domingo, 28 de outubro de 2012

ABORDAGENS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

CAMILA ICOLA BOERI


MÁRCIO TADEU VIO E

2009

ABORDAGENS

EM

EDUCAÇÃO

MATEMÁTICA



ABORDAGE S EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA



ABORDAGE S EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Camila Nicola Boeri

Márcio Tadeu Vione



SUMÁRIO

Prefácio............................................................................ 09

1. O que é ser educador hoje? ......................................... 13

2. A História da Matemática como estratégia de

ensino/aprendizagem: um estudo de caso........................

23

3. O uso da “cola oficial” nas provas de matemática ...... 35

4. A utilização da informática no ensino da matemática . 45

5. Avaliação no ensino da matemática ............................ 63



PREFÁCIO

O ensino e a aprendizagem da Matemática estão

passando por um profundo processo de renovação. Renovação

esta não apenas de conteúdos, mas principalmente de objetivos

e de metodologias.

A aprendizagem hoje não é vista mais como a simples

transmissão e recepção de informações, mas sim como um

processo de construção de conhecimentos, que é favorecido

mediante a estimulação da investigação e participação dos

alunos.

Neste contexto, a escola não pode ficar indiferente aos

novos métodos e técnicas que podem ser introduzidos no

ensino decorrentes do aparecimento de novas tecnologias.

Quando se discute o papel da matemática no processo

de ensino-aprendizagem, é pertinente analisar a forma como

ele se apresenta em nossas escolas. É fundamental ter sempre

presente que o aluno aprende mais quando lhe é permitido

fazer relações, experiências e ter contato com material

concreto. Porém, infelizmente, muitas vezes a escola bloqueia

ou dificulta o processo de aprendizagem justamente por impor

a transmissão de conhecimentos em matemática de forma

estanque, isolada, repetitiva e sem aplicações, não permitindo

uma construção e desenvolvimento lógico no educando.

Promover a ampliação na capacidade de raciocínio, memória,

rigor, ritmo, análise crítica, etc., é tão significativo através do

estudo da matemática quanto o é através das artes.

Se queremos uma educação inovadora, precisamos

conceber a matemática em sala de aula como um processo de

construção, em que o aluno percorre um caminho por meios

próprios, com tentativas e erros e com uma orientação sem

dogmatismos. Um ensino em que esta disciplina é vista

relacionada ao mundo real, com aplicações em situações do

cotidiano, não como algo abstrato e sem utilidade. Se o

professor é capaz de oferecer o ensino da matemática de forma

dinâmica, atrativa e criativa, tem em mãos uma arma valiosa

para desenvolver no educando o pensamento crítico, a

confiança em seu potencial mental e raciocínio lógico e o

hábito de utilizar as suas competências com autonomia, senso

de investigação e criação.

Desmistificar a matemática como sendo o "bicho

papão" das salas de aula é tarefa a qual todo o professor desta

disciplina deve se dedicar. E, acima de tudo, precisamos

mostrar a Matemática como tendo uma função relevante no

desenvolvimento do educando como um ser social. Como nos

mostra os Parâmetros Curriculares Nacionais:

(...) a matemática pode dar sua

contribuição à formação do cidadão ao desenvolver

metodologias que enfatizem a construção de

estratégias, a comprovação e justificativa de

resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o

trabalho coletivo e a autonomia advinda da confiança

na própria capacidade para enfrentar desafios.

(PCN, Brasil, 1998)

Como educadores de Matemática, não podemos

esquecer que esta disciplina, principalmente no Ensino Médio,

tem um valor formativo essencial, ajudando a estruturar o

pensamento, o raciocínio dedutivo, sendo fundamental para a

vida cotidiana em quase todas as atividades do ser humano.

A Matemática, hoje, não pode mais ser vista como uma

ciência abstrata, mas sim como uma área com um papel bem

definido, de formação de pensamentos e aquisição de atitudes,

propiciando ao aluno o desenvolvimento de competências,

habilidades e a capacidade de resolver problemas, investigar,

analisar e enfrentar novas situações e desafios, ou seja, ser

capaz de ter uma visão ampla da realidade.

Enfim, outro aspecto relevante a ser enfatizado, em

relação à matemática, é que os alunos tenham consciência de

que a construção de novos conhecimentos é necessária para

que ele possa continuar aperfeiçoando-se ao longo de sua vida.

Isso significa que cada educando deve confiar em seu

potencial, desenvolvendo a autonomia e a busca de novas

aprendizagens sempre.

1

O QUE É SER EDUCADOR HOJE?

Camila icola Boeri1

No momento educacional em que vivemos, é

fundamental para o educador que haja uma reflexão crítica

sobre sua prática. Este é um dos saberes necessários para o

bom andamento de seu trabalho educativo. É essencial

também, que o educador saiba que “ensinar não é transferir

conhecimentos”, ou seja, o educando não é um depositário de

informações, que deverão ser memorizadas e repassadas tal

qual aprendeu. Ensinar é sim proporcionar condições para a

CONSTRUÇÃO DOS CONHECIMENTOS pelos alunos, de

forma crítica, consciente, estimulando a autonomia, a reflexão,

a discussão, o raciocínio. É importante ressaltar o valor da

palavra: MEDIADOR. Este é o papel do educador hoje. A

relação de troca, debate entre aluno e professor (como diz

Paulo Freire “não há docência sem discência”) é fundamental

1 Doutoranda em Engenharia Mecânica pela Universidade de Aveiro –

Portugal. Mestre em Modelagem Matemática, especialista em Matemática e

Física e licenciada em Matemática.

para o bom andamento da prática educativa. Não podemos

esquecer estas sábias palavras: “Quem ensina aprende ao

ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, Paulo.

Pedagogia da Autonomia).

Outro aspecto importante é que “ENSINAR EXIGE

PESQUISA”. Nós, futuros educadores, precisamos ter bem

claro isto. Ensinar não é mais transmitir conhecimentos.

Ensinar é ajudar a construir sentidos e significados. Daí a

necessidade da pesquisa; pesquisa tanto de quem ensina quanto

de quem aprende.

Como seria maravilhoso o processo de ensinoaprendizagem

se os educadores valorizassem o que acima foi

dito. E mais, se também valorizassem os conhecimentos que os

alunos trazem consigo. Todo o educando, ao chegar à escola,

traz junto uma realidade vivida e que não pode ser ignorada

pelo professor. Trabalhar com o cotidiano do estudante, ser

capaz de relacionar os conteúdos com a prática, mostrar que

tudo tem um sentido real, tudo isso é um grande passo na busca

de melhorias da prática pedagógica. E o professor que se

mostra disposto a agir consciente destas necessidades, prova

que realmente sabe o valor de se buscar um ensino com

qualidade, capaz de preparar cidadãos críticos e com espírito de

reflexão e investigação.

Uma ajuda neste sentido é o educador “viver” o que

está falando. Como diz o ditado popular “as palavras

convencem e os exemplos arrasam”.

De extrema relevância também para o ato de ensinar é o

professor ter “consciência do seu inacabamento”. Traduzindo

bem no senso comum, isto significa que quem se achar “bom

demais”, “completo”, pode ir embora, sair da sala de aula que,

com certeza, não tem condições de ser um mediador de

conhecimentos.

Todos nós estamos em constante evolução, aprendendo

coisas novas nas mais simples situações do dia-a-dia. Nossa

existência não é determinada ao nascermos. Nossos

conhecimentos não são inatistas. O educador não pode se

considerar o “dono do saber”, pois desta forma estará

comprometendo toda a sua função educativa. É preciso refletir

sobre o que Paulo Freire comenta: “Gosto de ser gente porque,

inacabado, sei que sou um ser condicionado mas, consciente do

inacabamento, sei que posso ir mais além dele.” (FREIRE,

Paulo. Pedagogia da Autonomia).

