quarta-feira, 1 de setembro de 2010

3026 - JOÃO WYCLIFFE

O cenário de fundo da reforma

Estabelecer uma data exata do inicio dos Batistas do Sétimo Dia é tarefa tão difícil como um genealogista estabelecer a origem exata de sua família. Mas podemos retraçar nossas origens até onde os documentos o permitirem. 0 intento desta matéria não é estabelecer uma linha documentada que conduz à sucessão apost6lica. Antes é nosso intento examinar as sementes que germinaram e cresceram até desabrochar no surgimento histórico da denominação batista do sétimo dia, cujas origens se perdem nas brumas do tempo.

A primeira congregação que se denominou batista do sétimo dia apareceu na Inglaterra em meados do décimo sétimo século. Havia muitos dissidentes da igreja oficial inglesa. A época era propicia, após uma guerra civil ocorrida por motivos religiosos, para a surgimento de novas denominações, de acordo com as convicções religiosas oriundas do estudo direto das Sagradas Escrituras, combinados com uma herança espiritual de valores recebidos eventualmente por ancestrais anabatistas. Isto muito embora que na época do surgimento de nossa denominação, por motivos de circunstâncias desfavoráveis e perseguições, não era admitido nenhum vínculo com os anabatistas.

A Igreja da Idade Média

Atribuiu-se ao escritor do décimo quarto século, Boccacio, a seguinte história: Era de um sacerdote já idoso que queria persuadir um vizinho seu a tornar-se Cristão. Seu amigo aparentou estar interessado, mas condicionou a sua adesão a uma visita em Roma. 0 velho Sacerdote ficou assustado com semelhante pedido, pois estava consciente de que ver de perto a "Santa Sé" romana não faria bem para algu6rn que quisesse examina-Ia com a finalidade de decidir se poderia tornar-se um cristo. Mas corno não pôde contornar a determinação do vizinho de executar seu intento, acompanhou-o na viagem para Roma. E este viu o que o sacerdote temia. Urna vida de luxos, pompa e riquezas e contraste com a simplicidade e pobreza do povo que sustentava todo este império da fé. Ele viu pessoas vindas de toda a parte negociando poder político e religioso. Havia tão pouco para ser visto par alguém que estivesse à procura da verdade.

No retorno ao lar a velho sacerdote ficou surpreso porque seu amigo pediu para fazer parte da igreja. Antes a velho sacerdote lhe perguntou se vira a real situação da igreja. Este lhe respondeu que sim. Em Roma ele contemplara toda a sorte de pecados, vícios e corrupções na Igreja, e isto, declarou ele ao amigo sacerdote, somente o deixara mais determinado a unir-se a ele. Então a ancião pergunta espantado, por uma explicação melhor, porque não estava entendendo nada. Então o amigo retruca: Se uma instituição de Iiderança espiritual tão pobre, e tão cheia de pecados pôde sobreviver por tanto tempo, então existe um grandioso poder escondido em alguma parte dela, e eu you descobrir onde está.

Há três importantes idéias ilustradas nesta hist6ria. Havia corrupção, mas havia também um poder estabilizador, e em algum tempo o povo se deparou com uma oportunidade de escolha.

A reforma protestante

A idéia contida na reforma protestante implica em dois conceitos distintos: 1) 0 protesto contra tudo o que estava errado dentro da igreja católica, da época. 2) A reforma, ou mudança, adequando a igreja às verdades recém descobertas.

No início da reforma não havia o pensamento de abandonar a igreja católica. Aliás, o mito arraigado da igreja verdadeira, tornava inconcebível a idéia de ser cristão fora da igreja católica, * pois na mente dos povos, apenas uma única organização eclesiástica poderia ser verdadeira, ou portadora das verdades de Deus.

0 segundo mito prevalecente na idade medieval e que também ficou profundamente arraigado na consciência popular de todos os tempos * é o da autoridade da igreja, mais especificamente com relação à doutrina das chaves (Mt. 16:19). Baseado no mito de que Pedro fundara a organização católica romana (que só passou a existir como organização federativa entre as anos 250-275 A.D.). Surgiu o mito de que esta organização teria a autoridade de ligar e desligar no céu e na terra. Por estas razões o catolicismo romano se tornou um império, uma verdadeira ditadura espiritual, que a semelhança dos fazendeiros criadores de gado que marcam o seu gado com o método cruel do ferro em brasa, deixou também suas marcas cruéis na consciência dos povos, ou seja os seus dogmas de infalibilidade e de suprema autoridade espiritual. Podemos chamar este fenômeno como eclesiolatria ( adoração da organização eclesiástica), e por sinal, já muito cedo na história da igreja podemos identificar a ocorrência deste fenômeno. Cipriano de Cartago, no meio do terceiro século, escreveu:

*A igreja visível tem a autoridade das chaves sempre que os que nela militam agem guiados pelo Espírito Santo. É a atuação direta do Espírito Santo no Corpo de Cristo, a igreja, que produz autoridade. A autoridade não deriva da força de um cargo nem do tamanho e da força de uma organização religiosa. Deriva, isto sim, do grau em que as pessoas consagradas se deixam dirigir pelo Santo Espírito de Deus. 0 Espírito dirige a igreja de Deus na terra e absolutamente nada do que é feito, dito, ou pensado sem Dele depender tem algum valor ou autoridade *.

0 mito da "igreja verdadeira", referente à igreja visível, sobrevive hoje, profundamente inculcado na consciência dos povos. Na realidade, a congregação, ou mesmo a denominação religiosa, que é formada de um conjunto de congregações agregadas entre si, constituem agremiações representativas do reino de Deus. Ou seja, a denominação religiosa é uma agremiação simbólica do reino de Deus, e não deveria ser confundida com o reino de Deus que é pura perfeição, enquanto que a igreja visível é imperfeita. Não é imperfeita só porque é formada de joio e trigo (salvos e perdidos), mas também porque os santos homens (salvos) que a compõem, embora sejam habitação do Espírito Santo. tem sérias Imitações para entender plenamente as verdades contidas na Palavra de Deus.

Os próprios apóstolos, mesmo após a recebimento do poder pentecostal revelaram graves limitações de entendimento. Tiveram de se defrontar com uma cruel perseguição para sair de Jerusalém e cumprir o ‘ide" de Cristo. Pedro teve que escutar da boca de Paulo, uma descompostura em público, e só então aquela cabeça dura se abriu para entender que a salvação vem pela infinita misericórdia de Deus e não pelos méritos oriundos de nossa obediência às suas leis. As pessoas devem ser incentivadas a buscar a perfeição diretamente em Cristo e no ministério consolador do Espírito Santo e não nas estruturas organizacionais e doutrinarias das denominações, por digno e honroso que seja o seu trabalho de ajudar a expandir o reino de Deus na terra.

"Não pode ter Deus como pai, aquele que não tem a Igreja como mãe. Se alguém teve possibilidade de escapar do dilúvio estando do lado de fora da arca, então também é possível que alguém se salve do lado de fora das portas da igreja".

Muito cedo se perdeu de vista que a arca é um Símbolo de Cristo, e não da igreja, era a situação nos dias de Lutero.

Lutero, um optante pela fé

Martinho Lutero teve êxito na tentativa de empreender a reforma da Igreja. Frustrado de buscar a paz pelas formulas da igreja, com seu sistema penitencial e obras meritórias, encontra-a finalmente em um encontro pessoal com o Senhor Jesus através da fé. Seu estudo da bíblia fê-lo encontrar o caminho da benção (Mas o justo viverá pela fé. Rom. 1:17).

Impressionou a mente de Lutero a diferença das promessas bíblicas, com o sistema de salvação oferecido pela Igreja Católica, tal como as vendas de indulgências por toda a Alemanha, comandadas por João Tetzel, com refrães semelhantes ao que segue, Tetzel apregoava: "Quando a moeda cai no fundo da salva (saco de coleta) a alma salta do purgat6no para o céu, completamente salva".

As denominações sectárias em nosso país. Como Testemunhas de Jeová, Mórmons, Deus é amor e muitas outras usam a simbologia da arca de Noé, identificando-a com suas respectiva denominações.

As noventa e cinco teses

Um método comum de protesto era o debate. Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou nas portas da igreja do castelo de Wittemberg, cartazes contendo 95 teses ou declarações, propondo como matéria de discussão com os teólogos da Igreja. Ele questionou no entanto, que se o papa possuísse o pretendido poder de perdoar pecados, deveria exercê-lo intercedendo junto a Deus pelos pecadores, e pela prática da caridade ir ao encontro das necessidades das almas.

Pelos seus contínuos ataques Lutero foi excomungado em 1521 e declarado fora do alcance das graças salvadoras da igreja. Em sua defesa Lutero apelou para o crescente sentimento nacionalista que se espalhava pelos territórios alemães, demonstrando que não só a igreja errava em sua teologia como errava abusando de seu poder temporal. Duque Frederico o sábio, eleitor da Saxônia, tornou-se o protetor de Lutero. A causa atraiu outros insatisfeitos e logo uma brecha irreparável se abriu no imenso monopólio espiritual do poderio romano.

