesmo se desenrolar ao longo de um dia. Devemos ser contra a crença fanática sobre Jesus Cristo, porque hoje devemos defender e divulgar as descobertas científicas. Não quer com isto dizer que as pessoas devem abandonar a religião, mas justamente fazer o contrário. Uma pessoa que se acha religiosa, deve saber reconhecer os pontos fortes e os pontos fracos da sua doutrina e ter em mente que a fé, ou crença em Deus irá resolver todos os seus problemas existenciais.
Apoio essas ideias porque além de combaterem o racismo, a pior das discriminações, minam o poder da Igreja, que sempre foi uma opressora social e psicológica. As pessoas não se comportam melhor por acreditarem em Deus, mas pelo valor moral que a sociedade deposita nessas mesmas pessoas. Hoje há uma tendência para as pessoas que recorrerem as igrejas ou seitas religiosas faze-lo apenas quando se vêem aflitas com determinado obstáculo financeiro, material, profissional ou mesmo quando passam ou passaram por uma doença de difícil tratamento em termos medicinais, atribuindo neste caso, a cura não os conhecimentos da medicina, mas aos juramentos, orações e espíritos do pastor. A fé está em cada um de nós independentemente de ser ou pertencer a uma seita religiosa. A actual situação religiosa que se vive no país é bastante preocupante e deve merecer por parte dos especialistas em saúde mental uma reflexão proeminente, pois as pessoas no fundo ao frequentarem as igrejas vão em busca de algo, menos da fé, espiritualidade, fidelidade, solidariedade, amor ao próximo e caridade.
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