Além de se reconhecer um ser inacabado, o educador

precisa respeitar a autonomia e a dignidade de cada aluno.

Agindo assim, estará atuando com ética e bom senso,

permitindo que o educando transpareça a sua curiosidade, sua

vontade investigativa e seu espírito reflexivo.

Ao fazer uso do bom senso, o professor torna-se

democrático, pois com certeza não deixará prevalecer as suas

vontades e nem será arrogante. Será capaz de agir com lucidez,

impor os limites necessários, ao mesmo tempo em que permite

a todos opinar, expressar seus desejos e insatisfações. Como

disse Moacir Gadotti (1988): “... o educador é aquele que

emerge junto com seus educandos, desse mundo vivido de

forma impessoal. Educar é tornar-se pessoa.”

Falou-se sobre relacionamento professor-aluno, forma

de agir em sala de aula, etc. Mas quanto aos conteúdos, o modo

de mediá-los? É válido salientar que acima de tudo o educador

deve ser um motivador, desafiar seus educandos, instigá-los a

cada vez mais ir a busca de novos conhecimentos, fazer com

que sua aula seja um local de prazer e descobertas, em que os

estudantes sintam vontade de ir, não algo como uma obrigação

para agradar aos pais.

Mas para que isto ocorra, é preciso que o professor

esteja sempre se aperfeiçoando e atualizando, não fique

“parado no tempo”. E, sabemos o quanto nós, educadores,

somos julgados pelo nosso desempenho em sala de aula. Não

há como passar despercebido. Daí ser indispensável valorizar

esta tarefa de ensinar e buscar sempre o melhor. Nossos alunos

merecem isto. Nossas escolas merecem. Nós merecemos.

Todos sabemos a influência inigualável que tem a

educação para a formação do ser humano. A responsabilidade

que nós, professores, temos ao estar em uma sala de aula é

muito grande. Cabe a nós a escolha de como mediar os

conteúdos e se com esta escolha, queremos reproduzir uma

ideologia dominante ou transformar uma realidade desigual. É

a educação uma forma de intervenção no mundo, pois ela,

acima de tudo, é que possibilita um crescimento, uma visão de

mundo e de realidade dominada e que nos faz tentar mudar esta

situação. Por isso, a prática do professor exige uma definição,

não pode ser neutra. Ser professor implica em estar

constantemente lutando contra qualquer forma de

discriminação ou dominância, seja ela racial ou econômica.

O professor não pode exercer sua prática sem se “achar

capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de sua

disciplina, bem como, por outro lado, não pode reduzir sua

prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos. Tão

importante quanto ensinar os conteúdos é a decência, a ética

com que isto é feito. Tão importante quanto ensinar os

conteúdos é a coerência em classe entre o que se diz, escreve

ou faz.” Afinal, não se pode esquecer que a educação é uma

arma poderosa de intervenção no mundo e que o educador é

agente fundamental neste processo.

Em se falando de educação, não há como escapar de um

aspecto muito valorizado dela: a avaliação. Se nós, futuros

professores, queremos uma prática educativa inovadora,

precisamos lutar contra a forma como a avaliação é realizada.

Precisamos sim, é enxergar a avaliação não como algo que

encerra uma etapa, mas sim como um processo contínuo,

realizado todos os dias, que objetiva propiciar aos alunos

oportunidades de demonstrar seus conhecimentos e não

enfatizar o que eles desconhecem (infelizmente, o que

geralmente ocorre).

Enfim, precisamos conceber o educando como “um

conjunto de possibilidades já realizadas e outras ainda a

realizar”, com capacidade natural de ser sempre mais. Temos

sempre que lembrar que o trabalho docente é de importância

fundamental, pois nele está centrada a transformação das

relações desumanizadas existentes para a tomada de

consciência crítica da realidade vivida, pois como disse

Frederico Mayer:

O homem nunca termina de ser homem. O

professor nunca termina de aprender. O objetivo final

de tudo é o aluno, pois ele é o foco de toda a estrutura

educacional e a razão da existência do professor. Os

educadores são a chave do futuro, o fundamento da

democracia. São os semeadores do respeito, do

diálogo, da compreensão e do amor.

(Fonte desconhecida)

Além da relevância de se ter uma visão crítica sobre a

função do educador hoje, é necessário analisar o papel da

Matemática no processo educativo.

Se quisermos uma educação inovadora, precisamos

conceber a matemática em sala de aula como um processo de

construção, em que o aluno percorre um caminho por meios

próprios, com tentativas e erros e com uma orientação sem

dogmatismos. Um ensino em que esta disciplina é vista

relacionada ao mundo real, com aplicações em situações do

cotidiano, não como algo abstrato e sem utilidade. Se o

professor é capaz de oferecer o ensino da matemática de forma

dinâmica, atrativa e criativa, tem em mãos uma arma valiosa

para desenvolver no educando o pensamento crítico, a

confiança em seu potencial mental e raciocínio lógico e o

hábito de utilizar as suas competências com autonomia, senso

de investigação e criação.

Quando se discute o papel da matemática no processo

de ensino-aprendizagem, é pertinente analisar a forma como

ele se apresenta em nossas escolas. É fundamental ter sempre

presente que o aluno aprende mais quando lhe é permitido

fazer relações, experiências e ter contato com material

concreto. Porém, infelizmente, muitas vezes a escola bloqueia

ou dificulta o processo de aprendizagem justamente por impor

a transmissão de conhecimentos em matemática de forma

estanque, isolada, repetitiva e sem aplicações, não permitindo

uma construção e desenvolvimento lógico no educando.

Promover a ampliação na capacidade de raciocínio, memória,

rigor, ritmo, análise crítica, etc., é tão significativo através do

estudo da matemática quanto o é através das artes.

Desmistificar a matemática como sendo o "bicho

papão" das salas de aula é tarefa a qual todo o professor desta

disciplina deve se dedicar, principalmente nós, formandos

nessa área. E, acima de tudo, precisamos mostrar a Matemática

como tendo uma função relevante no desenvolvimento do

educando como um ser social. Como nos mostra os Parâmetros

Curriculares Nacionais:

(...) a matemática pode dar sua contribuição à

formação do cidadão ao desenvolver metodologias

que enfatizem a construção de estratégias, a

comprovação e justificativa de resultados, a

criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo e

a autonomia advinda da confiança na própria

capacidade para enfrentar desafios.

(PCN, Brasil, 1998)

REFERÊ CIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários

à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GADOTTI, Moacir. Concepção Dialética da Educação - um

Estudo Introdutório. 6 ed. São Paulo: Cortez, 1988.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - Terceiro e

Quarto Ciclos do Ensino Fundamental - Matemática-

Ministério da Educação e do Desporto - Secretaria de

Educação Fundamental. Brasília: 1998.



2

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA COMO

ESTRATÉGIA DE

E SI O/APRE DIZAGEM: UM ESTUDO

DE CASO

Márcio Tadeu Vione2

1. Introdução

O estudo da história da matemática permite-nos

compreender a origem das idéias que deram forma à nossa

cultura e, também, observar os aspectos humanos do seu

desenvolvimento. Através da compreensão sobre o referido

contexto evolutivo da matemática, podemos entender os

pensadores e suas teorias, bem como estudar as causas e o

contexto histórico-social em que elas foram desenvolvidas.

Assim, a história é um ótimo instrumento para o

ensino/aprendizado da própria matemática, na medida em que

2Mestre em Modelagem Matemática. Atualmente é Coordenador e

Professor do Curso de Matemática do Instituto Superior de Educação do

Vale do Juruena, em Juína, Mato Grosso, Brasil.

contempla a interdisciplinaridade e estabelece conexões com

várias outras manifestações da história da cultura.

