segunda-feira, 31 de maio de 2010

22 - O ANTIGO EGITO

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Pirâmides de Guiza (ou Gizé),[1] um dos monumentos mais emblemáticos do Antigo Egito.
Mapa do Egito antigo, mostrando grandes cidades e sítios (c. 3150 a.C. e 30 a.C.).Antigo Egito (português brasileiro) ou Egipto (português europeu) é a expressão que define a civilização da Antiguidade que se desenvolveu no canto nordeste do continente africano. A nação do antigo Egipto tinha como fronteira a norte o Mar Mediterrâneo, a oeste o deserto da Líbia, a leste o deserto da Arábia e a sul a primeira catarata do rio Nilo.[2]

A história do Antigo Egipto inicia-se em cerca de 3150 a.C., altura em que se verificou a unificação dos reinos do Alto e do Baixo Egipto, e termina em 30 a.C. quando o Egipto, já então sob dominação estrangeira, se transformou numa província do Império Romano, após a derrota da rainha Cleópatra VII na Batalha de Ácio. Durante a sua longa história o Egipto conheceria três grandes períodos marcados pela estabilidade política, prosperidade económica e florescimento artístico, intercalados por três períodos de decadência. Um desses períodos de prosperidade, designado como Império Novo, correspondeu a uma era cosmopolita durante a qual o Egipto dominou, graças às campanhas militares do faraó Tutmés III, uma área que se estendia desde Curgos (na Núbia, entre a quarta e quinta cataratas do rio Nilo) até ao rio Eufrates.[3]

A civilização egípcia foi umas das primeiras grandes civilizações da Humanidade e manteve durante a sua existência uma continuidade nas suas formas políticas, artísticas, literárias e religiosas, explicável em parte devido aos condicionalismos geográficos, embora as influências culturais e contactos com o estrangeiro tenha sido também uma realidade.

Índice [esconder]
1 História
1.1 Primórdios
1.2 Época Tinita
1.3 Império Antigo e Primeiro Período Intermediário
1.4 Império Médio
1.5 Segundo Período Intermediário
1.6 Império Novo
1.7 Terceiro Período Intermediário e Época Baixa
1.8 Dinastia ptolomaica
1.9 Época Greco-romana
2 Geografia
2.1 Vale do rio Nilo
2.2 Embarcações no rio Nilo
2.3 O Alto Egipto e o Baixo Egipto
2.4 Os nomes do Egipto
3 Demografia
4 Governo
5 Economia
6 Sociedade
6.1 Hierarquia social
6.2 Mulheres
7 Cultura
7.1 Religião
7.1.1 Morte e cerimônias fúnebres
7.2 Ciência
7.3 Literatura
7.4 Arte
7.5 Arquitetura
7.5.1 Pirâmides
7.5.2 Templos
8 O legado do Antigo Egipto
9 Ver também
10 Referências e notas
11 Bibliografia
12 Ligações externas


[editar] História
Antigo Egito
Faraós e dinastias
Período pre-dinástico
Período proto-dinástico
Época Tinita: I - II
Império Antigo: III IV V VI
1º Período Intermediário:
VII VIII IX X XI

Império Médio: XI XII
2º Período Intermediário:
XIII XIV XV XVI XVII

Império Novo: XVIII XIX XX
3º Período Intermediário:
XXI XXII XXIII XXIV XXV

Época Baixa: XXVI XXVII
XXVIII XXIX XXX XXXI
Período Greco-romano:
Dinastia macedónica
Dinastia ptolomaica
Período Romano
Ver artigo principal: História do Antigo Egipto
[editar] Primórdios

As duas faces da Paleta de Narmer (reprodução exposta no Royal Ontario Museum, Canadá).Em tempos recuados o Egipto foi uma savana. Quando se inicia o Neolítico, por volta de 6000 a.C., o território já tinha adquirido as características áridas que o caracterizam actualmente. As principais culturais do Neolítico no Egipto estão documentadas no Faium e em El-Omari (norte) e em Tasa e Mostagueda (sul).

O período pré-dinástico (período anterior às dinastias históricas) vê nascer no Alto Egipto três culturas: a badariense, a amratiense e gerzeense. Esta última civilização acabará por se estender a todo o Egipto. Nesta época produzem-se instrumentos de cobre e pedra, assim como uma cerâmica vermelha decorada com motivos geométricos e animais estilizados.

Teria sido Narmer, um rei do Alto Egipto, quem unificou as duas regiões por volta de 3100 a.C. Uma placa de xisto, conhecida como a Paleta de Narmer, comemora este evento. Um dos lados desta placa mostra Narmer usando a coroa do Alto Egipto (a coroa branca), enquanto que o outro lado mostra-o com a coroa do Baixo Egipto (a coroa vermelha) num cortejo triunfal. Narmer é identificado por alguns egiptólogos com Menés, nome pelo qual é designado o primeiro rei do Egipto na lista de Maneton.

[editar] Época Tinita
A Época Tinita corresponde às duas primeiras dinastias egípcias. De acordo com a informação transmitida por Maneton, o Papiro Real de Turim e a Lista Real de Abido o primeiro rei do Egipto unificado foi Menés, que alguns egiptólogos identificam com Narmer e outros com Aha.


Estela do rei Djet, I dinastia.Segundo Maneton estas dinastias tiveram como capital a cidade de Tis, cuja localização é até hoje desconhecida, embora se saiba que estaria no Alto Egipto. Porém, como revela a investigação, a capital do Egipto teria sido movida a certa altura para Mênfis.

Durante a I dinastia assistiu-se ao desenvolvimento da escrita hieroglífica. Os soberanos da Época Tinita dinastias lançaram as bases para a futura grandeza do Egipto, combatendo os Núbios (a sul), os Líbios (a oeste) e os Beduínos (a leste), populações que tinham como principal objectivo fixar-se no Egipto.

As manifestações artísticas deste período revelam já uma grande perfeição e o culto dos mortos e a mumificação já eram praticados. O culto da maior parte das divindades egípcias também se encontrado atestado.

[editar] Império Antigo e Primeiro Período Intermediário
Este período iniciou-se com a III dinastia, existindo algumas dúvidas quanto a quem terá sido o seu primeiro rei, se Sanakht ou Djoser (este último terá sido filho ou irmão do último rei da II dinastia).

A III dinastia manteve a capital em Mênfis, cidade que se transformou num grande centro económico e cultural.


Estátua de Menkaura, feita de alabastro, localizada no Museu de Belas Artes de Boston.O rei Djoser apoiou-se na sua acção governativa no vizir (uma espécie de "primeiro-ministro") Imhotep. Para além de vizir, Imhotep foi também arquitecto e muito mais tarde foi transformado em deus, considerado filho da divindade Ptah. Foi ele quem projectou a construção da denominada "pirâmide em degraus" em Sakara (embora do ponto de vista geométrico não se trata de uma pirâmide), necrópole na qual se situam a maioria dos túmulos reais do Império Antigo. Esta "pirâmide", com 61 metros e que resultou da sobreposição de seis mastabas, seria o primeiro passo na evolução de uma arquitectura cada vez mais grandiosa que atinge o seu apogeu durante a IV dinastia, com as Pirâmides de Guiza. Estava integrada num conjunto mais amplo, um santuário onde os sacerdotes realizavam os ritos funerários para o rei defunto.

A IV dinastia teve em Seneferu o seu primeiro rei que conduziu campanhas militares contra os habituais inimigos dos egípcios (Núbios, Líbios e Beduínos). Destas lutas resultou o domínio do Egipto sobre a Baixa Núbia. O segundo rei desta dinastia, Khufu, (Quéops) ordenou a construção da maior das três pirâmides de Guiza (Gizé), que possui cerca de 2,3 milhões de blocos de pedras e 146, 5 metros de altura (actualmente possui apenas 139 metros de altura). A construção das pirâmides encontrava-se dependente de um clima de paz e estabilidade. Ao contrário de uma ideia feita, que já se encontrava presente nos autores da Antiguidade, estas pirâmides não foram construídas por escravos, mas por trabalhadores desocupados durante o período de cheias do Nilo. Segundo as concepções da época, o rei era um intermediário entre os deuses e os seres humanos; assim participar na construção das pirâmides que abrigariam o corpo do rei era considerado como um acto de piedosa religiosa.

Na V dinastia ocorre a afirmação do clero de Heliópolis, cidade próxima de Mênfis, passando os reis a considerarem-se filhos do deus Rá. Este deus adquiriu grande importância e para ele foram construídos estruturas arquitectónicas conhecidas como templos solares, dos quais apenas foram descobertos dois, o de Userkaf e de Niuserré.

A VI dinastia, composta por sete soberanos (entre os quais possivelmente a primeira mulher a comandar o Egipto, Nitócris [4]) é geralmente considerada a última dinastia do Império Antigo. Durante a parte final da dinastia, e particularmente durante o longo reinado de Pepi II (que teria durado 94 anos), assiste-se a uma decadência do poder real. Os administradores das províncias, os nomarcas, tinham-se tornado bastante poderosos e independentes do poder central.

O Primeiro Período Intermediário assistiu à afirmação de duas dinastias rivais, a de Heracleópolis Magna (Baixo Egipto) e a de Tebas (Alto Egipto). As mudanças climáticas a que o território foi sujeito neste período, que tornaram o clima mais seco, provocaram fracas colheitas e a fome.

