Platão e a Ciência Política
"Ele foi o primeiro e talvez o último, a sustentar que o estado deve ser governado não pelos mais ricos, os mais ambiciosos ou os mais astutos, mas pelos mais sábios."
Percy Shelley
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| Os tempos duros vieram com Zeus | |
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Apelando para o mito da destruição e reconstrução do cosmo, Platão descreveu no seu diálogo "Político", num primeiro momento, a Era de Cronos, o tempo, e sua transição para a Era de Zeus, o seu filho (quando a Idade de Ouro dos homens esfumara-se nos pretéritos). A seguir, tratou dos humanos nascidos neste novo período pós-Paraíso, quando eles perceberam que os tempos eram outros, que desaparecera a harmonia que havia outrora entre eles e os animais, que os bichos não só perderam a fala, como tornaram-se hostis e ferozes, obrigando os homens a se organizarem em grandes grupos, fechados em regimes políticos, para poderem sobreviver à crescente selvageria dos tempos de Zeus.
Todos se consideram aptos
Para Platão, o primeiro e fundamental problema da política é que todos os homens acreditam-se capacitados para exercê-la, o que lhe parece um grave equívoco, pois ela resulta de uma arte muito especial. Distingue então três tipos de artes: 1 - aquelas que ele chama de auxiliares (que podemos classificar como as de ordem técnica, como o artesanato, a marinhagem, o pastoreio, etc...); 2 - em seguida vem as artes produtoras (o plantio, a tecelagem, o comércio, etc..), e por último: 3 - a arte de saber conduzir os homens, que seria a política propriamente dita, superior a todas as outras.
A Política é Tecelagem
Para melhor ilustrar o seu ponto de vista, recorre a uma comparação: a atividade do político, disse ele, assemelha-se à da tecelagem. Nada mais é do que a arte da vestimenta, o que implica na escolha do tecido, das peças que devem ser costuradas à mão, e da armação final, pois seu objetivo maior é dar segurança e abrigo, da mesma forma que um trajo protege das intempéries e assegura os pudores. Por isso, o político deve desenvolver habilidades tais como saber cardar e fiar, porque um dos seus afazeres maiores é conseguir misturar o tecido maior e melhor com o menor e o pior (isto é, encontrar o equilíbrio entre os fortes e poderosos e os mais fracos e indefesos).
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