Tendo como ponto de partida a história da matemática,

caminha-se para a contextualização da matemática que tem

como beneficio uma aproximação ao mundo matemático e ao

universo do aluno e da realidade que o cerca. A aprendizagem

contextualizada atende a principal característica do nosso

tempo: o conhecimento científico de qualidade, abordando

novas tecnologias na busca de um conhecimento mais

dinâmico e duradouro.

O ensino baseado na contextualização parte de

problemas específicos para problemas gerais e, por isso, é

considerado como sendo responsável por uma aprendizagem

concreta. Os alunos passam a adquirir, dessa forma,

conhecimentos que possam ser aplicados ou associados a

situações quotidianas.

2. A história da matemática como uma das estratégias da

aprendizagem contextualizada

A utilização do recurso à história da matemática vem

ganhando adeptos com maior expressão a partir da década de

90 no Brasil, assumindo um papel decisivo na organização do

conteúdo que se quer ensinar, esclarecendo-o e definindo o

modo de raciocinar próprio do conhecimento que se quer

construir. Os conhecimentos sobre história da matemática

permitem compreender melhor a evolução dos conceitos

chegando ao contexto contemporâneo, demonstrando sua

importância no cotidiano do aluno quando explica o porquê de

se ensinar este ou aquele conteúdo.

Segundo Farago (2003), conhecer a história da

matemática permite colocar em prática situações didáticas

pertinentes para efetivar a aprendizagem do aluno na busca do

conhecimento que se pode ter sobre a origem da noção de

ensinar. Além disso, tal fato explicita o tipo de problema a ser

resolvido, as dificuldades que surgiram a partir daí e o modo

como foram superados os desafios.

A matemática moderna, essencialmente teórica, criou

algumas tendências que deixam de lado o verdadeiro papel

prático da disciplina: a grande maioria dos conceitos

matemáticos foi criada para resolver problemas do cotidiano do

homem, atendendo às suas necessidades no decorrer da

evolução. Ao perder de vista esses problemas, a matemática

perdeu, igualmente, o seu sentido.

Para a formação do professor contemporâneo, bem

como a do educando, é interessante desmistificar o processo

matemático, mostrando que ele está inserido nessa tradição por

se tratar de uma obra do espírito humana. É preciso que se

desperte o interesse pela história da matemática na

contemporaneidade, ao proporcionar através dessa abordagem

um envolvimento gradativo por parte dos alunos e dos

professores. Com isso, resgata-se, igualmente, a importância do

ensino da matemática no contexto atual.

No Brasil, o nosso grande desafio está justamente na

falta de formação dos professores de matemática, pois a maior

parte das tentativas de integração da história da matemática no

ensino universitário teve vida curta. Nas tendências atuais, essa

abordagem do ensino revela-se cada vez mais necessária para o

campo da didática, da análise dos obstáculos didáticos ou do

trabalho com erros dos nossos alunos. Para isso, faz-se

necessário que se trate da análise e atualização das nossas

próprias práticas pedagógicas.

A utilização da história da matemática em sala de aula

busca resgatar essa aprendizagem contextualizada. Atualmente,

observa-se um crescimento do número de professores que

percebe que a maior parte do interesse e do êxito dos alunos no

estudo matemático, assim como em outras ciências do

conhecimento, melhora consideravelmente quando os

ajudamos a fazer as conexões entre a informação nova

(conhecimento) e as suas experiências ou conhecimentos

anteriores.

O despertar do interesse e a participação dos alunos ao

desenvolverem suas atividades no espaço escolar aumentam

gradativamente quando lhes ensinamos por que estão

aprendendo esses conceitos e como podem usá-los fora da sala

de aula, buscando uma educação por competências, sendo uma

das recomendações dos (PCNs).

Farago (2003) apresenta estratégias dessa aprendizagem

contextual que é conhecida como REACT (Relação,

Experimentação, Aplicação, Cooperação e Transferência). Tal

relação consiste em aprender no contexto das experiências de

vida ou conhecimento prévio. Esse é o tipo de aprendizagem

contextual que ocorre com as crianças. A experimentação, por

sua vez, consiste em aprender no contexto da exploração,

descobrimento e invenção, e constitui-se no coração da

aprendizagem contextual.

Já a aplicação traduz-se na aprendizagem de como se

pode utilizar o conhecimento/informação em contexto real que,

com freqüência, projeta os alunos para um futuro imaginário

(possível profissão) ou para um lugar que não é conhecido (um

ambiente de trabalho). A cooperação é a aprendizagem com

sentido de partilha, para responder e comunicar-se com os

outros estudantes. Trata-se de uma estratégia educativa

fundamental do ensino contextual.

A transferência consiste numa aprendizagem no

contexto de como usar o conhecimento em situação nova (não

estudados na sala de aula). Tal enfoque é semelhante ao de

relacionar, uma vez que se fundamenta no que já é familiar

para nós.

Com as estratégias REACT, o aprendizado contextual

proporciona uma abordagem mais eficiente para o ensino da

maioria dos estudantes, porque o ensino contextualizado é

direcionado para a forma como os alunos aprendem.

É preciso salientar que uma das grandes dificuldades do

ensino da matemática contextualizada é precisamente o que

seja ensinado esteja carregado de significado e tenha sentido

para o aluno, talvez esse seja um dos grandes desafios do

professor contextual.

A estratégia REACT apresentada por Farago (2003) é

fundamentada em filósofos e pensadores sobre a educação,

dentre os quais Rousseau, Dewey, Piaget, Vygotsky, Paulo

Freire e Howard Gardner.

3. Um Estudo de caso

O estudo de caso foi realizado no Instituto Superior de

Educação do vale do Juruena, localizado na cidade de Juína,

MT. A turma onde se realizou o estudo de caso é do primeiro

semestre de 2008 do curso de licenciatura em matemática

composta por 20 alunos.

Essa turma foi formada com alunos da cidade de Juína e

da cidade de Castanheira, município este próximo de Juína,

MT. Esses alunos são oriundos das escolas públicas locais da

rede Estadual e Municipal, e o estudo de caso realizou-se na

disciplina de Geometria Plana com carga horária de 60 horas.

Esse estudo transcorreu da seguinte forma: as primeiras

30 horas a metodologia adotada em sala de aula foi muito

“tradicional”, com apenas teoremas, hipóteses, teses e

exemplos e logo após listas de exercícios. A turma no geral não

apresentou resultados significativos, tal que, após estas 30

horas foi obtido uma média aritmética da turma de (6,5),

resultados de duas avaliações escritas, uma com peso 3,0 e

outra com peso 7,0 (normas da instituição).

Depois de transcorrido a metade da carga horária da

disciplina houve uma mudança na metodologia das aulas, todo

assunto abordado começou ter um resgate da história da

matemática, ou seja, uma contextualização das necessidades do

homem e sua evolução no decorrer do tempo, além de

aplicações do nosso cotidiano. O resultado apresentado pelos

alunos com a mesma forma de avaliação foi mais significativo,

a média aritmética da turma ficou em (7,8), isso demonstra que

houve uma melhor aceitação dos assuntos abordados nessa

disciplina, caracterizando as contribuições da contextualização

no ensino da matemática. Nessa turma aconteceu só uma

reprovação, devido ter ultrapassado 25% de ausência da carga

horária da disciplina.

4. Considerações finais

A grande maioria dos professores utiliza metodologias

dos livros didáticos, os quais partem da abstração para

apresentação, desenvolvimento e conclusão dos conteúdos

matemáticos. Estes livros pouco trazem sobre a história da

matemática, fazendo menção, apenas, ao matemático que

desenvolveu o conteúdo.

