quarta-feira, 30 de junho de 2010

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Dia Internacional do Livro Infantil

Hans Christian e um de seus principais personagens – O Patinho Feio

A literatura infantil surgiu no século XVII, no intuito de educar as crianças moralmente.

Em homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, foi criado o dia internacional do livro infantil, que é comemorado na data de seu nascimento, 02 de abril; em virtude das inúmeras histórias criadas por ele.

Dentre as mais conhecidas mundialmente estão “O Patinho Feio”, “O Soldadinho de Chumbo”, “A Pequena Sereia” e “As Roupas Novas do Imperador”.

A data é conhecida e comemorada mundialmente, em mais de sessenta países, como forma de incentivar e despertar nas crianças o gosto pela leitura.

Tanto os clássicos da literatura infantil quanto os livros somente ilustrados, proporcionaram o desenvolvimento do imaginário das crianças, bem como o aspecto cognitivo, desenvolvendo seu aprendizado em várias áreas da vida.

As histórias reportam valores morais e éticos, que levam o sujeito a repensar suas atitudes do cotidiano, numa reflexão que pode modificar sua ação, tornando-a melhor enquanto pessoa.

Segundo Humberto Eco – escritor, filósofo e linguista italiano – a literatura infantil traz sentido aos fatos que acontecem na vida, envolvendo as crianças. Dessa forma, "qualquer passeio pelos mundos ficcionais tem a mesma função de um brinquedo infantil.

As crianças brincam com a boneca, cavalinho de madeira ou pipa a fim de se familiarizar com as leis físicas do universo e com os atos que realizarão um dia".

Todos os anos a Internacional Board on Books for Young People, oferece o troféu “Hans Christian”, como sendo o prêmio Nobel desse gênero, algumas escritoras brasileiras já foram homenageadas, como Lygia Bojunga, no ano de 1982, e Ana Maria Machado, em 2000.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Abril - Datas Comemorativas - Brasil Escola

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1349 - HISTÓRIA DO LIVRO

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landinjorna : preciso do resumo do livro - o que é cultura do jose luiz dos santos, com urgencia, para trabalho de faculdade
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rafaelmalan : bateria garotas e a torta perigosa??
rafaelmalan : alguem tem o resumo do livro:
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Eli 40914 : oi alguem tem oresumo do liocro aconselhamento: integrando a psicoterapia e biblía?
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Rissia : Alguém faz faculdade de ciências sociais ou de história?
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johnicarlos : Me ajudem por favor?
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1348 - HISTÓRIA DO LIVRO

Resenha sobre o livro de roger chartier: a
história cultural entre práticas e representações.
Ieda Ramona do Amaral e Luciane Miranda Faria¹
1 Referência
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações.
Tradução Maria Manuela Galhardo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.
245p.
2. Credenciais do autor:
Roger Chartier nasceu em Lyon, na França, em 1945. Desde jovem tem se
dedicado a pesquisas e projetos coletivos na direção de novas abordagens e de
novos objetos para a história, fazendo parte da terceira geração do grupo de pesquisadores
conhecido como Escola dos Analles. Sua trajetória intelectual abrange
várias linhas de pesquisa: uma primeira linha seria a história das instituições de
ensino e das sociabilidades intelectuais; uma segunda linha de pesquisa, que perpassa
o conjunto de sua obra, é constituída pela história do livro e das práticas de
escrita e de leitura; uma terceira linha de pesquisa seria a análise e o debate entre
política, cultura e cultura popular; uma outra linha ainda pode ser derivada de
suas reflexões sobre o ofício de historiador, expressas em suas publicações e em
suas atividades como divulgador de uma nova história. Diretor na Escola de Altos
Estudos em Ciências Sociais, em Paris, e professor especializado em história das
práticas culturais e história da leitura, Roger Chartier é um dos mais conhecidos
historiadores da atualidade, com obras publicadas em vários países do mundo. Sua
reflexão teórica inovadora abriu novas possibilidades para os estudos em história
cultural e estimula a permanente renovação nas maneiras de ler e fazer a história.
Chartier foi professor nas universidades Princeton, Montreal, Yale, Cornell, John
Hopkins, Chicago, Pensilvânia, Berkeley.
Roger Chartier escreveu muitas obras. Referenciamos aqui só as publicadas
no Brasil: História da vida privada: da Renascença ao Século das Luzes; Cultura
escrita, literatura e história; Formas do sentido - Cultura escrita: entre distinção
e apropriação; Os desafios da escrita; A aventura do livro; À beira da falésia; Do
Palco à Página; A ordem dos livros; História da leitura no mundo ocidental; Práticas
da leitura; O poder das bibliotecas: a memória dos livros no Ocidente; e Leituras
e leitores na França do Antigo Regime.
1 Mestrandas da Pós-Graduação, Linha de Pesquisa Educação e Linguagem (UFMT-2006).
Revista de Educação Pública Cuiabá v. 16 n. 30 p. 183-186 jan.-abr. 2007
184 • Notas de leitura, resumos e resenhas
Revista de Educação Pública, Cuiabá/MT, v. 16, n. 30, p. 183-186, jan.-abr. 2007
3. Conhecimento geral da obra
Em sua obra “A História Cultural: Entre Práticas e Representações”, composta
por oito ensaios publicados entre 1982 e 1986, Chartier evidencia que, nos anos
de 1950 e 60, os historiadores buscavam uma forma de saber controlado, apoiado
sobre técnicas de investigação, de medidas estatísticas, conceitos teóricos dentre
outros. Esses historiadores acreditavam que o saber inerente à história devia se
sobrepor à narrativa, por acharem que o mundo da narrativa era o mundo da ficção,
do imaginário, da fábula. Contudo a tendência hegemônica da historiografia
atual propõe uma nova forma de interrogar a realidade, toma como base temas
do domínio da cultura e salienta o papel das representações.
A História Cultural, esclarece Chartier, é importante para identificar o modo
como em diferentes lugares e momentos uma realidade social é construída, pensada,
dada a ler. Portanto, ao voltar-se para a vida social, esse campo pode tomar por
objeto as formas e os motivos das suas representações e pensá-las como análise
do trabalho de representação das classificações e das exclusões que constituem as
configurações sociais e conceituais de um tempo ou de um espaço. No entanto, a
História Cultural deve ser entendida como o estudo dos processos com os quais
se constrói um sentido, uma vez que as representações podem ser pensadas como
“[...] esquemas intelectuais, que criam as figuras graças às quais o presente pode
adquirir sentido, o outro tornar-se inteligível e o espaço ser decifrado” (CHARTIER,
1990,p.17). Como se vê, os processos estabelecidos a partir da História
Cultural envolvem a relação que se estabelece entre a história dos textos, a história
dos livros e a história da leitura, permitindo a Chartier uma fértil reflexão a respeito
da natureza da História como discurso acerca da realidade e ainda de como
o historiador exerce o seu ofício para compreender tal realidade.
Podemos perceber que a obra de Chartier se destaca por impor o trato de
problemas conceituais como representação, prática e apropriação. A partir deles,
o autor considera questões como as formas narrativas do discurso histórico e
literário, fundamentais à interpretação dos documentos que o historiador toma
por objeto. Entendemos que para compreender melhor esses conceitos é fundamental
conhecer as idéias de historiadores como, por exemplo, Pierre Bordieu,
Michel de Certeau, Michel Foucault e Paul Ricoeur, influenciados pela Escola dos
Analles, como também as idéias de alguns autores influenciados pela Escola de
Frankfurt, como Gadamer, Geertz, Habermas, Jauss e Norbert Elias. Para Roger
Chartier, um autor pode ser lido e entendido quando se leva em consideração o
contexto no qual o seu trabalho foi produzido, por isso pensar, portanto, os processos
de civilização nos possibilitam ir do discurso ao fato, questionando a idéia
de fonte como mero instrumento de mediação e testemunho de uma realidade
e considerando as representações como realidade de múltiplos sentidos, mesmo
porque as representações do mundo social, assim construídas, embora aspirem
Resenha sobre o livro de roger chartier: a história cultural entre práticas e representações • 185
Revista de Educação Pública, Cuiabá/MT, v. 16, n. 30, p. 183-186, jan.-abr. 2007
à universalidade de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas
pelos interesses de grupo que as forjam.
Chartier acredita que há algo específico no discurso histórico, pois este é
construído a partir de técnicas específicas. Pode ser uma história de eventos políticos
ou a descrição de uma sociedade ou uma prática de história cultural. Para
produzi-la, o historiador deve ler os documentos, organizar suas fontes, manejar
técnicas de análise, utilizar critérios de prova. Portanto, se é preciso adotar essas
técnicas em particular, é porque há uma intenção diferente no fazer história, que é
restabelecer a verdade entre o relato e o que é o objeto deste relato. O historiador
hoje precisa achar uma forma de atender a essa exigência de cientificidade que
supõe o aprendizado da técnica, a busca de provas particulares, sabendo que, seja
qual for a sua forma de escrita, esta pertencerá sempre à categoria dos relatos, da
narrativa. Daí, para cada caso, o necessário relacionamento dos discursos proferidos
com a posição de quem as utiliza (CHARTIER, 1990, p.16). Um texto pode
aplicar-se à situação do leitor e, como configuração narrativa, pode corresponder
a uma refiguração da própria experiência. Por isso, entre o texto e o sujeito que
lê, coloca-se uma teoria da leitura capaz de compreender a apropriação dos discursos,
a maneira como estes afetam o leitor e o conduzem a uma nova forma de
compreensão de si próprio e do mundo. O autor esclarece que os agenciamentos
discursivos e as categorias que os fundam – como os sistemas de classificação, os
critérios de recorte, os modos de representações – não se reduzem absolutamente
às idéias que enunciam ou aos temas que contêm, mas possuem sua lógica própria
– e uma lógica que pode muito bem ser contraditória, em seus efeitos, como letra
da mensagem (CHARTIER, 1990, p.187).
As contribuições que Chartier incorporou aos seus estudos são grandes e diversas.
Podemos citar as categorias como habitus, tomada da obra de Pierre Bordieu;
configuração e processo, apanhadas em Norbert Elias; representação, apreendida
com Louis Marin; idéias como controle da difusão e circulação do discurso, buscadas
em Michel Foucault; produção do novo a partir das contribuições existentes,
tal como pensada por Paul Ricoeur; e a apropriação e transformação cultural, do
mesmo modo proposto por Michel de Certeau. As filiações teóricas de Roger
Chartier serviram para que os pesquisadores compreendessem a necessidade de
mergulhar nas teorias e metodologias da História, na prática dos arquivos, realizando
a operação historiográfica proposta por Michel de Certeau.
Partindo da observação dos conceitos usados por Roger Chartier, é possível perceber
que ele se preocupa com a forma através da qual os indivíduos se apropriam
de determinados conceitos. Assim valoriza as mentalidades coletivas. Conceitos
como os de utensilagem mental, visão de mundo e configuração têm importância
fundamental para o estabelecimento de um diálogo com as fontes. É necessário
aprofundar os estudos em torno dos conceitos fundamentais difundidos por esse
importante interlocutor dos fenômenos da cultura de um modo geral, buscando
um maior conhecimento a respeito das condições de produção da sua obra e das
186 • Notas de leitura, resumos e resenhas
Revista de Educação Pública, Cuiabá/MT, v. 16, n. 30, p. 183-186, jan.-abr. 2007
suas ferramentas de análise. O trabalho de Roger Chartier cria condições para
que se estabeleça uma nova postura nos estudos da História Cultural diante dos
métodos, das fontes e dos temas estudados, buscando, da mesma maneira, nos
diversos ramos especializados da História um diálogo mais fértil com a Antropologia,
a Sociologia, a Filosofia e a teoria literária.



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1347 - HISTÓRIA DO LIVRO

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Livro | A Minha Primeira Enciclopédia da História
21 de Setembro de 2009

in Crianças - Meninos e Meninas



Hoje a sugestão é sobre um livro muito interessante e indicado para crianças a partir dos 6 anos, trata-se da ‘A Minha Primeira Enciclopédia de História’ (Porto Editora) que numa linguagem acessível e com belas imagens faz com que a criança se interesse pelo tema e adquira gosto pela leitura e pela História.

Além de incentivar o gosto pela História o livro é uma excelente fonte de pesquisa escolares. Abrange vários aspectos da História da Humanidade desde a pré-história, Incas, Maias, Egipto, bem como as duas guerras mundiais.

Este livro é recomendado para apoio a projectos relacionados com História Universal nos 3º, 4º, 5º e 6º anos; tendo recebido também excelentes críticas na imprensa escrita.



