quarta-feira, 3 de outubro de 2012
DE QUE MODO A FILOSOFIA PODE MUDAR-ME A VIDA?
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Em busca de transformação: a filosofia pode mudar a sua vida
RESENHA:
CELEBRANDO O PENSAR, O REFLETIR E A FILOSOFIA!
Prof. João Beauclair.
“...a vida, a vida, a vida,
só é possível reiventada ”
Cecília Meirelles
Escrever resenhas sobre livros que leio e gosto é hábito proveitoso e saboroso, pois este é um modo, uma maneira de compartilhar saberes e sabores. Em outubro passado, quando lancei no congresso internacional de Psicopedagogia, ocorrido em São Paulo e promovido pela ABPp, Associação Brasileira de Psicopedagogia, meu novo livro Para entender psicopedagogia: perspectivas atuais, desafios futuros, publicado pela WAK, ganhei de presente do meu amigo e editor Waldir Pedro, o seu livro Em busca de transformação: a filosofia pode mudar a sua vida. Um trabalho bonito, singelo e simples que tira o mito construído por muitos (e sabemos com que interesse tal construção se fez) de que a Filosofia e o filosofar são coisas para poucos eleitos.
A principal característica deste trabalho talvez seja esta: sem vulgarizar, mostrar que filosofar é para todos. No momento em que estamos vivenciando o nosso mundo, com todas as suas complexidades e “pressas” – corremos demais, trabalhamos demais, vivemos de menos- somos convocados a reflexão e ao pensar critico, colocando-nos em uma postura filosófica de buscar sentido e significado em nossas ações, nossos pensares e movimentos.
Somos, cada vez mais, estimulados por tantas informações e mídias, que acredito estarmos vivendo um tempo sem tempo, ou seja, o tempo acaba por ser escasso, visto termos tantas tarefas, tantos a afazeres para dar conta. Falta-nos, de modo geral, o tempo necessário à reflexão e ao pensar sobre a dinâmica da vida: tempo falta para a leitura atenta e cuidadosa, falta tempo para desfrutar das coisas boas da vida, falta tempo para o ócio criativo, como nos ensinou Domenico de Masi.
Enquanto simples mortal ressignifico meu tempo agindo de um outro modo e tentando viver o paradigma expresso no conceito de ócio criativo citado acima. Para tal, ao longo dois últimos anos, depois de um acidente de automóvel que me fez pensar e refletir sobre minha existência com grande profundidade, venho fazendo algumas mudanças em meu viver, optando por viver num espaço não urbano faz algum tempo, atuando em projetos e trabalhos que me dão efetivo prazer, vivenciando minha lenda pessoal, como um amigo querido sempre me fala, buscando outros referências de saúde, de paz, de convivência, de trabalho, alegria e prazer de viver a vida.
Tenho revisto modelos de trabalho e sucesso, de equilíbrio e de autonomia, de autoria e de compartilhamento de idéias e ideais e a todo este meu movimento, sempre a leitura de textos filosóficos e humanísticos me acompanham: o mundo das idéias recria a própria vida.
No prazeroso, tranqüilo e lento passeio que fiz pela Filosofia, ao ler este livro tão bom, todas essas questões ganharam corporeidade e me vieram à tona e por isso, quando me propus a tal tarefa: resenhar é compartilhar um olhar, refazer um trajeto, mostrar algo que criamos a partir do que, ao ler um texto, fomos capazes de fazer.
Pedro, como gosto de chamar este meu querido amigo, inicia sua obra nos falando sobre os mitos, herança maravilhosa que nos ajuda “a trazer o mundo ideal ao tenebroso mundo real”. De Aurora a Mercúrio e Hermafrodito, nesta primeira parte fazemos uma viagem sobre aos maravilhosos mundos dos mitos, onde somos instigados a pensar e refletir.
