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História do Paraguai, América do Sul
O Paraguai é uma república presidencialista, onde o presidente é, ao mesmo tempo, chefe de Estado e de governo. A constituição promulgada em 20 de agosto de 1992 estabelece que o país é uma república baseada na democracia e na divisão dos poderes. O chefe de estado e de governo é o atual presidente Fernando Lugo, tendo como vice-presidente, Francisco Oviedo.
No final da década de 1980, a saúde declinante do general Alfredo Stroessner e com a conseqüente incapacidade de lidar com os golpes de Estado, disputas militares, sucessão e descontentamento econômico levaram o general Andrés Rodríguez em 1989, por meio de um golpe. Sua promessa de estabelecer a democracia foi cumprida em 1993, com as primeiras eleições livres após sessenta anos de governo militar. O Partido Colorado, o velho partido governante de Stroessner, ainda teve apoio suficiente para vencer as eleições para o Congresso e para a presidência. Mas Guillermo Cabalero Vargas representando o PLRA, um dos expoentes da ideologia do novo mercado, obteve metade dos votos em Assunção.
Os primeiros colonos espanhóis chegaram ao Paraguai no início do século XVI. A cidade de Assunção, fundada em 15 de agosto de 1537, logo se tornou o centro de uma província nas colônias espanholas na América do Sul, conhecida como "Província Gigante de Indias".
Em 15 de maio de 1811, o Paraguai declarou a sua independência da Espanha, sem luta nem guerra. O Dr. José Gaspar García Rodríguez de Francia, mais conhecido como o "Dr. Francia", ou "O Supremo", governou o país até sua morte, ocorrida em 1840. Há um mito muito divulgado sobre o Paraguai dessa época, que diz que o Paraguai era uma potência regional e um país auto-suficiente, com um exército poderoso, procurando buscar uma saída para o mar. Tal narrativa, segundo alguns historiadores, não passa de mito. O Paraguai de Francia e Solano López, nada mais era que um país que buscava se fortalecer militarmente com medo de possíveis tentativas de anexação da Argentina, bem como a busca de saída para o mar. Outro fato importante é que o Paraguai tinha uma receita de exportações baseada na madeira e na erva-mate, ao contrário do que se diz por muitos. O Paraguai naquela época não era industrializado tampouco era uma potência regional.
A Guerra do Paraguai, entre 1865 a 1870, e contra a Tríplice Aliança, composta pela Argentina, Brasil e Uruguai, apoiados economicamente pelo Reino Unido. Diversos motivos levaram os países envolvidos ao conflito bélico, que acabou custando muito ao Paraguai, como a perda do seu exército poderoso frente aos demais países da América do Sul, como também o mais grave, que foi a morte de dois terços da população do sexo masculino e a perda de territórios, em grande parte, para o Brasil e a Argentina. A economia paraguaia ficaria estagnada pelos 50 anos seguintes.
Tropas bolivianas invadiram o Paraguai em 1932, desencadeando a Guerra do Chaco (1932-1935), e culminando com vitória paraguaia e a anexação do Chaco ao país.
Desde 1989, quando o regime militar de mais de 35 anos de Alfredo Stroessner teve fim, o Paraguai tem sido governado por presidentes eleitos democraticamente. Os maiores desafios do Paraguai desde então têm sido a crescente instabilidade política e a corrupção em alta.
Antes da chegada dos europeus os territórios situados entre os rios Paraná e Paraguai eram ocupados pelos guaranis, que viviam da agricultura, da caça e da pesca. Acossados, no século XV, por tribos da região do Grande Chaco, os guaranis cruzaram o rio Paraguai, submeteram seus inimigos, levando o conflito aos limites meridionais do Império Inca. Eram, assim, os aliados naturais dos primeiros exploradores europeus que procuravam rotas mais curtas para as minas do Peru.
Aleixo Garcia, que partiu do litoral brasileiro em 1524, e Sebastião Caboto, que subiu o Paraná em 1526, foram os primeiros a atingir as terras interiores da Bacia Platina, hoje pertencentes ao Paraguai, mas coube a Domingos Martínez de Irala a primazia dos primeiros núcleos coloniais (1536-56). Juan de Ayolas, Juan de Salazar e Juan de Garay também realizaram penetrações na região. Irala lançou os fundamentos do Paraguai, que logo se transformou no centro da transformação espanhola na região sul-oriental da América do Sul. Sua política de colonização consistiu na delimitação das fronteiras com o Brasil, através da construção de uma linha de fortes contra a expansão portuguesa, na fundação de vilas e na intensa miscigenação de espanhóis com guaranis, principal fator da formação da população do país.
A partir do início do século XVII, e por mais de 150 anos, missões jesuíticas do sudeste do Paraguai exerceram governo efetivo sobre cerca de 100.000 índios com 33 reduções, centros de conversão religiosa, de produção agropecuária, de comércio e manufaturas, mas que também serviam como postos avançados contra a expansão portuguesa.