[editar] Império Médio

Cabeça de esfinge de Amenemhat III em alabastro (Museu do Louvre).Mentuhotep II, rei de Tebas, conseguiu reunificar o Egipto, fixando a capital em Tebas. Amenemhat I (ou Amenemés), inicia a XII dinastia, transladando a capital para Iti-taui (nome que significa "aquela que conquista o duplo país"), a sul de Mênfis. Constrói também fortalezas no delta e na região a oeste cujo objectivo era evitar os ataques estrangeiros. Progressivamente, os nomarcas perderam a sua autonomia local e submetera-se ao poder dos reis.

O sucessor de Amenemhat I, Senuseret I (Sesóstris), associado ao trono ainda durante a vida do seu pai, teve como preocupação assegurar o controlo das minas da Núbia. Amenemhat III, sexto rei da XII dinastia, ordenou a realização de grandes trabalhos na área do oásis do Faium, que se tornaria um importante centro agrícola. Em Hawara, perto deste óasis, Amenemhat mandou construir um grande templo funerário, que Heródoto considerava mais belo que as grandes pirâmides e que está hoje perdido devido à sua destruição. O último soberano desta dinastia foi uma mulher, Sebekneferu, a primeira mulher cujo governo do Egipto é atestado com segurança.

O Egipto do Império Médio manteve relações diplomáticas com Fenícia e com Creta, tendo também realizado expedições comerciais ao Punt.

A XIII dinastia, com dezassete faraós - o que revela uma certa instabilidade política - assistiu à tomada das fortalezas do sul do Nilo pela Núbia. Por volta de 1800 a.C. povos do Médio Oriente fixam-se na região oriental do Delta. Em consequência desta invasão os soberanos egípcios deixam o delta, a caminho do sul do país.

[editar] Segundo Período Intermediário
Os egípcios referiam-se aos povos semitas que se fixaram no delta como Heka-khasut, "chefes de terras estrangeiras". Estes povos são conhecidos pelo seu nome grego, Hicsos. Os Hicsos eram povos oriundos da região da Síria que progressivamente usurparam o poder, tomando o título de faraós. Dominaram o Egipto a partir da sua capital, Aváris, no nordeste do delta. A XV e XVI dinastias da história do Antigo Egipto foram constituídas por Hicsos.

Os Hicsos introduziram elementos novos na civilização egípcia como o cavalo, os carros de guerra, novos métodos de fiação e tecelagem e novos instrumentos musicais.

A XVII dinastia, sediada em Tebas, era uma dinastia nacional, contemporânea à dos Hicsos. Se de início se tornam vassalos dos Hicsos, aos poucos começam a expulsá-los.

[editar] Império Novo
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Mapa da extensão territorial máxima do Antigo Egito (século XV a.C.).Ahmés (ou Amósis), primeiro rei da XVIII dinastia, conclui a tarefa de expulsão dos Hicsos, dando início ao Império Novo. A reunificação do país foi realizada a partir da cidade de Tebas, que seria a capital do Egipto durante a maior parte deste período. Ahmés esforçou-se por melhorar a economia, tendo as fronteiras do país sido alargadas para oeste e para o sul. Este rei iniciou uma política expansionista e militarista que seria continuada pelos seus sucessores. Durante a XVIII Dinastia o Antigo Egipto controlaria territórios que compreendem o que é hoje o Sudão, bem como a região da Palestina e da Síria, até ao rio Eufrates.

Tutmés III, quinto rei desta dinastia, foi talvez o melhor representante desta tendência imperalista, com as suas dezassete campanhas militares na região da Síria-Palestina. Hatchepsut, a sua madrasta, tinha governado o Egipto na sua menoridade. Hatchepsut tinha sido esposa e meia-irmã de Tutmés II, pai de Tutmés III. De início a rainha opta por governar na qualidade de representante de Tutmés III, mas em poucos anos decide adoptar títulos reservados aos faraós (como "Senhora dos Dois Países"), mandando erguer dois obeliscos em Karnak (acto reservado aos faraós). Para legitimar o seu governo, Hatchepsut apresentou-se como filha de Amon, deus que se teria unido à sua mãe. Foram duas década marcadas em geral pela paz, com o envio de uma expedição ao Punt. Após a morte de Hatchepsut, Tutmés III dedicou-se a apagar as inscrições que continham o nome da madrasta. Foi sucedido pelo seu filho Amen-hotep II, que foi por sua vez sucedido por Tutmés IV. Amen-hotep III governou durante quarenta anos, numa era que seria marcada pela paz, prosperidade e pelo florescer das artes.


As quatro colossais estátuas de Ramsés II na entrada do templo de Abu Simbel.O seu filho, Amen-hotep IV, inicia uma revolução religiosa encaminhada no sentido do "monoteísmo", na qual o culto deveria ser reservado a Aton, o disco solar. Este faraó, cuja esposa foi a famosa Nefertiti, alterou o seu nome para Akhenaton ("O Esplendor de Aton") e abandonando Tebas, fixa-se numa nova capital mandada por si edificar, Akhetaton ("Horizonte de Áton"), a actual Amarna (por esta razão este conturbado período é designado como o "período de Amarna"). Os sucessores de Akhenaton, entre os quais o "faraó-menino" Tutankhamon, conhecido pelos tesouros do seu túmulo, abandonaram estas concepções religiosas, retornando às antigas.

Ramsés II, terceiro rei da XIX dinastia, entrou em guerra com os Hititas da Ásia Menor por causa do controlo da Síria. Na Batalha de Kadesh nenhuma das partes se consagrou vencedora, apesar das fontes egípcias apresentarem o episódio como uma vitória do país. O conflito foi terminado com um tratado de paz, o primeiro de que há conhecimento na história da humanidade. Os Egípcios e os Hititas dividem o controlo daquela região e Ramsés casa com uma das filhas do rei hitita. Foi também Ramsés II que ordenou a construção dos templos de Abu Simbel. Para aproximar-se de seus inimigos e dos territórios que pretendia dominar, Ramsés II mandou construir uma nova capital, perto do delta do Nilo. Esta magnífica cidade, a que Ramsés deu o nome de Pi-Ramsés, tinha uma incrível estrutura militar, com um grande quartel-general que abrigava, inclusive, cavalos para a guerra e um complexo industrial bélico que produzia todo o tipo de armas e também carros de batalha. Ramsés II também dispunha de uma rede de fortalezas e um exército profissional bem pago. Ramsés III, da XX dinastia, teve de combater a invasão dos Povos do Mar e dos Líbios, que conduziram o Egipto a um novo período de decadência. Os últimos reis da XX dinastia tiveram um papel apagado.

[editar] Terceiro Período Intermediário e Época Baixa

Por volta de 730 a.C., líbios vindos do oeste fragmentaram a unidade política do país.Durante o Terceiro Período Intermediário o Egipto é dominado por algumas dinastias de origem estrangeira. A partir da cidade de Tânis a XXI dinastia governou apenas o Delta, enquanto que no sul existia uma dinastia paralela composta pelos sumo sacerdotes de Amon. Os membros da XXII e XXIII dinastias são de origem líbia, embora já tivessem adoptado a cultura egípcia. No século VIII a.C., a região da Alta Núbia, o Kush, conquista o Egipto, onde instala um dinastia, a XXV.

Os Assírios acabariam por derrotar a dinastia núbia, impondo como rei Psametek I (primeiro soberano da XXVI dinastia), um princípe da cidade de Sais, no Delta. Contudo, Psametek acabará por se rebelar contra os Assírios, tendo reunificado o país. O último rei da XXVI dinastia, Psametek III, seria derrotado pelos Persas de Cambises II que ocupam o Egipto a partir de 525 a.C. e constituem a XXVII dinastia.

A invasão de Cambises ficou conhecida pela estratégia aplicada pelos persas: sabendo que os Egípcios tinham verdadeiro culto e temor aos gatos, Cambises colocou, a frente de cada linha de invasão, balaios repletos de gatos, que fizeram com que a população recuasse e não resistisse tanto à invasão.

[editar] Dinastia ptolomaica
Ver artigo principal: Dinastia ptolomaica
Em 332 a.C., Alexandre, o Grande conquistou o Egito com pouca resistência por parte dos Persas e foi saudada pelo egípcios como um libertador. A administração criada pelos sucessores de Alexandre, a Ptolomaica, foi baseada no modelo egípcio e teve como base a nova cidade de Alexandria. A cidade foi feita para mostrar o poder e o prestígio do Estado grego, e tornou-se um lugar de aprendizado e cultura, centrada na famosa Biblioteca de Alexandria.[5] O Farol de Alexandria iluminava o caminho dos muitos navios que passavam no mar mediterrâneo para estabelecer comércio com a cidade.


Um dos retratos de Fayum, uma das tentativas de unir as culturas egípcia e romana.A cultura grega não suplantou a cultura egípcia nativa, os Ptolomaicos mativeram as tradições egípcias em um esforço para garantir a lealdade da população. Eles construíram novos templos em estilo egípcio, apoiaram os tradicionais cultos e portaram-se como faraós. Algumas tradições foram fundidas, como aconteceu entre os deuses gregos e egípcios que foram sincretizados dando origem a outros deuses, como Serápis. Apesar dos esforços para apaziguar os egípcios, os Ptolomaicos foram contestadas por uma rebelião do povo nativo, por amargas rivalidades familiares, e por uma poderosa máfia de Alexandria, que tinha se constituído depois da morte de Ptolomeu IV.[6] A continuação das revoltas egípcias, políticos ambiciosos e poderosos oponentes sírios fizeram com que a situação ficasse instável, levando Roma a enviar forças para garantir que o país fosse uma província do seu império.[7]

[editar] Época Greco-romana
Ver artigo principal: Egito (província romana)
Em 404 a.C. os Egípcios conseguiram reconquistar o poder, mas os Persas tomam de novo o país em 343 a.C. Em 332 a.C. Alexandre Magno conquista o Egipto; quando morre, em 323 a.C., Ptolemeu, um dos seus generais, torna-se governador e em 305 a.C. rei. Ptolemeu, de origem macedónia, dá origem à dinastia dos Lágidas que governa o Egipto nos próximos três séculos. A última representante desta dinastia foi a famosa rainha Cleópatra VII, derrotada em 31 a.C. pelos Romanos na Batalha de Ácio. Em 30 a.C. o Egipto transformou-se numa província de Roma, administrada por um prefeito de origem equestre. Enquanto província, o Egipto teve uma importância fundamental para Roma, pois era do seu território que vinha o cereal do império.

