domingo, 28 de novembro de 2010

6221'- LÍNGUAS DO URUGUAI

por MICHAEL T. JUDD

Michael T. Judd foi missionário no Uruguai com a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias; lá ele viveu por algum tempo em Rivera e Artigas, cidades que fazem fronteira com Quaraí e Santana do Livramento, Rio Grande do Sul. Judd tem Mestrado em Lingüística Hispânica (2006), Bacharelado em Ensino de Espanhol, com uma especialização menor em Português e Inglês como Segunda Língua pela Universidade de Brigham Young, em Provo, Utah, Estados Unidos. A sua tese de mestrado foi “As origens e a identificação dos dialetos mistos ao longo da fronteira brasileira e uruguaia: uma revisão dos estudos da lingüística de contato”. Michael Judd é originalmente de Madison, New Jersey, e atualmente mora em Spanish Fork, Utah








O dialeto fronteiriço do Uruguai:
origens, investigações e oportunidades [1]


[Tradução: Eva Paulino Bueno]



O Uruguai, um dos menores países da América do Sul, antigamente era considerado um país monolíngüe. Mas quando os lingüistas começaram a estudar e descrever o espanhol do Uruguai na metade do século passado, eles perceberam uma significante hibridização que havia ocorrido em toda a região norte, que faz fronteira com o Brasil. Uma mudança na dominação lingüística do português ao espanhol teve lugar somente depois da independência do Uruguai, devido ao estabelecimento de povoados ao longo da fronteira, o que deu origem ao padrão de fala fronteiriço geralmente identificado atualmente como portuñol, fronterizo, ou DPU (dialetos portugueses do Uruguai).

A realidade do contato lingüístico é de fato não a influência do português na língua espanhola, mas a influência do espanhol numa base bem estabelecida de português. A pesquisa sobre o resultante dialeto da fronteira tem sido limitada a uns poucos pesquisadores que o estudaram da perspectiva da dialetologia, do contato de línguas, da lingüística geográfica, da fonologia, da morfologia, da sintaxe e da lexicografia. Estudos em sociolingüística também foram feitos para melhor entender-se e avaliar-se a situação lingüística. Neste artigo, vamos dar um resumo breve da história da região focalizando na questão do contato entre o português e o espanhol, e na emergência deste fascinante dialeto misturado que é falado nessa região da fronteira brasileira e uruguaia. A terminologia escolhida para descrever este dialeto misturado também será esclarecida, assim como também discutiremos as áreas de sua influência e uso. E, finalmente, falaremos da avaliação dos estudos feitos até hoje e de idéias para mais oportunidades de pesquisa nesta área.

História da região

Alma Pedretti de Bolón (1983) enfatizou a conexão entre história e língua quando ela escreveu, “a história de uma língua vai indissoluvelmente unida à história do povo que a fala” (p. 19). Elizaincín et al. (1987) também afirmou o seguinte em relação a este dialeto fronteiriço: “será inútil tentar entender uma situação tão complexa como esta que estudamos sem um marco mínimo de referência histórico-sociológico [sic] (p. 10). Tendo todas estas considerações em mente, e a fim de entender a interação entre as duas línguas e os povos que as falam, é necessário rever a história do passado, remontando às disputas entre a Espanha e Portugal quando houve a descoberta do Novo Mundo.

Padres jesuítas vindos da Espanha e estabelecendo-se no começo do século XVII, foram alguns dos primeiros europeus a habitar a vasta e luxuriante região que veio a constituir o Rio Grande do Sul, e partes do Paraguai, Argentina, e Uruguai. No entanto, apesar da sua presença física na região, eles tiveram pouco impacto na realidade lingüística da área. De acordo com Fuertes Álvarez (1964), “os jesuítas pouco influenciaram na língua... porque, ao invés de fazerem os índios estudarem espanhol, eram eles que aprendiam o guarani” (p. 362).

Os portugueses arrojadamente fundaram a Colônia do Sacramento em 1680. A colônia estava localizada diretamente do outro lado do Rio de la Plata, em frente a Buenos Aires, e pretendia desafiar o poder e a autoridade da Espanha na região. Tratados continuaram a estabelecer e restabelecer fronteiras territoriais ao norte e leste do território conhecido como a Banda Oriental, que é hoje o país Uruguai. Embora as novas fronteiras tenham empurrado o português para mais longe, elas não conseguiram fazer nada para reduzir o desejo de Portugal de anexar esta região aos seus domínios.