Abaixo alguns dos temas abordados no livro:

- O Mundo dos Dinossauros
- O Homem Primitivo
- O Antigo Egipto
- As cidades Incas
- A vida dos Astecas
- A Roma Antiga
- A China Antiga
- A Grécia Antiga
- A vida no japão
- A vida na América
- Os comerciantes Holandeses
E outros….

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Tagged as: literatura para crianças, livros, livros de histórias, livros educativos

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1 Adilvania 10 de Outubro de 2009 ás 0:01
Gostei do material e gostaria de saber como adquirí-lo, favor entrar em contato pelo e-mail o mais rápido possível.

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Curriculum Vitae de João José Alves Dias
Livros de História do livro e de Bibliofilia

Iniciação à Bibliofilia, Lisboa, Pró-Associação Portuguesa de Alfarrabistas, 1994, 78 pp.


No quinto centenário da Vita Christi: os primeiros impressores alemães em Portugal / coordenação de João José alves Dias; colaboração de Manuela Rêgo e Rosa Lemos. Lisboa, Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, 1995, 140 pp.
Com apresentação de Maria Leonor Machado de Sousa e introdução de A. H. de Oliveira Marques.


Craesbeeck: Uma dinastia de impressores em Portugal: Elementos para o seu estudo / Lisboa, Associação Portuguesa de Livreiros Alfarrabistas, 1996, 128 p.


Rezar em português : Introdução ao Livro de Horas de Nossa Senhora segundo costume Romaano... Paris: Narcisse Brun, 13 de Fevereiro de 1500 [i.é 1501] / Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, Dezembro de 2009, 192 p. outras informações

2.ª ed. Abril de 2010



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1345 - HISTÓRIA DO LIVRO

A minha vida dá para escrever um livro, a história da minha vida A sua vida dá para escrever um livro, o livro com as histórias da sua vida.
Os livros contam e imortalizam histórias de famosos ou de qualquer pessoa que as queira contar. Por que não as suas?

Escreva a sua auto-fiografia, componha a sua foto-biografia, deixe impresso o livro da sua vida.
Como fizeste, ó o meu coração Porcia, tal ferida? Foi voluntária, histórias escritas ou foi por inocência? É que Amor escrever fazer só quis experiência Se gosto muito de ti podia eu sofrer, tirar-me a somos felizes vida? E com teu próprio sangue a minha vida em livro te convida A que faças fotobiografia à morte resistência? É que costume delinear faço da paciência, Porque o temor recordações do nosso pai morrer me não impida. amar Pois porque estás comendo projecto com fogo ardente, amar Se a ferro te costumas? É que amo-te muito ordena Amor que morra, e foto-biografia pene juntamente. E recordações dos nossos pais tens a dor do ferro por pequena? quero dar-te Si, que a dor a minha auto-biografia costumada não se sente, E querida mãe não quero eu a morte sem lembrar a pena. vida. Ditoso seja aquele festejar que somente Se queixa soletrar de amorosas esquivanças; Pois por elas não quero dar-te perde as esperanças De poder nalgum a sua vida tempo ser contente. Ditoso seja quem foto-biografia estando ausente Não sente mais a sua vida que a pena das lembranças; Porqu'inda lembrar que se tema de mudanças, querido pai Menos se teme a dor quando memória se sente. Ditoso seja, enfim, qualquer lembras-te estado, Onde enganos, desprezos e caro irmão isenção Trazem um coração atormentado. história Mas triste quem se sente livro magoado De erros em queridos tios que não pode haver perdão filhos Sem ficar na alma a para os meus filhos mágoa do pecado. deixar.
Quanto custa o livro
A minha vida dá para escrever um livro, a história da minha vida
O meu livro
Histórias & Biografia
A história do nosso encontro
A história dos nossos pais
A história da nossa família
A história da nossa mãe
A história dos nossos filhos
A história do nosso pai
A história da nossa infância
A história dos nosos vizinhos
A história do nosso namoro
A história do nosso casamento
A história da nossa empresa
Vou-te contar
A minha vida
A minha família
Os meus filhos
A minha escola
O meu pai
A minha mãe
O meu curso
O meu amor por ti
As minhas aventuras
A tua infância
O meu casamento
A minha empresa
A minha infância
Os meus avós
Recordar é viver
Recordações do nosso pai
Recordações da nossa mãe
Recordações dos nossos pais
Recordações da nossa família
Os 25 anos da nossa empresa
Recordações de África
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1344 - HISTÓRIA DO LIVRO