[editar] Geografia

Imagem de satélite (SPOT) do Rio NiloO território no qual se desenvolveu a civilização do Antigo Egipto corresponde, em termos tradicionais, à região situada entre a primeira catarata do rio Nilo, em Assuão, e o Delta do Nilo. O Sinai, situado a leste do Delta do Nilo, funcionou como via de acesso ao corredor sírio-palestiniano, designação atribuída à faixa de terra que ligava o Egipto à Mesopotâmia. A oeste do Delta, surge o deserto da Líbia (ou deserto ocidental), onde se encontram vários oásis dos quais se destacam o de Siuá, Kharga, Farafra, Dakhla e Bahareia. O deserto da Árabia (ou deserto oriental), estende-se até ao Mar Vermelho. A sul da primeira catarata situava-se a Núbia, cuja cultura e habitantes já eram vistos como estrangeiros. Em diversos momentos, o Egipto ultrapassou a primeira catarata e tomou posse de territórios Núbios, onde obtinha diversas matérias-primas.

O território do Antigo Egipto não deve ser por isso confundido com o território da moderna República Árabe do Egipto, dado que esta se estende para sul da primeira catarata do Nilo até ao paralelo 22ºN e inclui partes dos deserto da Líbia e do deserto da Arábia, bem como a península do Sinai.[8]

Esta civilização desenvolveu-se graças à existência do rio Nilo, sem o qual o Egipto não seria diferente dos desertos que o cercam. Neste sentido, é bem conhecida a frase do historiador grego Heródoto (que visitou o Egipto em meados do século V a.C.), segundo a qual o Egipto era uma dádiva do Nilo, retomando o historiador uma afirmação anterior de Hecateu de Mileto.

Os dois afluentes principais do rio Nilo são o Nilo Branco (que nasce no Lago Vitória) e o Nilo Azul (oriundo dos planaltos da Etiópia). O Nilo corre de sul para norte, desaguando no Mar Mediterrâneo, com uma extensão aproximada de 6695 quilómetros. Todos os anos as inundações do rio, que se iniciavam no Egipto na segunda metade de Julho e terminavam em meados de Outubro, depositavam nas margens uma terra negra que fertilizava o solo e que permitiu a prática da agricultura (actualmente o fenómeno das inundações do Nilo já não existe no Egipto graças à construção da barragem de Assuão). Os Egípcios dependiam portanto deste rio e das inundações para a sua sobrevivência. Para além disso, o Nilo era a principal via de transporte, quer de pessoas, quer de materiais. Apesar da dependência do Nilo, o Antigo Egipto não deve ser considerado apenas um dom de condições geográficas especiais, como afirmou Heródoto, que talvez quisesse, com esta afirmação, explicar por que o Egipto já era uma grande civilização enquanto os gregos ainda viviam em aldeias isoladas. O ponto fundamental é que o Antigo Egipto também só existiu graças ao seu sistema de governo centralizado, que organizava a enorme mão-de-obra constituída pela massa de camponeses, e ao engenho de seus construtores, que, desde épocas remotas, edificaram barragens e canais de irrigação para tirar o máximo proveito das águas do Nilo.

[editar] Vale do rio Nilo

Vista aérea de um trecho do rio Nilo próximo a Luxor.O rio Nilo era a fonte de vida do povo egípcio, que vivia basicamente da agricultura.

No período das cheias, as fortes chuvas sazonais (junho a setembro), faziam o Rio Nilo transbordar, encobrindo grandes extensões de terras que o margeavam, mas também, este fenômeno fertilizava o solo ao depositar matéria orgânica (fertilizante de primeira qualidade) neste.

Além de fertilização do solo, o rio trazia grande quantidade de peixes e dava chances a milhares de barcos que navegavam sobre as águas fluviais.

Para o povo egípcio era uma verdadeira bênção dos deuses. Aliás, o próprio rio era tido como sagrado. O historiador antigo Herotodo fez conhecida a frase "o Egito é uma dádiva do Nilo" - ideia essa que causa a ilusão de que a prosperidade alcançada por esse povo se devia unicamente às condições naturais. Mas para o Egipto, o Nilo não era apenas um presente da natureza. Havia necessidade da inteligência, do trabalho, da aplicação e da organização dos homens. Após as cheias, as margens do rio ficavam cobertar por húmus - adubo natural, que dava ao solo a fertilidade necessária para o plantio. No tempo da estiagem, num trabalho de união de forças e de conjunto, os egípcios aproveitaram as águas do rio para levar a irrigação até terras mais distantes ou construir diques para controlar as cheias, protegendo o vale contra essas catástrofes terríveis. No período das cheias, os camponeses eram encaminhados para as cidades, onde realizavam outros trabalhos que não a agricultura.

Com as cheias, desapareciam as divisas das propriedades agrícolas. Assim, todos os anos era necessário o trabalho do homem para medir, calcular, e isso ocasionou o desenvolvimento da geometria e da matemática.

[editar] Embarcações no rio Nilo

Embarcação egípcia retratada no Túmulo de Menna.A área cultivada e habitada do Egipto é longa e muito estreita,e o Nilo percorre-a toda.Por isso,nos tempos em que não existiam estradas de ferro nem automóveis,o meio mais fácil e mais rápido de viajar e transportar cargas pesadas era através de embarcações de diversos tamanhos.Quando se tornava necessário efectuar uma viagem,os egípcios pensavam imediatamente em barcos.Até acreditavam que o Deus do sol,Rá,navegava através do céu,todos os dias,num barco do Nilo.O Nilo corre de sul para norte,mas o vento sopra,geralmente,no Egipto,de norte para sul.Portanto,um viajante que navegasse para norte,teria a corrente a seu favor.Isto facilitava o emprego dos remos,quase não precisaria servir-se das velas.Na viagem de regresso,o vento ajudá-lo-ia,de modo que poderia utilizar as velas.Mas,se o vento parasse,ver-se-ia em dificuldades para remar contra a corrente. Os barcos eram dirigidos por meio de remos especiais à proa.Os tamanhos das embarcações iam desde os pequenos barcos de junco até os grandes barcos mercantes de guerra.As barcaças elegantes fabricadas para o rei,e para os nobres,ou para transportar estátuas de deuses,eram pintadas com cores alegres e enfeitadas com ouro.Tinham confortáveis cabines e velas de cores berrantes.

[editar] O Alto Egipto e o Baixo Egipto

Mapa do Antigo EgiptoNo Antigo Egipto distinguiam-se duas grandes regiões: o Alto Egipto e o Baixo Egipto.

O Alto Egipto (Ta-chemau) era a estreita faixa de terra com cerca de 900 quilómetros de extensão que tradicionalmente começava em Assuão e terminava na antiga cidade Mênfis (perto da moderna Cairo).

O Baixo Egipto (Ta-mehu) correspondia à região do Delta, a norte de Mênfis, onde o Nilo se dividia em vários braços. Território plano favorável à caça e à pesca, foi aqui onde mais se fizeram sentir os contactos com o estrangeiro, sobretudo nos últimos séculos da história do Antigo Egipto. Também, por vezes, se distingue na geografia egípcia uma região conhecida como o Médio Egipto, que é o território a norte de Qena até à região do Faium.

[editar] Os nomes do Egipto
Ver artigo principal: Etimologia do Egipto
Os antigos Egípcios usaram vários nomes para se referirem à sua terra. O mais comum era Kemet, "a Terra Negra", que se aplicava especificamente ao território nas margens do Nilo e que aludia à terra negra trazida pelo rio todos os anos. Decheret, "a Terra Vermelha", referia-se aos desertos com as suas areias escaldantes, onde os egípcios só penetravam para enterrar os seus mortos ou para explorarem as pedras preciosas. Também poderiam chamá-la Taui ( "as Duas Terras", ou seja, o Alto e o Baixo Egipto), Ta-meri ("Terra Amada") ou Ta-netjeru ("A Terra dos Deuses"). Na Bíblia o Egipto é denominado Misraim. A actual palavra Egipto deriva do grego Aigyptos (pronunciado Aiguptos), que se acredita derivar por sua vez do egípcio Hetkaptah, "a mansão da alma de Ptah". Os habitantes actuais do Egipto dão o nome Misr ao seu país.

[editar] Demografia
Os Antigos Egípcios foram o resultado de uma mistura das várias populações que se fixaram no Egipto ao longo dos tempos, oriundas do nordeste africano, da África Negra e da área semítica.