As estratégias apresentadas por Farago (2003), para

serem aplicadas no cotidiano escolar trarão uma aprendizagem

significativa a todos os alunos se houver um encadeamento

lógico na construção do conhecimento matemático. Esta, por

sua vez, utiliza-se da história da matemática para desenvolver

uma situação-problema que os antigos matemáticos

enfrentaram para solucionar os desafios da época. Tal

conhecimento servirá de base situações que os alunos ainda

enfrentarão durante aprendizagem na sala de aula e na vida.

Além disso, partindo da história e chegando à aplicação em

nosso tempo, observamos que o aluno compreende as causas da

evolução do conhecimento e das tecnologias surgidas e

utilizadas hoje.

No estudo de caso é preciso salientar que o problema

talvez não seja na forma de avaliação da aprendizagem do

aluno, mas sim na forma que é abordado os conteúdos de

matemática.

O professor deve desenvolver as suas competências e

habilidades que partem de um contador de história até um

grande articulador de idéias. O assunto é a história da

matemática e o professor deve contá-la aos alunos ao invés de

relatar, despertando o interesse pelo fato acontecido por parte

do educando.

O desenvolvimento de uma aula contextual exige do

professor uma preparo no sentido teórico dos conteúdos e suas

aplicabilidades no contexto contemporâneo. Além disso, devese

levar em consideração a aplicabilidade que seu aluno vive e

os acontecimentos em nível municipal, estadual, nacional e

mundial.

O desenvolvimento dessa metodologia torna cada aula

uma surpresa, em que o quadro e o giz não são mais as

principais ferramentas para a transmissão do conhecimento,

mas o próprio aluno é o agente desse aprendizado. O aluno é

um agente ativo da aprendizagem e o professor um participante

do aprendizado, cabendo a ele orientar e provocar o instinto

investigativo, despertando, com isso, a curiosidade dos alunos.

Por fim, para que essa metodologia integre os currículos e

ofereça os benefícios aqui discutidos para o ensino da

matemática cumpre salientar que o professor é o principal

articulador dessa mudança.

REFERÊ CIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOYER, Carl B. História da matemática. Rio de Janeiro:

Blusher, 2001.

BRASIL, MEC. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília:

1996.

DEMO, Pedro. Complexidade e aprendizagem: a dinâmica não

linear do conhecimento. São Paulo: Atlas, 2002.

DEWEY, John. Pedagogias do século XX. São Paulo: Artmed,

2003.

FARAGO, Jorge L. Do ensino da história da matemática à sua

contextualização para uma aprendizagem significativa. 2003,

68f.UFSC, Florianópolis: Dissertação de mestrado.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz

e Terra, 2002.

GARCÍA, Rolando. O conhecimento em construção: das

formulações de Jean Piaget á teoria de sistemas complexos.

Porto Alegre: Artmed, 2002.

GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: a teoria das

inteligências Múltiplas. Porto Alegre. Artmed, 1994.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do

futuro. São Paulo: Cortez. 2000. 118p.

PARRA, Cecília. Didática da matemática: reflexões

psicopedagógicas. São Paulo: Artmed, 2001.

PIAGET, Jean. Psicologia da inteligência. São Paulo: Forense

Universitária, 1947.

PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. São Paulo: Forense

Universitária, 1969.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Projeto para a educação. São

Paulo: Paraula: 1994.

VYGOTSKY, Leontiev. Pensamento e linguagem. São Paulo:

Martins Fontes, 1988.

VYGOTSKY, Leontiev. Linguagem, desenvolvimento e

aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988.

3

O USO DA "COLA OFICIAL" AS

PROVAS DE MATEMÁTICA

Camila icola Boeri

1. A "Cola Oficial"

Cada indivíduo tem a sua prática. Todo professor faz

em sala de aula o que viu alguém fazendo e que o deixou

marcado; da mesma forma, atitudes e experiências que o

desagradaram deixa de fazer. "A prática de ensino em geral é

uma ação pedagógica que visa o aprimoramento, mediante uma

multiplicidade de enfoques, da ação educativa exercida no

sistema educacional de maneira mais direta e característica,

qual seja a forma por excelência dessa ação, isto é, o trabalho

na sala de aula." (D'AMBROSIO, Ubiratan).

As modificações e avanços na aprendizagem, os

progressos e a utilização de tecnologias no ensino de

Matemática provocam alterações nos métodos que os

professores utilizam. A nova visão que se tem sobre o que é

aprender e a forma como isso é cobrado nas avaliações,

permite que educadores lancem mão de uma técnica que

sempre fora banida por eles: a "cola oficial" (ou legalizada)

nas provas. Mas esta prática é muito polêmica ainda.

Aliada dos alunos, mas grande inimiga dos professores,

a "cola" nas provas é motivo de grandes divergências entre os

que vivenciam o processo de ensino-aprendizagem. Para tentar

amenizar esta polêmica, surgiu a chamada "cola oficial", ou

seja, a folha na qual os alunos anotam fórmulas e

considerações acerca do que julgam importante sobre os

conteúdos trabalhados em aula e que podem utilizar durante a

prova.

O problema é que os educadores de Matemática, em sua

maioria, ainda estão reticentes frente a esta prática. Os

motivos? São vários. O professor, muitas vezes, compreende a

avaliação de aprendizagem de seus alunos como sendo a

memorização de fórmulas e mais fórmulas que são utilizadas

não raramente de forma inadequada, já que os educandos

preocupam-se mais em decorá-las do que entender e aprender

como usá-las.

As opiniões são próprias de cada um; a metodologia

que utiliza para avaliar os conhecimentos de seus alunos é

critério e direito exclusivo de cada professor. Mas, será que

enquanto estão elaborando a "cola oficial" os educandos não

vivenciam um momento de estudo e aprendizagem? Se não há

a preocupação em decorar fórmulas, eles ficam mais tranqüilos

e seu aprendizado é mais satisfatório. Como disse Ralph W.

Tyler, “a aprendizagem se realiza através da conduta ativa do

aluno, que aprende mediante o que ele faz e não o que faz o

professor."

A permissão do uso da "cola oficial" nas provas é uma

inovação. " O professor que resolve modificar seus métodos de

ensino (...) é uma pessoa que compreende o valor e a

necessidade de inovação." (BORDENAVE & PEREIRA). O

problema é que esta vontade de mudar e o entusiasmo inicial

desaparecem quando entram em contato com a resistência de

seus colegas; logo, a mudança é rejeitada.

Embora esta questão da adoção da "cola oficial" nas

avaliações possa parecer algo simples, para muitos educadores

ela implica um esforço psicológico muito grande.

2. Opiniões sobre o uso da "cola oficial"

Para um melhor desenvolvimento deste projeto, realizei

uma pesquisa sobre o uso da "cola oficial" nas provas de

matemática. Como é um assunto sobre o qual há pouco

material disponível em livros, busquei opiniões a esse respeito

foi em um site de discussão sobre matemática:

www.sogruposmatematica.com.br.

Transcrevo, a partir de agora, alguns comentários sobre

o uso da "cola oficial" nas provas, feitos por pessoas ligadas à

Matemática: professores, estudantes, simpatizantes, etc. .

