sexta-feira, 1 de abril de 2011

10213 - ACORDO ORTGOGRÁFICO BRASIL-PORTUGAL

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Nova grafia introduz letras no alfabeto, mas elimina consoantes mudas de algumas palavras
Foto: DR Acordo Ortográfico: Portugal tem seis anos para ado(p)tar a nova grafia
Por Sandra Silva Pinto - lj04061@icicom.up.pt
Publicado: 11.04.2008 | 16:59 (GMT)
Marcadores: Educação , Literatura , Língua portuguesa , vinil
2014 é a meta para implementar a uniformização gráfica da língua. 17 anos depois da assinatura do acordo, Portugal compromete-se a honrar o compromisso.

O Governo português aprovou, dia 6 de Março, o Segundo Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da língua portuguesa. A assinatura do acordo data de 1990, mas só agora Portugal decidiu levar adiante a proposta do protocolo modificativo de 2004 e estabelecer um prazo de seis anos para a adaptação e entrada em vigor da nova grafia.

A ratificação do acordo e a adopção de uma nova forma de escrever em português não tem sido vista de forma consensual e pacífica ao longo dos últimos dezassete anos. Desde a assinatura do acordo, em Dezembro de 1990, muitas foram as figuras públicas e especialistas em linguística que manifestaram a sua oposição às alterações propostas pelo documento.

Contudo, apesar das vozes contestatárias, das críticas à inércia e pouca vontade política denotadas pelas lideranças políticas, e depois da elaboração de dois protocolos modificativos, o Governo português decidiu avançar com a implementação do acordo que unifica a escrita da língua portuguesa.

A decisão foi tomada em Conselho de Ministros e prevê que, em 2014, todos os portugueses já escrevam de acordo com as novas alterações gráficas. Enquanto espera a aprovação da Assembleia da República (AR) e do presidente Cavaco Silva, a proposta foi objecto de debate na AR onde professores catedráticos, linguistas, editores e deputados discutiram vantagens e contrapartidas da nova ortografia.

Dupla grafia continua a vigorar
A ratificação da aplicação prática do Acordo Ortográfico prevê alterações da língua somente no que respeita à sua forma escrita. Com a entrada em vigor da nova ortografia, é na variante "luso-afro-asiática" que se regista um maior número de transformações. Cerca de 1,6% dos vocábulos vão mudar de grafia enquanto no português "luso-brasileiro" são apenas 0,5% as palavras que passam a escrever-se de forma diferente. Deste modo, a existência das duas variantes impede uma uniformização total porque há vocábulos que mantêm uma dupla grafia.A troca de argumentos entre o eurodeputado Vasco Graça Moura e Carlos Reis, catedrático de Coimbra e reitor da Universidade Aberta, foi o momento que mais se destacou e captou a atenção dos presentes na AR. Carlos Reis defende a implementação do acordo com vista a eliminar divisões entre os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), enquanto o eurodeputado do PSD faz duras críticas de cariz jurídico ao documento.

A uniformização gráfica da língua está longe de gerar unanimidade e promete continuar a ser uma questão polémica e discutível. Contudo, a mudança no Ministério da Cultura pode ter contribuído para acelerar este processo. A ex-ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, estimava um período de dez anos para "avaliação da sociedade civil" até à entrada em vigor do acordo. Já Pinto Ribeiro, seu sucessor desde Fevereiro deste ano, tem mostrado grande empenho na rápida ratificação portuguesa e dos restantes países lusófonos.

Como escrever em bom português dentro de seis anos?
Introdução de novas letras
O alfabeto passa de 23 para 26 caracteres com a entrada oficial das letras "k", "w" e "y" que já eram vulgarmente usadas nas palavras importadas de línguas estrangeiras.

Eliminação das maiúsculas
O uso de iniciais maiúsculas deixa de ser necessário para escrever os meses do ano e os pontos cardeais ("abril", "norte", por exemplo) e passa a ser opcional para escrever nomes de disciplinas ("geografia", "filosofia") ou de ruas, avenidas e praças ("rua do campo alegre", "avenida dos aliados" ou "praça da república").

Supressão de consoantes mudas
As consoantes mudas vão ser eliminadas de todos os vocábulos. São exemplos o "c" ("correto", "afetivo", "coleção") e o "p" ("ótimo", "exceção", "perentório"). Palavras como "convicção", "ficção", "egípcio" ou "rapto" não sofrem qualquer alteração porque as consoantes são pronunciadas em Portugal e Brasil. Nos casos em que estas consoantes não são mudas, nos dois países, devido à forma como são pronunciadas, mantém-se uma dupla grafia ("aspecto/aspeto", "caracteres/carateres", "corrupto/corruto", "recepção/receção"). A dupla grafia mantém-se, também, nas palavras com sequências "bt", "gd", "mn" e "tm" ("subtil/sutil", "amígdala/amídala", "omnipotente/onipotente" ou "aritmética/arimética"), uma vez que o acordo permite a escolha facultativa.

Supressão de acentos
A eliminação de acentos verifica-se em palavras como "para" (forma verbal), "pelo" (substantivo), "demos" (modo conjuntivo), mas mantém-se a dupla grafia nos vocábulos de acentuação esdrúxula ("académico/acadêmico"), aguda ("metro/metrô"), graves ("bónus/bônus"). As conjugações verbais da terceira pessoa do plural do indicativo passam a escrever-se sem acento ("leem", "reveem"), assim como as palavras terminadas em "o" duplo ("voo", "enjoo"). No Brasil, os ditongos abertos "ei" e "oi" e as palavras paroxítonas como "assembleia" ou "ideia" também perdem os acentos.