Convencido pelas Escrituras

Diante do tribunal imperial, conhecido corno dieta de Worms, Lutero foi intimado a retratar-se e negar seus próprios escritos. A sua resposta foi:

" A minha consciência se tornou cativa da Palavra de Deus. Eu não posso e não desejo retratar-me de nada, porque agir contra a nossa consciência não é seguro para nós, nem lícito para nós. Assim eu tomo a minha posição e, não posso agir de outra forma. "

Uma vez feito o "racha"abriu-se uma chance alternativa para os cristãos, um novo abrigo espiritual, que logo seria seguido por outros.

Zwinglio - Um pregador bíblico

Uma outra voz poderosa que se fez ouvir no movimento de reforma foi a do pregador Ulrich Zwinglio na cidade de Zurique. Um grande estudante da Bíblia e muito bem versado no "Koinê, o grego do Novo Testamento. Seu nome não está atrelado a nenhuma grande denominação protestante, dado o seu falecimento prematuro em uma guerra entre protestantes e católicos suíços. Mas sua influência atingiu muitos movimentos religiosos, como por exemplo os menonitas que o têm em grande apreço.

Zwinglio era um cristão essencialmente bíblico em suas posturas. Em uma comparação com Lutero diríamos que Lutero tinha uma atitude mais passiva com a palavra de Deus e Zwinglio mais ativa. Ou seja, Lutero não permitiria nenhum padrão proibido pela palavra e Zwinglio iria além, rejeitando também aquilo que não era recomendado pela palavra de Deus e, não só o que era proibido.

Calvino - um cativo da soberania de Deus

A liderança da reforma Suíça, com a morte de Zwinglio, passou para João Calvino, jovem estudante francês, que teve que fugir da França, país fortemente católico. Ele se dirigiu primeiro a Basiléia onde publicou a primeira edição da "Institutas da religião Cristã", uma exposição simples, compreensiva e completa das posturas, conteúdo e princípios da fé Cristã. Foi convidado para Genebra onde funda um estado teocrático. Seu conceito da soberania de Deus o levou a conceber um estado teocrático onde através do consistório tinha poder político e religioso.

O Consistório era uma mistura de "conselho diretivo eclesiástico - prefeitura -câmara legislativa" e mantinha um severo controle ético sobre a população.

Na prática a teocracia calvinista era tão autoritária e capaz de violar a liberdade de consciência, como a igreja romana contra a qual estavam rebelados, mas havia uma tremenda diferença nas respectivas teologias, a calvinista e a católica. Agora comparando com o outro grande reformador, assim como Lutero teve profunda experiência com Deus mediante a fé, Calvino experimentou a gloriosa soberania de Deus em sua vida. A importância que para Lutero tinham as palavras "mas o justo viverá pela fé", tinham para Calvino as palavras: "Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu"(Mt 6:10).

Eleição e predestinação

A vontade soberana de Deus incluía a eleição e predestinação. Calvino a definia nas seguintes palavras: "O eterno decreto de Deus, mediante o qual Ele decidiu em sua própria mente o que Ele desejava que acontecesse concernente ao caso de cada indivíduo. Porque todos os homens não foram criados com o mesmo objetivo, pois para uns a vida eterna foi preordenada, enquanto que para outros a condenação eterna." Calvino não cria em salvação por obras, mas como Tiago, que a fé sem obras é morta. Ele cria que a pessoa predestinada para a salvação já era inclinada a fazer boas escolhas e optar sempre por uma vida de santidade e retidão.

Lutero também cria na eleição e predestinação, mas de uma forma muito mais em harmonia com o contexto amplo da Bíblia. Porque Deus sendo Eterno e Onisciente Ele vive no Eterno presente. Uma vida que na dimensão temporal humana está no futuro; para Deus, é como se estivesse no passado. Então desde a eternidade Deus já estava tão familiarizado com cada vida humana, e com o conjunto de decisões, opções e escolhas que ocorreriam em cada vida, ou seja o caráter de cada ser humano, que já podia desde a eternidade escrever em seu livro o nome dos salvos.

Calvino negou a livre escolha de cada indivíduo para a vida eterna ou morte eterna, o que tornaria até obsoleta a pregação do evangelho. Para Lutero, que aceitava a teologia de Sto. Agostinho, o homem possuía o livre arbítrio para aceitar a graça redentora, ou rejeitá-la. Para Calvino o homem era um robô, programado para a salvação ou condenação. Para Lutero o homem era um ser moral, suficientemente livre, para aceitar a operação gloriosa da graça redentora em sua vida, se assim o quisesse.

Conceito estatal de Igreja

Tanto luteranos corno calvinistas mantiveram, infelizmente, o conceito da igreja estatal, semelhante ao da igreja católica romana, donde saíram.

Isto significava que se a pessoa nascesse em uma área geográfica controlada pela igreja luterana, a pessoa era luterana, tão logo fosse batizada. Se fosse território calvinista a pessoa seria calvinista e o mesmo valia para as pessoas das áreas geográficas de jurisdição católica. Por isto cada uma destas religiões tinha pressa de batizar seus infantes pois assim sua religião ficava definida.

Os anabatistas : Defensores do pacto,ou convenção.

Os anabatistas interpretavam a igreja como uma colônia no meio do estado. Seguindo os ensinos de Zwinglio reconheciam que as igrejas do Novo Testamento eram congregações individuais, estabelecidas não por conquista ou decreto, mas como resultantes do testemunho e da persuasão do evangelho, resultante da pregação. Então, através de um pacto ou convenção eles decidiam formar urna congregação.

Batismo, um item em questão.

O termo anabatista tem sua origem significava etimologicamente, aná = contra, batista = batismo. Isto é contra o batismo ( por aspersão. obviamente) .Mas agora ressurgem na história, como seguidores de Zwinglio, e neste tempo anabatista interpretado como rebatizadores, o que em termos práticos resulta em um sentido semelhante aos anabatistas da antiguidade, que, por serem contra o batismo por aspersão, acabavam rebatizando as pessoas que se convertiam de forma genuína. A palavra anabatista aparece primeiro em conexão com a controvérsia donatista do IV século, quando a questão era se os que ofereceram incenso ao imperador deveriam ser readmitidos. Mais tarde o código Justiniano viria a considerar o rebatismo como heresia a ser punida com a morte.

Os anabatistas do décimo sexto século não consideravam que praticavam rebatismo, não tanto pela diferença de forma do rito (imersão ao invés de aspersão), principalmente porque o verdadeiro batismo é precedido por uma escolha pessoal e uma profissão de fé em Cristo, conforme exige a palavra de Deus, ou seja, primeiro a pessoa precisa crer e depois receber a batismo como um selo da fé.

O conceito de uma igreja estatal, impede a aceitação do procedimento bíblico quanto ao batismo, porque fazendo-o depender do ato de crer, deixaria muita gente do lado de fora da igreja.

A idéia corrente, influenciada pelo mito de que a batisma em si, possui poder salvífico, era de que a pessoa não batizada estava destituída do direito de salvação. Tal ameaça aos fundamentos da sociedade era considerada muito inconveniente e perigosa.

Em 1526 a concílio de Zurique, Suíça, decretou que qualquer um que fosse flagrado batizando, deveria ser morto por afagamento nas próprias águas em que fosse praticado o batismo. Calcula-se que neste período, de quatro a cinco mil anabatistas tenham sido executados, ora pela fogo, ora pela espada, mas na maioria das vezes por afogamento. Tal perseguição teve efeito similar no tempo dos apóstolos. Os anabatistas foram espalhados para todas as partes formando pequenas comunidades de indivíduos.

A comunidade de crentes

A independência dos anabatistas e a sua liberdade de consciência em alguns tempos os levava a excessos que denegriam a imagem de todo a movimento, expondo-os como revolucionários. Mas a despeito de sua reputação de heréticos, eles forneceram alguns conceitos muito importantes para a reforma.

1) - Eles escolheram um estilo de vida no qual obedecer a Cristo e seguir o seu exemplo era mais importante do que obedecer as doutrinas da igreja.

2) - Eles se recusavam terminantemente a fazer juramentos comprometendo-se junto às autoridades, e recusavam qualquer composição ou participação no governo secular. Foram os primeiras a fazer total separação entre a igreja e o estado.

3) - Como uma comunidade de crentes, eles desenvolveram o modelo congregacional de governo eclesiástico, no qual as decisões pertinentes à doutrina, disciplina etc, são todas tomadas em consenso com toda a congregação e não isoladamente pelo líder. Isto incluía obviamente a interpretação da Palavra de Deus.

0 modelo estabelecido na procura da verdade chamava-se restituição, o que se havia perdido. Eles partiam da premissa de que na era do imperador Constantino a Igreja caiu, paganizando-se sendo defraudada de sua essência cristã. Após a queda da Igreja, importava agora tentar seguir a exemplo da Igreja primitiva, e tentar resgatar tudo o que a apostasia roubou. Este foi o argumento de Daniel Liechty, que ressaltava que por este tempo a religião cristã tornou-se a religião do Império romano e não a religião de pessoas que aceitavam a Jesus de forma pessoal crendo Nele como Salvador.

Alguns dos anabatistas da Europa Central, no inicio do décimo sexto século, eram guardadores do sábado da Bíblia. Eles interpretavam o decreto de Constantino de 325 AD. como o sinal da queda da igreja romana. 0 mais proeminente deles foi André Fischer que viveu de 1480-1540. Acerca dele Liechty escreveu: "Seu sabatarianismo foi parte integral e essencial de sua total adesão à reforma cristã. Uma adesão caracterizada pelo padrão restitucionista de pensamento".