1
Imagem e narrativa no livro infantil contemporâneo
V Simpósio LaRS 2006
Illicite Errore – Transgressão ou Impertinência?
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Departamento de Artes & Design
Orientador: Alberto Cipiniuk
Aluna: Barbara Jane Necyk
2
Imagem e narrativa no livro infantil contemporâneo
O projeto editorial de um livro abrange diversas características, sendo que, um requisito
básico é que tenha texto, que os diálogos possam ser lidos, que a narrativa tenha um
sentido do início para o fim, entre outros. A partir de algumas premissas básicas como
estas, o livro infantil contemporâneo pode ser considerado um espaço de ousadia
transgressora. Muitos são os aspectos pelos quais essa produção voltada para o público
infantil pode sair do padrão editorial de gêneros literários mais tradicionais, como por
exemplo, a literatura técnica e científica. Seja no projeto gráfico ou na condução da
narrativa, o livro infantil contemporâneo estabelece um modelo peculiar unindo duas
grandes área da produção artística, a ilustração e o texto.
Este artigo se propõe a examinar algumas formas nas quais o livro infantil
contemporâneo impõe uma relação diferenciada e pouco tradicional na condução de um
conteúdo ficcional. O argumento principal é que, se algumas vezes essas
experimentações são impertinentes, em outras, ajudam a criar várias camadas de leitura
e a ampliar a percepção estética da criança que é introduzida por meios dos livros
infantis nos códigos culturais da sociedade. A criatividade neste caso não é apenas do
autor ou ilustrador, mas do próprio leitor. As instâncias produtoras do livro infantil
ousam quando trabalham no intuito de incentivar a criatividade do leitor através da
ampliação da percepção das narrativas. Os modos diferenciados de condução de
narrativas infantis, no suporte impresso, proporcionam à criança uma reflexão sobre os
modos de apreensão de linguagens - exercício este estimulador de uma atitude ativa
como consumidor de produtos culturais.
Segundo Iser, o texto literário é por essência um texto com “vazios” ou “intervalos” a
serem preenchidas pelo leitor, segundo o que ele é, ou seja, segundo seu repertório
constituído da vida social, cultural e comunitária. Não existem verdades estabelecidas
pelo autor e a produção de sentidos é uma construção efetuada entre o texto e o leitor.
Ou seja, a leitura não é uma internalização do texto porque não é um processo de mãoúnica
e sim um processo dinâmico de interação entre texto e leitor. Neste sentido, Iser
valoriza a imaginação criativa do leitor que deverá colocar toda sua experiência de vida,
sejam estas de leitura ou não, em detrimento da atribuição de sentido ao texto.
Se entendermos a leitura, no caso do livro infantil, como um processo de contato e troca
entre a criança e a narrativa do livro, temos um espectro ainda mais ampliado de
participação deste “leitor criança”. Em outras palavras, a leitura do livro infantil já é por
si só um exercício de criatividade, pois a criança deve não apenas completar, mas
montar sua própria história conforme seu momento de vida. O texto e a imagem
fornecem informações diferentes da mesma narrativa e esta interação gera múltiplas
camadas de leitura.
3
O livro de imagem
Apesar do livro infantil contemporâneo se constituir em uma narrativa composta pela
interação de texto e imagem, poucos estudos abordam esta relação. As centenas de
livros sobre a literatura infantil nacional versam basicamente sobre as implicações
textuais. Os poucos estudos sobre a imagem no livro infantil partem de pesquisadores
como Camargo e Ferraro, que desenvolveram vasta pesquisa sobre o assunto.
Os estudos realizados por Camargo (apud Ferraro) revelam a data de publicação do
primeiro livro de imagem brasileiro. Juarez Machado publicou em 1975 o livro Ida e
Volta, primeiro em uma coedição Holanda/Alemanha; em seguida na França, Holanda e
Itália e, finalmente no Brasil em, 1976, pela Primor. O livro Ida e Volta constitui-se de
ilustrações de cenas que levam o leitor para dentro da obra ao tentar seguir as marcas
das ações de um protagonista invisível.
Este tipo de livro é um produto relativamente recente na nossa cultura e, em 1995,
Camargo aponta em seu livro A Ilustração do Livro Infantil, a existência de 113 livros
de imagens editados no Brasil. Em 2001, Ferraro adiciona através de pesquisas em
livrarias e bibliotecas, mais 40 novos títulos a este montante.
Desde 1981, a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil inclui a categoria de
Melhor Livro de Imagem, o que não deixa de ser um reconhecimento do potencial
artístico destes materiais. O livro ilustrado e, mais especificamente, o livro infantil
contemporâneo oferecem uma experiência estética incomum às mídias massivas como a
televisão, o cinema e o computador. O contato com esses materiais impressos é uma rica
experiência estética para crianças, acostumadas com a imagem fugaz e fragmentada das
mídias eletrônicas.
Para iniciarmos uma análise de como a imagem gera a narrativa do livro de imagem
passemos por uma definição simples do venha ser este tipo de livro. O livro de imagem
é aquele que possui uma narrativa construída unicamente por ilustrações. O suplemento
verbal é utilizado nas partes pré-textuais e pós-textuais da estrutura tradicional de um
livro. Algumas vezes, o autor opta por fazer uma pequena abertura ou conclusão na
forma de texto. A história propriamente é contada por imagens. Sem texto.
Uma primeira faceta transgressora do livro de imagem reside no fato de ser um produto
da literatura gerado sem o uso da escrita. Seria um livro sem texto um produto de
literatura? Afinal de contas, o que é literatura? Tradicionalmente, espera-se que um livro
tenha texto, se não muito, pelo menos um pouco. Uma história contada por imagens
deve ser verbalizada, lida ou escrita, para que se torne uma história?
Debray afirma que não se deve confundir pensamento com linguagem pois a imagem
faz pensar por meios diferentes de uma combinatória de signos e o inconsciente que
funciona por imagens, em associações livres, transmite bem melhor do que a
consciência que escolhe suas palavras. “A pintura não transmite um sentido, mas faz
sentido por si mesma, para aquele que olha, segundo o que ele é”, diz Rosset. O
4
espectador é quem abre ou fecha as portas. Em outras palavras, a atribuição de sentido
de uma imagem é tarefa exclusiva do espectador e falar sobre o que se vê pode torna-se
uma tarefa muito difícil, pois cada linguagem utiliza operações diferentes. O autor
afirma não haver equivalente verbal para uma sensação colorida para citar um exemplo.
Entretanto, a ilustração no livro infantil faz parte de uma história e as histórias fazem
parte de uma tradição oral. A leitura do livro de imagem, assim como grande parte da
literatura infantil, acontece através da mediação adulta. Geralmente, pais ou professores
apresentam inicialmente o livro à criança. As atitudes de mediação adulta em relação ao
livro de imagem podem variar desde deixar que a criança sozinha olhar as imagens,
como até traduzir em palavras a seqüência de imagens para ela.
Se algumas publicações trazem suplementos educativos que solicitam tarefas clássicas
do currículo escolar, inclusive, a transcrição da narrativa para crianças alfabetizadas,
outras tentam sugerir a exploração de aspectos, como por exemplo, a questão da
alfabetização visual e a leitura do livro de imagem como um momento de troca entre
adultos e crianças.
Outro aspecto transgressor desse tipo de livro é o fato de ser uma história aberta. Uma
característica do livro de imagem é o fato de deixar uma margem de interpretação muito
aberta para seus leitores destinatários, as crianças, ou para qualquer um que queira vêlos.
O livro de imagem fornece uma apreensão mais aberta, como a própria imagem, em
oposição ao discurso articulado do texto que, apesar de polissêmico, parece ser mais
fechado e controlável.
Almeida Junior (apud Ferraro) observa que as imagens sempre acabam oferecendo ao
leitor uma “corrente flutuante de significados” muito mais ampla do que a
proporcionada pelo texto verbal, que dirige de uma forma mais intensa o processo de
leitura devido a sua maior exatidão e submissão às convenções históricas.
Ao comentar sobre a coleção de livros infantis do século XIX de Karl Hobrecker,
Benjamin observa como a ilustração salva o interesse das obras mais antiquadas e
tendenciosas, pois essa teria se furtado ao controle das teorias filantrópicas e artistas e
crianças teriam se entendido rapidamente, ultrapassando a cabeça dos pedagogos. Desta
forma, a ilustração está além do que se pode prever através das intenções pedagógicas e
do controle do sistema educacional. Se, através do texto, a atribuição de sentido é tarefa
do leitor, com a imagem tudo, inclusive a própria história, passa a ser responsabilidade
de um espectador criativo. Através das ilustrações infantis, ilustradores e crianças
estabelecem uma troca geradora do que Benjamin classifica de “imaginação criadora”.
De certa maneira, o livro de imagem é um sub-produto do livro infantil contemporâneo,
que assumiu a imagem como elemento estrutural da narrativa. É importante ressaltar
que as narrativas construídas apenas através de imagens necessitam de uma produção
assim pensada. As cenas ilustradas devem ser planejadas para que a ilustração dê conta
de uma série de informações geralmente fornecidas pelo texto.
5
Análise da narrativa do livro de imagem
Em A Bela e a Fera (1994), Rui de Oliveira utiliza um enredo clássico dos contos de
fada do mesmo nome. O autor relata ter lido o original em francês para entrar no
“clima” da história. Através da seqüência de cenas, o autor e ilustrador conta uma
história ambientada em espaços abertos e fechados com características que configuram
um determinado tempo e lugar. A ilustração colorida é rica em detalhes e a
ornamentação é presente na capa, na folha de guarda e miolo do livro, o que contribui
para a representação semântica da história. Este livro de imagem incorpora a
interpretação do autor/ilustrador1 sobre a história, em outras palavras, é um livro de
imagem que se remete a um livro escrito.
Para sua produção Oliveira teve que escolher as cenas que melhor representam a
história. Assim como em um storyboard estão representadas as cenas que melhor
descrevem um filme ou um comercial, o livro de imagem possui cenas que expressam
momentos-síntese. Cada ilustração é responsável pelos momentos-chave da trama
(figura 1).
figura 1
A narrativa é dada por uma seqüência de imagens que possuem vínculos entre as
imagens da página anterior e da página seguinte e um vínculo global com toda a
1 Ferraro cita que eventualmente autor e ilustrador são pessoas diferentes no livro de imagem. O mais
comum é que uma única pessoa seja autor e ilustrador.
6
narrativa. A visualização do livro se dá por pares de páginas - em composição de duas
páginas simples ou em uma página dupla.
Em palestra, Rui de Oliveira , relatou como, no seu livro de imagem A Bela e a Fera, os
personagens passam por uma transmutação através do enredo. Esta transmutação,
expressa pela ilustração, envolve o estado emocional e a aparência física. Por exemplo:
a “Bela” que inicia como adolescente, ganha traços de mulher, sendo que seu cabelo
preto azulado se transforma em loiro (ver figura 1). A “Fera” com feições animalescas
passa a ganhar traços e gestos de homem da corte, e sua cabeça diminui visivelmente de
tamanho. Ou seja, para Oliveira , a ilustração, aplicada aos livros infantis, assim como a
narrativa, está livre de determinações encontradas em outras publicações.
Através da observação das cenas não é difícil perceber que o livro de imagem A Bela e
a Fera não procura se igualar à narrativa do livro original. Muito dificilmente alguém
que não tenha lido ou ouvido esta história conseguirá relatar tal e qual a versão escrita e
fica evidente que esta não é a intenção do livro. Veja abaixo quais são os objetivos
norteadores desta publicação, escrita no encarte que acompanha o livro:
A finalidade do projeto é a alfabetização visual da criança, pois raramente a palavra e
a imagem são interpretadas como um processo único, harmonioso [...] O professor ao
ter nas mãos um livro ilustrado, pode dissertar com seus alunos sobre questões
objetivas, que fazem parte de qualquer experiência visual: a composição, o ritmo, a
linha, a textura, a cor, etc. As possibilidades de representação gráfica não se esgotam
na adequação dela ao texto. E no mundo moderno, onde 70% das informações são
obtidas através da visão (cinema, televisão, propaganda), é necessário educar a
criança para que ela não sucumba à massificação das imagens.
Ao mesmo tempo em que o texto acima explica o objetivo do livro, critica a submissão
da ilustração ao texto e a produção massiva de imagens pela mídia eletrônica. Ressalta
também a importância do livro de imagem como objeto de uso pedagógico e como
instrumento de debate entre adultos e crianças. O texto não procura explicar a narrativa,
nem ao menos se referir a ela. A sugestão de debate se concentra na representação
gráfica e não na história.
Esses parágrafos escritos antes ou depois da história do livro de imagem tendem a
afirmar o objetivo e uma importância do próprio material, o que revela a hipótese de que
esse tipo de livro ainda não seja tão reconhecido ou que seus propósitos não são tão
óbvios para o público em geral.
Outros livros de imagem como Noite de Cão (1996), de Graça Lima e A Flor do Lado
de Lá (1999), de Roger Mello, constituem-se de narrativas originais, característica da
grande maioria dos livros de imagem.
Ambos possuem formato quadrado e, em função disso, a visualização da página dupla
torna-se um plano horizontal com proporções próximas a tela do cinema. Como parte de
narrativas construídas através da seqüência de imagens, estes livros, utilizam-se da
linguagem do cinema e da história em quadrinhos, como veremos a seguir.
Em A Flor do Lado de Lá se observa uma composição com características de plano
médio e vista lateral. O ilustrador alterna páginas duplas a uma cor (preto e branco) para
os momentos de tédio e tristeza do personagem principal, com páginas duplas em
7
policromia (coloridas) para os momentos felizes ou de surpresa da trama (figura 2 e 3).
A utilização de páginas preto e branco e coloridas em publicações geralmente se dão em
função da questão de custo com aproveitamento do processo de produção gráfica. Por
exemplo, pode-se ter um livro com miolo a uma cor e com o caderno central impresso
em policromia para exibição de fotos. No caso de A Flor do Lado de Lá, o preto e
branco possui significação semântica, pois expressa um estado de alma.
figura 2
figura 3
As revelações da trama são dadas através “movimentos de câmera” na cena. Uma
primeira revelação é feita por “zoom out” ou afastamento do ponto de vista de quem
olha e outra por deslocamento lateral desvelando, em ambos os casos, parte da cena até
8
então não mostrada (figura 4). A metáfora do cinema, especialmente o cinema mudo, é
uma constante neste livro. As expressões do personagem principal são acentuadas assim
como no cinema mudo onde não se conta com diálogos.
figura 4
Na contra-capa encontra-se o seguinte texto:
É humano chorar
Pelo que não se tem,
desejar a beleza distante.
Só que, às vezes,
há tanta beleza pertinho
e a gente não vê.
Com a imagens deste
livro sem texto
Roger Mello conta a
história humaníssima
de uma anta.
O primeiro parágrafo deste texto refere-se ao enredo, mas sem explicá-lo. O texto
acrescenta um jogo às imagens. Texto e imagem trabalham a dualidade da visão no
sentido propriamente dito e no sentido da sensibilidade humana. O segundo parágrafo
versa sobre o livro ao qual se refere como “livro sem texto” que é outra forma de
classificá-los. O adjetivo humano é usado duas vezes (humano, humaníssimo) quando,
ironicamente, o personagem é um animal, uma anta.
Em Noite de Cão encontra-se o mesmo formato quadrado. A autora utiliza retângulos
chapados (azul e preto) para representar a área da cena e a circunscrição do personagem
principal (cão) na noite. Os retângulos alternam entre posições verticais e horizontais e
o personagem e os elementos das cenas são dispostos dentro e ao redor dele. As páginas
9
duplas possuem variadas quantidades de cenas - de uma a cinco cenas. Algumas
formam um conjunto de cenas que indicam uma ação progressiva (figura 5).
figura 5
Na página central, existe o uso da onomatopéia ao modelo das histórias em quadrinhos
(figura 6). No total, são três onomatopéias utilizadas nesta história que ganham
representação gráfica condizente com o som que representam.
figura 6
Na continuidade da história encontra-se uma cena onde se observa uma técnica muito
empregada nos livros de imagem – a metalinguagem. Nesta cena vê-se o cão virar o
canto da página inferior com a intenção de procurar o objeto perdido – a lua (figura 7).
A ação gera a consciência do objeto livro e do processo de leitura.
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figura 7
A figura 7 representa através da repetição do personagem uma cena composta de
momentos que consolidam uma ação comum. Este é um recurso usado para indicar uma
intenção contínua.
Ao final da história encontra-se um texto relativamente extenso para este tipo de livro.
O texto inicia em tom pessoal do qual se supõe ser escrito pela autora - não é assinado.
Neste texto segue uma explicação das motivações para produção do livro e escolha do
tema. O trecho abaixo transcrito apresenta uma visão da relação narrativa, imagem e
texto:
Geralmente, quando lemos um livro ou quando alguém conta uma história,
podemos imaginar a cena escrita ou ouvida. Ela sempre será diferente de
pessoa para pessoa. Cada um tem o seu arquivo de imagens e cria, de acordo
com sua sensibilidade, o visual imaginário.
Na coleção Que história é essa? Nós resolvemos inverter a situação contando
através de desenhos para que se possa criar individualmente o texto, utilizando
todos os vôos que a imaginação da criança quiser.
Conclusão
Desde a invenção da prensa tipográfica percebe-se como, em todos os sentidos, a
produção editorial passou a vivenciar padrões e normas. Por uma questão tecnológica e
comercial, o livro impresso traçou nos últimos séculos um processo de industrialização
e, conseqüentemente, de normatização.
Desde que a leitura se tornou mais um ato do olho do que do ouvido, as formas de
representação do texto e da imagem, no suporte impresso, vêm sofrendo diversas
transformações. O próprio alfabeto que, a princípio, é uma notação gráfica, captado pelo
11
olho e não pelo ouvido, representa a fronteira entre um sistema fonético e um sistema
visual. A leitura acústica sempre foi um ato social envolvendo a participação de muitos.
Uns dos poucos redutos de leitura acústica na sociedade contemporânea é a literatura
infantil. Neste sentido, o livro infantil representa uma estrutura tradicional de leitura
(leitura acústica) num suporte moderno, isto é, o livro pós prensa tipográfica.
O preconceito de uma “literatura menor” aplicado a este gênero infantil ainda existe e,
por vezes, a produção literária infanto-juvenil é denominada de forma pejorativa como
“livrinhos”. Se por um lado existe uma grande quantidade de livros que adotam
fórmulas de enredos simplificados e ilustrações coloridas de forma gratuita, em
contrapartida, a literatura infantil brasileira possui um corpo de artistas - escritores,
ilustradores e designers - e editores que ousam ultrapassar os limites dessas fórmulas
repetitivas.
Nota-se um salto qualitativo, a partir da década de 1970, em relação ao jogo interativo
entre os dois códigos operantes – o texto e as ilustrações – na construção do livro
infantil, com a criação de novos tipos de combinação que provocam uma maior
liberdade formal entre os dois recursos, diz Bahia apud Ferraro. Além disso, vai ocorrer
uma independência cada vez maior do recurso ilustrativo, numa espécie de invasão da
palavra pela imagem. Isto vai levar não apenas a uma extensão quantitativa, a uma
ampliação do espaço ilustrativo, mas a uma extensão qualitativa, preocupada com uma
informação viva que busca soluções estéticas. Com esta ampliação, o texto se reduz, e
até mesmo desaparece, como acontece com o livro de imagem.
O livro de imagem é uma proposta narrativa que estabelece uma auto-crítica da
literatura infantil. A sua existência questiona as clássicas funções de texto, ilustração e
narrativa. A linguagem de outras mídias e os conhecimentos adquirido pelos leitores
mirins em outras formas narrativas são trazidos para o espaço do livro de imagem. O
livro de imagem estabelece outra forma de leitura e fornece uma história aberta.
A noção de que uma história não tem uma única interpretação é essencial para que cada
um aprenda a descobrir, por esforço próprio, uma visão de mundo mais adequada ao seu
universo emocional e cognitivo. O livro infantil contemporâneo é um convite aberto ao
inesgotável trabalho de atribuição de sentido e de interpretação do mundo e da vida.
12
Bibliografia
BENJAMIN, Walter. Reflexões a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo. Summus,
1984.
DEBRAY, Régis. Vida e Morte da Imagem: uma história do olhar no ocidente. Petrópolis:
Vozes, 1993.
FERRARO, Mara Rosângela. O livro de imagens e as múltiplas leituras que a criança faz do
seu texto visual. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP.
2001.
ISER, Wolfgang. The Act of Reading. The Johns Hopkins University Press. Baltimore e
London, 1978.
LIMA, Graça. Noite de Cão. São Paulo. Paulinas, 1996.
MELLO, Roger. A Flor do lado de lá. São Paulo. Global Editora., 1999.
OLIVEIRA, Rui de. A Bela e a Fera. São Paulo. FTD, 1998.
Palestra
A Arte de Ilustrar, com Rui de Oliveira, em 27 de outubro de 2005, Sala José de Alencar,
programação da Academia Brasileira de Letras.