“Legalizar não me parece um bom caminho, num país de

muitas leis não aplicadas, usar, sim. Quero entender como recurso

de memória auxiliar. na medida em que o volume de

informações cresce assustadoramente, é injusto cobrar

memorização. Desde que o objetivo seja aprender e não

classificar, tudo que viabilize o ensino-aprendizagem deve ser

usado.” (Gabriel)

“Acredito que o aluno deva aprender a utilizar as

ferramentas que tem (fórmulas, etc.); não vejo porque não

deixá-los usar a "cola”, que na realidade é só uma avaliação

com consulta.” (Bruno)

“Acho muito importante a discussão sobre esse

assunto. O mundo hoje vive um dilema: não queremos ser

tradicionais e não aceitamos mudanças de paradigmas. Todos

concordamos que é necessário mudar, mas sempre mudamos

para ficar como sempre foi ( como está). Conheço experiências

nesse sentido e achei-as muito interessantes.” (Abrahão)

3. Estudo de caso: Como o professor da 8ª série de uma

escola pública de ensino fundamental trabalha com a

questão da "cola oficial " nas suas avaliações

Para um melhor desenvolvimento deste trabalho,

realizei uma entrevista (em anexo) com o professor da 8ª série

de uma escola pública, a fim de verificar como ele trabalha

com a questão da "cola oficial" em suas avaliações.

O professor com quem eu fiz a entrevista, disse-me que

não costumava permitir a utilização da "cola oficial" nas

provas. Realizou uma experiência com este tipo de atividade no

segundo bimestre deste ano e o resultado o agradou. Os alunos

conseguiram mais êxito na prova, visto que, o momento de

elaboração da "cola", como ele me disse "é um método de

estudo e prática".

Como os alunos nunca haviam realizado prova com o

auxílio da "cola oficial", ele explicou que esta poderia conter

"teorias", "modos de fazer o exercício", "procedimentos",

"lembretes", "menos exemplos de resoluções". O único

problema que ele constatou foi que alguns educandos não

elaboraram a "cola" e outros exageraram e acabaram colocando

exemplos, o que acabou impossibilitando seu uso. Os aspectos

positivos desta atividade, por ele destacados, foram "auxílio na

aprendizagem" e "mais facilidade na resolução dos problemas".

Após esta primeira experiência, cujo resultado foi

satisfatório, o professor pretende continuar utilizando a "cola

oficial" em suas avaliações, visto que para seus alunos foi um

método que propiciou um melhor rendimento e aprendizagem.

4. Qual é a opinião dos alunos sobre o uso da "cola oficial"

nas provas?

Realizei, com os alunos da 8ª série da mesma escola,

uma entrevista (em anexo) para verificar o que pensavam sobre

o uso da "cola oficial" nas provas. A turma é composta por

vinte e quatro alunos e estuda no turno da manhã.

As suas respostas foram lidas na sala de aula e

juntamente com eles, selecionei as que constariam neste

trabalho.

Após ler as entrevistas dos educandos, é possível fazer

uma reflexão sobre o que eles disseram.

Como era esperado, eles são a favor do uso da "cola

oficial" nas provas. As justificativas que eles apresentaram para

sua utilização são muito interessantes. Nas suas respostas,

falaram que enquanto estão fazendo a "cola", estudam para a

prova. Disseram-me que na primeira oportunidade que

realizaram esta atividade suas notas melhoraram e seu estudo

ficou mais agradável, já que não tinham a "obrigação" de

decorar fórmulas. Durante a avaliação sentiram-se mais

tranqüilos, pois não tinham aquele medo de esquecer alguma

fórmula, algo que sempre os deixava inseguros anteriormente.

Enfim, esperam que o professor continue com esta

técnica, que para eles é algo que os faz estudar e ao mesmo

tempo, permite uma calma maior para a realização da prova.

5. Considerações Finais

Toda pesquisa realizada, seja ela teórica ou prática, nos

ajuda a crescer, visto que muitos são os conhecimentos com ela

adquiridos.

Diante de situações concretas, nas quais avaliamos

nosso desempenho e buscamos o troféu necessário - a média de

aprovação -, não raro passamos por inseguranças; o equilíbrio

parece uma virtude rara e distante aos nossos olhos. A prova,

vista como instrumento que busca refletir o desempenho dos

alunos e o quanto de informações foram retidas, torna-se

obstáculo difícil de ser superado.

Pelos argumentos analisados, toma-se consciência de

que a "cola oficial" é instrumento capaz de trabalhar na

melhoria do rendimento do educando, visto que , se o aluno

tem a oportunidade de estudar ao elaborar sua "cola", esta

suscitará possíveis dúvidas, talvez quanto a sua própria

elaboração ou em relação ao conteúdo da prova, que ao serem

dirimidas, fomenta o aumento de conhecimentos e proporciona

o crescimento individual dentro da possibilidade de análise das

dificuldades encontradas.

Outro aspecto a mencionar é que, sendo este um assunto

polêmico, as pessoas envolvidas demonstraram no início um

certo receio em expor sua opinião, o que foi superado no

decorrer de nossas conversas. Assim, foi possível analisar mais

profundamente o assunto em questão, vendo opiniões de outras

pessoas e também os benefícios que traz para os alunos em

uma avaliação.

REFERÊ CIAS BIBLIOGRÁFICAS

D'AMBROSIO, Ubiratan. Da realidade à ação: reflexões

sobre educação e matemática. São Paulo: Summus, 1986.

D'AMBROSIO, Ubiratan. Educação matemática : Da teoria à

prática. Campinas: Papirus, 1996.

MENEGOLLA, Maximiliano. E agora aluno? Petrópolis:

Vozes, 1992.

REUS, Instituto Padre. Concurso do Magistério. Santa Cruz

do Sul: 1999.



4

A UTILIZAÇÃO DA I FORMÁTICA O

E SI O DA MATEMÁTICA

Camila icola Boeri

1. Introdução

Dentro do processo de ensino-aprendizagem, um dos

aspectos que mais causam inquietação na atualidade é a

questão da utilização do computador nas aulas.

Nunca se falou tanto no uso da informática como

recurso didático como agora. E para nós, futuros educadores,

esta discussão é extremamente relevante.

O que me levou a discutir e pesquisar sobre a utilização

da informática nas aulas de Matemática foi justamente a

tentativa de definir, ou melhor, compreender o significado de

sua prática na ação educativa.

"A Matemática, hoje, é vista como uma forma de

conhecimento e de cooperação do homem com a evolução

natural. Espera-se, portanto, que ela seja entendida como uma

área de atividade não neutra, inacabada, construída

coletivamente e vinculada ao desenvolvimento e avanço da

sociedade”.

Se entendermos a aprendizagem como construção de

conhecimentos, buscando um aluno crítico, questionador,

investigativo, não podemos ficar alheios à informática como

recurso pedagógico. A utilização do computador nas aulas de

Matemática contribui para que o educando perceba esta

disciplina de forma mais abrangente e integral, mediando e

contribuindo para o seu desenvolvimento lógico e cognitivo.

Dessa forma, pretende-se com esta pesquisa, buscar

resposta à pergunta "Qual a importância da Informática no

Ensino da Matemática?" desenvolvendo os objetivos que

seguem:

* Mostrar que a utilização da informática nas aulas

pode contribuir para que o processo de ensino-aprendizagem de

Matemática se torne uma atividade mais rica e construtiva;

* Analisar a importância do computador como um

auxiliar no processo de construção do conhecimento;

* Verificar como ocorre a introdução da informática na

educação, investigando o contexto histórico de sua utilização

nas aulas de Matemática;

* Mostrar que o ensino-aprendizagem da Matemática

não pode ficar alheio às mudanças que ocorrem na sociedade;

* Identificar o computador como um instrumento de

apoio à (re) descoberta de conceitos e à resolução de

problemas.

2. A informática no ensino da matemática: novas

tecnologias no processo de aprendizagem

2.1 Histórico da Informática & Educação

A maneira como vem se processando a inserção de

novas tecnologias em nossas atividades cotidianas, faz-nos

pensar que não é apenas propaganda a frase “O futuro está na

Informática”, mas sim, uma realidade em evolução contínua.

Em qualquer ambiente, a informática vem se apresentando

como um poderoso agente de mudanças e de modernização.