Um líder anabatista que se tornou bem mais conhecido, foi o ex-sacerdote Menno Sirnons, do qual os menonitas receberam o nome. Os menonitas colaboraram muito para o modelo de cristianismo que apareceu na era que se seguiu à reforma protestante, ou seja o modelo de igrejas livres onde as pessoas têm o direito e a liberdade de fazer escolhas.

Conclusão

A reforma européia foi similar à experiência do povo de Israel, quando chegou às bordas da terra prometida. Quando procuravam ser o povo de Deus eles haviam sobrevivido à séculos de escravidão e uma geração de peregrinação no deserto.

A redescoberta da Bíblia no décimo 'sexto século foi semelhante a missão dos doze espiões na terra da promessa, observando o que era o seu novo lar prometido. Muitos deles recusaram -se a entrar na posse daquele paraíso, preferindo o tradicionalismo do passado.

Um século após o início da reforma, o Pr. John Robison, na Holanda se despedia de uma parte de sua congregação, que embarcava para a Nova Mundo (América). Pediu que ficassem de sobreaviso.

"‘Tomem cuidado com o que recebem como verdade, examinem bem e comparem, e pesem na balança com outras verdades das Escrituras, antes de recebê-las", pois disse ele, "não é possível que o mundo cristão, após sair tão tardiamente do meio das densas trevas do anticristo, irrompa de uma só vez para o patamar da plena luz e do conhecimento".

0 continuo crescimento no entendimento da verdade bíblica e a sua aplicação a vida da comunidade de crentes caracteriza qualquer povo ou pessoa escolhidos por Deus.

Gerações posteriores de crentes têm muito a agradecer a Lutero, pela sublime visão de que o pecador coberto com a Justiça de Cristo é declarado justo perante o trono de um Deus Santo, amparado pela infinita misericórdia de Deus. Zwinglio mostrou o caminho para o retorno à fé simples, e mostrou como era a igreja do Novo Testamento. Calvino nos deslumbra com a visão da soberania de Deus.

Os anabatistas colaboraram com a revelação que a igreja do novo testamento é uma comunidade de crentes,cujo elo entre é a fé pessoal em Jesus, aceito como Redentor, e que ela não precisa da ajuda do Estado, sendo sustentada por Deus, e nem deve de forma alguma ter ligação com o poder secular para que a consciência permaneça livre e protegida.

A reforma Inglesa aconteceu no contexto das rápidas mudanças que se verificavam no clima religioso do continente. Na Inglaterra um grupo distinto de pessoas conhecidas corno batistas do sétimo dia, surgiram em cena, frutos da reforma. As escolhas dos grandes reformadores afetaram, mas não limitaram as escolhas que se seguiram. Batistas do sétimo dia, corno muitos outros neste tempo, não estavam convencidos de que a plena perfeição da verdade já havia brotado em meio às trevas do anti-cristo. 0 seu conceito do sábado era apenas uma das áreas nas quais derramaram nova luz quando escolheram seguir as Escrituras.

A reforma Inglesa

A reforma inglesa, da qual Batistas do Sétimo Dia traçam suas raízes, era tanto de natureza política como religiosa. As mudanças políticas proporcionaram o clima no qual as idéias de reforma podiam se desenvolver.

A separação e liberação da Inglaterra do domínio do catolicismo romano dificilmente teria sido bem sucedida não fora pelas sementes semeadas um século e meio antes do rompimento.

Mudanças políticas

No final da idade média, a Inglaterra era urna nação em busca de sua identidade. As ilhas britânicas foram habitadas pela invasão de tribos nômades tais como, os celtas, anglos e saxões. A área foi absorvida pela império romano por volta do tempo de Cristo. Foi conquistada pelos normandos por volta do ano 1066, o que a colocou de forma mal sólida dentro da esfera do Santo Império romano.

Os normandos introduziram o sistema feudal na Inglaterra, mediante o qual o povo comum dava o seu trabalho e renunciava à liberdade em troca da proteção do senhor do feudo.

A origem mista do povo, a introdução do sistema feudal e a inclusão da Inglaterra no Santo Império romano germânico, trouxe três condições ao clima político, que tinha efeitos duradouros sobre ambos, igreja e estado.

1o.) - Fortes sentimentos de lealdade à pátria foram emergindo e se desenvolvendo lentamente. No início do sistema feudal, a "pátria" era o feudo. e o rei o barão que fosse o melhor patrão e oferecesse mais proteção aos seus vassalos. A lealdade no início, era para com a pessoa que tivesse posição de comando imediatamente acima do vassalo.

2o) - As rivalidades entre os nobres eram muito grandes e isto gerava muitas guerras entre os feudos. Usava a coroa de rei da Inglaterra quem fosse capaz de derrotar o mais poderoso dos rivais, mas mesmo assim, o rei nunca conseguia poder absoluto sobre todos os feudos. Já no ano de 1215 os nobres derrotados voltaram a ter poder tal que, reunidos em concilio forçaram o rei João a assinar a " Magna Carta" que declarava que mesmo o rei tinha a obrigação de obedecer às leis.

3o) Em meio às constantes oscilações do poder secular, a Igreja Romana foi a principal força estabilizadora do país. Os príncipes surgiam e desapareciam, mas a igreja permanecia de geração em geração, faturando para si muitos espólios das guerras. Além do mais a Igreja Romana era um sistema rigidamente feudal. Era o mais poderoso e bem organizado feudo da Europa, e a lealdade que cada elemento tinha com o superior hierárquico imediato era muito grande.

0 surgimento dos Tudors

Somente em 1485 uma realeza forte e dominante surge na pessoa de Henrique VII, o primeiro da linhagem dos Tudors. Henrique completou o processo de sentimento de unidade entre o povo inglês, e conseguiu fazer com que a Inglaterra alcançasse 0 status de ser urna das superpotências da época. Muito esperto ele era mestre na arte de negociar e vender cargos políticos e religiosos. O caixa da igreja romana pagava o salário dos cléricos, mas como era Henrique que colocava as pessoas nos cargos chaves, tornava-se o patrão, e na "hora da dança", estes dançavam pela música de Henrique e não da de Roma. Em posterior tentativa de aumentar o poder da Inglaterra no cenário internacional apelou para um truque que vinha sendo usado na época, mas que não raro "dava zebra",ou seja, casamento entre famílias reais. Fez o seu jovem filho, Artur, casar-se com Catarina de Aragão ( Espanha). O jovem logo morreu, mas Henrique depressa providenciou que seu outro filho Henrique casasse com a viúva de seu irmão, e assim assegurou como posse inglesa o rico dote de casamento que proveio da casa real de Aragão. Um quarto de século mais tarde esta aliança seria a causadora do rompimento definitivo entre a Inglaterra e Roma.

Henrique VIII

Henrique VIII no inicio do seu reinado, tornou-se grande defensor da religião cat6tico-romana. Por isto o papa proclamou-o como o "defensor da fé", titulo que lhe agradou tanto que continuou a usá-lo mesmo depois que sua fé mudou. Ele sem dúvida teria morrido como leal católico romano, se Catarina lhe tivesse dada um herdeiro do sexo masculino.

Quando o papa recusou-se a anular seu casamento com Catarina, ele simplesmente cortou relações com a Sé romana e se auto proclamou o novo chefe da igreja da Inglaterra. Ato continuo anulou seu casamento com Catarina e casou-se com Ana Boleyn.

Prosseguindo com a aliança dos nobres, que agora se transformou no parlamento inglês, este em total apoio ao rei, decreta no ano de 1534: " O rei em sua majestade, de forma justa e de direito, deve ser a Suprema cabeça da Igreja da Inglaterra, e assim é reconhecido pelo clero deste reino, e suas convocações." Este foi o rompimento oficial da igreja da Inglaterra com o catolicismo romano, e estabeleceu o rei Henrique VIII como o cabeça da igreja inglesa.

Nem todos na Inglaterra aceitaram este decreto e a luta continuaria por muitos anos. Muitas tentativas foram feitas para fazer a Inglaterra retornar ao rebanho do papa, mas nenhuma alcançou sucesso permanente.

Maria

A mais séria tentativa de levar a Inglaterra de volta para o catolicismo romano foi feita por Maria, filha de Henrique VIII e Catarina. Em questionamento estavam assuntos religiosos e se Catarina era filha legitima. Durante o seu reinado de cerca de cinco anos muitos foram martirizados pela sua recusa de aliar-se à Igreja de Roma.

As mudanças religiosas do período pré-reforma na Inglaterra foram menos dramáticos do que as do continente, mas mesmo assim extremamente importantes.

João Wycliffe

Uma das primeiras vozes a se fazer ouvir na Inglaterra afetando o pensamento e prática religiosa foi a de João Wycliffe (1320 ?-84). Ele se desviou dos ensinamentos da Igreja Católica em três áreas:

Em primeiro lugar ele falava em um "domínio da graça" cujo domínio, espiritual ou temporal, vinha diretamente de Deus e não através de um conceito feudal e sua hierarquia de intermediários. Este ensinamento atacava e lançava por terra o completo sistema de supremacia espiritual do papa e a necessidade da hierarquia sacerdotal como intermediária entre Deus e os homens.

Em segundo lugar. Ele aceitava a Bíblia, interpretada literalmente, como (única regra de fé. Isto implicava na total rejeição da tese presumida de que a doutrina dos pais da Igreja e as doutrinas estabelecidas pelos concílios eclesiásticos tinham autoridade idêntica à da Palavra de Deus.