Representação do povo hebreu no Antigo Egito por Edward Poynter (1867).A questão relativa à etnia dos antigos Egípcios é por vezes geradora de controvérsia, embora à luz dos últimos conhecimentos da ciência falar de raças humanas revela-se um anacronismo. Até meados do século XX, por influência de uma visão eurocêntrica, considerava-se os antigos Egípcios praticamente como brancos; a partir dos anos 1950 do século XX as teorias do "afro-centrismo", segundo as quais os Egípcios eram negros, afirmaram-se em alguns círculos.[9] Importa também referir que as representações artísticas são frequentemente idealizações que não permitem retirar conclusões neste domínio.

Os Egípcios tinham consciência da sua alteridade: nas representações artísticas dos túmulos os habitantes do vale do Nilo surgem com roupas de linho branco, enquanto que os seus vizinhos líbios e semitas com roupas de lã.

A língua dos Egípcios (hoje uma língua morta) é um ramo da família das línguas afro-asiáticas (camito-semíticas). Esta língua é conhecida graças à descoberta e decifração da Pedra de Roseta, onde se encontra inscrito um decreto de Ptolomeu V Epifânio (205-180 a.C.) em duas línguas (egípcio e grego) e em três escritas (caracteres hieroglíficos, escrita demótica e alfabeto grego). Em 1822 o francês Jean-François Champollion decifrou a escrita hieroglífica e a demótica que se encontravam na pedra, permitindo assim o acesso aos textos do Antigo Egipto e o começo da Egiptologia.

O número de habitantes do Antigo Egipto oscilou segundo as épocas. Durante o período pré-dinástico (4500-3000 a.C.) a população rondaria os centenas de milhares; durante o Império Antigo (século XVII a XII a.C.) situar-se-ia nos dois milhões, atingindo os quatro milhões por altura do Império Novo. Quando o Egipto se tornou uma província romana a população deveria ser cerca de sete milhões. Esta população habitava nas terras agrícolas situadas nas margens do Nilo, sendo escassas as populações que viviam no deserto. Ao contrário das civilizações da Mesopotâmia, o Antigo Egipto não desenvolveu uma importante rede urbana.

[editar] Governo
O topo da pirâmide política e social do Antigo Egipto era ocupado pelo rei ou faraó. O rei vivo era encarado como uma personificação do deus Hórus, enquanto que o rei morto que o tinha antecedido era associado a Osíris, pai de Hórus, independentemente de existir uma relação familiar entre soberanos. De uma maneira geral não se desenvolveu um culto em torno da pessoa do rei, com excepção de alguns monarcas do Império Novo. A partir da V dinastia os reis apresentam-se também como filhos de Rá, o deus solar. Durante o Primeiro Período Intermediário a imagem divina do rei enfraqueceu-se, tendo a mesma sido restaurada a partir da XII dinastia para atingir o seu apogeu na XVIII dinastia.

Em teoria o rei era dono de tudo, inclusive dos seus súbditos. Era o comandante supremo do exército, funcionando também como a máxima autoridade judicial: os Egípcios poderiam recorrer de uma decisão judicial ao rei. Era igualmente o sumo-sacerdote do Egipto, o elo entre os homens e os deuses. Como não era fisicamente possível ao rei estar presentar em todos os templos egípcios para celebrar os cultos, este delegava o seu poder religioso aos sacerdotes que conduziam as cerimónias em seu nome.


O faraó era geralmente representado usando símbolos da realeza e de poder.Embora existissem estas concepções "absolutistas" da figura do rei, este convivia com limitações ao seu poder, oriundas de conselheiros, funcionários, dos nobres, das famílias ricas, do clero e dos soldados, meios nos quais se teciam as intrigas políticas que poderiam conduzir ao assassinato de um rei e ao início de uma nova dinastia.

Para além do seu nome de nascimento, os reis egípcios tinham outros nomes. A partir da V dinastia a titulatura do reis incluía cinco nomes reais: nome de Hórus, nome das Duas Senhoras, nome de Hórus de Ouro, prenome e nome; estes dois últimos nomes eram inscritos no interior de uma cartela.

Os reis do Antigo Egipto são habitualmente denominados como "faraós", mas esta palavra, que deriva de per-aá, não foi a mais usada no Egipto para se referir ao monarca; os Egípcios usavam termos como nesu (rei) ou neb (senhor). O termo per aá, que significa "grande morada", aplicava-se de início ao palácio real; só a partir da XVIII dinastia é que o termo foi também usado para se referir à pessoa do rei e em larga medida por influência dos povos estrangeiros.

A rainha era denominada hemet nesut, "esposa do rei"; tinha em geral uma origem real, sendo por vezes irmã do rei, mas filha de outra mãe. Durante a época do Império Novo algumas rainhas consortes desempenharam um importante papel político junto dos esposos, como Ahmés-Nefertari, Tié ou Nefertiti. Habitualmente o filho mais velho da rainha principal sucedia ao pai.

O rei era detentor de uma estética própria, resultado do uso de certas roupas e de determinadas insígnias que lhe estavam reservadas. No queixo colocava uma barba postiça, delgada e rectangular (que a própria Hatchepsut, apesar de ser uma mulher, apresenta em algumas representações artísticas) e na cabeça usava um pano, o "nemes", à frente do qual encontrava-se uma serpente denominada uraeus que se acreditava poder repelir os seus inimigos. O soberano possuía várias coroas, vistas como objectos detentores de uma energia própria, sendo as mais importantes a coroa branca do Alto Egipto (hedjet) e a coroa vermelha do Baixo Egipto (decheret), que combinadas formavam o pschent ou coroa dupla. Para além das coroas, existiam os ceptros, dos quais se destacam o hekat (uma espécie de báculo) e o nekhakha (um látego). O faraó poderia ser simbolicamente representado como uma esfinge, e era associado a animais como a pantera, o leão e o boi.

A figura política mais importante ao seguir ao rei era o tjati, cargo habitualmente traduzido como "vizir", o que constitui um erro, visto que os vizires só surgem muito mais tarde e entre as dinastias islâmicas. O detentor do cargo, que surgiu a partir da IV dinastia, possuía poderes judiciais, supervisionava os grandes projectos de construção e aconselhava o rei. Em alguns períodos da história egípcia existiram dois tjati, um para o Alto Egipto e outro para o Baixo Egipto. O tjati era tido em grande consideração pela população, que se referia a ele como o "amigo do Egipto".

O Antigo Egipto dividia-se em nomos ou províncias (em egípcio, sepat). Durante a maior parte da história egípcia existiram 42 nomos, 20 no Baixo Egipto e 22 no Alto Egipto. À frente de cada nomo encontrava-se um governador (nomarca), cargo de início obtido por nomeação para passar a ser hereditário. Estes governadores, que em determinados períodos da história egípcia governavam um estado dentro do estado, cumprem as ordens do rei, conduzem os trabalhos públicos e aplicam a justiça.

[editar] Economia

Detalhe de pintura mural no túmulo do funcionário Sennedjem (XIX dinastia), c. 1200 a.C.A economia do Antigo Egipto assentava na agricultura. Em teoria todas as terras pertenciam ao rei, mas a propriedade privada foi uma realidade. Os documentos revelam que a partir da IV dinastia afirmou-se uma tendência para a privatização do solo, resultado de doações de terras por parte do rei aos funcionários ou da aquisição desta por parte dos mesmos. Por altura da V dinastia os templos possuíam também grandes propriedades.

Quando terminavam as inundações do Nilo surgiam nas aldeias egípcias uma equipa de funcionários que marcava as bordas das terras que poderiam a partir de então ser cultivadas pelos camponeses. A plantação decorria no mês de Outubro, sendo as sementes fornecidas aos agricultores pelo palácio real. As culturas mais importantes eram o trigo (tipo emmer) e cevada, que permitiam fazer o pão e a cerveja, alimentos que eram a base da alimentação egípcia.


Pintura mural de um túmulo retratando trabalhadores arando os campos, a colheita das culturas e a debulha de cereais sob a direção de um supervisor.Os agricultores lavravam a terra com um arado puxado por bois, abriam canais e levantavam diques. A época das colheitas ocorria em Abril, altura em que as espigas eram levadas para a eira, onde as patas dos bois as debulhavam. Uma vez separados os grãos da palha, estes eram colocados em sacas que eram enviadas para os celeiros reais. Estes celeiros armazenavam as colheitas que eram distribuídas pelos funcionários e pela população em geral.

A população que não trabalhava nos campos dedicava-se a várias tarefas como a produção de pão e mel, a fabricação de cerveja, a olaria e a tecelagem. A pesca era praticada ao anzol ou com rede.

O subsolo do Antigo Egipto era rico em materiais de construção, bem como em pedras preciosas. Entre os primeiros destacavam-se os granitos cor de rosa das pedreiras do Assuão, o alabastro das proximidades de Amarna, o pórfiro e os basaltos. As pedras preciosas eram extraídas do Sinai (turquesa e malaquite) e dos desertos do leste e do oeste (quartzo, feldspato verde, ametista e ágata).

Desde a época do Império Antigo que o Egipto tinha contactos comerciais com a região siro-palestinense (Biblos), de onde vinha a madeira, escassa e necessária no Egipto para fabricar o mobiliário e caixões. Da Núbia o Egipto exportava o ébano, as plumas de avestruz, as peles de leopardo, incenso, marfim e sobretudo o ouro. Todo o comércio estava baseado na permuta de bens, já que a moeda só surgiu muito mais tarde, na Lídia do século VIII ou VII a.C.

Também produzia: linho, papiro e legumes.