À medida que Buenos Aires tornava-se mais poderosa, os líderes paraguaios insurgiam-se contra o declínio da importância de sua província e, embora também contestassem a autoridade espanhola, recusaram-se a aceitar a declaração de independência da Argentina (1810) como extensiva ao Paraguai. Nem mesmo a intervenção de um exército argentino, comandado pelo general Manuel Belgrano, conseguiu efetivar a incorporação da província. Mais tarde, porém, quando o governador espanhol do Paraguai solicitou auxílio português para defender a colônia dos ataques de Buenos Aires, os paraguaios, liderados por Fulgencio Yegros, Pedro Juan Caballero e Vicente Ignácio Iturbide, depuseram o governador Bernardo Velasco e proclamaram a independência do país a 14 de maio de 1811.
Após curto período de anarquia, José Gaspar Rodríguez Francia implantou uma ditadura. Durante seu governo, o Dr. Francia isolou o Paraguai do resto do mundo, não mantendo relações com nenhum país e proibindo a emigração e a imigração. Reprimiu a oposição ao regime e utilizou a política isolacionista como meio de deter as ambições expansionistas do Brasil e da Argentina e a penetração estrangeira. A fim de evitar a necessidade de comércio exterior, o ditador estimolou a auto-suficiência agrícola, mediante a introdução de novas culturas, e desenvolveu as manufaturas. Essa política isolacionista contribuiu para preservar o caráter homogêneo do povo paraguaio e seu espírito de independência.
Interpretação de soldado paraguaio que aflige a perda de seu filho por José Ignacio Garmendia.
Francia foi sucedido por Carlos Antonio López (1840-62), que abandonou o isolacionismo, expandiu o comércio externo e a educação e abriu as portas do país para técnicos estrangeiros. Aumentava, contudo, a fricção entre o Paraguai e seus dois poderosos vizinhos, Brasil e Argentina. O ditador argentino Juan Manuel Rosas ergueu obstáculos ao comércio exterior paraguaio, mediante bloqueio econômico, enquanto reavivavam-se disputas fronteiriças. Consciente do perigo, Antonio López, tratou de fortalecer o exército, que seu filho Francisco Solano López (1862-70) teria amplas oportunidades de usar. Treinado por oficiais alemães e equipado com armas européias modernas, o exército paraguaio tornou-se uma força formidável empregada numa aventura expansionista.
A reconstrução econômica do país foi perturbada pela sequência de crises políticas, golpes de Estado e guerras civis das últimas décadas do século XIX. Apesar da existência de partidos políticos, Colorado e Liberal, a formação dos governos era, quase sempre, fruto de intervenções militares e revoluções palacianas. Durante a Primeira Guerra Mundial, quando o país permaneceu neutro, houve um período de certa prosperidade. Cresciam paralelamente as disputas com a Bolívia pela posse do Chaco. Desde os primeiros anos do século XX os dois países construíram fortes na área contestada. Após choques esporádicos, estourou a guerra do Chaco (1932-35), que os paraguaios, comandados pelo coronel José Félix Estigarribia, venceram a muito custo. O Tratado de Paz de 1938, assinado com a intermediação do Brasil, Argentina, Chile, Peru, Uruguai e Estados Unidos, deu ao Paraguai a maior parte do território disputado e à Bolívia uma saída para o rio Paraguai via Puerto Suárez.
A Guerra do Chaco permitiu o surgimento do primeiro movimento político importante destinado a reformar instituições. O coronel Rafael Franco, líder de um novo partido, Febrerista, assumiu a 17 de fevereiro de 1936, com grande apoio popular. Empregando métodos ditatoriais, Franco provomeu uma distribuição limitada de terras, promulgou leis sociais e trabalhistas e nacionalizou fontes de matérias-primas. Os reformistas sofreram um revés com o golpe de Estado desfechado com o exército, mas em 1939 elegeram o herói da guerra do Chaco, José Félix Estigarribia, presidente da República. Estigarribia promulgou a constituição reformista de 1940. Seus planos progressistas que previam a reforma agrária e modernização do país, caíram por terra após sua morte num acidente de aviação.
Sob o governo do general Higino Morínigo (1940-48), o Paraguai recaiu na ditadura militar, em que as liberdades civis foram suprimidas e restabelecidos os direitos do latifundários. A oposição cresceu a partir de 1944, e, em 1947, liberais e febreristas, com o apoio de parte do exército, sublevaram-se. Embora derrotados, provocaram a renúncia do ditador. Após sucessivos golpes de Estado que levaram ao poder quatro presidentes, inclusive o escritor Juan Natalicio González, o líder do Partido Colorado, Federico Chávez (1949-54), assumiu o governo. Sua administração caracterizou-se pelo alinhamento com o regime de Juan Domingo Perón, na Argentina. Dificuldades econômicas e financeiras, decorrentes do forte processo inflacionário que se seguira à Guerra Civil de 1947, contribuíram para sua deposição.
Juan Domingo Perón e o presidente paraguaio Alfredo Stroessner, em 1954. Foto publicada pelo jornal El Clarín.