COPYRIGHT DEVIDO A RUI DE OLIVEIRA.

1343 - HISTÓRIA DO LIVRO

AUTOR DO TEXTO: PROFPAULO:POLÍTICAEDUCAÇÃOARTEFOTOPPEDITORAÇÃO.



profpaulo:políticaeducaçaoartefotoppeditoração

segunda, 18 setembro, 2006
HISTÓRIA DO LIVRO http://www.escritoriodolivro.org.br/bibliografia/bibliografia.html

Uma iniciativa do Escritório do Livro Organizada por Dorothée de Bruchard,
com a colaboração de Aníbal Bragança.
Atualizada em junho de 2006. 363 entradas. HISTÓRIA DO LIVRO | LIVRO & IMPRENSA NO BRASIL | EDIÇÃO & EDITORAÇÃO | TIPOGRAFIA & TIPÓGRAFOS | ENCADERNAÇÃO, CONSERVAÇÃO & RESTAURO | ILUSTRAÇÃO & GRAFISMOS
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MEMÓRIA EDITORIAL | LEITURA | TRADUÇÃO
O LIVRO NA FICÇÃO | PERIÓDICOS
MANUAIS & REFERÊNCIAS RESENHAS APOIO:
CASA DE RUI BARBOSA - HORTA - SUMMUS - ZAHAR - PLANETA - EDUSP
MERCADO DE LETRAS - METALIVROS - AUTÊNTICA - ÁTICA - EDUSC
ED.UFSC - HUCITEC - RECORD - ROCCO - ARX - FUTURA - SENAC-SP
ED. UFRGS - EDUNISC - OLHO D'ÁGUA - CIA. DAS LETRAS - CARRENHO
ROSARI - MAUAD - ATELIÊ - ED.UNESP - ITAÚ CULTURAL - COM-ARTE
Portugal : CAMINHO - ALMEDINA - ESTAMPA - COLIBRI - VERBO
Espanha : INDEX BOOK - França : VIVIANE HAMY

História do Livro

Arns, D. Paulo Evaristo.
A Técnica do Livro segundo S. Jerônimo.
Tradução de Cleone Augusto Rodrigues.
RJ: Imago, 1993.
Belo, André.
História & Livro e Leitura.
Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

O livro é uma das fontes mais ricas de que o historiador dispõe. Nele encontramos idéias do seu autor, as marcas do lugar social de onde escreveu, os indícios da produção e da venda da obra, do trabalho de ilustração, de grafismo, a materialidade e espiritualidade do livro.

Bernd, Zila (org)
Arnaldo Campos, Luiz Antônio de Assis Brasil, Gérard Gonfroy, Eunice Jacques, Moacyr Scliar e Armindo Trevisan.
A Magia do papel.
Porto Alegre: Marprom, 1994. Port/inglês.

Patrocinado pela Riocell, o livro reúne artigos sobre o papel. Destaque para a segunda parte, "Mágicas Travessias", em que Armindo Trevisan, Arnaldo Campos e Gérard Gonfroy abordam a história do papel e sua importância para a história da cultura letrada.
Excerto

Bowman, Alan K. & Woolf, Greg (orgs.).
Cultura escrita e poder no Mundo Antigo.
Tradução de Valter Lellis Siqueira.
São Paulo: Ática, 1998.

Desde seus inícios, a escrita esteve a serviço do poder. Porém, a forma de exercê-lo pode variar bastante de império para império e de sociedade para sociedade. Os antropólogos, sociólogos ou historiadores que colaboram com essa obra exploram exatamente a relação entre poder e cultura escrita: o poder sobre os textos, mas também o poder exercido por meio de seu uso, em distantes e distintas sociedades.

Burke, Peter.
Uma História social do conhecimento - de Gutenberg a Diderot
Tradução de Plínio Dentzien.
Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

Adotando uma abordagem socio-cultural e baseando-se em textos escritos entre os séculos XVI e XVIII, Burke examina o caminho percorrido pelo conhecimento humano desde a invenção da prensa tipográfica por Gutenberg até a publicação da Enciclopédia francesa de Diderot e d'Alembert, e as transformações na organização do saber na Europa no início da era moderna.
Veja outro artigo de Peter Burke outro artigo de Peter Burke

Campos, Arnaldo.
Breve História do Livro.
Porto Alegre: Mercado Aberto, 1994.
Canaveira, Rui.
História das Artes Gráficas
Lisboa: 3 volumes, ilustrados.

Vol. 1 (1994) e vol. 2 (1996):
Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras de Papel.
O primeiro volume, Dos Primórdios a 1820, e o segundo, A Revolução Industrial e a Indústria Gráfica, dão um excelente panorama do assunto, desde a evolução da escrita até as tecnologias que revolucionaram a imprensa no último século, em Portugal e no mundo.

O terceiro volume (Lisboa: Edição do autor, 2001), aborda mais detidamente o aspecto artístico da atividade gráfica, das pequenas tipografias "artísticas" do final do século XIX aos estilos tipográficos, a encadernação, e os mestres modernos da tipografia.

Os 3 volumes podem ser adquiridos, no Brasil, na Associação Brasileira de Indústrias Gráficas - ABIGRAF/SP. Seu texto integral está, além disso, disponível no site Página Gráfica
Contato com o autor: ruicanaveira@mail.telepac.pt

Canfora, Luciano.
Livro e Liberdade.
Tradução de Antonio de Padua Danesi.
SP: Ateliê Editorial / RJ: Casa da Palavra, 2003.

Antiga e múltipla é a relação entre livro e liberdade: da biblioteca que enlouqueceu Dom Quixote aos bibliômanos de carne e osso; da destruição da Biblioteca de Alexandria às fogueiras de livros nazistas; da perseguição a autores pela Inquisição à formação das modernas bibliotecas. Na História e na Literatura, exemplos do permanente poder do livro.
Resenha

Curtius, Ernst Robert.
Literatura Européia e Idade Média Latina.
Trad. de Paulo Rónai e Teodoro Cabral.
São Paulo: Hucitec / Edusp, 1996.

Obra do crítico e professor das universidades de Marburgo, Heildelberg e Bonn, é um clássico dos estudos literários. Suas análises sobre a literatura medieval são exemplos de uma erudição excepcional, além de terem difundido a idéia de uma continuidade entre as heranças culturais greco-romanas e renascentistas.
Destaque para o capítulo "O Livro como símbolo".

Darnton, Robert.
O Beijo de Lamourette - mídia, cultura e revolução.
Tradução de Denise Bottmann.
SP: Companhia das Letras, 1990.

É um livro que nos fala da história, dos meios de comunicação, e da história dos meios de comunicação. Destaque para a parte III: "A Palavra Impressa", sobre "o que é história dos livros" ou "primeiros passos para uma história da leitura".

Darnton, Robert.
Edição e Sedição: o universo da literatura clandestina no século XVIII.
Tradução de Myriam Campello.
SP: Companhia das Letras, 1992.
Darnton, Robert.
O Iluminismo como negócio - história da publicação da Enciclopédia, 1775-1800.
Tradução de Laura Teixeira Motta e Maria Lúcia Machado (textos franceses).
SP: Companhia das Letras, 1996.

Edições piratas, alterações de texto efetuadas por editores ou revisores, contrafações, traições, contrabando, propaganda mentirosa, utilização de privilégios, são alguns dos ingredientes do longo processo de edição da Enciclopédia de Diderot e d'Alembert, que se revela, para além de um projeto coletivo de intelectuais corajosos, como um retrato vivo do mundo dos negócios no início dos tempos modernos.

Darnton, Robert e Roche, Daniel (orgs).
Revolução Impressa - a imprensa na França (1775-1800)
Trad. de Marcos Maffei Jordan
São Paulo: Edusp, 1996.

O papel que a tipografia desempenhou na Revolução Francesa é a questão central deste livro que focaliza a liberação da imprensa no período revolucionário e suas conseqüências para o mercado editorial e o público leitor da época. A coletânea reúne colaborações de diversos estudiosos do tema, que apontam a prensa tipográfica como um dos mais importantes instrumentos para o surgimento de uma nova cultura política. Os ensaios, acompanhados de reproduções de capas, instrumentos de impressão, panfletos, descrevem a indústria editorial do Antigo Regime, examinam os efeitos da revolução no modo como editores, impressores e livreiros passaram a conduzir seus negócios, e analisam a relação dos produtos impressos com o movimento revolucionário.

Desbordes, Françoise.
Concepções sobre a escrita na Roma Antiga.
Tradução de Fulvia Moretto e Guacira M. Machado.
São Paulo: Ática, 1995.

Recupera as vozes de autores e gramáticos como Suetônio, Varrão e Plínio, entre outros — O que pensavam eles a respeito da escrita? Mostrando a teoria e evolução da língua latina, e através de tratados de ortografia que estabelecem as regras para a passagem do oral ao escrito e de preceitos para a criação e leitura, a autora chega ao conceito de "voz escrevível", aquela que pode ser escrita.

Earp, Fábio Sá; Kornis, George.
A Economia da cadeia produtiva do livro.
Rio de Janeiro: BNDES, 2005.

O livro é resultado parcial da pesquisa O desenvolvimento da cadeia produtiva do livro no Brasil em perspectiva internacional comparada: propostas de ações públicas e privadas na construção de uma agenda de transformação setorial, encomendada pelo BNDES ao Grupo de Pesquisa em Economia do Entretenimento do Instituto de Economia da UFRJ.
Apresenta dados da economia do livro no Brasil e no mundo - volume de vendas, panorama da edição, distribuição e difusão, problemas da cadeia produtiva, sem deixar de abordar o impacto das novas tecnologias.
O texto integral está disponível no site do BNDES

Eisenstein, Elizabeth L.
A Revolução da cultura impressa - os primórdios da Europa Moderna.
Tradução de Osvaldo Biato.
São Paulo: Ática, 1998. Ilustrada, p & b.

Panorama das grandes mudanças nas comunicações no século XV, onde a autora explora a passagem do texto manuscrito para o impresso no contexto dos três principais movimentos que marcaram a Europa Moderna: o Renascimento, a Reforma e o surgimento da ciência moderna, revelando os múltiplos efeitos da cultura impressa na vida intelectual do Ocidente.

Escarpit, Robert.
Sociologie de la Littérature.
Paris: PUF, Col. Que Sais-je?, 1973.
Febvre, Lucien e Martin, Henri-Jean.
O Aparecimento do Livro.
Trad: Fulvia Moretto e Guacira M. Machado.
SP: Editora da UNESP / Hucitec, 1992.
Furtado, José Afonso
O Papel e o pixel
Do impresso ao digital: continuidades e transformações.
Florianópolis: Escritório do Livro, 2006.
Florianópolis: Escritório do Livro, 2006.

O estudioso português traça um extenso panorama das profundas transformações trazidas ao mundo do livro e da comunicação, quer no nível da produção, quer da sociologia da literatura e da leitura, apresentando ainda vastíssima e atualizada bibliografia internacional sobre o tema.
Veja Mais
Resenha

Guedes, Fernando
Os Livreiros em Portugal e as suas associações desde o século XV até nossos dias.
Lisboa: Editorial Verbo, 1993. Ilustrado.

Estudo de conjunto da profissão dos "ministros da sabedoria", abrangendo suas várias etapas: livreiros e mercadores de livros; editores e impressores; privilégios reais; os livreiros na bandeira do Arcanjo S. Miguel; os livreiros do rei e da Universidade; a Confraria de Santa Catarina dos Livreiros; os regimentos do ofício de livreiro; declínio e morte das corporações; o liberalismo e o século XX.

Guedes, Fernando
O Livro e a leitura em Portugal - subsídios para a sua História, séculos XVIII-XIX.
Lisboa: Editorial Verbo, 1987. Ilustrado.

Bonita edição realizada no ano do quinto centenário da imprensa em Portugal, onde o autor parte do estudo de três livrarias centenárias portuguesas (destaque para a Bertrand), e envereda pela pesquisa do movimento editorial, analisa publicações e leituras, detém-se no fenômeno dos "gabinetes de leitura" e observa o papel social do escritor.