No que tange ao ensino, a descoberta de uma relação

entre Informática e Educação, historicamente tem seu início na

segunda metade dos anos setenta, com o lançamento no

mercado dos primeiros microcomputadores, que rapidamente

passam a ser compartilhados por várias escolas em diferentes

países.

A prática da utilização de computadores, as suas

possibilidades, as restrições, todas essas questões envolvendo a

informática e ensino passaram por diversas discussões entre as

pessoas ligadas à educação.

A preocupação principal daqueles que pensam a

educação (educadores, psicólogos, filósofos, técnicos em

informática, pessoas do governo), era a de que a informática

não fosse introduzida sem a participação dos alunos e

educadores. Para eles, fundamental antes da introdução do

computador como recurso didático, é que exista uma

organização interdisciplinar e não uma educação

centralizadora, que é o que geralmente ocorre.

Com esta discussão, alguns aspectos relevantes foram

abordados sobre a utilização desta tecnologia educativa:

- Diversos alunos possuem um computador em casa e,

por isso, os professores devem familiarizar-se com o seu uso e

possibilidades;

- Deve-se criar na escola algo que corresponda ao

interesse dos alunos;

- E, principalmente, a escola deve se adaptar aos

novos desafios decorrentes da evolução da sociedade.

Enfim, se em anos passados muito se discutia sobre a

introdução ou não do computador em sala de aula, hoje, porém,

a questão não é mais esta. O processo de informatização é

irreversível e sem dúvida, produz modificações na educação.

2.2. Abordagens do Uso da Informática na Educação

Neste item, pretendo enforcar duas abordagens a cerca

da utilização da informática na educação: a construcionista e a

instrucionista.

Abordagem Construcionista

Esta é uma abordagem que procura seguir as idéias de

Piaget, colocando como de extrema relevância a interação entre

o educando e seu objeto de estudo, neste caso, o computador,

visto como uma ferramenta para a construção do

conhecimento.

O papel do professor para os construcionistas é de

mediador , facilitador e auxiliar do educando, acompanhando

todo o processo de ensino-aprendizagem e ajudando sempre

que necessário.

A informática nesta abordagem é vista como uma

“arma” de ajuda ao processo de construção do conhecimento,

por possibilitar ao aluno refletir, repensar, analisar seus erros,

deixando de realizar apenas atividades pré-determinadas.

Aqui, o computador nas aulas de matemática é visto

como um recurso que busca a formação de sujeitos críticos,

conscientes, com autonomia para construir o seu

conhecimento, com papel ativo no seu processo de

aprendizagem.

Abordagem Instrucionista

Nesta abordagem, em oposição à Construcionista, o

papel principal, ou, o controle do processo cabe ao

computador. Ao educando cabe investigar as informações

contidas no software que está utilizando (como exemplo, podese

citar o Siracusa, que envolve geometria), realizando os

exercícios, seguindo a seqüência prevista pelo computador.

Aqui, o papel do professor é o de prestar o auxílio que

inexiste no computador, percebendo os erros e dificuldades dos

educandos, levando-os a refletir sobre os conceitos envolvidos.

Nesta abordagem, reforça-se a aprendizagem passiva,

composta por atividades mecânicas e repetitivas, ou seja,

centrada em tarefas de memorização, que identificam

perfeitamente o ensino tradicional.

2.3. Visões sobre a utilização da Informática no Ensino da

Matemática

Em torno da Informática, criou-se um dualismo sempre

existente quando se analisa a introdução de novas tecnologias

em Educação: “de um lado, a renúncia, a desconfiança, o

pessimismo, ou a atitude de servir-se do meio unicamente

como instrumento acessório e sub-utilizado; de outro lado, a

paixão, o entusiasmo, a esperança, a tendência de reinterpretar

repentinamente os problemas estruturais da escola com base

em correlações, onde a tecnologia assume o papel de variável

independente.”

Mostrarei, agora, um pouco sobre duas visões distintas

a cerca da utilização da informática no ensino da Matemática.

Visão Otimista:

Os profissionais que se mostram otimistas quanto ao

uso do computador como apoio às aulas, muitas vezes

apresentam razões pouco estruturas, decorrentes de grande

euforia quanto à nova tecnologia, que pode levar a

desapontamentos. Eis alguns aspectos defendidos por esse

grupo:

- O computador faz parte do cotidiano, e a escola deve

ter presente essa tecnologia, participando dos avanços e

modificações que ocorrem na sociedade;

- O computador é um recurso didático, pois apresenta

facilidade para simular fenômenos e animação.

Entretanto, os seguidores dessa visão devem ter o

cuidado de evitar modismos. É preciso critério, objetivos

claros, senso crítico na hora de introduzir o computador em

sala de aula, para evitar que apenas se copie o que outras

escolas, ou outros países estão fazendo. Deve-se levar sempre

em consideração a realidade em que o estabelecimento

educacional está inserido, as suas necessidades e os objetivos

que o professor quer alcançar em sua aula de Matemática para

que possa ser feito um uso adequado da informática em classe.

Visão Cética

Os céticos argumentam que haveria uma

desumanização com o uso do computador, com a eliminação

do contato entre o aluno e o professor.

Mas este é um argumento frágil contra o uso da

informática. O aluno somente irá prescindir do contato com o

professor se este se restringir (como infelizmente costuma

fazer) a transmitir informações e conhecimentos. Os adeptos da

visão cética estão presos a ao modelo tradicional e temem a

perda do papel autoritário do professor.

Outro aspecto que eles enfatizam, é que se as escolas

não tem giz nem merenda e o educador ganha um salário muito

baixo, como se falar em computador como recurso

pedagógico?

Mas, sabemos que a situação crítica das escolas não

deu-se com gastos em computadores, e, principalmente, que a

modernização é eminente e que se queremos uma educação

com qualidade devemos nos atualizar.

3. A Importância da Informática no Ensino da Matemática

Quando se fala sobre a introdução de computadores

como recurso para o processo de ensino-aprendizagem,

freqüentes são as perguntas sobre qual seria a utilidade deles

nas atividades educativas.

Mas, para esta questão, não existe uma resposta única,

pois várias são as aplicações possíveis e, principalmente,

depende de quais objetivos o professor deseja alcançar.

Em outras palavras, decidir em quais situações fazer

uso da informática é uma tarefa que leva a repensar as

finalidades, objetivos e conteúdos propostos pela escola.

Vários são os objetivos que o professor de Matemática

pode alcançar ao usar o computador em suas aulas. Dentre eles,

pode-se citar:

- o auxílio no processo de ensino-aprendizagem,

facilitando a construção dos conhecimentos;

- desenvolvimento da autonomia, pensamento lógico,

senso de reflexão e criação pelos educandos;

- propiciar o desenvolvimento cognitivo dos educando,

já que lhes dá oportunidade de aprender com seus próprios

erros.

Longe de se pensar que o computador vá substituir o

professor. Pelo contrário! esta tecnologia pode melhorar o

relacionamento educador-educando, já que o último necessita

da colaboração e proximidade do primeiro para a efetivação de

suas tarefas.

Ao fazer uso da informática nas aulas de matemática,

precisamos levar em consideração alguns aspectos, que

ajudarão a transformar em sucesso nossa prática educativa

inovadora.

É notório a relevância de todos os educandos terem

acesso aos computadores, usando-os principalmente para

investigar, explorar, descobrir, repensar e não apenas para

verificar resultados ou realizar exercícios repetitivos e

mecânicos. Neste sentido, cabe ao educador a escolha sensata

de um software que se adapte aos objetivos que quer alcançar

com sua aula, e não o contrário.

Outro item a enfatizar é que o professor deve ter o

cuidado de não deixar que o computador substitua a interação

dos alunos entre si e com o educador, já que não podemos

esquecer que discussão, troca de idéias, ajuda, é essencial no

processo de ensino-aprendizagem.