[editar] Sociedade

Estátua de um escriba sentado (IV dinastia, c. 2620-2500 a.C.)A sociedade do Antigo Egipto apresentava uma estrutura fortemente hierarquizada. Em termos gerais podem distinguir-se três níveis com uma importância decrescente: o nível composto pelo faraó, nobres e altos funcionários; o nível constituído por outros funcionários, por escribas, altos sacerdotes e generais; e por último, o nível composto pelos agricultores, artesãos e sacerdotes, onde se enquadrava a larga maioria da população.

No período mais antigo da história egípcia os altos cargos da administração permaneciam dentro da família real. Apenas mais tarde é que os cargos passaram para uma elite e tornaram-se hereditários. A possibilidade de ascender a um cargo em função de mérito também existiu. A hereditariedade nas ocupações era característica do Antigo Egipto: esperava-se que um filho seguisse a profissão do pai.

Apesar de ser praticamente igual ao homem do ponto de vista legal, a mulher no Antigo Egipto estava relegada a uma posição secundária. Os seus papéis principais eram os de esposa, mãe ou amante. Encontraram-se em geral excluídas dos cargos de administração e do governo, com excepção de algumas rainhas que governaram o Egipto como último recurso (enquanto regentes na menoridade do faraó ou em casos em que o faraó não teve filhos do sexo masculino).

Uma importante esfera de acção da mulher era a religiosa. Durante a Época Baixa o cargo de adoradora divina de Amon em Tebas implicou uma certa dose de poder e riqueza; porém, as mulheres que ocuparam este cargo foram em geral filhas ou esposas do faraó.


Um casal com o seu filho (IV Dinastia).O casamento era monogâmico e não era sancionado pela religião. Não existia uma cerimónia de casamento, nem um registro deste. Aparentemente bastava um casal afirmar que queria coabitar para que a união fosse aceite. Os homens casavam por volta dos dezesseis, dezoito anos e as mulheres por volta dos doze, catorze anos. A infidelidade feminina era mal vista e poderia ser motivo de divórcio. Os homem com uma posição económica mais elevada poderia ter, para além da esposa legítima (nebet-per, "a senhora da casa"), várias concubinas, o que era visto como um sinal de riqueza. A harmonia familiar era bastante valorizada pelos Egípcios: vários textos da literatura sapiencial recomendam o homem a tratar bem a sua esposa e a ter vários filhos.

Na corte faráonica existiram casos de bigamia e de poligamia, onde o rei, para além da esposa principal, mantinha várias esposas secundárias e amantes. Um dos casos mais conhecidos foi o de Ramsés II, que para além de ter tido como esposa principal Nefertari, teve outras mulheres; destas uniões teriam mesmo resultado 150 filhos.

Homens e mulheres usavam adornos, como pulseiras, anéis e brincos. Estes adornos continham pedras preciosas e frequentemente amuletos, dado que os Egípcios eram um povo supersticioso, que acreditava por exemplo na existência de dias nefastos. Os dois sexos usavam também maquilhagem, que não cumpria apenas funções estéticas, mas também higiénicas. As pinturas para os olhos eram de cor verde (malaquite) e negra. Óleos e cremes eram aplicados sobre o cabelo e a pele como forma de hidratação num clima seco e quente. Alguns egípcios rapavam completamente o cabelo (para evitar piolhos) e usavam perucas.

A escravatura não teve no Antigo Egipto a dimensão que alcançou em outras civilizações da Antiguidade, como na Grécia ou em Roma. Foi bastante expressiva no Império Novo, em resultado das campanhas militares egípcias na Ásia, das quais resultaram muitos prisioneiros. Os escravos poderiam trabalhar no exército, no palácio real e nos templos. As suas condições de vida não eram muito diferentes das dos trabalhadores livres; podiam arrendar terras e casar com mulheres livres. Um escravo poderia ser libertado a qualquer momento, bastando para tal uma declaração do dono perante testemunhas.

[editar] Hierarquia social
No topo da pirâmide vem o faraó, com poderes ilimitados. Isso porquê ele era visto como pessoa sagrada, divina, e aceito como filho de deus ou como o próprio deus. É o que se chama de governo teocrático, isto é, governo em nome de deus.

Faraó era um rei todo-poderoso, proprietário de todo o território. Os campos, os desertos, as minas, os rios, os homens, as mulheres, o gado e todos os animais – tudo lhe pertencia. Ele era ao mesmo tempo rei, juiz, sacerdote, tesoureiro, general. Era ele que decidia e dirigia tudo, mas, não podendo estar em todos os lugares, distribuía obrigações para centenas de funcionários que o auxiliavam na administração do Egito. A sagrada figura do faraó era elemento básico para a unidade de todo o Egito. O povo via no faraó a sua própria sobrevivência e a esperança na felicidade.
Sacerdotes tinham enorme prestígio e poder, tanto espiritual como material, pois administrava as riquezas e os bens dos grandes e ricos templos. Eram também os sábios do Egito, guardadores do segredos das ciências e dos mistérios religiosos com seus inúmeros deuses.

O faraó representava a própria vida do Egito, sendo o top da hierarquia da nação. Era o deus vivo, adorado e reverenciado. Na foto estátua de Tutmés III, no Museu Egípcio do Cairo.Altos funcionários, o mais importante era o vizir, responsável pela administração do imperio. Ele controlava a arrecadação de impostos, chefiava a policia, fiscalizava as construções e as obras públicas, alem de presidir o mais alto tribunal de justiça e ser o comandante-em-chefe das tropas.
Nomarcas eram administradores das províncias ou nomos. Assumiam funções importantes em suas províncias, como as de juizes e chefe político e militar, mas estavam subordinados ao poder de faraó.
Soldados defendiam o reino e auxiliavam na manutenção de paz. Eram respeitados pelo faraó e pela sociedade. Tinham direito a vários benefícios, o que lhes garantia prestigio e riquezas.
Escribas, provenientes das famílias ricas e poderosas, aprendiam a ler e a escrever e se dedicavam a registrar, documentar e contabilizar documentos e atividades da vida no Egito.
Artesãos e os comerciantes. Os artesãos trabalhavam especialmente para os reis, para a nobreza e para os templos. Faziam belas peças de adorno, utensílios, estatuetas, máscaras funerárias. Travalhavam muito bem com madeira, cobre, bronze, ferro, ouro e marfim. Já os comerciantes se dedicavam ao comércio em nome dos reis e nobres ou em nome próprio, comprando, vendendo ou trocando produtos com outros povos, como cretenses, fenícios, povos da Somália, da Síria, da Núbia, entre tantos outros. O comércio forçou a construção de grandes barcos cargueiros.
Camponeses formavam a maior parte da população. Os trabalhos dos campos eram organizados e controlados pelos funcionários do faraó, pois todas terras eram do governo. As enchentes, os trabalhos de irrigação, semeadura, colheita, armazenamento dos grãos originavam trabalhos pesados e mal remunerados. O pagamento geralmente era feito com uma pequena parte dos produtos colhidos e apenas o suficiente para sobreviverem. Viviam em cabanas humildes e vestiam-se de maneira muito simples. Os camponeses prestavam serviços também nas terras dos nobres e nos templos. O Egito era essencialmente agrícola, pois não sobrava terra e vegetação suficiente para criar muitos rebanhos. À custa da pobreza dos camponeses eram cultivados cevada, trigo, lentilhas, árvores frutíferas e videiras. Faziam pão, cerveja e vinho. O Nilo oferecia peixes em abundância.
Escravos eram, na maioria, perseguidos entre os vencidos nas guerras.
[editar] Mulheres
A situação das mulheres no Egito é claramente resumida no papel que lhes é atribuído na decoração mais antiga de túmulos. No cimo da hierarquia está a esposa, ou, por vezes, a mãe, do proprietário do túmulo, vestida de forma simples mas elegante, sentada comodamente com o marido a uma mesa de oferendas, numa estátua de grupo ou numa porta falsa. Por vezes, ela acompanha o marido quando este observa cenas de trabalho, mas é com mais frequencia representada quando o casal apresenta oferendas, podendo esta distinção indicar que o lugar dela era em casa. No outro extremo encontram-se cenas ou estatuetas de ervas e de mulheres ocupadas em trabalho servis, fazendo pão e cerveja, fiando ou tecendo. Também estas são atividades sedentárias, provavelmente levadas a cabo nos aposentos domésticos de uma casa ou propriedade. A cor da pele das mulheres, amarela, indica, entre outras coisas, uma menor exposição ao sol do que o vermelho dos homens e, por isso, uma existência mais fechada - como acontece com burocratas masculinos de sucesso.

É possível que não fosse seguro às mulheres aventurarem-se a sair. Num texto póstumo, Ramsés III afirma: "Tornei possível à mulher egípcia seguir o seu caminho, podendo as suas viagens prolongar-se até onde ela quiser, sem que qualquer outra pessoa a assalte na estrada", o que implica não ter sido sempre este o caso.


Detalhe de pintura mural do túmulo de Nebamun que mostra dançarinas e uma instrumentista. Museu Britânico, c. 1350 a.C.Nos túmulos mais antigos as mulheres estão ausentes dos trabalhos mais importantes e das diversões mais agradáveis, mas também não têm de realizar as tarefas mais duras. Os homens, por exemplo, fazem vinho, o que é mais árduo do que fazer cerveja. Para além das cenas de tocadoras de instrumentos e de dançarinas muito acrobáticas, o papel das mulheres nos períodos mais antigos parece ter sido muito modesto, embora isso possa ser devido a não podermos interpretar integralmente as fontes. No Império Novo as mulheres passaram a ter uma importância muito maior, o seu vestuário a ser mais esmerado e o conteúdo erótico das cenas em que são representadas mais definido, se bem que ainda muito codificado. O período tardio regressa praticamente ao antigo decoro.