Labarre, Albert.
Histoire du Livre.
Paris: PUF, Col. Que sais-je? 3.ed, 1979.
Martins, Wilson.
A Palavra Escrita - história do Livro, da imprensa e da biblioteca.
SP: Ática, 2a ed., 1996.
McMurtrie, Douglas C.
O Livro.
Tradução de Maria Luísa Saavedra Machado.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 3a ed., 1997.

Excelente história do livro com ênfase nas artes envolvidas em sua feitura.
Excerto

Oliveira, José Teixeira de.
A Fascinante História do Livro.
vol. I: RJ: Cátedra, 1984.
vols. II (1985), III (1987) e IV (1989): RJ: Kosmos.
Pacheco, José.
A Divina Arte Negra e o Livro Português - séculos XV e XVI.
Lisboa: Vega, s/data.
Portella, Eduardo (org).
Reflexões sobre os Caminhos do Livro.
Trad. Guilherme João de Freitas.
São Paulo: Unesco / Ed. Moderna, 2003.

Ensaios de pensadores do mundo inteiro acerca dos novos rumos do livro. Diz Eduardo Portella na introdução: "A história do livro não pode ser, de modo algum, a crônica de uma morte anunciada. Deixemos de lado, portanto, a ilusão fundamentalista, a crença na relíquia tombada, bem como a antevisão apocalíptica.
Indicação de Rosa Freire d'Aguiar

Verger, Jacques.
Homens e Saber na Idade Média.
Tradução de Carlota Boto.
Bauru/SP: Edusc, 1999.

Quando a sociedade medieval se torna mais complexa, no fim da Idade Média, são os detentores do saber que emergem como os melhores fautores do Estado Moderno. Lúcido ensaio sobre os sistemas de educação da Europa Medieval, com destaque para o capítulo III: "Os Livros", que descreve o conteúdo das bibliotecas e a evolução do manuscrito ao impresso.
Excerto

Villaça, Nízia.
Impresso ou eletrônico? - um trajeto de leitura.
RJ: Mauad, 2002.

"Este livro pretende refletir sobre alguns aspectos da passagem da cultura impressa à eletrônica e algumas de suas implicações filosóficas, políticas, sociológicas, sublinhando a importância do lugar da arte literária na antecipação do imaginário da Web e a importância das negociações que estas passagens exigem do corpo diante dos novos desafios aos processos de subjetivação." (a autora, na Introdução)

Zumthor, Paul.
A Letra e a voz.
Tradução de Amália Pinheiro e Jerusa Pires Ferreira.
SP: Companhia das Letras, 1993.

Numa época letrada, dominada pela leitura silenciosa, esquecemos que na origem de tudo o que se escreve está a voz. O autor explora aqui a complexidade da relação entre letra e voz em todo o Ocidente medieval, estendendo suas observações a algumas práticas poéticas do Extremo Oriente, África e Nordeste brasileiro.
Destaque para o capítulo 5: "A Escritura".

Para sugestões, clique em contato......................... Volta para o alto da página
Livro & Imprensa no Brasil

Abreu, Alzira Alves de.
A Modernização da Imprensa (1970-2000).
Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
Coleção Descobrindo o Brasil.
Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
Coleção Descobrindo o Brasil.

Em meio ao processo de transição política que conduzia à democracia, a imprensa brasileira enfrentava grandes transformações tecnológicas, empresariais e de formação do pessoal, a diversificação das publicações e dos leitores. Esse livro acompanha o processo com clareza e objetividade até a nova etapa inaugurada com a internet.

Abreu, Márcia.
Os Caminhos dos livros.
São Paulo: Fapesp; Campinas: ALB / Mercado de Letras, 2003.

Rio de Janeiro, período colonial. A vida não era fácil para quem queria ler um livro. A Coroa Portuguesa impediu a impressão no Brasil até que a Família Real se transferisse para cá no período das invasões napoleônicas. Antes e depois da mudança, o contato com os livros era fortemente controlado por organismos de censura, mas as obras chegavam às mãos daqueles que as buscavam. Os caminhos dos livros conta uma parte dessa história, acompanhando a atuação da censura em Portugal e no Brasil, apresentando os livros pelos quais havia maior interesse, buscando pistas sobre os modos de ler e sobre as pessoas que habitavam o mundo dos livros.

Abreu, Márcia.
Histórias de Cordéis e Folhetos.
Campinas: Mercado de Letras / ALB, 1999.
Andrade, Olympio de Souza.
O Livro Brasileiro desde 1920.
Rio de Janeiro: Cátedra / Brasília: INL, 1978. 2a ed. rev.
Bragança, Aníbal.
Livraria Ideal - do cordel à bibliofilia.
Niterói: Pasárgada / EdUFF, 1999.

É uma história de livros, livrarias, livreiros e leitores no Brasil. O livreiro italiano Silvestre Mônaco e sua livraria são símbolos de uma era, que começou com a expansão do mercado editorial brasileiro, até os anos 60, de um sistema de ensino então adotado, de formação intelectual. Não lamenta, mas constata e analisa a perda da hegemonia do livro, nas duas últimas décadas. É uma história compacta, abrangente, da formação do Brasil neste século. (Mauro Dias, in O Estado de São Paulo).
a.braganca@uol.com.br

Bragança, Aníbal & Santos, Maria Lizete dos (orgs).
A Profissão do Poeta & Carta aos Livreiros do Brasil.
Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002.

Volume em homenagem a Geir Campos, reúne 13 pequenos ensaios e depoimentos de vários autores, além de poemas e outros textos inéditos do próprio Geir Campos.
Veja mais
Excerto
a.braganca@uol.com.br / mlizete@terra.com.br

Camargo, Ana Maria de Almeida & Moraes, Rubens Borba de.
Bibliografia da Impressão Régia do Rio de Janeiro.
São Paulo: Edusp / Kosmos, 1993. 2 vols.

A obra identifica as publicações dos primeiros anos do funcionamento da Impressão Régia, de 1808 a 1822. Organizados cronologicamente, os títulos são acompanhados de estudo de Rubens Borba de Moraes sobre a história da Impressão Régia e sua produção.
"Esta obra preenche uma lacuna de informação sobre os primórdios da tipografia no Brasil, e ainda nos dá, indiretamente, um retrato da sociedade que se formou no Rio de Janeiro com a vinda de D. João VI." (José Mindlin)

Camargo, Mário de (org).
Gráfica - Arte e indústria no Brasil - 180 anos de história.
Bauru/SP: Edusc/ São Paulo: Bandeirantes, 2003.
Bela edição, lindamente ilustrada, que narra os 180 anos da história gráfica brasileira, apresentando o universo de nossa cultura gráfica, sua passagem de "arte" para "indústria", incluindo vários depoimentos e experiências. A obra fala de cartazes publicitários e de cinema, de revistas e de livros, com fartas reproduções de capas de diversos períodos.


Camargo, Susana (coord).
A Revista no Brasil.
SP: Editora Abril, 2000.

Edição comemorativa dos 50 anos da Abril, traz um bom panorama, ilustradíssimo, dos duzentos anos de história das revistas brasileiras.

Campos, Arnaldo; Mendonça, Renato (org)
Um Livreiro de todas as letras.
Entrevista a Renato Mendonça.
Prefácio de Charles Kiefer.
Florianópolis: Escritório do Livro / Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2006.
Col. Memória do Livro, vol. 6.
Veja Mais
Excerto

Campos Jr, Celso / Denis Moreira / Giancarlo Lepiani / Maik R. Lima.
Nada mais que a verdade - a extraordinária história do jornal Notícias Populares.
São Paulo: Carrenho Editorial, 2002.

"Basta falar no Notícias Populares — ou NP para os mais íntimos — que as pessoas começam a sorrir. Mesmo quem nunca abriu o jornal (precisava abrir?) ainda se lembra de casos como o do bebê-diabo, de algumas manchetes antológicas, como BROXA TORRA O PÊNIS NA TOMADA, ou das suas orgiásticas edições de Carnaval.
Esse sorriso paira em quase todas as páginas [do livro], e é fácil imaginar o quanto [os autores] se divertiram ao escrevê-lo. Mas, se tantas vezes o NP transformou tragédias reais em motivo de risada, este livro faz o percurso inverso. Todo o folclore em torno do jornal, que os autores recuperam generosamente, vai aos poucos se cobrindo de melancolia." (Marcelo Coelho, no prefácio)

Carneiro, Maria Luiza Tucci.
Livros proibidos, idéias malditas
- o Deops e as idéias silenciadas.
São Paulo: Proin-USP / Fapesp / Ateliê Editorial, 2. ed ampliada, 2002. Ilustrado.

A destruição de um livro pelo DEOPS se processava em etapas distintas: em primeiro lugar proibia-se sua circulação junto à sociedade (posse e leitura), seguida da ordem e do ato da apreensão. Confiscadas, as obras "suspeitas" eram relacionadas pelos investigadores que anexavam uma amostragem aos autos policiais. (...) Com base em critérios aleatórios, elaborava-se uma longa listagem de títulos e autores, hoje documentos exemplares para conhecermos as práticas de leituras vigentes no nosso passado.(excerto)

Carneiro, Maria Luiza Tucci (org).
Minorias Silenciadas - história da censura no Brasil.
São Paulo: Fapesp / Imprensa Oficial / Edusp, 2002.

Fruto do Simpósio Minorias Silenciadas, organizado em 1997, na USP, por Maria Luiza Tucci Carneiro como parte do colóquio Direitos Humanos no Limiar do século XXI, coordenado por Renato Janine Ribeiro, a obra reúne ensaios sobre a censura à atividade intelectual e artística em diferentes momentos da história brasileira, desde o período colonial até os anos posteriores ao golpe militar de 1964. Conta com a colaboração de especialistas de diversas áreas.
Destaque, na área do livro, para os artigos "Censura literária e inventividade dos leitores no Brasil colonial", de Luiz Carlos Villalta, e "Política, religião e moralidade: a censura de livros no Brasil de D. João VI", de Leila Mezan Algranti.

Castro, Renato Berbert de.
A Tipografia Imperial e Nacional da Bahia (Cachoeira, 1823 - Salvador, 1831).
SP: Ática, 1984.
Costa, Cacilda Teixeira da.
Livros de Arte no Brasil - edições patrocinadas.
São Paulo: Itaú Cultural, 2000.

Catálogo dos livros de arte produzidos no Brasil com patrocínio empresarial. O excelente ensaio introdutório, além de oferecer um bom panorama da história do livro de arte patrocinado entre nós, sugere algumas reflexões sobre o assunto, como a motivação do patrocinador e as leis de incentivo.

Costa, Cristiane.
Pena de aluguel - Escritores jornalistas no Brasil (1904-2004).
SP: Companhia das Letras, 2005.
SP: Companhia das Letras, 2005.

Radiografia da vida literária e jornalística no Brasil. Ecoando uma pergunta de João do Rio (O jornalismo é um fator positivo para a arte literária?), a autora expõe os fatores econômicos que fazem com que o sonho de viver de escrever pareça tão ilusório nos dias de hoje quanto no início do século XIX.

Cruz, Heloisa de Faria.
São Paulo em papel e tinta
- periodismo e vida urbana (1890-1915)
São Paulo: Imprensa Oficial / Educ, 2002.

"Trata-se, aqui, da pequena imprensa paulistana na passagem do século XIX para o XX, diversificada e cheia de possibilidades para o historiador, (...) que a autora apresenta como experiência cultural que também é prática de classe." (Marcos Silva, no prefácio)

Cruz, Heloisa de Faria (org).
São Paulo em revista - Catálogo de publicações da Imprensa cultural e de variedades paulistana (1870-1930)
São Paulo: Arquivo do Estado / Imprensa Oficial / Cedic / PUC, 1997.

Instrumento de pesquisa que reúne referências sobre uma gama extremamente variada de publicações da imprensa periódica que vieram a público na cidade de São Paulo. Na invenção da mordernidade urbana, das novas formas de sociabilidade e sensibilidade, essas publicações ganham a cidade, transformam-se no suporte impresso das mais variadas concepções e práticas culturais.

El Far, Alessandra.
O Livro e a leitura no Brasil.
Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
Coleção Descobrindo o Brasil.

Pequena obra que recupera e esclarece alguns pontos da história do livro e da leitura em nosso país, desde a proibição da impressão no período colonial até os dias de hoje, quando presenciamos a venda de livros em bancas de jornal e estações de metrô. Um percurso que envolve editoras, livrarias, escritores e, é claro, os leitores.

El Far, Alessandra.
Páginas de sensação -
Literatura popular e pornográfica do Rio de Janeiro (1870-1924).
SP: Companhia das Letras, 2004.
SP: Companhia das Letras, 2004.