No Ensino Médio, existem diversos conteúdos que

podem ser explorados e melhor compreendidos com a

utilização do computador. Como exemplo, temos o estudo do

gráfico das funções, sua variação quando mudado os

parâmetros, o Teorema de Pitágoras ( que permite ver a relação

entre o quadrado da hipotenusa e a soma dos quadrados dos

catetos), o estudo da geometria (utilizando, por exemplo, o

software Siracusa).

O que devemos ter bem claro com a evolução da

educação, é que nossa aulas de Matemática não podem ficar

"paradas no tempo". Precisamos repensar nossa prática em sala

de aula, e os novos recursos tecnológicos contribuem para que

melhoremos o nosso fazer pedagógico.

Hoje, o mais importante, não é apenas a simples

memorização de fórmulas e a repetição de cálculos mecânicos,

mas sim, o raciocínio, o espírito de investigação e

questionamento. Nesse aspecto, o computador é um grande

aliado, ao permitir a realização rápida e eficiente desse tipo de

atividade.

Contudo, é necessário salientar, que o simples fato de

fazer uso da informática no ensino da matemática não garante,

ou conduz, uma melhoria no aprendizado dessa área. Cabe a

nós, educadores, utilizar todas as possibilidades e recursos na

busca de melhorias do processo de ensino-aprendizagem em

matemática, pautando nossa prática em atividades que visem

sempre a preparação de educandos críticos, conscientes,

construtores de seus conhecimentos.

4. Considerações finais

Uma Educação Matemática de alta qualidade – e

isso inclui o uso de novas tecnologias – deve ser a

essência do conhecimento efetivo numa sociedade

baseada na informação.

(Dalcídio M. Cláudio & Márcia L. Cunha)

Vivemos numa época educacional de grandes

mudanças, onde os objetivos que se busca alcançar em sala de

aula são diferentes. A matemática não é alheia a essa

transformação. Hoje, ela é mais do que uma coleção de

conceitos e capacidades a adquirir; ela inclui métodos de

investigação e de raciocínio, meios de comunicação, e noções

de contexto, buscando o autodesenvolvimento de cada

educando, bem como o seu senso de criticidade, autonomia e

perseverança.

Além das modificações na educação, muitas são as na

sociedade, em que os avanços tecnológicos são em ritmo

acelerado. E nossas escolas não podem ficar inertes a esse

processo. Por isso, o uso do computador no processo de ensinoaprendizagem

passa a ser fundamental.

O computador é encarado como instrumento

poderoso que permite, por um lado aliviar os alunos de

cálculos fastidiosos, e por outro explorar conceitos ou

situações, descobrir relações ou semelhanças, modelar

fenômenos, testar conjecturas, inventar matemática e

reinventar a Matemática.

(Papert, 1991)

Não significa, porém, que a informática vá substituir o

professor na prática educativa. O computador é, para nós,

basicamente, um instrumento de apoio à (re) descoberta de

conceitos e à resolução de problemas.

Com ele, nossas aulas são favorecidas por análises mais

precisas em matemática, em que é possibilitada ao aluno a

visualização rápida de diversos assuntos. Um exemplo a ser

citado é a geometria. Nela, o computador propicia uma gama

de atividades interessantes produção de imagens, traçado de

curvas, transformação de imagens (translação, reflexão,...),

lugares geométricos, exploração de imagens e figuras. O

aspecto dinâmico domina aqui: podemos visualizar

instantaneamente o efeito da variação de um parâmetro. Mas é,

sobretudo na análise que as oportunidades para utilizar a

informática são mais ricas e mais numerosas.

Apesar dessas vantagens que a informática traz para o

processo de ensino-aprendizagem da matemática,

poucos são os professores que utilizam

recursos computacionais nas suas aulas, seja por sentirem

medo de serem substituídos, de não saber manusear a máquina

e até mesmo por acomodação e falta de vontade de inovar.

Infelizmente, nem todos percebem a necessidade de se estar em

constante atualização e aperfeiçoamento.

Devemos ter claro que o uso da informática como um

recurso às aulas de matemática não deve estar associado apenas

a um modismo ou à necessidade de se estar atualizado com as

inovações tecnológicas. O seu objetivo deve ser o de

possibilitar ao educando a construção dos seus conhecimentos,

mediante a investigação, a cooperação, o desafio.

“A verdadeira aprendizagem não vem de fora,

mas vem de dentro, a verdadeira aprendizagem é uma

experiência pessoal e que, por isso, não pode ser

transmitida de um para outro”.

(Ruy Miranda interpretando Gibram num

determinado trecho de sua imortal obra o “Profeta”).

É válido salientar, contudo, que o simples fato de fazer

uso do computador em sala de aula, não garante que a

aprendizagem será satisfatória. Esse recurso deverá ser

acompanhado pela competência e estímulo do educador e pela

consciência e vontade do educando em querer aprender.

O uso da informática facilita ainda uma participação

ativa do aluno na sua aprendizagem, permite atividades não só

de exploração e pesquisa como de recuperação e

desenvolvimento, pelo que constitui um valioso apoio a

educandos e educadores.

Enfim, a forma como o professor de matemática

utilizará o computador em suas aulas dependerá da visão que

ele tem do processo de ensino-aprendizagem e dos objetivos

que espera alcançar. O uso da informática pode ser feito tanto

para continuar transmitindo a informação para o aluno e,

portanto, para reforçar o processo instrucionista, quanto para

criar condições para o aluno construir seu conhecimento por

meio da investigação e análise em ambientes de aprendizagem

que incorporem o uso do computador. Hoje, mais do que

nunca, é preciso desenvolver no educando a competência de

obter e utilizar informações por meio do computador,

contribuindo para a sua formação consciente e capacitando-o a

entender e atuar melhor na sociedade em que vive.

REFERÊ CIAS BIBLIOGRÁFICAS

BICUDO, Maria A. Viggiani. Pesquisa em Educação

Matemática: Concepções & Perspectivas. São Paulo: UNESP,

1999.

BORBA, Marcelo, PENTEADO, Miriam. Informática e

Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

BRANDÃO, Edemilson J. R. Informática e Educação. Passo

Fundo: UPF, 1995.

D'AMBROSIO, Ubiratan. Da realidade à ação - Reflexões

sobre Educação e Matemática. Campinas: Suummus, 1986.

GAERTNER, Rosinete. Tópicos de Matemática para o Ensino

Médio. Edifurb, 2001.

GOVERNO do Estado do Rio Grande do Sul. Educação para

Crescer - Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino -

Matemática 2º Grau. Secretaria da Educação: 1993.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - Terceiro e

Quarto Ciclos do Ensino Fundamental - Matemática-

Ministério da Educação e do Desporto - Secretaria de

Educação Fundamental. Brasília: 1998.



5

AVALIAÇÃO O E SI O DE

MATEMÁTICA

Camila icola Boeri

Aprendizagem é a aquisição da capacidade de explicar,

de aprender e compreender, de enfrentar criticamente,

situações novas. Não é mero domínio de técnicas, habilidades e

muito menos de memorização de algumas explicações e

teorias.

A educação formal tem sido tradicionalmente baseada

na simples transmissão de explicações e teorias, no ensino

prático com exercícios repetitivos. O grande desafio que se

encontra na educação é justamente sermos capazes de

interpretar as capacidades de cada aluno. Aí entra uma questão

polêmica: os métodos de avaliação.

Nos últimos anos, a temática da avaliação tem ocupado

muito espaço. Nunca se falou tanto no assunto como nesse

momento de reformulação do Projeto Político-Pedagógico.

