segunda-feira, 31 de maio de 2010

26 - O EGITO

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Com certeza, você já ouviu falar das múmias
enfaixadas e das gigantescas pirâmides do Egito. E também já ouviu falar de
Cleópatra, rainha do Egito que seduziu vários generais romanos e morreu picada
por uma cobra, a “serpente do Nilo”.
É exatamente aí, no rio Nilo, que começa a nossa história. A história de um
rio muito longo e de um vale muito fértil, dos homens e das mulheres que
adoravam o rio e trabalhavam ao seu redor.
O Egito antigo: uma dádiva do Nilo
O Egito é um imenso oásis que fica no nordeste do continente africano.
O Nilo, que muitos acreditam ser o rio mais comprido do mundo (existem
cientistas que afirmam ser o Amazonas o maior dos rios), forma um vale que fica
entre o deserto do Saara e a Arábia.
Esse oásis tem aproximadamente
40 quilômetros de largura e mil quil
ômetros de comprimento.
O Nilo nasce no coração da África.
Depois de banhar toda a área
que fica perto da linha do Equador,
ele entra no vale do Egito. Aí, corre
no meio de duas cadeias de montanhas.
Essa região é chamada de
Alto Egito.
Se olharmos o mapa ao lado,
veremos que há um momento em
que o rio se divide em muitos pequenos
rios, que formam o seu
delta. A região do delta do Nilo
é chamada de Baixo Egito.
Além de ser uma região muito
fértil, o baixo Egito tem clima quente
e úmido. Depois de percorrer
mais de 6.500 quilômetros, o Nilo
deságua no mar Mediterrâneo.
O Egito antigo
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No verão, o rio transborda. Quando o verão termina, o rio volta para seu A U L A
leito, deixando uma camada de terra muito fértil. Isso permite aos egípcios
colherem até duas vezes num mesmo ano.
Os egípcios tinham até uma lenda para explicar toda essa abundância: a
história de Osíris, o mais famoso rei-Sol. Essa antiga lenda conta que Osíris, um
sábio rei do Egito, foi assassinado por seu irmão, Seth, o rei da escuridão.
Ísis, mulher e irmã de Osíris, chorou sua morte durante a noite toda e pediu que
o filho, Hórus, vingasse a morte do pai.
Depois de uma luta muito dura, Seth foi derrotado e Osíris ressuscitou.
Era assim que os egípcios explicavam os dias e as noites, e também explicavam
as enchentes do Nilo. Osíris era o Sol, que é derrotado pela noite (Seth). O choro
de Ísis se transforma nas enchentes do Nilo, enquanto o amanhecer (Hórus) traz
o sol de volta.
O Egito dos faraós
O vale do Egito foi habitado pelo homem desde os tempos da pré-História.
Os primeiros grupos se fixaram lá por volta do ano 6000 a.C.
Os primeiros habitantes do Egito eram pastores camitas de pele morena.
Posteriormente chegaram outros grupos de camitas de pele negra. Esses primeiros
habitantes eram grupos nômades que se juntaram e formaram
clãs, ou seja, grupos de pessoas que descendiam do mesmo
antepassado.
Com o passar do tempo, uma vez que se tornaram sedentários
e começaram a aproveitar as boas colheitas da região, os clãs se
tornaram grupos cada vez maiores chamados nomos. Depois de
algum tempo, era como se cada nomo fosse um principado, no
qual o príncipe era o nomarca.
Você deve estar se perguntando por que os clãs formaram os
nomos. A resposta é bem simples. Para aproveitar melhor as
enchentes do Nilo, os homens e mulheres que moravam lá tinham
de construir barragens e canais para represar e dirigir a água.
Essa era uma tarefa que só podia ser realizada com o trabalho de
muitas pessoas.
À medida que as colheitas foram se tornando cada vez mais
abundantes, os nomos se juntaram e formaram dois reinos: o reino do Alto Egito
e o reino do Baixo Egito. Finalmente, os dois reinos formaram um reino unificado
e governado por um rei, o faraó.
O Antigo Reino (3500 a.C.-2180 a.C.)
Para melhor estudar a história do Egito antigo, costumamos dividi-la em
vários períodos.
O primeiro período da história do Egito é o do Antigo Reino. Por volta do
ano 3500 a.C., um chefe militar chamado Menes se proclamou faraó e conseguiu
unificar os dois reinos do Egito. Foi assim que começou a primeira dinastia,
ou seja, a primeira família de reis ou faraós.
Por volta do ano 3000 a.C., o império egípcio se expandiu. Durante esse
período foram construídas as famosas pirâmides, que eram os túmulos de três
faraós da quarta dinastia.