As mulheres não tinham quaisquer títulos importantes e, à exceção de alguns membros da família real e das rainhas reinantes, tinham pouco poder político. O título que detinham mais vulgarmente era o de "senhora da casa", termo de respeito que talvez signifique pouco mais do que "Srª Dona". Quase todas eram analfabetas e, portanto, excluídas da burocracia - a que é, de qualquer modo, pouco provável que tivessem aspirado - e da maior parte das áreas intelectuais da cultura. Fato sintomático do atrás referido é o de a idade a sensatez serem qualidades respeitadas nos homens, representados como estadistas idosos e corpulentos, mas não as mulheres. Nas representações dos túmulos não se distingue sequer a mãe de um homem da sua mulher, sendo ambas figuras jovens. O modo como são representadas as mulheres é, obviamente, parte da interpretação que os homens faziam delas e evidência um estado de coisas ideal. Na realidade, a influência das mulheres talvez não fosse tão circunscrita e podem ter desempenhado papéis muito mais variados do que as provas parecem sugerir.

As estruturas familiares, por exemplo, parecem extremamente simplificadas. As normas da decoração de túmulos e estelas não deixam qualquer espaço para a viúva ou viúvo, o divorciado, os homossexuais ou para qualquer desvio em relação à monogamia - e, no entanto, sabe-se que todos eles ocorreram. Há uma história que conta o romance entre um rei e um oficial do exército e há episódios homossexuais no mito de Hórus e de Seth. Nos Impérios Antigo e Médio havia alguma poligamia e o rei podia ter muitas mulheres, embora apenas uma - para além da mãe, se ainda fosse viva - tivesse o título de "grande esposa do rei".

[editar] Cultura
[editar] Religião
Ver artigos principais: Religião no Antigo Egito, Antiga religião egípcia.

Pendente em ouro de Osorkon II (XXII dinastia). O deus Osíris (ao centro) acompanhado pelo seu filho Hórus e esposa, Ísis, formando uma tríade.Não existiu propriamente uma religião entre os Egípcios, no sentido contemporâneo da palavra (a própria palavra "religião" não existia na língua egípcia).

A cultura egípcia era impregnada de religiosidade e a versão oficial da história egípcia era de caráter religioso. Em períodos mais recentes, até a própria economia se organizava à volta dos templos - o que não significa, necessariamente, que se tivesse tornado mais religiosa, já que os templos não eram, possivelmente, muito diferentes de outros senhorios. fosse como fosse, o que é claro é que o padrão de secularização, que temos tendência a tomar por certo no desenvolvimento das sociedades, não estava presente. A instituição central da monarquia acabou por perder o seu carisma, mas noutros aspectos tornou-se, de forma nítida, em vários aspectos: o oficial, de que sabemos bastante, a esfera funerária, que está também bem representada, e as práticas cotidianas da maioria da população, separadas, em larga medida, do culto oficial e mal conhecidas.

A religião egípcia é tradicionalmente classificada como uma religião politeísta, conhecendo-se mais de duas mil divindades. Tratava-se de uma religião nacional, sem aspirações universais, que não era detentora de uma escritura sagrada. O mais importante na religiosidade egípcia não eram as crenças, mas o culto às divindades; assim, a religião egípcia preocupava-se mais com a ortopraxia do que com a ortodoxia. Alguns deuses eram adorados localmente, enquanto que outros assumiam um carácter nacional, sobretudo quando estava associados com determinada dinastia.


O Livro dos Mortos, um conjunto de textos que ajudavam o morto na sua viagem pelo mundo subterrâneo.Os deuses eram ordenados e hierarquizados em grupos. O agrupamento básico era em três deuses, em geral um casal e o seu filho ou filha (tríade). Assim, por exemplo, a tríade da cidade de Tebas era composta por Amon, Mut e Khonsu. Os agrupamentos de divindades mais importantes foram a Enéade de Heliópolis e a Ogdóade de Hermópolis, que eram acompanhados por um relato sobre a criação do mundo.

As representações dos deuses poderiam ser antropomórficas (forma humana), zoomórficas (forma de animal) ou uma combinação de ambas. Contudo, os Egípcios em momento algum acreditaram, por exemplo, que o deus Hórus, muitas vezes representado com um homem com cabeça de falção, tivesse de facto aquele aspecto. A associação dos deuses com determinados animais relacionava-se com a atribuição ao deus de uma característica desse animal (no caso de Hórus a rapidez do falcão).


Estátua Ka, uma espécie de alma que os egípcios acreditavam que existia, tanto nos homens, como nos deuses.Os templos no Antigo Egipto eram a morada da divindade na terra. Ao contrário dos templos religiosos de hoje em dia, eles não eram acessíveis às pessoas comuns: apenas poderiam penetrar nas suas regiões mais sagradas, o faraó e os sacerdotes. Cada templo era dedicado a uma divindade e dentro dele achava-se a estátua dessa divindade guardada no naos; diariamente a estátua era lavada, perfumada, maquilhada e alimentada pelos sacerdotes. Em determinadas alturas do ano, a estátua saía do templo numa procissão, à qual a população assistia; durante o percurso actuavam músicos e cantores.

Os Egípcios acreditaram numa vida para além da morte. Em princípio esta vida estava apenas acessível ao rei, mas após o Primeiro Período Intermediário esta concepção alargou-se a toda a população. Para aceder a esta vida era essencial que o corpo do defunto fosse preservado, razão pela qual se praticou a mumificação.

Segundo crenças egípcias, para se conseguir a vida eterna, o morto deveria mostrar que não tinha pecados. Então, seu coração era colocado numa balança, tendo de se equilibrar com a "pena da verdade". Caso tivesse sucesso, o morto seria julgado puro. Caso não, seria levado à destruição eterna.

[editar] Morte e cerimônias fúnebres

Máscara funerária de Tutancâmon (Museu Egípcio do Cairo).Os egípicios acreditavam que o ser humano era formado por Ka (o corpo) e por Rá (a alma). Para eles, no momento da morte, a alma (Rá) deixava o corpo (Ká), mas ela podia continuar a viver no reino de Osíris ou de Amon-Rá. Isso seria possível somente se fosse conservado o corpo que devia sustentá-la. Daí vinha a importância de embalsamar ou mumificar o corpo para impedir que o mesmo se descompusesse. Para assegurar a sobrevivência da alma, caso a múmia fosse destruída, colocava-se no túmulo estatuetas do morto.

O processo de mumificação acontecia da seguinte maneira: o sacerdote abria o corpo do morto ao meio tirando seus órgãos moles (os órgãos que apodrecem rápido). Depois cortava o nariz de forma que pudesse retirar o cérebro com um gancho especializado. O sacerdote colocava dentro do corpo do morto alguns medicamentos. Após todo o ritual, o sacerdote amarrava uma espécie de pano que ajudava a conservar o corpo.


Anúbis era o deus egípcio associado a mumificação e rituais fúnebres; aqui, ele atende a uma múmia.Dentro das pirâmides ficavam os bens do morto. Os egípcios colocavam nas pirâmides tudo que eles achavam que poderiam reutilizar na outra vida (móveis, jóias, etc). O túmulo era como uma habitação de um vivo, com móveis e provisões de alimentos. As pinturas das paredes representavam cenas do morto à mesma, na caça e na pesca. Eles acreditavam nos poderes mágicos dessas pinturas, pois achavam que a alma do morto se sentia feliz e serena ao contemplá-las. A alma do morto comparecia ao Tribunal de Osíris, onde era julgada por suas obras, para ver se podia ser admitida no reino de Osíris.

Os antigos egípcios também acreditavam que os túmulos eram moradias de eternidade. Para melhor proteger os corpos, as múmias eram colocadas em sarcófagos bem fechados. Os faraós, os nobres, os ricos e alguns sacerdotes construíam grandes túmulos de pedras para garantir a proteção dos corpos contra ladrões e profanadores, aqueles que invadem lugares sagrados ou câmaras funerárias. Eram feitos para garantir a longa espera no tempo até que a alma voltasse para a vida. Assim foram construídas mastabas, pirâmides e hipogeus ricamente adorados.

[editar] Ciência

Uma página do Papiro Ebers, uma espécie de enciclopédia médica egípcia.Não se pode falar em ciência no Antigo Egipto (e em geral na Antiguidade) tendo como referência o conceito actual. O conhecimento entre os antigos Egípcios estava associado aos escribas, às classes sacerdotais e aos templos. Numa parte destes encontravam-se as "Casas de Vida" (Per Ankh), nome dado a uma área do templo que funcionava como biblioteca e arquivo, onde também se ministravam conhecimentos e se copiavam os textos de carácter médico, astronómico e matemático. Tendo em vista que a religião era um dos pontos no qual assentava a civilização do Antigo Egipto, a sua influência estende-se e mistura-se com a esfera do saber, que não surgia como autónoma.

A medicina foi a disciplina que mais se desenvolveu entre os egípcios, sendo famosa na Antiguidade, em particular entre os Gregos. A classe médica dividia-se entre médicos do povo e médicos reais; alguns médicos trabalhavam como clínicos gerais, enquanto que outros eram especialistas em determinada área. As escolas médicas mais famosas eram as das cidades de Heliópolis e a de Sais. Os remédios eram compostos por vários elementos, na maioria oriundos do reino vegetal, mas recorria-se também a elementos que do ponto de vista contemporâneo parecem estranhos, como os excrementos dos animais, o sangue de lagarto, dente de porco ou pó de natrão. Eram aplicados sob a forma de poção, pílula ou em cataplasma.