Estas duas posturas levaram Wycliffe a questionar em uma terceira área a dos sacramentos. Ele não via a missa como um ato primário de culto e rejeitou a idéia da transubstanciação ( a crença de que o pão e o vinho realmente se transformam em corpo e sangue, no ato da celebração da missa). Ao invés disso ele escreveu que a pão continuava sendo pão e o vinho continuava sendo vinho, no sacramento do altar. João Wycliffe foi o verdadeiro precursor da reforma protestante, pois anunciou em primeira mão todos os ensinos e pontos fundamentais defendidos 150 anos mais tarde pelos reformadores Lutero, Zwinglio, Calvino e os anabatistas.A Wycliffe cabe a originalidade da tese reformadora.

Os Lollardos

O solo religioso e político não estava pronto para que as preciosas sementes, que Deus deu através de seu servo João Wycliffe germinassem e crescessem transformando-se em plantas vigorosas. Uma comunidade de monges que se formou para propagar os seus ensinos, produziram um documento contendo as "doze conclusões", que foi uma das primeiras declarações daquilo que mais tarde se transformou nos princípios básicos da reforma protestante. Este documento feriu o coração da teologia e prática da igreja romana de então. Em adição a rejeição da pretensa autoridade espiritual do papa e do "santo sacrifício da eucaristia"( missa), pronunciaram -se também contra a obrigatoriedade de celibato para o clero, a confissão oral ao sacerdote, orações para os mortos, consagração de objetos físicos (estátuas ou imagens), peregrinações santificantes e a excessiva preocupação da igreja com as artes.

As autoridades seculares ficaram transtornadas com a declaração e a matança humana em guerras, ou a pena de morte para criminosos que praticavam crimes graves.

"Sem especial revelação de Deus é expressamente contrário ao Novo Testamento tirar a vida de pessoas ou as matanças em guerra".

Defendendo as teses de Wycliffe os irmãos lolardos se defrontaram com tamanha perseguição durante o décimo quinto século que no final do século estavam quase extintos. Mas uma de suas colaborações fizeram parte da reforma inglesa. Colocavam em lugar do sacramento a pregação da Palavra de Deus, e isto na língua viva, a linguagem do povo. A tradução da Bíblia feita por João Wycliffe, na língua viva, ou seja no inglês, deu opções ao povo, privilégio este que a geração anterior não desfrutou ( a igreja católica romana mantinha a Bíblia em língua morta, em latim, ou então os originais gregos e hebraicos.)

Dificuldades com a Bíblia viva

Os pioneiros da reforma inglesa não influenciaram diretamente a reforma inglesa. Quando Henrique VIII cortou o relacionamento com a igreja romana, não fez nenhuma mudança na sua teologia.

A atenção primária concentrou-se nas mudanças que transfeririam a autoridade do papa para o rei da Inglaterra. Traduções da Bíblia neste momento não entravam em cogitação. William Tyndale teve que fugir para a Alemanha para poder fazer a sua tradução da Bíblia para o inglês. Os exemplares impressos de sua tradução tiveram que ser contrabandeados para dentro da Inglaterra e muitos foram queimados. Tyndale traído por um conhecido, foi atraído para uma armadilha, preso e condenado à fogueira, tem sido afirmado que em sua oração de despedida ele clamou "Senhor, abra os olhos do rei da Inglaterra." (fato ocorrido em 1536).

A tradução de Miles Caverdale’s em 1535, revisada em 1539, ficou conhecida como "The Great Inglish Bible" e se tornou importante na formação da Igreja da Inglaterra. Entretanto, o "Book of common Prayer" (escrito por Thomas Grammer) reteve muito do ritual e da pompa da igreja romana. A nova igreja continuou dentro do conceito de urna igreja estatal e permitia pouca liberdade de escolha e consciência. Caberia a uma geração posterior colocar em prática aqueles princípios distintivos do protestantismo, defendidos por Wycliffe e os reformadores do continente.

0 papel das Escrituras na reforma Inglesa

Cada estágio da reforma protestante foi marcada pela redescoberta de verdades da Bíblia e sua aplicação à crença e prática. Para frear o fluxo da reforma, os inimigos de Deus e da verdade muitas vezes tentavam limitar a utilização das Santas Escrituras. Isto era feito queimando exemplares da Bíblia ou silenciando,por prisão ou por morte, os que ensinavam suas preciosas verdades. A tentativa mais dramática foi quando a rainha Maria tentou levar a Inglaterra de volta à fé católica romana.

Atentados contra a liberdade de consciência

Um exemplo da tentativa de destruir exemplares da Palavra de Deus é recordada no diário de Samuel Hubbard, um dos membros proeminentes da primeira Igreja Batista do Sétimo Dia na América. Ele escreveu: "Agora, em 1675 eu tenho um testamento (da Biblia) do meu avô Cocke’s, impresso em 1549, o qual ele escondeu dentro de seu colchão, para que não fosse achado e queimado nos dias da rainha Maria" . Embora este fato ocorreu quase um século antes do aparecimento oficial da primeira Igreja Batista do Sétimo Dia, na Inglaterra, faz parte de sua herança espiritual. Este testamento é uma das mais preciosas possessões da Sociedade Histórica dos Batistas do Sétimo Dia. Os avós do lado paterno de Samuel Hubbard, Thomas Hubbard e sua esposa estão alistados no Book of Martyrs" (livro dos Mártires) de Foxe, e ali consta que foram expulsos da cidade de Mendlesam , pelo motivo de crerem que os ensinamentos da Palavra de Deus são suficientes para guiar pelo caminho que conduz à salvação.

Às vezes a tentativa de silenciar a ensino das Escrituras terminava em martírio. 0 primeiro de cerca de trezentos condenados à morte foi John Roger, um tradutor de uma versão biblica que foi queimado na estaca em 04 de fevereiro de 1555, em Smithfield. Maria esperava que a ameaça de morte enfraqueceria o protestantismo, mas sua tentativa teve efeito contrário.

Entre os mais notáveis mártires estavam a bispo Hugo Latimer e Nicolas Ridley. Quando eram conduzidos à fogueira, consta que o bispo Latimer disse para o Sr. Ridley:"Tenha bom ânimo, e seja corajoso. Aqui na Inglaterra, pela graça de Deus, neste dia nós vamos brilhar coma luz de velas, e esta luz, eu assim o creio, jamais se apagara." Tais perseguições só fizeram aumentar entre os ingleses o ódio contra o romanismo.

Elizabeth, meia-irmã de Maria, passou a reinar após sua morte. Um novo ato de supremacia foi passado em 1559 para reafirmar a separação da igreja de Roma, tornando a declarar a realeza inglesa como suprema governadora da igreja da Inglaterra. Uma segunda proclamação, a ata de uniformidade" restringiu qualquer prática ou crença que não estivesse em conformidade com os ensinos da Igreja da Inglaterra. Os quarenta e dois artigos sancionados durante o governo de Eduardo VI (1547-1 553) foram revisados e reduzidos para trinta e nove. Os trinta e nove artigos eram romanos em sua política, calvinistas no tocante aos eleitos, e tratavam os dissidentes com a mesma crueldade com que tratavam os lollardos.

Eles procuravam impor um conjunto de crenças e práticas, diante das quais o povo tinha muito pouca chance de seguir sua própria consciência, que a estas alturas já se tinha tornado cativa da poderosa Palavra de Deus encontrada nas Escrituras.

lnterpretações da Bíblia

A reforma inglesa durante a era da rainha Elizabeth rnudou de rumo. Agora os conflitos não eram com a igreja romana, mas sim conflitos internos, dentro da igreja da Inglaterra. Nesta batalha a Biblia era a arma defensiva, como Paulo define em Efésios 6: 13-18 e também a espada ofensiva do Senhor, como mencionada em Hebreus 4:12. São três as maneiras como a Biblia tem sido usada em períodos de reforma. 1o.) Para fundamentar e provar biblicamente posições previamente mantidas. Neste sentido não raro é usado de forma intelectualmente desonesta, arrancando o texto de seu contexto para defender idéias que na realidade não são bíblicas. 2o.) Para "reprovação e correção" para refutar erros, como Paulo sugere (II. Tim. 3:16). 3o.)Como a única fonte de ensino de doutrina, refletindo a posição de Zwinglio, que rejeitava tudo o que a Palavra de Deus não prescrevia. Como a Biblia era e é interpretada tem muito a haver com a política e organização básica da Igreja. Diferenças de interpretação fizeram surgir dentro da Igreja da Inglaterra movimentos tais como os puritanos e separatistas, dos quais todos os batistas, inclusive os do Sétimo Dia traçam a sua origem.

Políticas básicas conduzindo à separação

Na Igreja Cristã existem três tipos básicos de organização eclesiástica.São estes: episcopal, congregacional e presbiteriano. Embora usados para identificar grandes denominações protestantes, são na realidade termos genéricos que descrevem a estrutura organizacional da denominação. Há que se ter em mente que os três tipos, têm precedentes bíblicos, e que é difícil definir que um dos modelos é bíblico em detrimento de outros.

