quarta-feira, 30 de junho de 2010

1333 - HISTÓRIA DO LIVRO

Livros Didáticos de História:
pesquisa, ensino e novas utilizações deste objeto cultural
Margarida Maria Dias de Oliveira1
I - A escola na dianteira da academia: as pesquisas sobre livro didático de História
No Brasil, após a redemocratização, iniciada no final da década de 70 do século XX, realizou-se uma série de trabalhos que atribuíam ao livro didático diversos problemas, e isto atingia diretamente a qualidade da educação.
Estes trabalhos estavam corretos e cumpriram um papel fundamental. As avaliações sistemáticas e cada vez mais aperfeiçoadas, empreendidas pelo Ministério da Educação por meio das Universidades, vêm, desde meados da década de 90 do século XX, garantindo que cheguem às escolas livros sem erros ou falhas na sua editoração.
As primeiras pesquisas sobre a utilização sobre livros didáticos – ainda no final da década de 70 do século XX - são frutos de experiências ditas “alternativas” em sala de aula. Relatam experiências de ensino com fontes primárias, com músicas, com teatro, com filmes/vídeos, com estudos do meio, com fichas de leitura, com produção de textos, entre outras.
Posteriormente, com o desenvolvimento das pesquisas, concentradas nos programas de pós-graduação em educação, temos um outro quadro. Inicialmente se concentraram na externalidade da sala de aula: leis, currículos, livros didáticos. Só atualmente vêm caminhando para a internalidade da sala de aula, isto é, os temas anteriormente citados continuam sendo analisados, mas nas suas inter-relações com o que se faz dentro da escola e da sala de aula. Como são interpretados esses elementos formais da educação pelos seus agentes sociais.
Num primeiro momento, os trabalhos sobre livros didáticos de história, centraram-se nas denúncias de uma “ideologia dominante” contida nestes, da ausência de determinados temas nos mesmos, ou até de tratamentos errados de alguns temas ou fatos pelos autores de livros didáticos. Foram importantíssimos, pois mapearam um elemento que se tornou indispensável nas escolas. Hoje, porém, requer novos enfoques: a formação inicial dos professores e a relação autores/editoras/indústria cultural podem ser assinalados como uma amostra desses novos caminhos.
É extremamente importante que se estimulem novos caminhos para a pesquisa do livro didático. Convênios entre agências de fomento e o Ministério da Educação, no sentido de abrir
1 Professora do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. 1
possibilidades de financiamentos de pesquisas sobre livros didáticos, seriam fundamentais para produção de novos conhecimentos.
O valor do livro didático engloba aspectos pedagógicos, econômicos, políticos e culturais. Portanto, pesquisas deveriam observá-los. Além disso, seria útil encontrar instrumentos de pesquisa confiáveis para avaliar a eficiência e a eficácia deles.
As pesquisas que estão buscando a internalidade das salas de aula têm, de certa forma, comparado os diversos modos de aprendizado, o que é muito significante e deveria ser mais desenvolvido.
Contudo, apesar das variadas possibilidades, o aspecto mais estudado é a importância político-ideológica dos livros didáticos, por isso afirmamos que, nesse caso a escola se coloca como vanguarda em relação as universidades visto que, por meio da vivência em suas salas de aulas têm experiências para muito além da “denúncia” das faltas, erros e/ou ideologias do livro didático de História.
Há, por isso, um leque de possibilidades aberto para futuras pesquisas. A gama de representações sobre o livro didático é uma delas, inclusive lembrando que se para o estudante, ele é um início, para o professor, é a condensação e o tratamento didático de um conhecimento. Sua utilização em sala – por professores e alunos – também é um caminho que precisa ser mais bem compreendido.
II - Concepção de livro e materiais didáticos
Estamos entendendo como livro didático “um material impresso, estruturado, destinado ou adequado a ser utilizado num processo de aprendizagem ou formação”.2 A complexidade desse objeto, sim porque o livro didático não é “apenas” um livro, tampouco o é no sentido mais usual do termo, para ser lido, da primeira à última página. O livro didático precisa ser entendido como parte da história cultural da nossa civilização e como objeto que deve ser usado numa situação de ensino e aprendizagem e, nessa relação há vários sujeitos: o(s) autor(es), editor, trabalhadores, e, sobretudo, professores e alunos.