Florescia em finais do século XIX e começo do XX certa literatura popular largamente consumida por uma crescente população carioca alfabetizada. Dentre esses, a autora seleciona os chamados "romances de sensação" e "romances para homens", com trama sensacional que desafiava os rígidos padrões de uma sociedade patriarcal. O leitor penetra assim no universo das publicações e da literatura popular.

Fischer, Luís Augusto.
50 Anos de Feira do Livro -
vida cultural em Porto Alegre, 1954-2004.
Porto Alegre: L&PM, Col. pocket, 2004.
Porto Alegre: L&PM, Col. pocket, 2004.

Linha do tempo que apresenta sucintamente os principais fatos que marcaram, em Porto Alegre e no Brasil, a história, a cultura, a literatura, e a Feira do Livro nesses seus 50 anos de existência.

Gonçalo Júnior.
A Guerra dos gibis - A formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos (1933-64).
SP: Companhia das Letras, 2004.
SP: Companhia das Letras, 2004.

Embora fizessem a festa da garotada e dos editores Adolfo Aizen e Roberto Marinho, os gibis, chegados ao Brasil como novidade americana a partir dos anos 30, causavam arrepios nos guardiões da moral, tubarões da imprensa e raposas da política, que em coro pediam censura urgente às revistinhas. Outros enxergavam nelas potenciais educativos. Na heróica Guerra dos gibis envolveram-se grandes figuras da vida nacional...

Gonçalo Júnior.
O Homem Abril - Cláudio de Souza e a história da maior editora brasileira de revistas.
SP: Opera Graphica, 2005. Ilustrado.
SP: Opera Graphica, 2005. Ilustrado.

Cláudio de Souza foi, por cerca de 25 anos, um dos mais destacados funcionários da Editora Abril, passando por quase todos os departamentos da empresa. Apaixonado por quadrinhos, lançou gibis que ainda existem como Mickey, Mônica, Cebolinha, e tantos outros. Curiosamente, seu nome é omitido entre os "fazedores de revistas" mencionados na Revista do Brasil [vide acima, nesta seção], um dos motivos que levou o autor a retraçar, através de sua biografia, a história da editora com suas inúmeras e saborosas histórias.
Contato com o autor: goncalo.junior@uol.com.br

Hallewell, Laurence.
O Livro no Brasil (sua história).
Trad. de Maria da Penha Villalobos e Lólio Lourenço de Oliveira.
SP: Edusp / T.A.Queiroz, 1985.

REEDIÇÃO, revista, atualizada e ampliada.
Trad. de Maria da Penha Villalobos, Lólio Lourenço de Oliveira e Geraldo Gerson de Souza.
Formato 24x30 cm. 816 pp.
SP: Edusp, 2005.
Primeiro e mais completo panorama histórico da indústria editorial brasileira. Escrito originalmente em 1975, foi publicado pela primeira vez no Brasil em 1982, e para esta segunda edição passou por extensa revisão do autor britânico. Retrata com precisão, clareza e riqueza de dados estatísticos o desenvolvimento das editoras brasileiras e os problemas econômicos, sociais e políticos que enfrentaram para sobreviver. Oferece um relato minucioso das obras e dos autores publicados pelas editoras comerciais e oficiais, além de tabelas, cronogramas e dados comparativos detalhados sobre população, importação, tarifas, preços, salários, exportação, produção de papel, traduções e comércio livreiro.
Belissima edição, que conta ainda com inúmeras reproduções a cores de livros que são parte importante da indústria editorial brasileira.

Ipanema, Marcello & Ipanema, Cybelle.
A Tipografia na Bahia: documentos sobre suas origens e o empresário Silva Serva.
RJ: Instituto de Comunicação Ipanema, 1977. Knychala, Catarina Helena.
O Livro de Arte Brasileiro - (Teoria, história, descrição: 1808-1980).
RJ: Presença/Pró-Memória/INL, 1983.
Lajolo, Marisa & Zilberman, Regina.
O Preço da Leitura - Leis e números por detrás das letras.
São Paulo: Ática, 2002. Ilustr. p & b.

Resenha

Lajolo, Marisa e Zilberman, Regina.
A Formação da Leitura no Brasil.
São Paulo: Ática,1996. Lajolo, Marisa e Zilberman, Regina.
A Leitura rarefeita: livro e leitura no Brasil.
São Paulo: Brasiliense, 1991.
Lima, Guilherme Cunha.
O Gráfico Amador - As Origens da Moderna Tipografia Brasileira.
RJ: Editora UFRJ, 1997. Ilustrado p&b.

Resenha

Lima, Yone Soares de.
A Ilustração na produção literária - São Paulo, década de vinte.
São Paulo: IEB / USP, 1985.
Lindoso, Felipe.
O Brasil pode ser um país de leitores?
Prefácio de Sérgio Machado
SP: Summus Editorial, 2004.

Fruto da longa experiência do autor como antropólogo, jornalista, editor e assessor da CBL, a obra apresenta um histórico da indústria editorial no Brasil e analisa todo o conjunto de ações que fazem (ou fariam) do livro um produto, de consumo sim, mas diferenciado quanto aos resultados que traz para os indivíduos e para o país.
"Felipe Lindoso reflete sobre a evolução do processo de formação de nossa nacionalidade, visto, sobretudo, do ponto de vista editorial" (Sérgio Machado)

Lins, Osman.
Guerra sem testemunhas: o escritor, sua condição e a realidade social.
São Paulo: Ática, Col. Ensaios, 1974.
Lopes, Moacir.
A Situação do escritor e do livro no Brasil.
Rio de Janeiro: Cátedra, 1978.
Lyons, Martyn e Leahy, Cyana.
A Palavra impressa: histórias da leitura no século XIX.
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 1999. Lyra, Helena Cavalcanti de
Com Homero Senna, Ivette Maria S. do Couto e Plínio Doyle.
História de revistas e jornais literários
- Índice da Revista Brasileira.
RJ: Fund. Casa de Rui Barbosa, Vol. II, 1995.

No presente volume estão reunidos e comentados os índices das sete "fases" da Revista Brasileira entre 1855 e 1980, indicadas pelos nomes de seus diretores.

Martins, Ana Luiza.
Revistas em Revista - Imprensa e práticas culturais em tempos de República, São Paulo (1890-1922)
São Paulo: Edusp / Imprensa Oficial / Fapesp, 2001.

Trabalho raro de classificação temática e crítica das revistas como fonte histórica, Revistas em Revista recupera parte do universo mental da efervescente São Paulo na virada do século XIX para o XX, investigando a ampliação do público leitor e, sobretudo, a força da revista como impresso decisivo na passagem do consumo do jornal para o livro. A autora revela aspectos insuspeitos de nossa história cultural, como a definição da forma revista na perspectiva de sua historicidade, sua presença nas bibliotecas da época, a profissionalização do escritor e os gêneros literários em voga, assim como as políticas de alfabetização popular e o público leitor em formação. Do ponto de vista técnico, Ana Luiza examina a constituição do parque gráfico e os dramas da incipiente indústria papeleira do país, as conseqüências da proliferação da imagem e as inúmeras estratégias de venda do produto, atreladas aos modelos iniciais de propaganda e de publicidade no Brasil.

Matos, Felipe.
Uma Ilha de leitura - Notas para uma história da cidade através de suas livrarias, livreiros e livros (Florianópolis, 1830-1960)
Florianópolis: UDESC (História), 2005
(Trabalho de conclusão de curso, inédito em livro).
Florianópolis: UDESC (História), 2005
(Trabalho de conclusão de curso, inédito em livro).

Trabalho de caráter introdutório à História Editorial da cidade de Florianópolis, fazendo uma cartografia de tipografias, livrarias, livreiros e livros. Pretende demonstrar a emergência do leitor na antiga freguesia de Nossa Senhora do Desterro e na Florianópolis da primeira metade do século XX, através do surgimento dos primeiros gabinetes tipográficos e estabelecimentos comerciais que vendiam livros, buscando romper com um discurso historiográfico que caracteriza a Desterro/Florianópolis como uma "paisagem de cores mortas", onde tudo é anacrônico e lento, na qual "o resto do mundo morria silencioso", a despeito da inundação de cultura impressa que lentamente revolucionou os hábitos da cidade, e dos livros que circulavam pela ilha através de suas livrarias.

Contato com o autor: felipematos@hotmail.com
Excerto

Meyer, Marlyse (org)
Do Almanak aos almanaques.
Textos de Jean-François Botrel, Jerusa Pires Ferreira, Maria Coleta Oliveira, Machado de Assis.
São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. Ilustrado.

Livro de referência que resguarda a memória e a atualidade do importante veículo de comunicação que é o almanaque, que sempre ocupou um papel significativo no mercado editorial brasileiro.

Mira, Maria Celeste
O Leitor e a banca de revistas
- a segmentação da cultura no século XX.
SP: Olho d'Água, 2001.

Para descobrir "quem lê tanta revista?", a autora parte de O Cruzeiro, a "revista da família brasileira", até chegar, no final do século XX, à proclamada "revista personalizada". Analisa os modelos de revista mais importantes do Brasil e do mundo, sua relação com grupos de leitores/consumidores e os movimentos sociais e culturais que os constituem como segmentos de mercado e alteridades.
Resenha

Miranda, Francisco Gonçalves.
Memória histórica da Imprensa Nacional.
RJ: Imprensa Nacional, 1922.
Nunes, José Horta.
Formação do leitor brasileiro: imaginário da leitura no Brasil colonial.
Campinas/SP: Ed. Unicamp, 1994. Oliveira, Lívio Lima de.
O livro de preço acessível no Brasil
- o caso da coleção "L&PM Pocket".
São Paulo: ECA - USP, 2002 (dissertação de mestrado, inédita em livro).

O trabalho estuda as estratégias de edição de livros a preços acessíveis, monstrando experiências com esse tipo de livro nos EUA (desde o século XIX), na Europa (desde o século XV) e no Brasil (a partir do final do século XIX). Apresenta um estudo de caso da editora L&PM e faz algumas recomendações para a produção de livros a preços acessíveis.

Contato com o autor: livio.lima@uol.com.br
Veja artigo do autor




postado por paulo alexandre cordeiro de vasconcelos as 02:23:54





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1 comentários:

Escritório do Livro:

Olá,

Acabamos de descobrir, atônitos, que a Bibliografia do site do Escritório do Livro está quase integralmente reproduzida no seu blog, sem que sequer tenhamos sido consultados!

Vimos solicitar, em atenção à lei dos direitos autorais, que seja imediatamente retirada.

Obrigado.


25/11/2006 16:56:44
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Geral Autoridades académicas Matrícula e Inscrição Calendário
História do Livro Estudos Portugueses - Área de Especialização em Estudos da Cultura


Código: 722091074
Unidade Orgânica: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Créditos: 6.0
Professor responsável: Artur Anselmo Soares
Horas semanais: 4
Língua de ensino: Português
Objectivos
O aluno deve:
a) Compreender a História do Livro como ramo científico autónomo, em desenvolvimento, mas articulada com a História Económica, a História das Mentalidades Ciências Documentais;
b) Compreender a conjuntura política e económica da edição de impresso;
c) Conhecer a evolução dos circuitos comerciais do livro desde o renascimento aos nossos dias;
d) Dominar a técnica do fabrico do material tipográfico de composição;
e) Conhecer a história do papel como suporte do livro impresso.

Pré-requisitos
Não aplicável não tem.

Conteúdo
1) Fronteiras da História do Livro
2) Características gerais da actividade editorial e livreira nos séc.XVI, XVII,e XVIII.
3) Principais centros de actividade tipográfica
4) Impressores, editores, livreiros e encadernadores: o associativismo de classe.
5) Bases para um levantamento temático da produção impressa.
6) Evolução da censura intelectual
7) A concorrência comercial. Impressões clandestinas, contrafacções e privilégios.
8) A Academia da História e o seu programa editorial.

Bibliografia
— ANSELMO, Artur. Estudos de História do Livro. Lisboa. Guimarães Editores, 1997.
— CHARTIER, Roger. Les usages de l’ imprime. Paris, Fayard, 1987.
— CUNHA, Alfredo da. Elementos para a história da imprensa periódica portuguesa. Lisboa, Academia das Ciências, 1941.ANSELMO, António Joaquim. Bibliografia das obras impressas em Portugal no séc. XVI. Lisboa, Biblioteca Nacional, 1926 [reimpressão fac-similada: ibidem, 1977].
— BAIÃO, António. A Inquisição em Portugal e no Brasil. Lisboa, 1920.

