terça-feira, 11 de setembro de 2012

GIORDANO BRUNO

Giordano Bruno

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Giordano Bruno
Nascimento1548
Nola
Morte17 de fevereiro de 1600
Roma
Influências
Influenciados
Principais interessesFilosofia e Cosmologia
Giordano Bruno (Nola, Reino de Nápoles, 1548 [1]Roma, Campo de Fiori, 17 de fevereiro de 1600) foi um teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano condenado à morte na fogueira pela Inquisição romana (Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício) por heresia. É também referido como Bruno de Nola ou Nolano.[2]

Índice

 [esconder

[editar] Notas biográficas

[editar] Origem

Filho do militar Giovanni Bruno e Fraulissa Savolino,[carece de fontes?] seu nome de batismo era Filippo Bruno.[1] Adotou o nome de Giordano quando ingressou na Ordem Dominicana, aos 15 anos de idade.[1]

[editar] Formação

No seminário, estudou Aristóteles e Tomás de Aquino, predominantes na doutrina Católica da época, doutorando-se em Teologia. Suas ideias avançadas atraíram perseguições. Em 1576 foi acusado de heresia, levado a Roma para ser julgado. Poucos meses depois, abandonou o hábito[1] e em 1579 deixou a Itália.[3] Iniciou, então, o período de peregrinação de sua vida. Em Gênova, ainda em 1579, aparentemente, adotou o Calvinismo, o que negou mais tarde, ao ser julgado em Veneza.[1] Foi excomungado pelos calvinistas e expulso de Gênova.[1] Viajou sucessivamente para França (Toulouse, Paris[1]), Suíça e Inglaterra.[3]Em Londres, onde permaneceu de 1583 a 1585, esteve sob a proteção do embaixador francês, e frequentou o círculo de amigos do poeta inglês Sir Philip Sidney. Em 1585, Bruno retornou a Paris, indo em seguida para Marburg, Wittenberg, Praga, Helmstedt e Frankfurt, onde conseguiu publicar vários de seus escritos. Recebeu influências de culturas diversas. Culto e dotado de grande sagacidade, Bruno desenvolveu ideias inovadoras e muito avançadas para sua época, que misturavam neoplatonismo místico e panteísmo. Dentro do humanismo renascentista, Bruno defendia o infinito cósmico e uma nova visão do homem. Embora a filosofia da sua época estivesse baseada nos clássicos antigos, com destaque para Aristóteles, Bruno teorizou veementemente contra eles. Sua forma e seu conteúdo são muito semelhantes aos de Platão, escrevendo na forma de diálogos e com a mesma visão.
Por tudo isso, é considerado um precursor da filosofia moderna, tendo influenciado decisivamente o filósofo holandês Baruch de Espinoza e o pensador alemão Gottfried Wilhelm von Leibniz.

[editar] Prisão, julgamento e execução

Giovanni Mocenigo (1558-1623), membro de um das mais ilustres famílias venezianas, encontrou Bruno em Frankfurt em 1590 e convidou-o para ir a Veneza, a pretexto de ensinar a mnemotécnica, a arte de desenvolver a memória, em que Bruno era perito. Segundo Will Durant (História da Civilização, volume VII), Bruno estava há muitos anos na lista dos fora da lei pela Inquisição, ansiosa por prendê-lo por suas doutrinas subversivas, mas Veneza gozava da fama de proteger tais foragidos e o filósofo sentiu-se encorajado a cruzar os Alpes e regressar. Como Mocenigo quisesse usar as artes da memória com fins comerciais, segundo alguns, ou para prejudicar seus concorrentes e inimigos, conforme outros, Bruno negou-se a lhe ensinar. Segundo Durant, Mocenigo, católico piedoso, assustava-se com "as heresias que o loquaz e incauto filósofo lhe expunha", e perguntou a seu confessor se devia denunciar Bruno à Inquisição. O sacerdote recomendou-lhe esperar e reunir provas, no que Mocenigo assentiu; mas quando Bruno anunciou seu desejo de regressar a Frankfurt, o nobre denunciou-o ao Santo Ofício. Mocenigo trancou-o num quarto e chamou os agentes da Inquisição para levarem-no preso, acusado de heresia. Bruno foi preso no San Castello no dia 23 de maio de 1592.
O Julgamento de Giordano Bruno pela Inquisição Romana. Relevo em bronze por Ettore Ferrari, Campo de' Fiori, Roma.
No último interrogatório pela Inquisição do Santo Ofício, não abjurou e, no dia 8 de fevereiro de 1600, foi condenado à morte na fogueira. Obrigado a ouvir a sentença ajoelhado, Giordano Bruno teria respondido com um desafio: Maiori forsan cum timore sententiam in me fertis quam ego accipiam ("Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la").[4]
A execução de sua sentença ocorreu no dia 17 de fevereiro de 1600. Na ocasião teve a voz calada por um objeto de madeira posto em sua boca.[5]