2OLIVEIRA, João Batista Araújo et all. A política do livro didático. São Paulo: Summus; Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1984.
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Esse objeto tem significados diferenciados para cada um desses sujeitos e, como já assinalado em uma pesquisa,3 pode, inclusive, ser referência de “status” em algumas ocasiões.
O livro didático é um instrumento que precisa ser mais bem utilizado pelo professor. O que estamos entendendo como melhor utilização é a exploração mais adequada das suas potencialidades.
Por exemplo, iniciar o trabalho com os alunos sobre um conteúdo pelas imagens contidas no livro didático e não pelo texto. Muitas vezes, o professor, preocupadíssimo em cumprir o programa e entendendo que sua missão é “expor uma matéria” vista conforme o que está no livro, deixa de utilizar um potencial importantíssimo do material didático, inclusive, levando em consideração que nossa cultura é muito visual e que os alunos têm seus olhares direcionados para as imagens4.
Outros instrumentos apresentados ou sugeridos nos livros didáticos também podem ser mais bem utilizados. No caso dos específicos de História: documentos transcritos como leituras complementares ao final de capítulos, mapas históricos e tarefas a serem desenvolvidas que, muitas vezes, não são de fixação de informações, mas de pesquisa, incentivadoras de debates e também poderiam ser motivadoras iniciais de novos conteúdos. Sugestões de filmes, séries televisivas, história em quadrinhos, charges, ou seja, recursos que têm a imagem como veículo fundamental necessitam de novos aportes informacionais para que sejam, adequadamente, trabalhados pelo professor.
Sobre todas essas questões, poderiam incidir os programas de formação continuada nos quais o foco seria: contribuir para um exercício docente que atingisse melhor seus objetivos, que,
3 Para entender a variedade de relações e representações sociais sobre esse objeto ver a citação a seguir como exemplo: “Para parcelas de alunos oriundos das camadas populares, a posse do livro associa-se a “status”, embora represente um ônus em seu parco orçamento como exemplifica a argumentação de um aluno em reação à proposta da professora em não adotar livro em um curso da periferia de São Paulo, valorizando a segurança que este material oferecia quando das “batidas” de policiais em ônibus ou ruas. A posse do livro garantia uma certa situação social privilegiada, a possibilidade de um tratamento diferenciado pelas autoridades policiais”. In: BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Livro didático e conhecimento histórico: uma história do saber escolar. São Paulo: DH/FAFICH/USP, 1993. (Tese de Doutorado). P. 2.
4 A diversidade de abordagens sobre essas questões é representada por uma significativa e estimulante bibliografia. KOSSOY, Boris. Fotografia & História. 2. ed. rev. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001; JOLY, Martine. Introdução à analise da imagem. Campinas, SP: Papirus, 1996 (Coleção Ofício de Arte e Forma); VOVELLE, Michel. Imagens e Imaginário da História. Fantasmas e certezas nas mentalidades desde a Idade Média até o século XX. São Paulo: Editora Ática, 1997; KOSSOY, Boris. Realidades e Ficções na Trama Fotografia. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002; BURKE, Peter. Testemunha ocular. História e Imagem. Bauru, SP: EDUSC, 2004; MANGUEL, Alberto. Lendo Imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo: Companhia das Letras, 2001; DUARTE, Rosália. Cinema & Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002; FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televisão & Educação. 2. ed Belo Horizonte: Autêntica, 2003; VANOYE, Francis. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas, SP: Papirus, 1994. (Coleção Ofício de Arte e Forma).
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servindo-se do material didático mais utilizado, mais acessível – porque fornecido pelo Estado – garantisse a professores e alunos resultados mais satisfatórios.
Como já ressaltado em documento do próprio Ministério da Educação5, há a necessidade de prover as escolas de outros materiais didáticos, além do livro. Atlas históricos, cd-rom específicos para a área, coletâneas de documentos históricos, os chamados livros paradidáticos que tratam de temas ou de aspectos de conteúdos históricos e jogos6 são fundamentais para o ensino.