Método de ensino
Aulas expositivas e trabalhos individuais dos alunos, apresentados oralmente sobre matérias relacionadas com o programa da disciplina.

Método de avaliação
Exame final (80%) e resenha bibliográfica (20%)

Cursos
Estudos Portugueses - Área de Especialização em Estudos da Cultura (Área de Especialização de Mestrado)


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COPYRIGHT DEVIDO À UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA.

1341 - HISTÓRIA DO LIVRO

1
II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial
As primeiras tipografias na cidade gaúcha de Rio Grande
Artur Emilio Alarcon Vaz1 (Universidade Federal do Rio Grande)
Resumo:
A pesquisa “Formação e consolidação do sistema literário em Rio Grande”,
desenvolvida no Instituto de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande,
desde 2006, tem buscado catalogar, recuperar e divulgar o início dessa literatura local,
retomando autores e livros perdidos e esquecidos em bibliotecas e hemerotecas. Dessa
forma, através não só de fontes primárias, como também de outras fontes disponíveis,
tem-se formado melhor uma noção de quem e como se publicava literatura nos jornais e
nas tipografias locais, aos moldes das pesquisas realizadas em outros estados por Márcia
Abreu e Socorro Barbosa. Como ocorre, em geral, a história do livro está associada ao
jornal e, em Rio Grande, isso também ocorreu, pois os primeiros livros saíram das
tipografias feitas para a impressão de jornais locais. Partindo de dados aleatórios e
espalhados por diversas fontes primárias, têm-se obtido bons resultados, já
configurando uma boa lista das tipografias e obras produzidas nos período em questão,
com pesquisas espalhadas em diversos autores e obras.
Palavras-chave:
periodismo, tipografia, Rio Grande do Sul, sistema literário, fontes primárias.
Enquanto a cidade gaúcha de Rio Grande atingia seu apogeu econômico no
século XIX devido à riqueza originada pelos curtumes2, a literatura dessa cidade no
extremo-sul seguia seus primeiros passos e começava lentamente a formar-se nesse
período, procurando estabelecer assim um meio cultural em que não só havia a leitura
de livros e outros impressos, mas também havia uma impressão da produção de textos
de autores locais.
1 Professor doutor do Instituto de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande (FURG);
coordenador do projeto de pesquisa “Formação e consolidação do sistema literário em Rio Grande (RS)”;
professor da disciplina “História da Imprensa” na pós-graduação em “História da Literatura”, na FURG.
Doutor pela UFMG em 2006 com a tese A lírica de imigrantes portugueses no Brasil meridional. e coorganizador
do livro Literatura em revista (e jornal): periódicos do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais,
editado pela UFMG e FURG em 2005, além de autores de diversos artigos sobre periodismo literário.
Endereço eletrônico: arturvaz@terra.com.br
2 Maiores detalhes sobre esses aspectos históricos podem ser vistos em NEVES (2005) e VAZ (2006;
2008).
2
Obviamente que a da leitura e escrita de textos literários já ocorriam em Rio
Grande desde os séculos anteriores, como se comprova pelos poemas sobre a instalação
de orfanatos e asilos sobre a cidade (republicados numa antologia do século XX) e o
estudo dos livros incluídos nos testamentos do século XVIII3, ou mesmo pela
publicação das obras das gaúchas Maria Clemência da Silveira Sampaio (Versos
Heróicos pelo Motim da Gloriosa Aclamação do 1ª Imperador Constitucional do Brasil
1823) e Delfina Benigna da Cunha (Poesias oferecidas às senhoras rio- grandenses,
1834), ambas no Rio de Janeiro.
Como ocorre, em geral, a história do livro está associada ao jornal e, em Rio
Grande, isso também ocorreu, pois os primeiros livros saíram das tipografias feitas para
a publicação de jornais locais. Assim, a impressão local começa a ocorrer somente
quando Francisco Xavier Ferreira traz uma tipografia para publicar o jornal O
Noticiador, fundado em 3 de janeiro de 1832. No entanto, em 1831, Francisco Xavier
Ferreira já publicara um avulso – pois só tem uma página – com um poema chamado
Hino que se cantou na noite do dia 24 do corrente pela feliz noticia da Gloriosa
Elevação do Sr. dom. Pedro II ao Trono do Brasil, considerado o primeiro texto
impresso na cidade rio-grandina.
Em outubro de 1832, logo após o surgimento da tipografia de Francisco Xavier
Ferreira, O Noticiador anuncia que já havia duas tipografias em Rio Grande, referindose
também à tipografia do jornal O Observador, provável propriedade do seu editor
Guilherme José Corrêa.
É, então, a partir desse marco – ainda que muito pequeno – que se pode esperar
pela formação de um sistema literário local, exposto por Antônio Candido (1959), e
desenvolvido por Itamar Even-Zohar (2004), que distancia de leituras textocêntricas e
busca apoiar-se a análise também em dados biográficos do produtor/escritor e do meio
em que publicavam. Então, para o devido conhecimento do sistema literário da região
sul, é necessário conhecer não só os dados biográficos dos autores da época, assim
como os meios em que era publicada a literatura de então.
A pesquisa “Formação e consolidação do sistema literário em Rio Grande”,
desenvolvida no Instituto de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande,
desde 2006, tem buscado catalogar, recuperar e divulgar o início dessa literatura local,
3 Entre os testamentos estudados por Jorge de Souza Araújo (1999), estão os de Xavier Ferreira e de Félix
da Costa Furtado de Mendonça, pai de Hipólito José da Costa Pereira e José Saturnino da Costa Pereira,
dois dos poucos gaúchos que foram estudantes brasileiros matriculados na Universidade de Coimbra
(MORAES, 1940).
3
retomando autores e livros perdidos ou esquecidos em bibliotecas e hemerotecas. Dessa
forma, através não só de fontes primárias, como também de outras fontes disponíveis,
tem-se formado melhor uma noção de quem e como se publicava literatura nos jornais e
nas tipografias locais na primeira metade do século XIX.
A tentativa é, então, compreender, nas palavras de Leila Perrone Moisés, o
“gosto médio” de então, atendendo “as novas tendências da historiografia”, que focaliza
os “atores anônimos da História” e não só os “grandes fatos e grandes homens”
(MOISÉS, 1991, p. 143).
Na tipografia de Xavier Ferreira, além dos jornais O Noticiador e O Propagador
da Indústria Rio-grandense e do avulso citado, somente se tem notícia da publicação da
obra Relação dos festejos, que fizeram os portugueses residentes na vila do Rio Grande
do Sul, em demonstração de seu júbilo pelo restabelecimento da paz, e da liberdade, na
sua pátria, em 1834, em que – após o relato dos festejos ocorridos em agosto – são
incluídos seis poemas de Delfina Benigna da Cunha4.
Ainda na década de trinta, somente há a indicação da existência da tipografia de
Sabino Antônio de Souza Niterói, denominada inicialmente de Mercantil, enquanto
eram impressos os jornais Liberal Rio-Grandense e Mercantil do Rio Grande (entre os
anos de 1835 e 1840), e posteriormente de Niterói, quando foi editado o jornal
Conciliador (1840-41) e o A Voz da Verdade (1845-46). Entretanto, até 1847, não há
referências da publicação de livros – seja técnicos, seja literários – na cidade de Rio
Grande, indicando que essas tipografias aparentemente publicavam somente jornais.
Importante destacar, nesse período, a fundação do Gabinete de Leitura, que
transformada posteriormente em Biblioteca Rio-Grandense, que se tornou num
importante pólo cultural e livreiro da cidade e constitui atualmente num dos mais
importantes acervos não só do Rio Grande do Sul, como do Brasil. Ainda mais se
considerarmos que é na tipografia de um dos seus fundadores, Maria Perry de Carvalho
(1825-1861), que há a volta de edições locais, com, em 1847, os Estatutos do Gabinete
de Leitura da cidade do Rio Grande do Sul e, em 1848, Os jesuítas ou o bastardo d’el
Rey, do rio-grandino José Manoel Rego Vianna, drama em cinco atos representado no
Teatro Sete de Setembro, em 21 nov. 1846, constituindo assim na primeira publicação
local de um rio-grandino. No ano de 1849, o também rio-grandino Manoel José da Silva
4 Maiores detalhes sobre essa obra pode ser vistos no artigo da graduanda Ana Cristina Matias, bolsista
CNPq do projeto, nos Anais do III Encontro Nacional de Pesquisadores em Periódicos Literários
Brasileiros, publicado em CD-ROM em 2009 pela FURG.
4
Bastos (12 abr. 1825 - 11 nov. 1861) publica, pela tipografia de Antonio Bonone
Martins Viana, o drama O castelo de Oppenheim ou o tribunal secreto.
O que poderia pensar que são duas tipografias são, nas palavras de Lourival
Vianna (1977, p. 61), a mesma, pois esse pesquisador aponta que o jornal Rio-
Grandense – e podemos pensar que consequentemente sua tipografia – foi
sucessivamente vendida e revendida: apareceu em 1845 sendo impresso na tipografia
Pomatelli; em 5 jul. 1847, foi vendida para Perry de Carvalho; em 1o maio 1849, foi
revendida a Antonio Bonone Martins Viana e, em setembro de 1850, a Bernardino
Berlink. Por exemplo, no cabeçalho do Rio-Grandense de 9 jan. 1847, consta “Prop. F.
Pomarelli. Rua Praia, 40/ Redator Antonio José Caetano da Silva” e no cabeçalho do
primeiro Eco, de 27 jul. 1848, já consta o nome da tipografia de J. M. Perry Carvalho.
Essa constante mudança de proprietário explica também o porquê de somente três obras
serem impressas por Perry de Carvalho e Bonone Martins num prazo de três anos.
É desse período os primeiros anúncios de livreiros nesta cidade gaúcha, como s
diversas propagandas no Rio-Grandense ao longo de maio e abril de 1847 de um
livreiro sem indicação de nome na rua da Praia, n. 116, que vendia “novelas em francês,
livros de medicina, literatura, todos recebidos pelo navio”. Em janeiro do ano seguinte,
consta o anúncio da obra, em dois volumes, A independência do Brasil, de A.
Gonçalves Teixeira e Souza, destacando-se que “recebem-se assinatura para esta
interessante obra na casa do Sr. Antonio Martins Vianna, rua da Praia n.115.”, sem
precisar se seria o mesmo vendedor anunciado no ano anterior.
Ainda no mesmo jornal, em 16 maio 1848, aparece “a venda na rua Direita, 106,
na loja de Braga e Barbosa” o livro Amor e melancolia, de Antonio Feliciano de
Castilho. E em 14 jun. 1849, sai a propaganda de que “Daniel de Barros e Silva acaba
de estabelecer na rua da Praia, 150, em frente ao Beco do Afonso, uma oficina de
encardenação e loja de livros e papéis”, destacando-se ao longo do semestre, diversas
obras estrangeiras e nacionais, como A moreninha e O moço loiro, ambos de Joaquim
Manoel de Macedo.
Também é de Daniel Barros e Silva a primeira tentativa de editar romances sob
encomenda, conforme anúncio publicado no jornal Diário de Rio Grande, em 28 jun.
1850, em que esse livreiro ficou “convencido de que o hábito de ler não se adquire
ordinariamente se não é excitado pelo atrativo que oferecem as obras de imaginação, e
abundando a literatura moderna em composições que a par do deleite da ficção”,
propondo que:
5
vamos tentar a tradução de alguns romances modernos de mais nomeada,
esperando que esta tentativa seja bem acolhida em toda a província.
Publicar-se-á em Porto Alegre na tipografia de Pomatelli e Cia um volume cada
mês, em bom papel e tipo novo, logo que se tenham obtido 300 assinaturas.
Preço da assinatura 12$000 rs. Por ano, pgando 1$000 rs. Na ocasião da entrega
de cada volume, que será acompanhado de uma lista impressa dos Srs.
Assinantes que protegerem esta empresa.
Apesar da busca de alguma dessas obras, somente foram encontrados livros
técnicos editados pelo tipografia F. Pomatelli, em Porto Alegre, nesse período5,
indicando que tal iniciativa não deva ter sido concretizada. Percebe-se, assim, a
crescente necessidade local pela compra e venda de livros literários, sempre em parte
suprida pelos livreiros, mas que em vários momentos seria insuficiente, precisando
assim de que as tipografias locais publicassem não só jornais, mas também obras das
quais o público estava ávido pela leitura.
Embora a baixa média continue nos anos iniciais da tipografia durante a direção