No campo das matemáticas, os egípcios utilizavam um sistema de cálculo baseado na mão (cinco dedos). A partir daqui vinham as dezenas, dando origem à numeração decimal que se tornaria a base da aritmética egípcia. Calcularam a superfície dos rectângulos e o volume da esfera, dando a pi o valor de 3,14. Conhece-se hoje em dia esta matemática graças ao Papiro Rhind e ao Papiro de Moscovo.

[editar] Literatura
Ver artigo principal: Literatura do Antigo Egipto

A Pedra de Roseta, artefato que permitiu aos linguistas traduzir os hieróglifos egípcios[10]De uma forma geral, as obras literárias do Antigo Egipto eram anónimas; a literatura do Antigo Egipto inclui textos de carácter religioso (como os hinos às divindades), mas igualmente obras de natureza mais secular, como textos sapienciais, contos e poesia amorosa.

Datam da época do Império Antigo os primeiros textos de literatura sapiencial, um género que consistia numa reflexão dos "sábios" (vizires, escribas) sobre a vida, pretendendo transmitir determinados ensinamentos e apelando à prática de certas virtudes (moderação, justiça, o respeito aos pais…); deste género destaca-se o Ensinamento de Ptah-hotep, que em trinta e seis máximas expõe as reflexões do seu autor (um vizir) sobre as relações humanas.

Do Primeiro Período Intermediário salienta-se a Profecia de Ipuver, onde autor aborda a decadência política e moral do Egipto durante esta era.

Do Império Médio destacam-se os contos, como as Aventuras de Sinué e o Conto do Náufrago. A primeira obra foi provavelmente o texto literário mais popular entre os egípcios, tendo em conta a grande quantidade de cópias do texto que se conhecem. Relata as aventuras do herói homónimo que foge do Egipto para a região da Síria-Palestina antes de regressar ao seu país, onde é acolhido na corte de Senuseret III. Para alguns investigadores algumas destas histórias de aventuras podem ter influenciado a literatura árabe, em concreto os relatos sobre as aventuras do marinheiro Simbad.

Durante o Império Novo surge a poesia amorosa, com temas de paixão e erotismo presente nos textos do Papiro Cester Beatty I, do Papiro Harris 500 e num fragmento do Papiro de Turim. Akhenaton cultiva a literatura religiosa, com hinos dedicados a Aton. Prossegue a tradição da literatura sapiencial, com o Ensinamento de Anii e o Ensinamento de Amenemope.

[editar] Arte
Ver artigo principal: Arte do Antigo Egipto

Busto de Nefertiti.A arte do Antigo Egipto esteve fundamentalmente ao serviço da religião e da realeza. Esta arte obedeceu a cânones precisos ao longo dos seus três mil anos de existência, sendo desvalorizada a inovação.

Uma das regras mais importantes seguidas pelos artistas era a lei da frontalidade, segundo a qual na figura humana o tronco era representado de frente, enquanto que a cabeça, pernas, pés e olhos de perfil.

Do Império Antigo notabilizaram-se as pirâmides, mas também deve ser realçado o baixo-relevo e a pintura que já na época possuíam um elevado grau de perfeição. O Império Novo corresponde à era mais brilhante da arte, fruto da riqueza do Egipto durante este período. São desta época os templos de Karnak e Luxor e os túmulos escavados nas falésias do Vale dos Reis.

Durante o período de Amarna, que corresponde às inovações religiosas de Akhenaton, os artistas rompem com as antigas convenções e aproximam-se de uma arte que almeja o realismo, com representações de afecto entre membros da família real. O próprio Akhenaton é mostrado de uma forma diferente, com o crânio alongado e uma silhueta efeminada; não se sabe ao certo se esta particularidade na representação do faraó seria uma nova tendência artística ou o resultado de algum tipo de deformação congénita de Akhenaton. Foi no "atelier" do escultor de Akhenaton, Tutmés, que foi encontrado em 1912 o famoso busto de Nefertiti, uma obra inacabada.

As formas da arte figurativa egípcia - escultura, relevo e pintura - adquiriram caráter inconfundível por volta do início do período dinástico. Ao mesmo tempo que o nível das formas de arte decorativa e funcional, tais como obras de pintura de motivos, manufatura de vasos de pedra, escultura de marfim, mobiliário e trabalho em metal, era muito elevado, a arquitetura evoluía rapidamente de então em diante, continuando a desnvolver-se com o domínio de novos materiais e a introdução de novas formas. Desde o início, as obras de arte de vários gêneros constituem o mais importante legado do antigo Egito, legado este extraordinariamente homogêneo. As alterações na arte ao longo dos diferentes períodos refletem as alterações na sociedade clarificam-nas, embora a arte procure a sua inspiração mais noutra arte do que no mundo. A arte egípcia é superficialmente abordável, mas a outro nível, é muito estranha à arte ocidental.

Muito poucas obras egípcias foram criadas como "arte pela arte". Todas tinham uma função, ou como objetos de uso diário, ou, o que é mais comum entre os que se conservam, num contexto religioso ou funerário. Tem-se dito, por vezes, que não deviam ser designadas por "arte", mas não existe necessariamente contradição entre o caráter artístico de um objeto e a sua função. Poder-se-ia dizer que a qualidade artística de um objeto é o elemento estético adicional ao seu carater funcional. O estatuto da arte eípcia como "arte" no espírito dos egípcios era de grau diferente do da arte ocidental aos olhos dos ocidentais, mas não existe diferença fundamentais em espécie. De fato, os gêneros egípcios e ocidentais assemelham-se extraordinariamente. No Egito, tal como na sociedade ocidental, a arte é um importante foco de prestígio.


Estátua de Menkauré e Khamerernebti II, no Museu de Belas Artes de Boston.A escultura foi marcada pela escolha de materiais resistentes, como o basalto,o pórfiro, xisto, diorito e o granito. Algumas estátuas serviram um objectivo político, sendo colocadas diante dos templos para que o povo as visse, mas tinha sobretudo um objectivo religioso. Exprimem de uma maneira geral uma posição fixa, com os braços colados ao corpo (as estátuas egípcias influenciaram as estátuas gregas mais antigas sobre jovens, conhecidas como kouros). As estátuas que se achavam nos túmulos eram consideradas como uma espécie de corpo de substituição; o ka e o ba deveriam reconhecer o rosto onde habitavam, não sendo por isso relevante representar os defeitos do corpo. Algumas estátuas atingiam proporções grandiosas, como a Esfinge do planalto de Guiza e os Colossos de Memnon. Saliente-se ainda a invenção da "estátua-cubo" pelos Egípcios, na qual apenas a cabeça emerge do bloco de pedra.

A óbvia semelhança estilística entre a escultura, o relevo e a pintura baseiam-se, em parte, em técnicas que lhes são comuns. ondem existir razões mais fundamentais para os rígidos exitos da escultura, uma vez que esta característica se encontra quase tão espalhada pelo mundo como a representação a duas dimensões, sem perspectiva, mas tais razões não são claras. Qualquer que seja a resposta a esta pergunta mais geral, a continuidade e o desenvolvimento paralelo das duas formas são notáveis.

Quase todas as estátuas mais importantes representam uma figura que olha em frente, numa linha perpendicular ao plano dos ombros e cujos membros estão restringidos dentro dos mesmos planos. A maior parte das vezes encontra-se em repouso, sem estar ocupada em nenhuma atividade. A interação orgânica das partes do corpo quse não é indicada, de modo que as estátuas se assemelham a um "diagrama" a duas dimenões, formando um algomerado de partes separadas. A analogia sugere que este pode ser um aspecto básico da representação e não um elemento de estilo. Parte da semelhança entre os gêneros é devida à dependência da escultura em relação ao desenho, numa versão modificada da representação egípcia normal, a duas dimensões.

As principais exceções à geometria rígida são as cabeças que olham para cima, talvez para ver o sol, ou para baixo, como as estátuas de escribas, para olharem para um papiro desenrolado no colo. As figuras ajoelhadas, têm, por vezes, os músculos das pernas refletidos mostrando, ao que parece, que a sua pese é um gesto momentâneo da deferência. Pormenores como este, e leves indicações da coerência orgânica do corpo, são restritos às melhores obras, em que a rigidez normal é tomada como certa e suavizada, provavelmente por razões estéticas. Existem também algumas obras pequenas, sobretudo de madeira e de finais de 18ª dinastia, que se afastam das regras, representando rotações e contraposto, e mantendo apenas vestígios dos conjuntos normais de eixos de definição. Estas são importantes porque mostram que as formas estritas não eram as únicas de que os Egípcios dispunham.


Pintura de Nefertari no seu túmulo.Nas artes parietais, o baixo-relevo e a pintura andam frequentemente associados. Durante o Império Médio o baixo-relevo surge pintado, enquanto que no Império Novo a pintura tornou-se uma arte autónoma. Os temas mais frequentes da pintura são os retratos de família, as batalhas, os deuses e as paisagens. A cor desempenhava nela uma função informativa: os corpos masculinos são pintados a vermelho-acastanhado e os femininos a amarelo.

É interessante notar que, quando homens comuns são retratados perto de divindades como o faraó, seus olhos são pintados para os lados, e não para a frente, uma vez que a figura sagrada do deus não poderia ser encarada de frente.