Episcopal

A palavra episcopal vem do grego "episcopos" que a maioria das versões traduz como bispo. (Atos 1: 20, Fil. 1:1, Tim. 3:1-2, Tito 1:7, I Ped.2:25). Significa um supervisor, ou superintendente geral. Geralmente o conceito "episcopal" inclui a idéia de conexão, ou seja, de linhagem apostólica com os primeiros bispos onde só é considerada válida e genuína a consagração cuja linhagem conduz de forma ininterrupta os primeiros bispos cristãos. 0 modelo episcopal é autoritário, tipo pirâmide, onde a autoridade é distribuída de forma descendente em vários níveis diminuindo em direção à base. A reforma protestante quebrou a poderio romano mas não rnudou sua estrutura básica de autoridade. A exagerada importância da doutrina conexional (sucessão apostólica) tende a colocar os prirneiros apóstolos como a autoridade suprema no lugar do Espírito Santo, cuja pessoa é o verdadeiro vigário de Cristo na Terra, e não depende de nenhuma base conexional para dirigir o povo de Deus.

Presbiteriano

Derivado de "presbítero" do grego "presbíteros" está relacionado ao ancião, na Biblia. Está ligado ao conceito de liderança tribal do Velho Testamento (Êxodo 12.21).A igreja neotestamentária continuou apontando anciões. especialmente para a participação em concílios, e estes retinham autoridade e honra perante o povo.

João Calvino adaptou a política presbiteriana ao seu sistema eclesiástico, sendo que um discípulo seu John Knox o introduziu na Escócia, vindo à Escócia posteriormente e a tornou um estado presbiteriano.

Congregacional

0 sistema congregacional deriva do antigo testamento, quando o povo de Deus se congregava na presença de Deus. No período do Êxodo o seu lugar de reunião era chamado de "Tabernáculo da Congregação". Através da história, identifica o povo que através de um concerto forma um corpo de adoradores do Deus verdadeiro. Os Cristãos passaram a se considerar o povo do novo concerto.

A ênfase do sistema congregacional é sobre os Cristãos individuais, que decidem formar um grupo que é a congregação. Os indivíduos podem ser agraciados com dons particulares de pregação ou outros dons, mas sempre visando edificar a congregação.

Durante a reforma protestante, os anabatistas e outros mais adotaram o sistema congregacional, sendo caracterizados pela total rejeição do conceito estatal da igreja quebrando e rejeitando qualquer vínculo com o poder secular. A pessoa entrava para a igreja mediante conversão e aceitação pessoal de Cristo. As decisões dentro do sistema congregacional ocorrem por consenso do grupo, ou seja tomadas coletivamente.

As congregações são espiritualmente sustentadas por seu próprio estudo e leitura da Bíblia, crendo que o Espírito Santo através das Escrituras ilumina a mente de cada crente para sua salvação e santificação.

As três linhas expostas não poderiam coexistir simultaneamente dentro da igreja sem que o confronto acontecesse, obrigando as pessoas a fazer escolhas, duras e difíceis por sinal. Os que criam que poderiam com o tempo influenciar e modificar o sistema vigente passaram a ser conhecidos como os puritanos, porque queriam "purificar" o sistema. Os que não criam que seriam bem sucedidos desta forma retiraram-se e por isto foram chamados de separatistas. É deste último grupo que os batistas, inclusive os que adotaram o sétimo dia para guardá-lo santo, são derivados.

A igreja da Inglaterra

A rainha Elizabeth I era de postura conservativa, no que dizia respeito à religião. Aceitou o papel de ser o cabeça da igreja inglesa, posição herdada de seu pai Henrique VIII. Ela via no "livro da oração comum" um ingrediente indispensável para preservar integridade do culto.

Atuando através do parlamento, exigiu que todos os clérigos lessem o livro da oração comum, sem omitir uma palavra sequer. Assim a religião imposta não tinha o atrativo da eucaristia(se bem que pagã, em essência) mas herdam no mais toda frieza, pompa e monotonia do sistema romano de cultuar a Deus. Era urna igreja incapaz de acender fogo nos corações dos adoradores, gerando uma massa de Cristãos mornos e uma religião sem vitalidade. Os clérigos que não obedeciam eram punidos.

Os puritanos

A rainha Elizabeth I não deixou herdeiros da dinastia dos Tudor, e assim um primo seu Tiago VI rei da Escócia foi escolhido pelo parlamento inglês para assumir o reino inglês. Assim este passou a usar dois títulos, Tiago VI da Escócia e Tiago I da Inglaterra. Como a Escócia era presbiteriana, muita gente da igreja da Inglaterra viu no fato uma grande oportunidade de reforma e fizeram uma petição muito bem elaborada, constando de mil itens, ande pediam uma completa reforma da igreja. Esta petição foi conhecida com o a "petição milenária." Mas o tiro saiu pela culatra", o rei Tiago não queria saber de outra igreja igual a de seu país, onde o rei não mandava nada. Os insatisfeitos da igreja oficial foram perseguidos e tiveram que fugir para a América e Holanda, razão porque os puritanos fazem parte da história da colonização da América. 0 rei Tiago, resolveu empreender ele mesmo a reforma e mandou fazer a famosa tradução biblica conhecida como "versão do Rei Tiago". Esta versão biblica teve positiva influência sobre a reforma inglesa e quanto aos puritanos perseguidos, a maioria aderiu ao movimento separatista.

Os separatistas

0 movimento separatista na América é muitas vezes associado ao reformador radical Robert Browne (1550? - 1633?), que professava lealdade à monarquia, mas que se tornou muito impaciente com a ineficácia e lentidão das reformas empreendidas pelo rei, ou melhor, pela sua má vontade em empreendê-lo.

Robert começou a pregar sem ordenação e recusou inclusive a imposição de mãos declarando-a inútil, pois evidentemente não cria conexão apostólica, ou achava-a desnecessária. No seu livreto " Um tratado de reforma urgente para todos." Browne conclamou seus congregados a agir imediatamente, segundo as idéias reformadas, sem esperar que o estado abolisse as "cerimônias papais". Forçado a abdicar sua cadeira de professor em Cambridge, mudou-se para Norwiech onde achou pessoas que fechavam com sua pregação e objetivos.

Em Norwich o culto dirigido por Robert estava em forte contraste com o da igreja oficial. Ele não usava o "Common book." Os textos bíblicos eram lidos direto da Biblia e não havia "Common book", e também as orações eram dirigidas direta e espontaneamente a Deus e não mais lidas no livro comum de orações.

Ele pregava no mínimo uma vez por semana e não uma vez par mês coma faziam a maioria dos cléricos anglicanos. Após cada serviço convidava as membros da congregação a analisar o que havia sido pregado de acordo com o pacto firmado pela congregação, que permitia cada membro da igreja protestar, reivindicar, exortar, disputar, reprovar, etc, sempre que tivesse oportunidade. Estes ajuntamentos são considerados por muitos o início do moderno congregacionalismo. Como freqüentemente acontece com grupos radicais, muitos Brownistas foram muito além do líder e em conseqüência o trabalho tão lindo que Browne ia conduzindo começou a ficar maculado com excessos de fanatismo. Estes começaram a referir-se às catedrais como templos do anticristo e diziam que a pessoa podia tão bem cultuar a Deus nos estábulos como nas catedrais, que a tribuna sagrada não significava mais do que um barril e descartavam qualquer coisa que levasse o emblema da cruz. As reuniões eram mantidas em campos e locais secretos para evitar a perseguição e prisão. Robert Browne foi aprisionado várias vezes e lançado em trinta e duas masmorras diferentes, algumas tão escuras que não permitiam ver as mãos erguidas diante dos olhos em pleno meio dia. Em 1581 ele e alguns seguidores fugiram para uma ilha ao largo da costa holandesa que era um refúgio para dissidentes religiosos de toda a Europa. Após dois anos a situação degenerou-se e a congregação começou a decompor-se imergida em uma condição de constante criticismo mútuo. O nome de Roberto Browne não é reverenciado juntamente com o de outros reformadores, pois desgostoso ele voltou para a Inglaterra onde juntou-se à igreja oficial servindo como um de seus sacerdotes pelo espaço de quarenta anos. Faltou a Browne mais liderança e administração para que o movimento por ele iniciando motivasse o glorioso rumo dos primeiros tempos.

Os seguidores de Browne se sentiram traídos mas perseveraram congregando com outras comunidades onde ouviam a pregação da Palavra e participavam de discussões religiosas. Duas destas comunidades, a de Scrooby e Gainsborough se destacam na historia, não porque neste tempo eram mais extraordinárias do que as outras. Mas as que surgiram posteriormente traçam suas origens de volta a estas duas congregações. Scrooby é considerada a mãe das igrejas congregacionais. William Brewster,William Bradford e John Robinson faziam parte da congregação que em 1608 migrou para a Holanda onde a liberdade de culto era garantida. Em Leyden eles formaram o grupo conhecido como os peregrinos e a bordo do navio Mayflower velejaram em direção à América livre. Ainda fazendo parte da congregação de Scrooby que fugiu para a Holanda onde estava John Dunham, que no entanto seguiu para a América dez anos mais tarde do que os peregrinos do Mayflower. O reverendo Edmund Dunham, neto de John Dunham fundou a Igreja Batista do Sétimo Dia de Piscataway em Nova Jersey, isto quase um século depois, no ano de 1705.