Este crescente interesse pela avaliação parece resultar em um

grande número de novas idéias e propostas sobre o ensino e a

aprendizagem e, conseqüentemente, em novos métodos de se

avaliar um aluno.

Para muitos, a avaliação se tornou um simples hábito de

aplicar provas para atribuir notas.

O professor passa o fim-de-semana corrigindo

provas. Chega na segunda-feira, entrega as notas na

secretaria, vai para a sala de aula, vira a página do

diário e começa vida nova. Para que serviu a

avaliação?

(VASCONCELOS, 2001)

Ocorre então, uma falta de consciência do porque

avaliar e ser avaliado.

As provas, se forem bem analisadas, fornecem uma

ilusão de avaliação, pois com ela, criou-se um processo

espontâneo de se enganar, enganando o professor. Como isso

ocorre? O aluno cada vez mais está utilizando sua criatividade,

e se alegrando em tirar a nota máxima com o auxílio da “cola”.

Se o aluno fosse educado de forma a ver que a prova é algo

exclusivamente seu e não para o professor, não iria “colar” e,

até mesmo, exigiria provas difíceis para saber como vai o seu

conhecimento. Neste sentido, a prova não teria significado de

medo, pavor, reprovação, mas sim, um ponto de referência para

que pudesse modificar o seu comportamento.

O conceito de avaliação tem evoluído nas últimas

décadas. Isto vem ocorrendo em função das constantes

mudanças da forma de se adquirir o conhecimento, ou seja, na

medida em que o conhecimento individual e coletivo se

modifica, há uma reformulação das técnicas de avaliação.

Fazendo um retrocesso na história, verificamos as

mudanças que foram ocorrendo:

Na tradição greco-romana, o conhecimento vem com a

contemplação da essência, o uno – eterno, perfeito, imutável, a

totalidade escondida por detrás das aparências e a verdade a ser

atingida e revelada. Para a avaliação destes conhecimentos,

eram levados em conta a capacidade de recordar e quantificar a

verdade, valorizando o certo / errado.

O modelo Moderno de conhecimento já coloca como

principal a produção científica, sistematizando regras rigorosas

de validação, conhecer era representar mentalmente os objetos,

ter auto-compreensão, a verdade deveria ser construída na

razão individual, "penso logo existo". Eram avaliados o

controle permanente sobre as ações e posturas dos alunos no

intuito de chegar a demonstrar comportamentos ideais

definidos antecipadamente pelo professor, os testes eram

precisos, mensurando a aprendizagem cognitiva (conhecimento

filosófico, intelectual).

O paradigma Neomoderno é praticamente o oposto dos

citados anteriormente; se antes o conhecimento era perfeito,

uma verdade construída na razão, nesse momento passa a ser

uma construção histórica validada no consenso argumentativo,

provisório, aberto e complexo, não há uma única verdade; esta

se dá numa relação comunicativa em que a linguagem cria

conhecimento, logo o modo de se avaliar o aluno também

mudou. O sistema de avaliação de controlador do sujeito

passou a acompanhante, estando junto, sentindo as reações e

apostando no outro, buscando o diálogo do que se sabe e não se

sabe, do que se busca saber e do que está acontecendo.

Verificando os paradigmas, podemos dizer que

atualmente estamos confusos, pois o conhecimento, hoje,

caminha na perspectiva Neomoderna, mas a avaliação que está

sendo aplicada é justamente contrária. Estamos avaliando um

conhecimento que é entendido como construção histórica, num

coletivo onde pode haver várias verdades, como o modelo

Moderno de avaliação. Uma maneira controladora de idéias,

em que o aluno é exposto a provas rigorosas de conhecimento

específico.

Essa concepção de avaliação valoriza, muitas vezes, o

produto final. Neste caso, é feita somente ao final do processo

educativo e serve na maioria dos casos para evidenciar o que os

alunos não sabem. Nesta perspectiva, o processo de

aprendizagem está fortemente ligado à memória, e a ênfase está

nos resultados e não no modo como a aprendizagem ocorreu.

De acordo com uma nova visão de aprendizagem, não é

importante apenas a correção das respostas do aluno numa

prova, mas também os processos que o levaram a determinada

resposta. Segundo esta perspectiva, a avaliação é contínua e

ocorre ao longo do processo de ensino-aprendizagem, pois o

propósito pedagógico da avaliação não pode estar em medir

informação mas sim em interpretá-la.

Como fonte de informação para o professor, a tarefa de

avaliar deve fornecer dados a respeito das aptidões e

dificuldades de cada aluno. Já para o aluno, a avaliação deve

fornecer elementos que o ajudem na reflexão e na busca de

novos caminhos para a sua realização, com sabedoria e

responsabilidade.

Hoje se reconhece que a aprendizagem não é uma

questão de acumulação, mas sim de construção, por isso, a

avaliação do poder matemático dos alunos não pode reduzir-se

a medir quanta informação eles possuem, devendo preocuparse

em determinar até que ponto vai a sua capacidade e

disposição para usar e comunicar essa informação.

Segundo o Projeto MAT 789 (desenvolvido em Lisboa

entre 1988 e 1992), a avaliação deve gerar novas situações de

aprendizagem; deve ser consistente com os objetivos, os

métodos e os principais tipos de atividades do currículo; deve

enfocar aquilo que o aluno é capaz de fazer em vez daquilo que

ele ainda não sabe; não deve estar dependente das

possibilidades de se atribuírem classificações quantitativas aos

alunos, e deve ocorrer num ambiente de transparência e

confiança, no qual as críticas e sugestões sejam encaradas

como naturais.

A avaliação deve ser um orientação para o professor na

condução de sua prática docente e jamais um instrumento para

reprovar ou reter alunos na construção de seus esquemas de

conhecimento teórico e prático.

De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases), a

avaliação deixa de ser um procedimento decisório quanto à

aprovação ou reprovação do aluno. A avaliação é o fato

pedagógico pelo qual se verifica continuamente o progresso da

aprendizagem e se decide, se necessário, quanto aos meios

alternativos de recuperação ou reforço.

Estas novas visões sobre a avaliação servem para

evidenciar o que os alunos sabem e não sabem durante todo o

processo educativo. A avaliação ocorrendo em diversos

momentos, em situações formais e informais, e o professor

encarando o processo de ensino-aprendizagem-avaliação como

algo integrado à instrução e sujeito a alterações de percurso

caso essas sejam necessários, ajudará fazer com que o aluno

perceba a importância de uma avaliação para ele próprio.

Em suma, uma reforma no modo de se pensar a

avaliação é necessária e urgente; essa não poderá acontecer

sem a participação do aluno, que tem o direito e o dever de

opinar. A avaliação é um perguntar constante e consciente que

ajuda o aluno a se situar como agente da sua aprendizagem de

forma responsável e dinâmica. Avaliar é tentar conhecer a si

mesmo... e não querer apenas uma nota.

REFERÊ CIAS BIBLIOGRÁFICAS

APM. Matemática 2001: Diagnóstico e recomendações para o

ensino e aprendizagem da Matemática. Lisboa: APM, 1998.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação acional. Lei

nº 9394, de 20 de dezembro de 1996.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem

escolar., São Paulo: Cortez, 2005.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Prática Docente e Avaliação. Rio

de Janeiro: Associação Brasileira de Tecnologia

Educacional/ABT, 1990.

Perrenoud, P. Avaliação. Da excelência à regulação das

aprendizagens. Entre duas lógicas. Porto Alegre: RTMED,

1999.

VALENTE, Wagner Rodrigues. Avaliação em matemática:

História e perspectivas atuais. Papirus, 2008.

VASCONCELOS, Celso. Avaliação: Concepção Dialética-

Libertadora do Processo de Avaliação Escolar. Libertad:

2001.

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