III – A importância da escolha dos livros didáticos
Nenhum profissional deseja que tenhamos um único tipo de livro didático - o que se defende é a qualidade na diversidade.
No processo de escolha dos livros didáticos, é importante que sejam observados todos os aspectos enumerados nas resenhas do Guia do PNLD 2007, afinal, o livro não se restringe ao texto. A partir da leitura atenta das resenhas que estão à disposição no Guia do PNLD 2007 será possível a escolha do livro coerente com o projeto político-pedagógico da escola, com a realidade na qual a escola se insere, com as concepções de sociedade, educação e história.
A avaliação destas obras foi feita por profissionais que conhecem o Ensino Fundamental e refletem sobre ele. Outra avaliação será realizada por professores e alunos e o objetivo é sempre a formação de cidadãos que pensem historicamente e, com isso, também, conquistem sua cidadania plena e ajudem a construir uma sociedade cada dia mais democrática.
Além da informação profissional necessária, tempo e instrumentos são fundamentais para essa escolha. O Guia do PNLD tem sido um desses instrumentos, é preciso que o professor assuma-se como sujeito avaliador – o mais importante - porque a partir das informações fornecidas pela realidade de trabalho.
III. 1. Uma breve caracterização das Coleções presentes no Guia do PNLD 2007
As coleções e livros didáticos regionais foram avaliados no sentido de atender às necessidades de professores e alunos, possibilitando-lhes trabalhar conteúdos com propriedade, evitando veicular, construir e/ou reproduzir noções preconceituosas e informações errôneas, Faz-se
5 BATISTA, Antônio Augusto Gomes. Recomendações para uma política pública de livros didáticos. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 2002
6 Há uma empresa que vem trabalhando no resgate de jogos de outras épocas históricas e de outras sociedades como forma de demonstrar que informações e valores contidas nesses jogos são representativas da visão de mundo daqueles povos. Para maiores informações, visitar o site www.origem.com.br.
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premente frisar que o conhecimento histórico obedece a critérios e procedimentos inerentes da disciplina História - portanto, estes são aspectos que devem estar explicitados nas obras.
É fundamental que os livros didáticos lancem mão de abordagens pautadas na pluralidade de realidades sociais, econômicas e culturais, além de contribuir para a formação cidadã do educando a reflexão e a construção de conceitos, como tolerância, liberdade e democracia.
Podemos perceber que 97 % dos livros incorporam renovações nas áreas de História e de Pedagogia, problematizando presente-passado e possibilitando ao aluno a percepção da construção do conhecimento histórico. Trabalham organizando o conteúdo por eixos temáticos, por temas-conceituais ou temáticas escolhidas. Percebemos, também que, em geral, os livros destinados às primeiras e segundas séries são mais de acordo com as inovações pedagógicas e históricas. Isto não se mantém para os livros de terceira e quarta séries, que trabalham mais numa linha tradicional, baseados em textos e perguntas.
Há 16 coleções que apresentam e relacionam as fontes com a construção do conhecimento histórico; há quatro em que um capítulo ou parte de um dos volumes trabalha vultos e fatos, e há 10 obras que apresentam fontes, porém não as relacionam com a produção histórica.
Em relação à concepção pedagógica, apenas uma coleção completa foi caracterizada como tradicional, tendo as demais incorporado parcial ou totalmente as renovações da área. No entanto, oito ainda trazem, como principal atividade da obra, exercícios do tipo pergunta-resposta, “velhos questionários” dos pontos de história, em que a capacidade requerida era decorar.
Quase todas coleções trabalham os conteúdos no sentido de desenvolver a formação da cidadania e atualizaram-se em relação aos novos temas hoje em discussão. Há o cuidado com que as coleções dialoguem com o professor através do Manual do Professor, ou similar, transformando-o em auxiliar na prática pedagógica. Contudo, nem todas apresentam e discutem as concepções pedagógicas e históricas adotadas na elaboração da obra, ou sugerem textos complementares para a atualização docente.
De forma geral, as coleções apresentam-se com visual agradável e adequado ao nível de ensino a que se destinam. Percebemos que os problemas de revisão são os que requerem maior cuidado por parte das editoras.