Batistas

A herança Batista está mais estreitamente relacionada a congregação de Gainsborough, na qual John Smyth, e Thomas Helwys eram lideres. A sua congregação deixou a Inglaterra por volta de 1607. Tão logo chegaram na Holanda passaram a ser influenciados pelos ensinamentos anabatistas, através dos menonitas. No inicio do ano de 1609, Smyth chegou à conclusão que crianças de tenra idade não deveriam ser batizadas, por duas razões escriturísticas, 1o.) - Não há nenhum precedente bíblico, que relate o batismo de recém nascidos. No Novo Testamento nem Jesus, nem os discípulos aparecem praticando tal ato, como também não deixaram nenhuma instrução no sentido de permitir tal prática; 2o) - Cristo ordenou que as pessoas deveriam em primeiro lugar serem instruídas a respeito do evangelho e depois batizadas. A discussão nestas alturas era concernente ao tempo do batismo e não ao modo de fazê-lo. Smyth escolheu o batismo de crentes e rejeitou o batismo de infantes. O método a estas alturas ainda era o de aspersão ou jogar água na cabeça da pessoa. Só algumas décadas depois chegou-se a conclusão de que a forma que melhor se enquadrava nos ensinamentos neotestamentários era o batismo por imersão.

A igreja de Smyth em Amsterdã, fundamentada no princípio do batismo de pessoas adultas em 1609, é considerada a primeira igreja verdadeiramente batista.

Dois anos mais tarde a congregação se partiu em duas permanecendo uma parte na Holanda. A parte que ficou na Holanda mais tarde se uniu aos Menonitas. A outra parte liderada por Thomas Helwys retornou à Inglaterra vindo a estabelecer-se em Spitafield, nos subúrbios de Londres. Os ensinamentos de Smyth formaram a base dos ensinos distintivos dos batistas, no entanto, foi na prática de Thomas Helwys que a maioria dos Batistas ingleses estabelecem suas origens.

Batistas gerais e particulares

Helwys aceitou a tese de Smyth que defendia a liberdade de consciência, mas acrescentou dois itens de extraordinária importância dentro do ideaI da "Restitution"(restituição): 1o.) - O cristão deve testemunhar de sua fé em Cristo. 2o.) - Ele descobriu a verdade bíblica que o cordeiro de Deus morreu na cruz proporcionando uma expiação (atonement) ampla, para toda a humanidade. Enquanto Calvino via a humanidade como um bando de robôs previamente programadas para a salvação ou a perdição, Helwys entendeu que a oportunidade de escolher a vida eterna se estendia a toda a humanidade, pois a expiação (atonement) foi provida para toda criatura humana. (João 3:16). Para Calvino a graça era estendida só aos eleitos, portanto uma expiação restrita, enquanto que a posição batista definia que são eleitos desde a eternidade, na presciência de Deus, os que Ele sabia que por livre escolha aceitariam a graça redentora. Esta nova luz evidentemente gerou grande zelo e entusiasmo, para a obra missionária, ressurgindo o conceito da igreja primitiva de "ganhar" almas para Cristo . Para as batistas gerais, a resposta positiva à expiação provida por Deus em Cristo é dada pela pessoa quando decide aceitar o batismo. Mas muitos batistas que concordavam com o sistema congregacional e o batismo de adultos, continuaram no entanto aferrados à teoria calvinista. Aparecendo mais tarde, em 1630, estes passaram a ser designadas coma batistas particulares, pois criam que expiação pelos pecados tinha sido provida para um grupo particular de pessoas, as predestinadas à salvação. Sua posição foi expressa pelas palavras de John Spillsbury, que escreveu: "Cristo não apresentou à justiça do Pai satisfação (expiação) pelos pecados de todos os homens, mas tão somente pelos pecados dos que crêem ou crerão, que são unicamente os seus eleitos."

A diferença entre batistas gerais e particulares criou tradições paralelas entre as fileiras de batistas ingleses. Também havia batistas gerais e particulares entre os Batistas do Sétimo Dia na Inglaterra. No entanto estas diferenças não quebraram a comunhão entre eles nem impediu que os dois grupos defendessem e ensinassem a doutrina do sábado. Batistas do Sétimo Dia eram separatistas que, em adição aos outros princípios, a congregacionalismo e o batismo de crentes, resolveram aceitar a sábado da Biblia, o sétimo dia da semana, como o seu dia de culto.

O sábado na Inglaterra

À medida que o décimo sexto século chegava ao fim e a dinastia Tudor, que agora cedera lugar a dinastia Stuart, muitas mudanças foram ocorrendo na mente do povo inglês. O elemento reacionário que queria a volta ao domingo romanista foi silenciado. O conservadorismo da igreja inglesa era desafiado pelas forças moderadas do puritanismo que queria uma mudança na forma de organização e no culto da Igreja. As vozes radicais dos separatistas levaram o movimento para uma etapa mais avançada, abandonando as formas episcopais e presbiterianas de governo eclesiástico, e abraçando o modelo congregacional que lhes garantia a liberdade de cultuar a Deus da forma que julgavam ideal.

Porém, não obstante, todas estas diferenças, havia um ponto, sobre o qual todos os Cristãos daquele tempo pareciam concordar. Quase todos achavam correto o costume estabelecido de tão longa data, de ter algum tipo de reunião ou culto de adoração no dia de domingo, o primeiro dia da semana.

O dia de adoração

Por muitos séculos o domingo, como um hábito arraigado na prática e na consciência, foi o inquestionável dia de guarda. Até o tradutor da Biblia, William Tyndalle, em nome da "liberdade cristã" advogava o domingo como o dia de guarda. A maioria do povo pensava então, e na realidade ainda é assim, que guardando um dia em sete, está de acordo com a lei de Deus, não importa, qual é o dia. Mas a lei de Deus é clara, como é o relato da criação do mundo onde o sábado é instituído. Deus declarou santo o sétimo dia. John Frith, cooperador de Tyndale, em um escrito onde defende a "liberdade cristã" chega a admitir que a guarda do domingo é contrária aos ensinos da Palavra de Deus. "Nós no entanto somos tão supersticiosos na guarda do domingo como eles o são no sábado, sim, e nós somos muito piores. Porque as judeus têm a Palavra de Deus a favor do seu sábado, posto que é o sétimo dia, e lhes foi ordenado guardá-lo de forma solene; e nós não temas a Palavra de Deus a nosso favor, mas sim contra nós, pois não guardamos o sétimo dia como os judeus o fazem, mas sim o primeiro, o que não é pela lei de Deus"

Ser acusado de ser judeu, ou judaizante, durante os dias dos Tudor e dos Stuart implicava em perda de cidadania e expulsão da igreja. Isto, somado à indiferença com que o povo destes tempos encarava o sentido religioso do dia de guarda, dificultava muito tornar-se vitoriosa a verdade do sábado. No entanto, à medida que o povo foi tendo a oportunidade de adquirir a Biblia e foi conquistando o direito de estudar seu conteúdo,a questão do sábado foi entrando em suas consciências.

O livro de Nicholas Bownde sobre o sábado

O mais importante escrito sobre este assunto foi o livro de Nicholas Bownde impresso em 1595, intitulado, "A doutrina do Sábado". O propósito primário do livro foi assegurar uma base bíblica para uma rigorosa e disciplinada observância do domingo. Bownde traçou a origem bíblica do sábado e enfatizou que Deus abençoou e santificou o sábado, o sétimo dia da semana. Ele escreveu que foi tão "necessário para o Senhor.. de dizer-nos qual foi este dia, como o foi de dizer-nos que tinha que haver um dia. Ele termina esta parte do argumento declarando: " O sábado tem que ser no sétimo dia, como sempre foi."

Foi neste ponto que Bownde se contradisse completamente a si mesmo. Ele partiu da Bíblia como fonte da doutrina do sábado, e valeu-se dos textos para dar suporte à doutrina da mudança do dia de guarda. Ele escreveu: "Certamente este sétimo dia muito especial que nós guardamos agora na era do evangelho, não é o mesmo que foi no início, que Deus mesmo santificou. Todos os homens devem guardar de forma santa este sétimo dia e não outro, que foi para eles, não o sétimo, mas sim, o primeiro dia da semana, como ele é chamado muitas vezes no Novo Testamento, e assim a obrigação de guardar o sétimo dia continua, muito embora não seja aquele sétimo dia"

Em outras palavras Bownde manteve uma distinção entre o sétimo dia da Biblia e aquele sétimo dia que para ele era o domingo. O primeiro dia da semana, que na opinião dele a Biblia fala "tantas vezes", são apenas dois textos, tirados de seu contexto e que na realidade não tem em si mesmo nenhuma clareza no sentido de se tratar de dia de guarda ( ). No mais, a sua argumentação repousa de forma maciça sobre os escritos e as tradições dos pais da igreja, no 2o. e 3o. séculos. Assim o seu livro caracterizou não somente uma mudança doutrinária, mudando o dia de guarda, como uma mudança na fonte de comprovação que deixa de ser a biblia e passa a ser os pais da igreja. A. H. Lewis observou que é difícil entender como o Sr. Bownde se tornou tão cego face as legítimas deduções de seus próprios argumentos, a ponto de advogar a mudança do dia de guarda.

Mas o fato é que tinha preconceitos tão fortes em relação ao que ele chama de "judaísmo" que se inclinou totalmente ao domingo, embarcando assim numa "canoa furada".