[editar] Ideário

Ao contrário do que se pensa comumente, Giordano Bruno não foi queimado na fogueira por defender o heliocentrismo de Copérnico.
Um dos pontos chaves de sua cosmologia é a tese do universo infinito e povoado por uma infinidade de estrelas, como o Sol, e por outros planetas, nos quais, assim como na Terra, existiria vida inteligente.[6] Sua perspectiva se define a partir das idéias de Nicolau da Cusa, Copérnico e Giovanni Battista della Porta.
As suas ideias sobre a relatividade anteciparam as de Galileu[7][8]: num universo infinito, qualquer perspectiva de qualquer objeto é sempre relativa à posição do observador, há infinitos referenciais possíveis e não existe nenhum privilegiado em relação aos demais.[9] Além de defender a existência de planetas extrassolares,[9] pode ter introduzido algumas idéias do que seria depois a Teoria da Evolução de Darwin[6]
Segundo John Gribbin, em seu livro Science: A History (1543-2001), Bruno filiou-se ao hermetismo, baseado em escrituras egípcias, da época de Moisés. Entre outras referências, esse movimento utilizava os ensinamentos atribuídos ao deus egípcio Thoth, cujo equivalente grego era Hermes (daí hermetismo), conhecido pelos seguidores como Hermes Trimegistus. Bruno teria abraçado a teoria de Copérnico porque ela se encaixava bem na idéia egípcia de um universo centrado no sol.
Deus seria a força criadora perfeita que forma o mundo e que seria imanente a ele. Bruno defendia a crença nos poderes humanos extraordinários, e enfrentou abertamente a Igreja Católica e seus preceitos.[2]

[editar] Filosofia

Em 1591, em Frankfurt, Giordano Bruno escreveu, em latim, dois poemas sobre a mônada: "Do triplo mínimo" (De triplici minimo) e "Da mônada, do número e da figura" (De monade, numero et figura). Ele chama de mínimo ou mônada uma entidade indivisível que constitui o elemento mínimo das coisas, tanto materiais como espirituais. A mônada, que corresponde ao ponto nas matemáticas e ao átomo na física, é esse ser primitivo, indestrutível, de natureza tanto corporal como espiritual, que engendra, por meio de relações recíprocas, a vida do mundo. É uma individualização extrínseca da divindade: tendo existência finita, ela é um aspecto da essência infinita. Deus, sendo o mínimo e o máximo, é a mônada suprema de onde provém eternamente uma infinidade de mônadas inferiores.
Giordano Bruno foi o grande defensor da ideia de infinito.[10]
"Nós declaramos esse espaço infinito, dado que não há qualquer razão, conveniência, possibilidade, sentido ou natureza que lhe trace um limite." (Giordano Bruno, Acerca do Infinito, o Universo e os Mundos, 1584).

