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Protestantismo
Pr. Norberto Carlos Marquardt
Editor do seu Guia de Protestantismo na Internet
Web www.sobresites.com
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O que é Protestantismo?
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3.16
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.”
Efésios 2.8-9
Conforme Dom Estêvão Bettencourt, um dos mais respeitados teólogos católicos do Brasil, o termo “protestantismo” tem sua origem “no fato seguinte: em 1529, durante a campanha da Reforma Luterana, a Dieta de Espira (Alemanha) resolveu que não se fariam mudanças religiosas na Alemanha até a reunião de um concílio geral; por conseguinte, católicos e luteranos ficariam nas posições até então assumidas. Esse decreto provocou o protesto de seis príncipes e 14 cidades imperiais em 19/04/1527. Daí o nome de protestantes que lhes foi dado. O substantivo ‘protestante’ só entrou em uso no século XVII, passando a designar todos os cristãos reformados que se opõem a Roma. Atualmente, esses irmãos preferem chamar-se ‘evangélicos’, como se autodenominavam os reformados do século XVI.” (BETTENCOURT, Estêvão. Crenças, religiões, igrejas e seitas: quem são? p. 20)
Portanto, é importante ressaltar, desde o início, que as palavras “protestante” e “protestantismo” não dizem respeito simplesmente ao conjunto de igrejas que têm, como objetivo precípuo, “protestar” contra a igreja católica ou contra o catolicismo, como se a razão de ser do protestantismo fosse protestar contra a igreja católica. Ao contrário, a essência do protestantismo é resgatar e anunciar o genuíno Evangelho de Jesus Cristo conforme consignado na Escritura Sagrada.
Foi com esse objetivo que Martinho Lutero (1483-1546), monge alemão da ordem dos agostinianos, empreendeu sua batalha contra o que considerou ser os erros mais graves da Igreja medieval, especialmente a obrigatoriedade das obras para a salvação do crente (em oposição à salvação por graça e fé, conforme aprendemos na Escritura Sagrada, particularmente nas epístolas de Paulo Aos Romanos, Aos Gálatas, Aos Efésios e Aos Colossenses). Em 31 de outubro de 1517 — data que se convencionou considerar o marco inicial da Reforma Protestante —, Lutero tornou públicas as suas “Noventa e cinco teses” acerca do comércio das indulgências. Considerando que essa prática não dispunha de fundamento claro na Bíblia, Lutero, junto como outros reformadores, deu início a uma persistente investigação de tudo aquilo que, na doutrina e na prática da Igreja, não encontrasse respaldo explícito na Sagrada Escritura ou que se opusesse a ela. Pois para os reformadores do século XVI, assim como para todas as igrejas legitimamente oriundas da Reforma, a Bíblia Sagrada é a autoridade máxima em matéria de fé e prática.
Nos diversos tópicos e links desse Guia, será possível encontrar um grande número de textos sobre os elementos essenciais da fé protestante, razão pela qual consideramos desnecessário abordá-los nesse texto introdutório. No entanto, um aspecto do protestantismo é importante destacar, pois esse aspecto tem sido superestimado e utilizado como munição, particularmente por estudiosos católicos, para atacar o protestantismo. Refiro-me à diversidade de igrejas e confissões protestantes. Até o século XVI, o clero detinha o monopólio da interpretação da Escritura Sagrada. Além disso, o povo não tinha acesso à Escritura (tanto por causa do analfabetismo que imperava quanto pela falta de interesse da liderança da Igreja em que o povo conhecesse o Texto Sagrado). A partir da Reforma, a Sagrada Escritura começou a ser lida e estudada por todo o povo. A liberdade de acesso à Escritura, inevitavelmente, teve um preço: a multiplicidade de interpretações, algumas até conflitantes entre si. Ou seja, antes, havia uma uniformidade de doutrina, mas mantida com mão de ferro pela autoridade eclesiástica, a qual não podia ser contestada (nem mesmo pela própria Escritura Sagrada!). Com a Reforma, toda a Igreja — e não só a hierarquia — passou a ter a possibilidade de estudar a Bíblia e de ser corrigida por ela, mas essa possibilidade veio acompanhada do indesejável efeito colateral das divergências de interpretações.
Não obstante, é de suma importância salientar que, embora não possamos negar a existência dessas divergências, há um substrato comum a todas as igrejas protestantes, um conjunto de elementos essenciais à fé cristã, elementos esses que são compartilhados inclusive pela igreja católica. Dentre esses elementos essenciais, podemos destacar: a Revelação de Deus na Escritura Sagrada e o seu caráter infalível como regra de fé e prática; a encarnação de Deus em Jesus; a dupla natureza de Jesus Cristo (divina e humana); o caráter sacrificial e expiatório de Sua morte na cruz; a justificação por graça e mediante a fé em Cristo (cf. Ef. 2.8); a trindade divina; a ressurreição de Cristo e de todo aquele que nEle crê; o batismo, pelo qual ingressamos na Igreja, e a Ceia, pela qual rememoramos a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo (cf. Lc. 22.19 e I Cor. 11.24-25), como sacramentos instituídos pelo próprio Cristo; e a segunda vinda de Jesus Cristo. Todos esses elementos encontram-se fundamentados na Escritura Sagrada. Quanto a aspectos secundários da fé cristã, podem existir divergências de ênfases ou de perspectivas. Mas, no essencial, há unidade entre os protestantes, sobretudo porque essa unidade está baseada na Escritura Sagrada.
Por fim, há um fator que não só se relaciona com essa diversidade de leituras presente no protestantismo, mas também é inerente à perspectiva protestante da fé cristã: os protestantes não só podem como devem ser permanentemente corrigidos pela Escritura Sagrada. Essa é, sem dúvida alguma, a mais importante herança da Reforma Protestante. Ou seja, ainda que divergências e mesmo equívocos de interpretação da Escritura sejam inevitáveis, o enorme e multifacetado conjunto de protestantes espalhados pelo mundo sempre poderá ser admoestado e corrigido pela Bíblia Sagrada. Sendo assim, as igrejas protestantes, bem como toda a cristandade desde o século XVI, tem não só a possibilidade como também o dever de buscar, junto à Escritura Sagrada, (re)aproximar-se cada vez mais daquilo que Deus planejou para a Sua Igreja na Terra.
Sugestão de sites:
The Reformation Guide (http://www.educ.msu.edu/homepages/laurence/reformation/index.htm)
World Alliance of Reformed Churches
(http://www.warc.ch)
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