Podemos afirmar que ao menos dois terços das coleções tratam da diversidade das fontes históricas, utilizando vários documentos de natureza diferente, como certidão de nascimento, carteira de identidade, carteira de vacinação, carteira de estudante, título de eleitor, jornais de época, publicidades, anúncios, fotografias, pinturas (reprodução), entrevistas, músicas, plantas de cidades, cartografia de outras épocas e atuais, bem como chamam atenção para outras fontes materiais, como 5
brinquedos, roupas, comidas, objetos de uso diário de outros tempos, permitindo ao aluno a percepção da metodologia histórica e da construção do conhecimento histórico.
III. 2. Uma breve caracterização dos Livros Didáticos Regionais presentes no Guia do PNLD 2007
São classificados como Livros Didáticos Regionais aqueles que pretendem trabalhar com a história delimitando um recorte espacial, podendo ser uma capital ou um estado do país. Normalmente, são destinados à 3ª ou 4ª séries do Ensino Fundamental. São 27 obras para a escolha das escolas, e dentre elas, 13 ainda propõem a organização dos conteúdos na periodização tradicional da história: períodos colonial, imperial e republicano brasileiro. Oito livros organizaram-se por temáticas que orientam os conteúdos propostos, quatro propõem trabalhar com a chamada História Integrada, relacionando pontos da História Geral com a do Brasil e a Regional. Somente duas utilizaram o recurso literário ficcional para conduzir a estrutura da obra.
Os conteúdos com ênfase político-institucional ainda predominam nos Livros Regionais (12). Mas encontramos obras que se alinham às renovações da área de história trabalhando com o cotidiano e a cultura material, ou com questões sociais. Temos também um grupo significativo (7) que dão ênfase aos ciclos econômicos.
Temos nove Livros Regionais que priorizam os personagens ilustres e fatos político-institucionais em suas abordagens históricas. Apenas cinco apresentam e relacionam fontes com a construção do conhecimento histórico, e a maioria (13) não trabalha com heróis e fatos encadeado, mas, quando apresentam fontes, não as relacionam com a produção histórica.
Quanto aos princípios pedagógicos, encontramos 10 obras caracterizadas como tradicionais e 17 como inovadoras. A maioria busca desenvolver capacidades e habilidades básicas através de propostas didáticas diversificadas e criativas, fugindo dos tradicionais questionários. Porém, temos oito livros que se apóiam predominantemente em exercícios do tipo pergunta-resposta.
Identificamos somente uma obra que não se preocupa com a formação para a cidadania, em sua proposta de trabalho. Grande parte do Manual do Professor (ou similar) que acompanha o Livro Regional auxilia o trabalho docente, indicando sugestões de leituras complementares, discutindo a proposta pedagógica adotada. Porém, ainda temos um número significativo (12) de Manuais que apresentam partes sucintas, incompletas ou deixam de abordar elementos importantes para a prática pedagógica, tornando-se, assim, insuficientes para auxiliar o professor na utilização do livro em sala de aula.
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Dos Livros Regionais, quase todos (24), são agradáveis visualmente, apresentando belas imagens, bem coloridos e, às vezes, organizados com ícones. São apenas três do total que apresentam algum problema no conjunto gráfico. Já em relação à revisão, encontramos 13 obras apontadas com problemas nesta área, como ausência de informações sobre as imagens utilizadas, fontes, bibliografia; ou dados equivocados em legendas, datas, ortografia ou digitação.
III. 3. Cuidados que o professor deve ter no processo de escolha
É fundamental que o professor examine se a coleção ou o livro regional a ser escolhido é adequado para suprir as exigências de seu universo escolar e se poderá ser adaptado à situação concreta dos alunos da escola. Alguns pontos que o professor deve verificar são centrais:
• Se a coleção é adequada ao projeto pedagógico da escola;
• Se a linguagem e as referências são mais adequadas para alunos de cidade grande, de porte médio ou pequeno; de regiões urbanas ou rurais;
• Se há grande complexidade de textos ou de atividades, o que supõe mais atenção do professor ao conduzir suas práticas docentes.
IV - Por ações que potencializem o livro didático
Há necessidades de ações junto a formação inicial e continuada dos professores e também no fornecimento de subsídios informacionais e didáticos aos professores.