[editar] Obras

Monumento erguido em 1889 por círculos maçônicos italianos, no local onde Giordano Bruno foi executado. Campo de Fiori, Roma, Itália. Bronze por Ettore Ferrari.
  • De umbris idearum, 1582
  • Cantus Circaeus, 1582
  • De compendiosa architectura, 1582
  • Il Candelaio, 1582
  • Ars reminiscendi, 1583
  • Explicatio triginta sigillorum, 1583
  • Sigillus sigillorum, 1583
  • Le ombre delle idee, 1582
  • La cena de le ceneri, 1583
  • De l’infinito universo e mondi, 1584
  • De la causa, principio e uno, 1584
  • Spaccio de la Bestia Trionfante, 1584
  • Cabala del Cavallo Pegaseo, 1585
  • Gli eroici furori, 1585
  • Figuratio Aristotelici Physici auditus, 1585
  • Dialogi duo de Fabricii Mordentis Salernitani, 1586
  • Idiota triumphans, 1586
  • De somni interpretatione, 1586
  • Animadversiones circa lampadem lullianam, 1586
  • Lampas triginta statuarum, 1586
  • Centum et viginti articuli de natura et mundo adversus peripateticos, 1586
  • Delampade combinatoria Lulliana, 1587
  • De progressu et lampade venatoria logicorum, 1587
  • Oratio valedictoria, 1588
  • Camoeracensis Acrotismus, 1588
  • De specierum scrutinio, 1588
  • Articuli centum et sexaginta adversus huius tempestatismathematicos atque Philosophos, 1588
  • Oratio consolatoria, 1589
  • De magia, 1591
  • De vinculis in genere, 1591
  • De triplici minimo et mensura, 1591
  • De monade numero et figura, 1591
  • De innumerabilibus, immenso, et infigurabili, 1591
  • De imaginum, signorum et idearum compositione, 1591
  • Summa terminorum metaphisicorum, 1595
  • Artificium perorandi, 1612

[editar] Obras disponíveis na Internet

Aviso importante: verifique as licenças antes de distribuir.

[editar] Bibliografia em língua portuguesa

  • Bruno, Giordano. Sobre o infinito, o universo e os mundos. São Paulo: Abril Cultural, 1992.
  • Bruno, Giordano. Acerca do infinito, do universo e dos mundos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.
  • Bruno, Giordano. Castiçal, Caxias do Sul: Educs, 2010.
  • Bruno, Giordano. A ceia de Cinzas, Caxias do Sul: Educs, 2012.
  • Bombassaro, Luiz Carlos. Giordano Bruno e a filosofia na Renascença, Caxias do Sul: Educs, 2008.
  • Ordine. Nuccio. O umbral da sombra. São Paulo: Perspectiva, 2006.
  • Reale, G. & Antiseri, D. - História da Filosofia, Volume II, Ed.Paulus, São Paulo, 1990.
  • Yates, F. A. - Giordano Bruno e a Tradição Hermética, Ed. Cultrix, São Paulo, 1988.
  • Bossy, John, Giordano Bruno e o Mistério da embaixada, Ediouro, 1993, 272p.
  • West, Morris L., O Herege, Record, 1969, 195p.

[editar] Bibliografia em outros idiomas

[editar] Filmografia

Referências

  1. a b c d e f g Enciclopédia Católica, Giordano Bruno
  2. a b Bombassaro, Luiz Carlos. Giordano Bruno e a filosofia na Renascença, Caxias do Sul: Educs, 2008
  3. a b Ingegno, Alfonso (2004). Introduction. In de Lucca, R and Blackwell, RJ. Giordano Bruno's Cause, Principle and Unity & Essays on Magic, pp. vii-xxix. Cambridge Texts on History of Phylosophy. Cambridge: Cambridge Press. ISBN 0-521-59359-X.
  4. Singer, Dorothea Waley, Giordano Bruno, His Life and Thought, New York, 1950, ch. 7. O texto menciona um relato feito em carta por Gaspar Schopp de Breslau, convertido ao Catolicismo e protegido do Papa Clemente VIII. É considerado certo que o autor do relato esteve presente ao julgamento de Giordano Bruno.
  5. "II Sommario del Processo di Giordano Bruno, con appendice di Documenti sull'eresia e l'inquisizione a Modena nel secolo XVI", edited by Angelo Mercati, in Studi e Testi, vol. 101; o objeto de madeira posto na boca de Giordano Bruno é descrito como una morsa di legno.
  6. a b The Harbinger. Giordano Bruno
  7. MOURÃO, Ronaldo Rogerio de Freitas Explicando a Teoria da Relatividade
  8. Princípio da relatividade de Galileu
  9. a b Bruno, Giordano. Dell'Infinito
  10. BARACAT FILHO, Antonio Abdala O Infinito segundo Giordano Bruno. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2009.

[editar] Artigos relacionados

Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Giordano Bruno

[editar] Ligações externas

Commons
O Commons possui multimídias sobre Giordano Bruno
Wikipedia-pt-hist-cien-logo.pngPortal de história da ciência. Os artigos sobre história da ciência, tecnologia e medicina.


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