Em duas e em três dimensões, a base do trabalho do artista era o desenho preparatório. utilizavam-se grelhas quadradas e conjuntos de linhas de orientação, de modo a assegurar uma representação exata. Para o corpo humano, as grelhas baseavam-se, até à 26ª dinastia, num quadrado do tamanho do punho da figura a desenhar, que se relaciona proporcionalmente com todas as outras partes do corpo. Em teoria, a grelha tinha de ser desenhada de novo para cada figura de tamanho diferente, mas, na prática, as figuras de menos importância eram talvez, muitas vezes, desenhadas livremente. Os desenhos preliminares eram inscritos dentro das grelhas e transformados no produto final por um processo de correção e laboração, em váras fases. É evidente que os artistas trabalhavam em grupos, sendo, provavelmente, especializados em tarefas que realizavam.

[editar] Arquitetura
Ver artigo principal: Arquitetura do Egito Antigo

Templo de Abu Simbel, um dos maiores exemplos da arquitetura do Egito antigo.A arquitetura do Egito antigo inclui algumas das estruturas mais famosas do mundo: a região dos Grandes Pirâmides de Gizé e os templos em Tebas. Vários projetos foram organizados, contruídos e financiados pelo Estado para fins religiosos e comemorativos, mas também para reforçar o poder do faraó. Os antigos egípcios eram contrutores qualificados, usando ferramentas simples mas eficazes e instrumentos de observação, os arquitetos egípcios podiam construir grandes estruturas de pedra com exactidão e precisão.[11]

As habitações da elite e de outras classes sociais egípcias foram construídas com materiais perecíveis, tais como tijolos barro e madeira e, consequentemente, não sobreviveram ao tempo. Camponeses viviam em casas simples, enquanto os palácios da elite eram estruturas mais elaboradas. Os poucos palácios sobreviventes do Império Novo, como aqueles em Malkata e Amarna, mostram paredes e pisos ricamente decorados com cenas de pessoas, animais, sacerdotes e desenhos geométricos.[12] Estruturas importantes, como templos e túmulos, destinados a durar para sempre, foram construídas de pedra, em vez de tijolos.

[editar] Pirâmides
Ver artigo principal: Pirâmides do Egito

A Grande Esfinge e as pirâmides de Gizé, erguidas durante o Império Antigo.No antigo Egito foram construídas centenas de pirâmides. As três grandes estão incluídas entre as Sete Maravilhas do Mundo antigo. Até hoje as pirâmides oferecem alguns mistérios para a nossa mente. Assim a moderna engenharia não conseguiu ainda explicar como foi, naquela época, conseguiu-se trazer blocos de pedras de 2 a 10 ou mais toneladas vindas de longe até o deserto onde se encontram as pirâmides. Mais complicado ainda se torna explicar como conseguiram carregar pedras sobre pedras até uma altura de 146 metros (a altura da grande pirâmide de Quéops). Outro segredo é explicar porquê as pirâmides foram construídas tendo seus lados rigorosamente voltados para os quatro pontos cardeais. Atualmente, milhares de pessoas no mundo inteiro acreditam num misterioso poder de concentração de energia e conservação dentro das pirâmides. Assim, não se estragariam determinadas coisas perecíveis que fossem colocadas no seu interior, na posição ocupada pela câmara do rei.

Para isso, com auxílio de uma bússola, é preciso orientar as bases de uma pirâmide na posição dos pontos cardeais. Acredita-se, também, em curas ou melhoras de saúde através do uso de uma pirâmide de cor azul (frequencia de cor com propriedades curativas) para isso, a pirâmide usada deve ter o mesmo ângulo da construção da pirâmide original, localizada no Egito e durante a aplicação no local doente, ela deve estar voltada para o norte geografico.

[editar] Templos

Templo de Luxor.Os templos egípcios não eram como as igrejas de hoje. Eram grandiosos, de dimensões enormes, com um portão imponente e amplos pátios abertos. Eram sustentados por gigantescas colunas. Ao fundo ficava a estátua do deus local e nas laterais um pequeno número de outros deuses. Nas fachadas, estátuas colossais dos faraós que mandaram construir os templos. No interior dos templos viviam numerosos sacerdotes, com cabeça raspada e vestidos com um túnica. Do antigo Egito sobraram as ruínas de dois grandiosos templos, os de Lúxor e Karnak.

[editar] O legado do Antigo Egipto

O Dr. Zahi Hawass é o atual secretário geral do Conselho Supremo de Antiquidades do Egito.Apesar da civilização egípcia ter terminado há dois mil anos, parte do seu legado continua vivo no mundo actual.

Os Egípcios possuíam um calendário de 365 dias e doze meses e já dividiam o dia em vinte e quatro horas. Algumas palavras da língua portuguesa, como alquimia, química, adobe, saco, papel, gazela e girafa, têm origens na língua egípcia. De igual forma, certas expressões, como "anos de vacas magras", são também de origem egípcia. As crianças do Antigo Egipto já brincavam a "macaca", tal como o fazem as crianças de hoje em dia, e os adultos apreciavam um jogo de tabuleiro, conhecido como Senet.

A nível arquitectónico, estão presentes no mundo contemporâneo certos elementos da arquitectura do Antigo Egipto como o obelisco, que os Egípcios consideravam como um raio do sol petrificado. Ele está presente em várias cidades mundiais, como Buenos Aires ou no Monumento de Washington nos Estados Unidos da América. Outras cidades possuem mesmo obeliscos que foram trazidos do Antigo Egipto (Place de la Concorde em Paris, Praça de São Pedro no Vaticano…). A construção piramidal, associada ao Antigo Egipto, encontra-se também em edifícios como a Pirâmide do Louvre de Paris ou o Luxor Hotel de Las Vegas.

Alguns símbolos da alquimia são de origem egípcia, como a serpente ouroboros e a ave fénix. O papiro dos egípcios foi o antepassado do papel dos nossos dias.

Mas será porventura no domínio da religião e da espiritualidade que o legado do Antigo Egipto está mais presente. Embora já não se veja na experiência religiosa de Akhenaton um monoteísmo puro nascido antes do monoteísmo dos Hebreus, não deixa de ser curiosa a semelhança entre versos do Grande Hino a Aton escrito por Akhenaton com o salmo 104 da Bíblia. Os Egípcios acreditavam na necessidade de levar uma vida pautada por uma conduta ética de modo a assegurar uma vida no Além, um conceito presente em várias religiões dos nossos dias. O relato da morte e ressureição do deus Osíris, lembra a própria morte e ressureição de Jesus Cristo, no qual assenta o cristianismo. A Igreja Copta, que reúne a maioria dos cristãos do Egipto, usa como símbolo a cruz ansata ou ankh, símbolo da vida no Antigo Egipto. Segundo Heródoto, os sacerdotes egípcios praticavam a circuncisão e dedicavam alguns dias do ano ao jejum, dois elementos que estão presente em religiões como o judaísmo e o islão. Para além disso, os movimentos esotéricos e ocultistas tem também o Antigo Egipto como referência, apropriando-se de elementos e símbolos desta civilização.

[editar] Ver também
Esportes do antigo Egito
Portal:Egiptologia
[editar] Referências e notas
↑ Este artigo tem como referência, em relação aos nomes de lugares e de pessoas, a grafia adoptada na obra Dicionário do Antigo Egipto, dir. Luís Manuel de Araújo. Lisboa: Editorial Caminho, 1999. ISBN 972-21-1447-6.
↑ "Fronteiras" em Dicionário do Antigo Egipto, dir. de Luís Manuel de Araújo, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p. 383
↑ Ian Shaw e Paul Nicholson, "Borders, frontiers and limits" em The Dictionary of Ancient Egypt, Nova Iorque, Harry N. Abrams, Inc. Publishers, 1995, p. 55
↑ Alguns egiptólogos, como Christian Jacq, consideram que na época da I dinastia terá existido uma "rainha-faraó", Meritneit
↑ Shaw (2002) p. 405
↑ Shaw (2002) p. 418
↑ James (2005) p. 62
↑ Kathryn Ann A Bard e Steve Blake Shubert, Encyclopedia of the Archaeology of Ancient Egypt, Routledge, 1999, p. 1
↑ The Question of Race in ancient Egypt, Dygital Egypt for Universities
↑ Allen (2000) p. 13
↑ Clarke (1990) pp. 94–7
↑ Badawy (1968) p. 50
[editar] Bibliografia
BARD, Kathryn Ann A.; SHUBERT, Steve Blake - Encyclopedia of the Archaeology of Ancient Egypt. Routledge, 1999. ISBN 0-415-18589-0
GRIMAL, Nicholas - A History of Ancient Egypt. Blackwell Publishers, 1994. ISBN 0-631-19396-0
JACQ, Christian - O Egipto dos Grandes Faraós. Porto: ASA, 1999. ISBN 972-41-2046-5.
HAGEN, Rainer; HAGEN, Rose-Marie - Egipto: Pessoas, Deuses, Faraós. Taschen, 2005. ISBN 3-8228-2093-8
LEVEQUE, Pierre - As Primeiras Civilizações - Volume I: Os Impérios do Bronze. Lisboa: Edições 70, 1998. ISBN 972-44-0574-5
SHAW, Ian (editor) - The Oxford History of Ancient Egypt. Oxford University Press, 2002. ISBN 0-19-280293-3
TAVARES, António Augusto - Civilizações Pré-Clássicas. Lisboa: Universidade Aberta, 1995. ISBN 972-674-141-6.
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