Supressão de hífenes

As novas regras do acordo prevêem (preveem) ainda a supressão dos hífenes nas formas do verbo "haver" que se unem à preposição "de" ("hão de", "hei de"), na palavra "fim de semana", mas não nas "pé-de-meia" ou "cor-de-rosa". Em relação às palavras formadas por prefixação há várias situações a ter em conta: quando os vocábulos começam por "r" ou "s" e os prefixos acabam em vogal, cai o hífen e dobra a consoante ("antirreligioso", "contrarregra"), mas se a palavra começar por vogal o hífen também desaparece ("contraordenação"), excepto se as duas vogais forem iguais ("pré-eliminatória"). Abre-se, ainda, a excepção (exceção) para o prefixo "co" ("cooperação").

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Em resposta ao comentário de Cláudia Por Cláudia
20.01.2009 - 18:08
Que título bem conseguido

Em resposta ao comentário de Sara Por Sara
20.01.2009 - 18:12
Muito bom artigo e ó(p)timo título! ;)

Em resposta ao comentário de Luciano Por Luciano
20.01.2009 - 18:15
Parabens Brasil, sera que esqueci algun acento ou letra? rsrs, mais sou brasileiro aprendo rapido...

Em resposta ao comentário de Bruno Por Bruno
20.01.2009 - 18:16
Realmente,é para estar contente porque com este acordo(lastimavel e que faz ruptura com a cultura linguistica Europeia) deixa de se falar Português para passar a falar somente uma variante,a brasileira. Por bom senso geral deveria ser o brasil a mudar a sua escrita e não Portugal,porque aqui fala-se Português correcto de facto.
Neste processo foi tido em considerassam um facto,é que,apesar de no sotaque lisboete "aquelas letras" serem mudas ,um pouco por todo o resto do país essam letras pronunciam-se e falam-se de facto,NÂO SÂO MUDAS,são bastante bem faladas e escutadas.
É de salientar a falha da constituição Portuguesa que não protege o patrimonio linguistico.. Uma falha que vai fazer com que o proprio texto contitucional tenha que ser re-escrito pos tambem ele tem que se adaptar a este acorto e só esse ponto realça o quanto o documento pode ser altamente inconstituicional..
Eu deixaria as questôes se deve ser correcto permitir que politicos decidam a lingua? E não povo português por meio de referendo'? Será contituicional que um politico possa fazer o que quer com a cultura linguistica?
E o acordo,enquanto lei que regula a lingua?? Uma lei para regular a lingua depois depois da sensura que existiu em Portugal!! Resta-nos esperar que a ASAE passe a andar atras de Editoras a fazer cumprir a lei!! senão atras de cada um de nós qualquer dia.. sensura de novo.

Em resposta ao comentário de mauricio alves Por mauricio alves
20.01.2009 - 18:17
Era mais facil (fácíl) cada pais (país) mudar o nome da sua lingua, exem: no Brasil para lingua Luso-Brasileira,em Angola para lingua LusoAngolana...coitado de Camões se ainda estivesse vivo,talvez iria preferir ficar cego do que aceitar essas mudanças!!!

Em resposta ao comentário de Imaculada Por Imaculada
20.01.2009 - 18:18
Se aprendesses rápido estarias num outro país ocidental com melhor nível de vida, mas encostas-te à preguiça de aprender um novo idioma.

Em resposta ao comentário de Joel Teixeira dos Reis Por Joel Teixeira dos Reis
20.01.2009 - 18:20
Completamente desnecessário e um acordo FALSO. Pertgunto-me quais as razões verdadeiras por detrás do Acordo? Razões linguísticas ou políticas?

Para quê este Acordo ortográfico afinal? Para que o Brasil possa ser membro do Conselho de Segurança da ONU a todo o custo e às custas de Portugal?

Para quê tirar o acento diferencial em "pára"? Qual a lógica, o sentido?

Para quê tirar o "p" em Egipto quando muitas pessoas pronunciam efectivamente o "p"?

Por mim podem por o Acordo no sítio onde toda a gente sabe pois eu continuarei a escrever em Português de Portugal que é a mais correcta e que não adopta estrangeirismos.

Em resposta ao comentário de Cecília Por Cecília
20.01.2009 - 18:22
Este Acordo Ortográfico, doa a quem doer, é necessário.Por quê? Porque muitas vezes os tradutores encontravam dificuldades nas traducoes oficiais e de livros.
Quer coisa mais ridícula do que ter uma versao em português de Portugal e outra do Brasil dos livros de Paulo Coelho? Facam-me o favor!

Em resposta ao comentário de Estêvão Por Estêvão
23.01.2009 - 15:18
As críticas ao acordo são completamente infundadas e retrógradas. A língua evoluiu e grafia ficou para trás. Unificar a grafia por questões políticas é algo perfeitamente aceitável.
O Brasil cedeu, Portugal cedeu. As maiores mudanças se deram em portugal por ainda ter uma grafia arcaica.
Mas é claro que aqueles com saudades da Idade Média, quando Portugal era potência, vão esbravejar por ceder a um país no Novo (e do Terceiro) Mundo...

Os comentários para esta entrada estão fechados.RELACIONADO
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ERC ISSN 1646-3064


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