No que concerne à formação continuada de professores, por exemplo, seria fundamental o incentivo à criação de Cursos de Especialização em parceria com as Secretarias de Educação e com as Instituições Federais de Ensino Superior que tenham como objeto das disciplinas as potencialidades de trabalhos presentes nos livros didáticos. Isso faria com que o professor dos ensinos fundamental e médio participasse ativamente da discussão do livro didático, proporcionando não só a troca de informações (experiências vivenciadas em sala de aula e análises produzidas sobre os livros didáticos) como a reflexão para novas abordagens e utilizações desse objeto, além de contribuir para a autonomia deles na avaliação dos livros didáticos.
Incentivar a criação de Bibliotecas Didáticas que poderiam subsidiar programas de extensão que tenham como base o livro didático de História.
Incentivar a criação de sites/bancos de dados que fornecessem informações sobre imagens mais utilizadas nos livros didáticos (se é foto, pintura, gravura, estatuária, monumento; sua 7
localização, datação, autor, o porquê da utilização dessa imagem etc.), outras imagens – não tão utilizadas - relativas aos mesmos temas, para que pudessem ser exploradas em sala de aula.
Numa articulação efetiva com o Programa Nacional Biblioteca na Escola, viabilizar-se uma publicação e programas na TVs e Rádios Educativas que articulasse os livros de Literatura e História, incentivando o trabalho interdisciplinar e a ampliação do conceito de livro didático para professores e alunos.
Incentivo ao registro de experiências vivenciadas em sala de aula, tendo o livro didático como centro do processo, tanto por professores quanto por alunos.
Incentivos a projetos que proporcionem ao professor olhar para sua sociedade como fonte inesgotável de recursos e materiais didáticos como museus, praças, jornais, roupas, objetos etc.
IV. 1. Uma experiência7
O quadro “Independência ou Morte!”8 de autoria do pintor Pedro Américo, tem sido utilizado como imagem do processo de Independência política do Brasil na maioria dos livros didáticos. Convidamos os professores a iniciarem este tema na sala de aula pelas imagens presentes no livro didático que está sendo utilizado.
Seria de extrema importância ler o texto de autoria do pintor Pedro Américo intitulado “A pintura”9 e ver as justificativas do mesmo para os “erros” que vêm sendo apontados na obra, desde sua apresentação ao público. A partir deste texto o professor pode organizar, inclusive, a apresentação de trechos do mesmo onde o autor explica o porque das suas escolhas. É interessante, inclusive, para fazer uma comparação com as escolhas feitas pelos profissionais de história (pesquisador ou professor): porquê trabalhar determinados temas e não outros, como tratá-los etc.
Há ainda a possibilidade de outras interpretações do fato representado10 ou, até mesmo, de re-leituras da obra11. Sugere-se, também, a “desconstrução” da obra,
7 Oficina “Uso e abuso do livro didático de História” organizada por Margarida Maria Dias de Oliveira, João Maurício Gomes Neto e Wesley Garcia Ribeiro Silva, em novembro de 2005.
8 Independência ou Morte! Pedro Américo, 7,60x 4,15 m. Museu Paulista – USP. Fotografia de José Rosael.
9 Publicado em: OLIVEIRA, Cecília Helena de Salles e MATTOS, Cláudia Valladão de. (orgs.) O Brado do Ipiranga. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Museu Paulista da Universidade de São Paulo, 1999. (Anexo 1)
10 Ver anexo. Imagem também muito presente nos livros didáticos. Proclamação da Independência. François-Rene Moreaux, 2,44 x 3,83 m, 1844. Museu Imperial de Petrópolis. Fotografia de Rômulo Fialdini. (Anexo 2)
11 Ver anexo. SOUSA, Maurício de. História em quadrões. São Paulo: Globo, 2002. (Anexo 3) 8
recortando-o em quadrados, fazendo uma espécie de quebra-cabeças e analisando quadro por quadro.
Ilustração 1: Anexo 1 9
Ilustração 2: Anexo 2
Ilustração 3: Anexo 3 10


,COPYRIGHT DEVIDO AO AUTOR DO TEXTO.

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