Bownde se baseou na Biblia para reprovar e corrigir uma sociedade não sabática. Ele citava argumentos para a necessidade de repousar neste sábado falsificado. Citava exemplos de punição que adviria para os que não descansavam de seus labores. Ele insistia que o primeiro dia da semana não deveria se chamar de "Sunday", que no inglês tem o mesmo significado que no alemão "sontag", o dia do sol, que se subentende "0 dia dedicado ao deus sol", portanto um feriado pagão. Mas deveria sim, argumenta ele, ser chamado "o dia do Senhor", só que na prática ele insistentemente o chama "0 dia do sábado", dado que sua argumentação, mesmo de forma distorcida, procura sempre se amparar na Biblia. A segunda parte do seu livro trata quase que com exclusividade de como o seu "sábado" deveria ser guardado. Defende a idéia de que o culto deveria ser simples e após o mesmo, o dia deve continuar sendo guardado de forma radical. Com a elevação do primeiro dia da semana à condição de dia santo, os demais dias festivos que tivessem qualquer origem pagã ou judaica deveriam ser abandonados.

As reações do Estado

0 livro de Bownde teve impacto considerável sobre as igrejas do décimo sétimo século. Para a igreja da Inglaterra a tese de Bownde confirmava a idéia de que a igreja tinha autoridade para estabelecer doutrinas e práticas . Mas por outro lado a igreja oficial rechaçou o radicalismo do puritano Bownde quanto à maneira como o domingo deveria ser guardado. Diante do conteúdo excessivamente restritivo do livro, o rei Tiago mandou publicar o livro dos esportes, em 1618 através do qual o rei legalizava muitas atividades recreativas que os puritanos queriam abolir no dia de domingo. 0 livro atendia o clamor popular, pois o povo. no domingo a tarde era impedido de praticar inúmeras atividades recreativas legais, que normalmente ocorriam após o culto. 0 livro do rei veio a satisfazer dois tipos de objeção que haviam sido levantadas. 1o.) A guarda radical do dia tirava do povo o direito à alegria honesta que ajudava a manter o corpo sadio e os tornava aptos a lutar em guerras para eventual defesa da pátria. - 2o) - Se o povo não tivesse direito à recreação sadia, acabaria se envolvendo em vícios e bebedeiras.

Para evitar estes males, o rei ordenava que nenhuma atividade recreativa considerada sadia fosse proibida, e isto incluía danças, tiro ao alvo com arco e flechas, e cerveja de baixo teor. Alguns esportes perigosos foram abolidos pelo livro dos esportes.

Reações puritanas

Os puritanos tinham um código muito radical e restritivo quanto ao que se podia e não podia fazer no dia de guarda. 0 livro de Bownde foi usado pelos puritanos para legitimar seu código "provando" que tinha "base biblica", e para fornecer-lhes a munição necessária para reprovar e corrigir as atividades diárias de cada individuo. 0 livro apoiava a severa disciplina calvinista da época e prometia castigo para todos os transgressores da lei demonstrando ainda quais as pessoas que poderiam ser consideradas como fazendo parte dos eleitos.

Entretanto mesmo entre os puritanos, o livro de Bownde trouxe problemas, devido ao excesso de zelo, Thomas Rogers, escreveu em 1607, declarando que tais escritos "têm sido a mãe de muitos conceitos heréticos e horríveis conclusões". Ele citou exemplos de pregação, nos quais se apregoava que qualquer trabalho servil ou negócio no sábado (domingo) era um pecado tão grande como matar uma pessoa ou cometer adultério, e arremessar uma bola, da mesma forma. Fazer uma festa ou banquete de casamento neste dia, era um pecado tão horrível que equivalia um pai pegar uma faca e cortar a garganta de seu próprio filho. Mesmo bater o sino da igreja mais de uma vez para chamar o povo para o culto equivalia a um assassinato.

Como resultado deste tipo de pregação, o livro foi proibido. De Israel considerou este livro como fonte dos conflitos que agitavam os reinos de ambos, Tiago e Carlos, no tocante à maneira como o domingo deveria ser observado, se seria com o rigor do sábado judaico ou com as recreações de um feriado cristão. A proibição do livro de Bownde não diminuiu o seu impacto, mas apenas, como observou Thomas Fuller, o preço do livro dobrou no câmbio negro, e muitos que não se interessavam pelo livro quando liberado, agora se interessaram depois de proibido.

Reações dos Separatistas

Para os separatistas, o problema do livro de Bownde se tornou um dilema. Eles tinham a Biblia como única regra de fé, e por isto aceitaram muitos argumentos da primeira parte do livro. Mas para alguns deles não fez sentido a mudança do dia de guarda e a aplicação dos princípios sabáticos para o domingo. Nos anos seguintes a guarda do domingo de forma estrita foi tornada obrigatória, o que dificultou para os adeptos do sábado bíblico falar abertamente de suas convicções.

Os primeiros proponentes do Sábado

Foi cerca de meio século depois que o primeiro corpo de crentes se separou por motivo da guarda do sábado. No entanto muitos indivíduos de modo isolado começaram a convencer-se a respeito da verdade do sábado e guardá-lo de forma pessoal, mesmo fazendo parte de congregações dominguistas.

John e Doroty Traske

0 nome John Traske tem sido associado por alguns estudiosos ao início da guarda do sábado na Inglaterra. Traske veio a Londres no inicio do ano de 1617, onde ganhou a reputação de ser um pregador poderoso na palavra. Entre seus seguidores havia um alfaiate de nome Hamlet Jakson que estudara a Biblia sozinho. Este não tinha formação teológica, mas se aprofundando no estudo da Biblia percebeu que muitas provisões do antigo testamento ainda eram válidas, e não haviam sido abolidas pelo Novo Testamento. Hamlet conseguiu convencer Traske e o restante, a esse respeito, e o grupo passou a guardar o sábado. A simples observância do sábado possivelmente não teria atraído tanta perseguição sobre ele, mas o fato é que alardeou que o domingo era um dia comum, e isto provocou as igrejas estabelecidas, principalmente os puritanos com seu fanático zelo dominical. Além disto, Traske adotou a dieta alimentar judaica e passou a observar todas as festividades judaicas, relacionadas na Biblia. Em 19 de junho de 1618, Traske foi acusado de "ter uma fantástica idéia a respeito de Si mesmo com a ambição de ser o pai de uma facção judáica". Ele também foi acusado de ter escrito duas cartas escandalosas para o rei. Foi condenado a prisão perpétua, uma pesada multa e expulsão do ministério.

Traske foi aprisionado, e na prisão foi sobrevivendo a pão e água de preferência a comer came de porco que a corte que o condenara recomendou aos carcereiros que lhe servissem. Após cerca de um ano de prisão Traske, retratou-se de sua posição, e voltou para a igreja da Inglaterra.

Em um escrito chamado, "um tratado de liberdade do Judaísmo", ele tentou convencer seus ex-seguidores de abandonar suas convicções. Uma pessoa que não se deixou convencer por seus argumentos foi a própria esposa, Doroty, que ficou cerca de vinte e cinco anos na prisão. Outro que ficou firme chamava-se Returne Hebdom. Este permaneceu oito anos na prisão, até a sua morte em 1625.

0 caso "Traske" proporcionou um dos primeiros foros de debate sobre a verdadeiro sábado na Inglaterra.

Theophilus Brabourne

Tiago I foi sucedido em 1625 pelo seu filho, Carlos I , cujo casamento com a princesa católica Henvieta Maria, o tornou simpatizante dos católicos. Carlos I fez forte oposição aos puritanos que haviam se fortalecido muito no reino de seu pai. 0 rei Tiago I tinha muitas diferenças com os puritanos, mas político sábio, colocara um puritano na catedral de Wesirninster, George Abbot. Mas quando o arcebispo Abbot morreu, em 1633, Carlos I o substituiu com um forte oponente dos puritanos, William Land. 0 arcebispo Land antagonizou os puritanos, concentrando o culto em uma única cerimônia formalizada, de acordo com o "book of common prayer", e também porque se desinteressou pelo que seria feito das horas que se seguiam ao culto. 0 antagonismo de Carlos I aos puritanos terminaria em uma guerra civil que custaria a cabeça do rei.

Mas a mudança de ênfase concernente à guarda do domingo reacendeu as discussões e mais urna vez entrou em pauta a pergunta, "qual é o verdadeiro dia de guarda?" e como deve ser observado? A mais proeminente voz que se fez ouvir no período foi a de Theophilus Brabourne, um sacerdote da igreja inglesa. Em 1628 publicou o livro "Um discurso sobre o dia de sábado" , no qual ele tenta convencer a Igreja da Inglaterra sobre a validade do sábado do sétimo dia.