Em maio de 1954 o comandante do Exército, general Alfredo Stroessner, tomou o poder, Stroessner fez-se eleger presidente nesse ano e foi reeleito em 1958, 1963, 1973, 1978, 1983 e 1988. Para cada eleição, suspendeu-se por um dia o estado de sítio. Stroessner garantiu seu regime exilando os líderes democráticos, cercando-se de áulicos e controlando diretamente as forças armadas. Aos apelos da Igreja em favor dos presos políticos, reagiu expulsando do país vários sacerdotes. No campo econômico, o Paraguai foi marcado por contrabando e pela inauguração da Usina Hidrelétrica de Itaipu, um projeto brasilo-paraguaio.
Stroessner foi deposto em 3 de fevereiro de 1989 em golpe, liderado pelo general Andrés Rodríguez, que deixou dezenas de mortos. Empossado na presidência, Rodríguez levantou a censura à imprensa, autorizou a volta dos exilados, legalizou organizações políticas, que estavam proibidas e convocou eleições. A 1º de maio foi eleito presidente. Em 1991 assinou em Assunção, junto com os presidentes do Brasil, Argentina e Uruguai, o tratado de criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Nas eleições presidenciais e legislativas de 9 de maio de 1993, ganhou Juan Carlos Wasmosy, que tomou posse na presidência em 15 de agosto do mesmo ano.
Juan Carlos Wasmosy, do Partido Colorado, foi eleito presidente em 1993. Investigações sobre a ligação de paraguaios com o narcotráfico internacional e o veto aos protestos de militares, em 1994, geraram conflitos entre Wasmosy e o chefe do Exército, Lino Oviedo, que tentou um golpe, frustrado por manifestações no país e dos demais membros do Mercosul e dos Estados Unidos. Oviedo foi indicado a concorrer à Presidência, mas um tribunal militar o condenou a dez anos de prisão, um março de 1998, pela tentativa de golpe, tornando-o inelegível. Seu substituto. Raúl Cubas, venceu o pleito em maio e libertou Oviedo por decreto. A Corte Suprema declarou ilegal o indulto, mas Cubas ignorou essa posição.
Em março de 1999, o vice-presidente eleito, Luis María Argaña, rival do Oviedo no Partido Colorado, foi morto a tiros em Assunção. Manifestantes exigiram a destituição de Cubas, apontado com Oviedo como mandante do crime. No dia 26, seis manifestantes foram assassinados enquanto pediam a saída de Cubas. Ele renunciou depois e refugiou-se no Brasil. Luis González Macchi, presidente do congresso, assumiu. Em outubro, pistoleiro confessou ter matado Argaña e implicou Oviedo e Cubas no crime. No leste do país, cresceu a tensão entre paraguaios e brasileiros.
Militares se rebelaram em maio de 2000, mas a nova tentativa de golpe fracassou, outra vez por causa da pressão externa. O governo declarou estado de sítio e atribuiu a tentativa de Oviedo, que foi preso por policiais em Foz do Iguaçu e levado para Brasília, onde aguarda extradição.
O ex-presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos.
O colorado Nicanor Duarte Frutos foi eleito presidente em abril de 2003, com 37% dos votos. Em segundo lugar ficou Julio César Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), com 24%. Os colorados mantiveram a maioria no Congresso, mas com menos força: o número de deputados do partido caiu de 45 para 37 e o de senadores de 24 para 16. O PLRA elegeu 21 deputados e 12 senadores. Em agosto, Duarte tomou posse, em meio à grave crise econômica. Fora da Presidência, Macchi foi proibido pela Justiça de sair do país, onde deve responder às acusações de corrupção.
Em 2004, Oviedo regressou à nação e foi preso ao desembarcar em Assunção. Seus advogados alegaram que a condenação foi ilegal e deve ser anulada pela Corte Suprema.
O Congresso aprovou, em julho de 2005, a presença de tropas americanas no país até dezembro de 2006, como parte de acordo de cooperação militar com os Estados Unidos. O acordo, porém, gerou especulações sobre a instalação de uma base militar norte-americana na região do Chaco, próximo à Tríplice Fronteira entre Paraguai, Brasil e Argentina. Os governos de Assunção e Washington negaram.
Em novembro, o presidente Duarte anunciou planos de mudar a Constituição para concorrer a um segundo mandato. A oposição e os membros do próprio partido governista rejeitaram a proposta. Por considerá-la ilegal, entraram com pedido de impeachment contra o presidente. Na Câmara dos Deputados, a iniciativa recebeu 39 votos, menos do que os 53 necessários, e foi rejeitada.
Em março de 2006, milhares de paraguaios saíram às ruas, na maior manifestação popular dos últimos anos, contra a tentativa de Duarte de concorrer a novo mandato. Em junho, o ex-presidente Macchi foi condenado a seis anos de prisão por desvio de recursos públicos. Em setembro, morreu em Brasília o ex-ditador Alfredo Stroessner.
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo.
Em 23 de abril de 2008, Fernando Lugo foi eleito o novo presidente do Paraguai dando fim a quase seis décadas de domíno do Partido Colorado. O ex-bispo católico e teólogo promete realizar uma reforma agrária dentro dos marcos constitucionais, ampliar o sistema de seguridade social do Paraguai e lutar pela soberania energética do país.
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