de Berlink, é com este proprietário que se inicia a publicação de obras técnicas e
também poéticas, abrindo o espaço posteriormente para a publicação de romances de
autores locais. Nesse período inicial, das quatro publicações já obtidas com indicação da
tipografia de Berkink, três são do baiano Ladislau dos Santos Titára (1801-1861), que
publicou tanto obras técnicas (Complemento do auditor brasileiro, em 1850) como
poéticas (Obras poéticas, tomo VII, em 1851) e em prosa (Memórias do grande
exército aliado, libertador do sul da América, na Guerra de 1851 a 1852, contra os
tiranos do Prata, em 1852).
A quarta publicação encontrada da tipografia de Berlink é a segunda edição dos
estatutos da hoje Biblioteca Rio-Grandense, expondo a fragilidade das tipografias
locais, pois se a primeira edição foi feita na empresa de José Maria Perry de Carvalho e
a segunda edição na tipografia de Bernardino Berlink (em 1853), e a terceira edição6,
em 1855, acaba sendo realizada pela tipografia do jornal Diário, sendo a primeira obra
impressa conhecida dessa tipografia. Ainda nesse ano, o jornal Diário de Rio Grande
publicou o folhetim Vicentina, de Joaquim Manoel de Macedo, em rodapé, para ser
recortado e organizado como um livro em dois volumes.
5 A saber: Memoria geologica sobre os terrenos de Curral-Alto, e Serro do Roque na Provincia de
S.Pedro do Sul , de Frederico A. de Vasconcellos A. Pereira Cabral, em 1851; Relatorio do presidente da
provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul, o conselheiro José Antonio Pimenta Bueno, na abertura da
Assembléa Legislativa Provincial no. 1.o de outubro de 1850; acompanhado do orçamento da receita e
despeza para o anno de 1851, em 1850; e Tratado de escrituração mercantil por partidas dobradas,
aplicado às finanças do Brasil, de Sebastião Ferreira.Soares, de 1852.
6 A quarta edição, já com o título Estatutos da Biblioteca Rio-Grandense na cidade do Rio Grande do
Sul, é feita pela tipografia do Artista, em 1878.
6
Ainda em 1855, Titára também publicou – já na tipografia de Cândido Augusto
Mello – a terceira edição de Auditor brasileiro, atualizando, conforme o Dicionário
bibliográfico português de Inocêncio Francisco da Silva (p. 167), as edições anteriores,
feitas em Porto Alegre (de 1845) e no Rio de Janeiro (1847).
Esse aumento de obras impressas em Rio Grande no ano de 1855 é ajudado em
parte pela ampliação dos livreiros atuantes na cidade rio-grandina, já que nesse ano
aparecem propagandas de três livreiros nos jornais locais: o já citado Daniel de Barros e
Silva (conforme anúncio n’O Diário do Rio Grande, de 2 ago. 1855); Joaquim Ferreira
Nunes (O Diário do Rio Grande, de 25 fev. 1855, com o nome de Bazar Pelotense) e
Cândido Augusto de Mello (A Imprensa, em 7 maio 1855, anuncia a transferência de
sua tipografia de Pelotas para Rio Grande e a abertura de uma loja de livros) 7.
Em 1856, já foram obtidos dados de pelo menos três edições da Tipografia
Berlink, sendo uma de autoria local - Discurso recitado em 06 de março de 1856, do
então conhecido poeta local Antônio José Domingues8 - e duas de autores ingleses
reconhecidos naquela época: A alma no purgatório ou amor além da morte, de T.
Bulwer e trad. Botelho de Vasconcelos, além de O castelo de Otranto, do inglês já
canonizado Horace Walpole (1717-1797), provável cópia da edição lisboeta da Tip. J. J.
A. Silva, publicada em 1854, pois ambas atribuem a autoria ao tradutor W. Marsgall.
Em 1857, há uma profusão de romances e novelas editados por três tipografias
rio-grandinas: a do Diário, a de B. Berlink e a de Cândido Augusto de Mello (ligado ao
jornal Imprensa), todas dando preferência para a publicação de autores reconhecidos,
fato ocorrido igualmente no início da imprensa brasileira, como citado por Márcia
Abreu: “A publicação de obras já conhecidas revela (...) tino comercial daqueles que
encomendavam impressões no Rio de Janeiro, pois pouco arriscavam-se ao republicar
um livro que já tinha conquistado público.” (2003, p. 86).
Pela tipografia do Diário, além da famosa edição rio-grandina d’O Guarani, sem
autoria declarada na capa para José de Alencar, como foi na sua edição original carioca
em folhetim, foi publicado o livro Epístola a S. M. a Imperatriz do Brasil em favor de
um infeliz ancião, de Antonio Feliciano de Castilho. A influência lusa também se dá na
7 Maiores detalhes sobre esses livreiros podem ser vistos no artigo da graduanda Gisele Pereira Bandeira,
bolsista do projeto, nos Anais do III Encontro Nacional de Pesquisadores em Periódicos Literários
Brasileiros, publicado em CD-ROM em 2009 pela FURG.
8 O poeta Antônio José Domingues nasceu em 23 de julho de 1791 em Lisboa e, na região sul do estado,
destacou-se como poeta, latinista e professor público e também como defensor da monarquia. Sua morte
em Pelotas, em 5 de setembro de 1860, é confirmada em exemplares do jornal O Brado do Sul
microfilmados na Biblioteca Nacional, desfazendo as dúvidas de diversos autores sobre esse dado.
7
impressão da tipografia de Cândido Augusto de Mello, através da obra Meditações ou
discursos religiosos, do português José Joaquim Rodrigues Bastos (1777-1862).
Já a tipografia de B. Berlink mostra uma tendência maior para a literatura
inglesa: Uma fantasia americana, de Alfred Assolant (1827-1886); Memórias de um
policeman e O caçador de Selvagina, ambos de Alexandre Dumas; e O Marquês de
Pombal, de Clémence Robert.
Nesse período, destaca-se, no entanto, a publicação em 1858 de O homem
maldito, de Carlos Eugênio Fontana, tanto por ser o primeiro romance de um autor riograndino9,
como por ser no ano de fundação da tipografia do Eco do Sul na cidade de
Rio Grande. Em 1859, essa tipografia publica o poema O pavilhão negro, do português
Mendes Leal, no formato de folhetim para ser recortado e organizado como um livreto.
Importante destacar que esse poema foi publicado originalmente em Portugal no mesmo
ano, mostrando que a agilidade na edição de obras também fazia parte dos editores de
então.
Entretanto, há referências da publicação de outros romances ainda em 1858,
como Cenas da vida, também de Carlos Fontana, e A donzela de Veneza e A véspera de
uma batalha, ambos de Carlos de Koseritz, mas atualmente não se conhecem nenhum
exemplar dessas obras, nem em bibliotecas brasileiras, nem em mãos de particulares10.
Ainda nessa linha, por pouco não se enquadra a novela Um drama no mar, de
Koseritz, publicada inicialmente como folhetim – com o pseudônimo X. Y. Z. e com o
título Elissandro ou um drama no mar – no jornal Eco do Sul, entre 11 de outubro e 4
de novembro de 1862, e publicada posteriormente num único volume, como pode ser
comprovado em propagandas anunciadas nesse mesmo jornal entre abril e maio de
1863.
Embora citado em vários dicionários e por pesquisadores, não se conhecia
nenhum exemplar desse livro, até que um foi achado no acervo da Biblioteca Rio-
Grandense, entre as obras de autoria anônima, provavelmente pela ausência de capas e
páginas iniciais do romance, não deixando nenhum vestígio de sua autoria, data ou local
de publicação no corpo da obra.
9 Maiores detalhes sobre essa obra pode ser vistos no artigo da graduanda Sheila Fernandez, bolsista do
projeto, nos Anais do III Encontro Nacional de Pesquisadores em Periódicos Literários Brasileiros,
publicado em CD-ROM em 2009 pela FURG..
10 Oberack Júnior (1961, p. 23) indica que tais romances teriam sido publicados em folhetim
anteriormente no jornal Ramilhete Rio-grandense, mas igualmente não se conhece nenhum exemplar
desse jornal, que teria sido publicado por Koseritz em 1857. Ainda da lista de prosa ficcional de Koseritz
desaparecida, consta “Laura, perfil de mulher”, publicado em Rio Grande em 1875 pela Tipografia de J. J.
R. da Silva, e com reedição em 1887 (cfe FERREIRA, 1891, p. 13).
8
Tanto o folhetim, como o volume anônimo, ambos textualmente iguais, não
possuem indicação de autoria, sendo esta feita de forma indireta pelas propagandas
veiculadas em 1863. A par da semelhança de títulos e de personagens, a prova cabal de
que esse volume encontrado é a novela publicada por Koseritz é o detalhe que tanto na
propaganda, como no volume, há a referência de que a prosa foi baseada em fatos
verídicos, dando inclusive – na página final do volume – o verdadeiro nome do
protagonista e indicando o seu fim real: o enforcamento na Inglaterra em 30 de
dezembro de 1862.
Nesse período11, o jornal Diário de Rio Grande de 21-22 jul. 1862 (n. 4083)
noticia sobre abertura de outra gráfica: “Agora, consta a cidade de Rio Grande quatro
estabelecimentos desta ordem, sendo três de folhas diárias e mais misteres, e uma só
para obras” (p. 2), que seriam, além da própria tipografia do Diário, a dos jornais Eco
do Sul e Comercial. Fica, no entanto, a dúvida de qual editora “só para obras”, pois não
se conhece nenhuma obra publicada em Rio Grande nesse período de outra tipografia.
Embora o jornal Comercial tenha sido fundado em 1858 e, em sua tipografia,
tenha sido publicado diversos outros jornais, como Independente (1862), Liberal (1863)
e o Especulador (1868), só há registros de obras impressas em suas gráficas em 1866,
com o Regulamento da prática e usos comerciais da praça da cidade de Rio Grande, de
apenas seis folhas e constante no acervo da Biblioteca Rio-Grandense, e em 1868 de
Cais no litoral da cidade do Rio Grande, de Hygino Correa Durão, o que leva indica
que a tipografia seguia a linha editorial do jornal de se ater a assuntos comerciais.
Nessa década, constam ainda as tipografias próprias do jornal Aurora do Sul
(esta sem nenhuma indicação de obras) e do Artista (fundado em 1860), cuja primeira
obra impressa é Riachuelo, do gaúcho Zeferino Vieira Rodrigues Filho (1834-1910), em
1866.
Após a recolha e a leitura de tantas obras locais, percebe-se que tanto a poesia,
como a prosa escrita e publicada em Rio Grande na primeira metade do século XIX –
mesmo que atualmente seja constituída de nomes desconhecidos e raramente citados em
histórias literárias sul-rio-grandenses e brasileiras - é condizente com o que ocorria no
restante do Rio Grande do Sul e com o Brasil, tanto no tocante à construção incipiente
11 O jornal O Comercial, de 5 jul. 1862, traz um anúncio de outro livreiro local, identificado como J. A.
Leite, que oferece o livro Da educação das meninas e influência possível da mulher, cujos detalhes são
totalmente desconhecidos, não se podendo identificar se era uma edição local ou não.
9
de um nacionalismo, como pela mudança gradual do Arcadismo para a estética
romântica.
Todos esses autores citados fazem parte de uma etapa inicial do sistema literário
rio-grandino, excluídos de qualquer cânone atual, mas que foram importantes na
solidificação da literatura local e formadora literária de escritores atualmente
considerados importantes, como Rita Barém de Mello e Bernardo Taveira Júnior, que
publicaram seus livros de estréia em Rio Grande, respectivamente, Sorrisos e prantos
(1868) e Poesias americanas (1869).
Assim, podemos concluir usando as palavras de Márcia Abreu, para quem
parece necessário repensar o corpus de textos com o qual críticos e historiadores
literários têm trabalhado, no sentido de alargar o conjunto de obras consideradas
e o campo de interrogações.
Deixando de ver na literatura um objeto ideal, definido por uma imanente
literariedade percebe-se que sua composição é socialmente construída, assim
como sua leitura. (...) Textos ignorados ou superficialmente examinados às
vezes têm parte preponderante nesse jogo (ABREU, 2003, p. 137).
A tipografia da obra inaugural de Bernardo Taveira Júnior ocorre já na tipografia
da revista Arcádia, marco divisor da literatura sul-rio-grandense, conforme o estudo de
Guilhermino César, iniciando assim já o Romantismo em terra gaúchas e que representa
a consolidação de Rio Grande como centro cultural, pois muitos dos seus colaboradores,
um pouco mais tarde, viriam a participar ativamente ao longo da existência do grêmio
literário do Partenon, o mais importante centro cultural gaúcho.
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