O Rei Alfredo
Adaptação do original de James Baldwin
Na Inglaterra, há muitos anos, reinava um monarca chamado Alfredo, homem sábio e justo, foi um dos melhores reis que o país já teve. Até hoje, séculos depois, ainda é conhecido como Alfredo, o Grande.
A época do seu reinado era de dias difíceis para a Inglaterra. O país foi invadido pelos ferozes dinamarqueses, que haviam cruzado o mar. Havia tantos invasores, tão fortes e audazes, que durante muito tempo ganharam quase todas as batalhas. Se continuassem assim, logo seriam os senhores do país inteiro.
Afinal, após tanta luta, o exército inglês estava combalido e disperso. Cada homem teve que se salvar como pôde, inclusive o próprio Rei Alfredo, que disfarçou-se de pastor e escapou pelas florestas e pântanos.
Depois de vagar por muitos dias, chegou à cabana de um lenhador. Cansado e faminto, bateu à porta e pediu à mulher do lenhador que lhe desse comida e acolhida.
A mulher apiedou-se do pobre homem esfarrapado. Não tinha idéia de quem se tratava.
— Entre, - disse ela —vou dar-te um jantar se cuidares desses bolinhos no forno para mim. Preciso sair para ordenhar a vaca. Cuida bem deles, e não os deixa queimar enquanto me ausento.
Alfredo agradeceu gentilmente e sentou-se perto do fogo. Tentou prestar atenção nos bolinhos, mas os problemas logo tomaram conta de sua mente. O que faria para organizar o exército outra vez? E se conseguisse, como iria preparar seus homens para enfrentar os dinamarqueses? Como conseguiria expulsar da Inglaterra invasores tão audazes? Quanto mais pensava, menos esperança tinha no futuro; e começou a acreditar que não havia propósito em continuar a luta. Alfredo só enxergava os próprios problemas. Esqueceu que estava na cabana do lenhador, esqueceu a fome e esqueceu totalmente os bolinhos.
Em pouco tempo, a mulher retornou. Encontrou a cabana cheia de fumaça e os bolinhos torrados. E lá estava Alfredo sentado junto ao forno, olhando para o fogo. Sequer notara que os bolinhos estavam queimando.
— Ora, mas que homem preguiçoso e desleixado tu és! - gritou ela — Olha só o que fizestes! Queres comer mas não queres fazer nada para merecê-lo! Agora ficaremos todos sem jantar! - Alfredo simplesmente deixou prender a cabeça, envergonhado.
Nesse momento exato, o lenhador chegou em casa. Mal passou pela porta, reconheceu o estranho sentado junto ao forno.
— Cala a boca! - disse para a mulher — Sabes com quem estás ralhando? Com nosso nobre monarca, o Rei Alfredo em pessoa.
A mulher apavorou-se. Correu para junto do rei e jogou-se de joelhos. Implorou que lhe perdoasse as palavras tão ásperas.
Mas o sábio Rei Alfredo mandou que se levantasse.
— Tinhas razão ao ralhar comigo - disse ele — Eu disse que cuidaria dos bolinhos, mas deixei-os queimar. Mereci tudo que dissestes. Qualquer um que aceite uma tarefa, seja ela grande ou pequena, deve desempenhá-la com atenção. Fracassei desta vez, mas isto não tornará a acontecer. Minhas atribuições de rei me aguardam.
A história não no diz se o Rei Alfredo comeu alguma coisa naquela noite. Mas poucos dias se passaram até que conseguisse organizar de novo seus homens, e em breve expulsou os dinamarqueses da Inglaterra.
Do livro: O Livro das Virtudes II
William J. Bennett - Editora Nova Fronteira
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COPYRIGHT LIVRO DAS METÁFORAS: WILLIAM J. BENNETT
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