Inscrições e
desenho egípcios.
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A U L A No final desse período, o Egito foi invadido pelos líbios.
Além disso, os militares começaram a lutar uns contra
os outros. Esse período, entre aproximadamente 2200 a.C. e
2000 a.C., é chamado de Primeira Era Intermediária.
O Médio Reino (2040 a.C.-1780 a.C.)
Por volta do ano 2100 a.C., os príncipes da cidade de
Tebas conseguiram unificar o reino novamente, e o governo
centralizado dos faraós foi restabelecido. Nesse período,
o Egito foi invadido pelos hicsos, um povo semita que veio da
Arábia com cavalos e armas de ferro.
O Império (1550 a.C.-1300 a.C.)
Em 1500 a.C., os tebanos conseguiram expulsar os hicsos. Nesse momento
se iniciou o Império. Os egípcios viveram em paz durante quatro séculos,
expandindo as fronteiras do império até a Síria.
O Egito submeteu ou transformou em aliados do Império todos os povos do
Oriente Médio até o leste da África.
O Baixo Império (1300 a.C.-525 a.C.)
O último período da história do Egito que veremos aqui é o do Baixo
Império, que marca a decadência do poder dos egípcios. O império foi invadido
várias vezes até que foi conquistado pelos persas, em 525 a.C. Logo depois,
o Egito foi conquistado por Alexandre Magno e pelos romanos, que o transformaram
na província mais rica de seu império.
Vejamos agora como os egípcios, que adoravam o rio que lhes dava a vida,
viviam.
Uma sociedade de castas
A monarquia dos egípcios era bastante diferente daquilo que sempre
imaginamos, na qual o rei é rei, porque é o filho de outro rei.
O faraó era, para os egípcios, um deus vivo, herdeiro do rei-Sol. Como chefe
do culto, ele garantia a harmonia entre os homens e os deuses. Era juiz supremo
As pirâmides
e a esfinge.
Representação das
atividades agrícolas
dos egípcios.
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e responsável pela defesa do país. Sua função era garantir a prosperidade e velar A U L A
pela boa administração.
Assim, os egípcios adoravam o rio Nilo, o Sol e o faraó, que era como se fosse
o Sol fantasiado de gente. O poder do faraó era absoluto.
Apesar disso, ele não governava sozinho. Uma grande casta de sacerdotes
o ajudava a governar e lhe dava conselhos. Além dos sacerdotes, o faraó contava
com muitos funcionários do governo, que controlavam as colheitas, a armazenagem
dos cereais que sobravam e a construção de obras públicas.
As leis dos egípcios eram aplicadas por tribunais. Os egípcios chegaram
a formar um tribunal supremo, composto por sacerdotes-chefes das comunidades
religiosas das cidades de Mênfis e Tebas.
Os nobres ocupavam um lugar privilegiado na sociedade egípcia, pois eram
os parentes do faraó.
Os sacerdotes, que aconselhavam o faraó, guardavam os segredos das
ciências e tomavam conta das riquezas dos templos. Chegaram a governar o país
em alguns momentos.
Os militares defendiam o império contra os ataques e tinham os mesmos
privilégios que os nobres.
Os escribas eram funcionários que conheciam os segredos da escrita, como os
letrados chineses que vimos na Aula 2. Eles cobravam os impostos e supervisionavam
as construções e as obras públicas. Os egípcios não utilizavam dinheiro: os
impostos devidos ao faraó eram pagos em espécie, ou seja, em cereais ou frutos.
A maior parte da população era formada por artesãos, mercadores, lavradores
e pastores. Os artesãos foram responsáveis pelas esculturas, pinturas, jóias
e tecidos fabricados no reino.
Os lavradores eram requisitados para construir as obras públicas e cultivar
as terras do faraó, proprietário de toda a terra no Egito. A riqueza do Egito
repousava no trabalho dos lavradores.
Quem não conseguisse pagar os impostos ao faraó se tornava um escravo.
Pelo jeito, isso acontecia muito: os escravos formavam um terço da população do
Egito. Além das pessoas endividadas, os estrangeiros e os prisioneiros de guerra
também eram escravizados.
Três mil anos de cultura
Os egípcios criaram uma cultura original. Alguns costumes,
como por exemplo a crença na vida depois da morte, foram incorporados
por outros povos que mantiveram contato com eles. Certos
hábitos, como a maquiagem, permanecem muito populares até hoje.
Os egípcios cultuavam os gatos, que eram considerados animais
sagrados.
Na família egípcia, a mulher tinha direitos iguais aos do homem:
podia exigir o divórcio, reaver seu dote, administrar seus bens
e educar os filhos. O casamento entre irmãos era permitido pelos
deuses.