Adiante, com a famosa frase de Heráclito, “nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”, encontramos claros sentidos para a palavra renovação. Um texto surpreendente nos mostra isso e ao citar Shirley Valentine, um filme excelente sobre este processo humano da necessária mudança, nosso autor nos brinda com o incentivo ao pensamento sobre nossa cotidianidade e como nela, estamos a viver, remetendo nosso olhar para a questão da escolha, do livre-arbítrio: da vida o que de fato quero e desejo?
A seguir, nossa viagem ao pensar é endereçada a Sócrates, quando lemos sobre o oráculo de Delfos e a Platão, quando lemos o mito da caverna. Aqui, Pedro sabiamente nos diz: “a vida é processo, evolução e constante busca.” Uma reflexão sobre o homem como animal político segue nossa trajetória reflexiva, onde podemos pensar sobre a importância dos sonhos e das utopias em nossa vida. A medida do amor e não ter medida é um dos trechos mais profundos que aqui encontramos: rico em citações de filmes e autores da Filosofia Clássica e Contemporânea, o amor ganha seu espaço ao pensar filosófico e mais uma vez, numa bela surpresa, nos trás Saint Exupéry, com um trecho do seu pequeno príncipe para ilustrar suas idéias.
A racionalidade e o prazer, a civilização e a busca pela felicidade é o próximo passo nesta viagem. Ao nos trazer um belo texto de Luiz Alça de Sant’Anna, confirma que sem prazer nos vale a pena viver. Adiante, com a máxima o alimento da juventude é a ilusão, Pedro nos fala sobre juventude, ilusão e a vida, efêmera e tão bonita, pela própria busca de cada um de nós, enquanto seres aprendentes e viventes na travessia do viver no mundo com todas as suas complexidades. Tece outros trechos este nosso tecelão da Filosofia, tirando-nos de nossas zonas de conforto e criando uma espécie de turbilhão de idéias, citando outros tantos pensadores de nossa história humana, que nos brindaram com os seus reflexivos e filosóficos ensinamentos e pensamentos, sobre a vida e a morte, a luz e as trevas, a fé e a descrença, as virtudes e a felicidade, a condição humana e suas mazelas, sobre a paixão e as metas a serem buscadas, enfim, um convite ao filosofar, como nos ensinou Marilena Chauí.
Enfim, este é um trabalho primoroso, válido por sua competência em nos trazer uma tessitura contemporânea sobre o ato de filosofar. Garanto, aos possíveis leitores, que em tal tessitura, muitos serão os fios a serem tecidos e re-tecidos, muitas possibilidades ao pensar sobre nossas vidas, na caminhada permanente e sempre recomeçada, pelo auto-conhecimento. Para todos os possíveis leitores desta obra, desejo uma excelente leitura, com o mesmo prazer que tive ao ler este trabalho. Ao amigo Pedro, meus parabéns por sua ousadia, em buscar, na Filosofia, suas potencialidades de autoria, nos dando o privilégio de juntos, celebrarmos o pensar, o refletir e a Filosofia!
Prof. João Beauclair
Vivenda dos Anjos/Espaço Ser e Viver,
Dezembro de 2006.
Joao Beauclair
Enviado por Joao Beauclair em 28/12/2006
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Comentários
07/06/2007 22:08 - angela [não autenticado]
Querido amigo! Adorei ao ler esta reflexão do seu amigo,é a sua opinião concordo plenamente, a nossa vida e tão corrida que ao menos esquecemos de filosofar, peço que possa me enviar alguns textos,artigos que conhece, neste ano tenho que fazer a minha monografia, queria que pudesse me dar uma idéia, sobre o que pesguisar ? sei que vai tirar um segundo para dedicar a mim sobre o ato de filosofar, buscar na Filosofia, suas potencialidades de autoria, nos dando o privilégio de juntos, celebrarmos o pensar, o refletir e a Filosofia! bjssssss! AngelaOias!!!!!!!!!!!!Comentar
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