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Civilização Medo Persa
Em torno de 6000 a.C., tribos originárias da Ásia Central, pertencentes a um grupo lingüístico comum chamado indo-europeu ou ariano, ocuparam a região do atual planalto do Irã. Sua população ampliou-se consideravelmente graças a novas e seguidas vagas migratórias por volta de 2000 a.C. Situada a leste da Mesopotâmia, esta área caracterizava-se pela baixa fertilidade do solo com quase um terço de seu território formado por desertos e montanhas.
A agricultura só era possível, na maior parte da região, com a utilização de técnicas de irrigação artificial. No século VIII a.C., esses grupos achavam-se organizados em pequenos Estados, destacando-se os reinos dos medos, ao sul do mar Cáspio, e o dos persas, a leste do golfo Pérsico. Em meio às disputas e alianças com os vizinhos persas, o sucessor Ciáxeres acabou destronado por Ciro I, da Pérsia, completando a fusão ao novo Reino da Pérsia ou Aquemênida. Com Ciro I (559 a.C. – 529 a.C.), iniciou-se a dinastia Aquemênida e um expansionismo territorial que levaria a civilização medo-persa a construir um enorme império. Ciro I conquistou a Lídia e colônias gregas da Ásia Menor e, a seguir, em 539 a.C., a Babilônia, libertando os judeus do cativeiro, permitindo seu regresso à Palestina ( Esdras 1-1).
Progressivamente a Fenícia, a Palestina e a Síria também se submeteram ao domínio persa, cujo império se estendeu da Ásia Menor e costa mediterrânica, no ocidente, à Índia, no oriente. O domínio de diferentes povos numa única administração era conseguido com uma política que respeitava as diferenças culturais e religiosas. Diferentemente de impérios anteriores conciliava interesses, permitindo uma autonomia política que disfarçava a sujeição econômica. Foi a hábil aliança do domínio persa com as elites locais dos povos integrados ao seu império que, justamente, originou o apelido o grande, dado ao imperador Ciro. Este, ao que parece, morreu em 529 a.C. devido a ferimentos contraídos em guerra contra povos nômades da região do mar Cáspio.
O sucessor de Ciro, o filho Cambises I (529 a.C. – 522 a.C.), continuou o expansionismo, empreendendo uma expedição persa sobre o Egito, conquistando-o na batalha de Pelusa, em 525 a.C. No Egito, o último faraó Psamético III foi feito prisioneiro e Cambises, reconhecido como o rei sucessor, desenvolveu uma política sem a tolerância típica da administração de seu pai. Com Cambises, impôs-se uma crescente centralização, um despotismo político, tão comum aos reinos da Antiguidade oriental. Ao morrer, sem deixar um filho herdeiro, foi sucedido por outro membro de sua família, apoiado pela cúpula política constituída pelo Conselho Real, o conjunto de líderes que representavam as tribos que, unidas, tinham dado origem ao Império Persa. Este herdeiro era Dario I (512 a.C. – 484 a.C.), o soberano persa que levaria o império ao seu apogeu e que foi considerado um administrador exemplar.
Dario I reforçou a diplomacia de respeito às tradições nacionais e religiosas locais, além de estabelecer uma organização administrativa que dividiu o Império Persa em vinte províncias, chamadas satrápias, as quais eram regidas por sátrapa (governador) e obrigadas a pagar um imposto ao império de acordo com as posses e riquezas da província.
Ao mesmo tempo, fixou tropas em cada satrápia cujo comando cabia exclusivamente ao imperador, buscando evitar demasiada concentração de poder nas mãos dos sátrapas. Para maior controle das províncias, Dario I criou um eficiente sistema de correio e uma ampla rede de estradas que ligavam cidades-sedes de governo (Susa, Pasárgada e Persépolis) às províncias. Além disso, o imperador enviava anualmente os inspetores especiais, chamados de “olhos e ouvidos do rei”, para ouvir as reclamações de governados e governantes.
Aprimorando a administração, Dario viabilizou os sistemas de impostos e estimulou o intercâmbio comercial com a criação da moeda de ouro, o dárico, transformada na primeira unidade monetária internacional confiável e aceita, no mundo antigo. Sob a autorização de Dario, continuava a existir o uso local das tradicionais moedas de cobre e prata, cunhadas pelos sátrapas, porém, sem a importância da moeda imperial. A garantia do enorme império estava no exército formado por soldados dos satrápias e comandados pelos medo-persas, cujo poderio levou Dario I à tentativa de dominação completa das colônias gregas da Ásia Menor, originando um dos maiores conflitos militares do mundo antigo: as Guerras Médicas. Este confronto entre Oriente e Ocidente levou as várias cidades gregas a uma união militar na luta pela autonomia e defesa de seu território, culminando nos insucessos militares de Dario I e de seu sucessor, o filho Xerxes I. O resultado final foi a vitória grega que marcou o início da completa decadência do império, de forma rápida e incontrolável.
Em grande parte, a heterogeneidade do exército medo-persa favoreceu as seguidas derrotas para os gregos. No governo de Xerxes I (481 a.C. – 465 a.C.) e, mais intensamente, no de seus sucessores, as revoltas das populações subjugadas acabaram completando o enfraquecimento e a desintegração do império, o que permitiu a completa conquista Macedônia de Alexandre Magno, em 330 a.C., pondo fim à dinastia aquemênida.
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