O tempo dos egípcios era marcado pelo rio, por suas enchentes,
pela época de plantar e de colher os cereais. Eles também criaram um
calendário lunar ligado aos ritos religiosos.
Detalhe da esfinge.
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A U L A A alimentação da maior parte da população consistia de pão de centeio e
cerveja (outra boa invenção egípcia), além de frutas e hortaliças.
A religião do rei-Sol
A religião tinha um papel muito importante: dominava a vida política, social
e econômica dos egípcios.
Quando os primeiros egípcios chegaram ao vale do Nilo, eles eram
monoteístas, isto é, acreditavam num único deus, o rio Nilo. Quando os clãs
viraram nomos, adoravam as plantas e os animais. Cada nomo adorava uma
planta, símbolo daquele nomo.
Com o passar do tempo, os egípcios se tornaram politeístas, ou seja,
começaram a adorar muitas coisas que eles achavam que fossem deuses. Adoravam
até as hortaliças: é por isso que existiam o deus-cenoura, o deus-besouro,
e assim por diante.
As classes privilegiadas sempre adoraram o Sol. Antes da formação do
Império, cada cidade conhecia o Sol por um nome diferente.
Para as pessoas comuns, cada Sol era um deus diferente, que de vez em
quando brigava com os outros sóis. Os egípcios também imaginavam que
o deus-sol tinha uma mulher e um filho.
Os egípcios acreditavam que a alma não morria junto com o corpo. É por isso
que o corpo das pessoas que morriam tinha de ser conservado. Foi assim que eles
começaram a embalsamar os corpos. Milhares de múmias venceram o tempo,
conservando-se até hoje.
Quando uma pessoa morria, sua alma se apresentava a um tribunal para ser
julgada. O Livro dos Mortos era uma espécie de guia para garantir a salvação
futura da alma. Por acreditar que a alma só poderia descansar em paz se o corpo
dela estivesse na sepultura é que os egípcios davam tanta importância aos
túmulos.
As ciências e as artes
Os sacerdotes e os escribas foram responsáveis pelo desenvolvimento das
ciências no Egito antigo. Como já vimos, a religião teve um peso muito grande
em tudo o que os egípcios fizeram.
A medicina para o tratamento de doentes era
muito avançada: os egípcios contavam com oculistas,
dentistas, cirurgiões e farmacêuticos que receitavam
ervas. Eles sabiam realizar operações no cérebro
e, segundo os gregos, eram “os mais sãos de
todos os homens”.
A matemática foi utilizada para calcular a constru
ção das imensas pirâmides, estátuas e templos
que podem ser vistos até hoje. A geometria auxiliava
na medição das terras, cuja extensão variava com
as inundações do rio Nilo. Os egípcios sabiam precisar
a área e superfície da esfera, do hexágono, do
triângulo e do retângulo.
O estudo da astronomia também foi muito importante:
os egípcios dividiram o ano em doze meses
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iguais e deixaram cinco dias livres. Estudaram e deram nome às estrelas e aos A U L A
planetas que conseguiam enxergar.
A física os ajudou muito na construção das obras de canalização e regulagem
das águas do Nilo. A química lhes deu esmaltes e cores que podemos ver ainda
hoje, além das substâncias que usavam para mumificar os mortos.
Os egípcios se dedicaram com sucesso à construção de templos, palácios,
túmulos e grandes esculturas: um exemplo é a Esfinge, que tem cabeça de
homem e corpo de animal. A pintura era usada na decoração dos templos e dos
túmulos.
Os egípcios também criaram uma escrita que, em vez de usar letras, usava
símbolos que representavam aquilo que era descrito. Essa escrita é chamada de
hieroglífica. Eles usavam essa escrita nos templos e nos monumentos, para
contar a história de seus faraós e tudo aquilo que eles achavam importante.
Podemos dizer que os egípcios foram os inventores do papel. Eles utilizavam
o papiro, um tipo de papel feito com uma planta que cresce nas margens do
Nilo, sobre o qual escreviam com tinta.
Os escribas foram responsáveis pelo desenvolvimento da literatura.
Seus contos e cantos de amor parecem ter sido divulgados entre outros povos
da Antiguidade, pois guardam semelhança com outras aventuras, tais como
Sinbad, o marujo, e a Odisséia, de Homero.
Exercício 1
Discussão em sala de aula ou redação: em que medida os governantes do
Brasil atual são diferentes ou semelhantes aos faraós do Egito antigo?
Exercício 2
Localize o Egito num mapa do mundo.
Exercício 3
Qual era a importância do escriba na sociedade egípcia

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