Brabourne fez uma excelente argumentação demonstrando que o quarto mandamento ainda era válido, que jamais mudara e que as raras reuniões dos discípulos no primeiro dia da semana não serviam de base para comprovar que este fosse um dia de guarda, exceto se fossem acompanhados de mandamentos específicos neste sentido. Seu livro provocou um grande debate, dentro da igreja e conseqüentemente em 1632, "A defesa da mais antiga e sagrada ordenança de Deus, o dia de sábado", que foi dirigida contra todos os anti-sabatarianos tanto protestantes, papistas, antinomianos e anabatistas. Por publicar este livro Brabourne foi preso A despeito de sua forte convicção sabática, Brabourne permaneceu como membro da Igreja da Inglaterra, esperançoso de que esta mudasse e aceitasse o sábado. Cria no sistema episcopal e achava que a reforma devesse acontecer liderada pelo reino e o parlamento. Brabourne se via a si mesmo como um servente de pedreiro alcançando dos tijolos ao pedreiro (o rei e o parlamento), que ele descrevia como os construtores mestres. Embora Brabourne estivesse tão convicto do sábado, curiosamente não era um guardador do sábado. Afirmava que o homem não é obrigado em todo o tempo e em qualquer tempo de fazer o que sabe que deve ser feito. Citava Davi comendo do pão sagrado exclusivamente para uso dos sacerdotes e de Moisés abrindo exceção para o divórcio (portanto advogava a ética situacional). Declarava que esta posição era temporária e que quando fosse implantado a guarda do sábado na Inglaterra passaria a guardá-lo junto com a igreja toda. Seus escritos por certo convenceram muitos a aceitar o sábado do Senhor, mas o seu exemplo negativo e o modo de racionalizar sua não prática do que cria, impediram outros de aceitar a sua doutrina. A expectativa de uma aceitação geral de verdade do sábado, conforme Brabourne sonhava, jamais aconteceu, obviamente, contudo muitas pessoas se interessaram pelo assunto e alguns decidiram a favor do sábado. Em 1660, Brabourne escreveu outro livro em que relatava que o sábado era o assunto que levantava a maior controvérsia já ocorrida na Igreja da Inglaterra.

Mas o fato de que o sábado se tornou assunto de tão grande enfoque, nestes dias, e gerador de tão grandes controvérsias; deve ser creditado principalmente àqueles que historicamente podem ser considerados como Batistas do Sétimo Dia. São justamente os que aceitaram os posicionamentos bíblicos de Brabourne, mas que foram um passo além praticando a verdade do sábado. É sobre estes que as atenções passaram a ser concentradas.

Batistas na Inglaterra que Escolheram

Guardar o Sábado

Talvez em nenhum outro tempo e em nenhum outro lugar tenha havido condições tão favoráveis a uma grande adesão popular à guarda do sábado, como na Inglaterra, em meados do décimo sétimo século.

O sábado era discutido, houve um período em que Carlos I governou a Inglaterra ignorando completamente a existência do parlamento, situação esta que durou onze anos (1629-1640). Nos nove anos seguintes (1640-1649) o parlamento inglês se engajou em constante lutas com a monarquia, visando recuperar pelo menos parte de seus poderes perdidos. Depois segue mais um período de onze anos (1649-1660) em que o parlamento governa sem um rei. No período que se segue é restaurada uma monarquia inclinada para o catolicismo. Estas mudanças políticas tiveram consideráveis influências sobre pensamentos e práticas religiosas.

A guerra civil e a execução do rei Carlos I, trouxe Oliver Cromwell ao poder. Ele era um puritano que acreditava que a povo inglês era a "povo escolhido de Deus". Ele foi uma pessoa que ansiosamente procurava fazer o que era certo, e promover a bem estar dos Cristãos. Porém quem ganhara a poder através de uma revolução armada, achou difícil governar imprensado pelos procedimentos e regras do parlamento. Tentando substituir a lei comum pela lei de Moisés, teve problemas com os parlamentares que não partilhavam de seus pontos de vista. 0 poder de Cromwell foi colocado em teste com a decretação de uma lei que garantia a "liberdade de culto", contudo esta mesma lei limitava esta liberdade com as palavras: "esta liberdade não seja estendida ao papismo, prelazia, nem a tais que, professando a Cristo, apóiam e praticam a blasfêmia e a licenciosidade."

Liberdade de Escolha Traz Suspeita

A liberdade religiosa encorajou o desenvolvimento de muitas congregações independentes na Inglaterra. Em teoria as pessoas estavam livres para escolher a maneira de cultuar a Deus sem a ameaça de interferência governamental, mas na realidade requer-se mais do que uma proclamação governamental para assegurar a liberdade de consciência. B.R.White, em sua história dos batistas da Inglaterra deste período, escreveu que, "a tolerância universal" defendida por muitos, incluindo batistas, parecia para os religiosos conservadores da época como meramente a pretensão de que cada pessoa devia ser livre para escolher o seu próprio caminho para o inferno.

As suspeitas por parte da igreja não eram sem motivos A execução do rei foi interpretada, como sendo urna rebelião política e religiosa, pois foi dirigida contra o "ungido do Senhor"

A garantia de liberdade de pensamento e expressão liberou hordas de pessoas iletradas e sem preparo, os chamados "pregadores mecânicos". Muitas práticas selvagens e doutrinas heréticas se pregavam, causando suspeitas contra qualquer pessoa que estivesse fora do sistema ortodoxo.

Vulnerabilidade dos Batistas

Os Batistas eram particularmente vulneráveis no sentido de serem caracterizados como inimigos do estado, por algumas razões, umas imaginárias e outras reais.

Sob a monarquia, muitos cidadãos ingleses tinham o sentimento de "pertencer a algo", e este algo era a monarquia dirigida par alguém, que se cria, ser escolhido de Deus. Durante o "Comonwealth" ( período de onze anos em que não havia rei na lnglaterra), este "senso de pertencer" foi transferido para a igreja em que cada pessoa nasceu e foi batizada. 0 batismo infantil portanto era um elo de identificação social que unia de forma muito estreita a igreja e a sociedade, ou seja o infante recém nascido, no batismo já estava integrado simultaneamente à igreja e à sociedade, tanto que em muitos paises europeus, até poucas décadas atrás, ainda aceitavam a certidão de batismo como certidão de nascimento. Os batistas, através de um claro entendimento da Palavra de Deus, negavam esta conexão com a igreja por nascimento. Eles viam a igreja como uma comunidade de crentes de cujo corpo se faz parte através de uma escolha e aceitação individual da salvação que Deus oferece em Cristo, sendo que o optante à salvação dá testemunho de ter aceito, por escolha pessoal, o dom da vida eterna, pedindo o batismo nas águas. Em adição a este item, que era uma diferença real, havia outros problemas que na realidade eram mal entendidos.

Culpado por Associação

A diversidade de idéias e práticas entre as batistas, deu motivo aos oponentes, de julgar de forma inadequada e sem muita base, no sentido que as batistas estariam ligados a muitas causas impopulares. Em primeiro lugar batistas eram muitas vezes chamados de anabatistas, por causa de algumas similaridades de crenças com estes. Os batistas ingleses no entanto não desejavam ser identificados com os anabatistas do continente por duas principais razões:

1o.) A tendência popular, ao usar o termo "anabatista" era associa-lo a um ramo radical que existia entre eles, tais como os que participaram da sangrenta, rebelião de Munster, na Alemanha, o que por mais de um século ficou visto como um exemplo de extremo fanatismo religioso. Os batistas queriam deixar claro que suas crenças e práticas eram oriundas de seu próprio estudo da Biblia e não do ensinamento de outros.

2o.)Houve o caso de batistas que se tornaram envolvidos em movimentos políticos e sociais que eram considerados uma ameaça para o governo. Já em 1649, um batista chamado James Toppe escrevia a um amigo a respeito do "reino rnonarquial e pessoal de Cristo sobre os reinos deste mundo.. em que também é mostrado o tempo e o lugar em que este reino iniciará". Em 1652, um eclipse solar foi tomado como sinal que estava para iniciar "o glorioso advento da quinta monarquia". Daniel, que eles interpretavam como a implantação pela força, do reino de Cristo, representava uma ameaça, tanto para Cronwell como para a rnonarquia que se seguiu. 0 movimento da 5a. monarquia nunca teve muitos adeptos, mas mesmo assim era considerado subversivo. Os adeptos da 5a. monarquia acreditavam que Jesus voltaria a qualquer momento e que até que isto acontecesse, eles eram as pessoas designadas por Deus para governar. Um certo número de batistas, eram associados a este movimento, incluindo suficiente número de guardadores do sábado para dar motivos para alguns historiadores concluírem que os Batistas do Sétimo Dia eram um rebento do movimento da 5a. monarquia. 0 movimento atingiu seu ponto culminante quando em 1661 Thomas Venner, conduziu uma tentativa fracassada de destronar o rei Carlos II.., que havia recém retornado da França. Um pregador Batista do Sétimo Dia, John James, foi martirizado em 1661, por suas convicções concernentes à doutrina da 5a. monarquia.

3o.) As suspeitas que tinham por alvo todos os batistas, se tornaram mais intensas em relação aos Batistas do Sétimo Dia, por causa de sua suposta associação com os judeus.

A admissão dos judeus na Inglaterra, durante o período da "Commonwealth" em que vigorava a tolerância universal, deixou o povo de olho em qualquer pessoa que guardasse o sábado. A maioria dos escritores deste período que defendiam a guarda do sábado procuravam deixar bem claro que não tinham nenhuma relação com os judeus. Muitas pessoas tinham a idéia confusa de que os judeus tinham sido admitidos na Inglaterra com o propósito de se tentar convertê-los ao cristianismo. Alguns pensavam que se os judeus fossem confrontados com os claros ensinos da reforma protestante, eles certamente abraçariam Jesus como Salvador. Mais tarde alguns Batistas do Sétimo Dia estabeleceram como alvo a conversão de judeus, dado que estes já eram guardadores do sábado, e só necessitavam aceitar Jesus.




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