Em 1816, Portugal anexou toda a Província Oriental do Uruguai sob o nome de Província Cisplatina. Este estado de coisas durou até 1828, quando a nação do Brasil (independente de Portugal desde 1822), finalmente reconheceu a independência da República Oriental do Uruguai. Esta ocupação portuguesa-brasileira representou um aumento no número de colonizadores brasileiros em todo o Uruguai. Rona (1965) explica o efeito desta ocupação da seguinte maneira:

[Esta] invasão portuguesa... trouxe consigo um notável incremento da colonização portuguesa até os últimos confins meridionais, nas margens do Rio de la Plata. Obtida a independência definitiva, esta corrente colonizadora não decaiu, mas terminou por povoar com portugueses e brasileiros todo o norte do Uruguai. Portanto, a base étnica, e em conseqüência, a lingüística, de toda esta zona é portuguesa, não espanhola. (p. 8)

A presença do português brasileiro ao longo desta fronteira recém-estabelecida se tornou um assunto de grande preocupação. Então, com “uma consciência clara... de que [era] necessário ‘defender’ a língua espanhola” (Elizaincín, 1984, p. 94), o Parlamento Uruguaio fundou, entre 1853 e 1862, um número de colônias rivais na fronteira, incluindo Santa Rosa (agora Bella Unión), Cuareim (agora Artigas), Treinta y Tres, Villa Artigas (agora Rio Branco), e Villa Ceballos (agora Rivera).

A educação foi usada como um instrumento para promover o nacionalismo uruguaio e, especificamente, para espalhar o espanhol como a língua nacional do Uruguai. José Pedro Varela (1845-1879), um educador muito influente naquele tempo, deu testemunho sobre a influência dominadora do Brasil no norte. Como foi observado por Elizaincín (1992 a), Varela alegou que “o Brasil... domina com seus súditos... quase todo o norte da República: em toda esta zona, até o idioma nacional já se perdeu [itálicos adicionados], já que é o português a língua falada com mais freqüência” (p. 99). Devido ao fato de que a população da fronteira era majoritariamente brasileira, Elzaincín sabiamente esclarece a situação lingüística apontada por Varela: “O idioma espanhol não se falou mais que esporadicamente, e desta forma hoje soa um pouco ingênua a firmação de Varela... por isto não pode haver-se perdido o que nunca foi definitivamente afirmado” (p. 1000). Elizaincín (1984) afirma que “diversas medidas tomadas no campo demográfico, populacional e educativo foram inserindo mais o espanhol nas zonas em que o português sempre havia estado, por assim dizer” (p. 94).

A construção de escolas para neutralizar a dominação lingüística do português brasileiro nas comunidades da fronteira aconteceu principalmente entre 1867 e 1878, mas a preocupação com o aprendizado da língua nacional continua até hoje. Inúmeros cidadãos brasileiros moram, trabalham, e compram terra no Uruguai devido a uma fronteira extremamente permeável entre os dois países. Mas, por outro lado, os dados mostrando o estabelecimento de uruguaios no Rio Grande do Sul e no Brasil não são claros.

A comunicação com as comunidades da fronteira continuou sendo irregular e difícil até o meio do século passado. De acordo com Rona (1963), “a estrada de Montevidéu a Rocha se abriu somente em 1940, e a de Rivera somente em 1953 (p. 204). As cidades da fronteira então cresceram juntas com pouco contato com as cidades mais importantes do interior dos seus respectivos países e, portanto, “as cidades ao longo da fronteira são gêmeas e constituem virtualmente, em cada caso, uma cidade única” (p. 204). A fronteira entre muitas destas cidades gêmeas não mais do que uma rua comum que mostra a bandeira brasileira em um lado e a uruguaia do outro. Rivera e Santana do Livramento tipificam tais cidades. Em outras comunidades gêmeas, a fronteira nacional é simplesmente um riacho ou um rio cuja travessia é facilitada por uma ponte, como é o caso de Artigas e Quaraí.

Resumindo, é aparente, como explicou Elizaincín (1984), que “a história do espanhol na zona interior do Uruguai é, na verdade, um exemplo de luta constante com o português” (p. 93). Mas, uma vez mais, como Elizaincín et al. (1987) esclarece, “não se trata de uma influência do português sobre o castelhano (já que não havia aqui nenhuma população hispânica antes da chegada e estabelecimento dos brasileiros), mas, ao contrário, da influência do castelhano sobre uma base portuguesa” (p. 8). Os colonos uruguaios com a sua cultura, herança e língua espanholas, viram a necessidade de confrontar a influência da língua portuguesa e da cultura brasileira opostas dentro de suas próprias fronteiras políticas.

Se a população brasileira falante do português já estava bem estabelecida na fronteira antes que os nacionalistas uruguaios falantes de espanhol começaram a se estabelecer em números significativos na mesma área, então nós temos que aceitar que o dialeto de fronteira, ou fronterizo, começou a se desenvolver e a emergir nos últimos 150 anos. Além do mais, se a difusão da língua portuguesa era aparente em 1853, é uma pena que mais que um século tivesse que passar antes que lingüistas tais como Rona, encontrassem a fala da fronteira e começassem a identificá-la e descrevê-la. Como o fronterizo é considerado uma anomalia lingüística, esta falta de atenção deve ser devido a preconceito lingüístico, visões puristas, ou mesmo atitudes prescritivas, tais como as de José Pedro Varela e outros legisladores da política lingüística que promoviam o nacionalismo naquele tempo.

Identificação do dialeto da fronteira
Uma revisão da literatura sobre este dialeto revela que o primeiro lingüista a descrever a situação lingüística al longo da fronteira brasileira-uruguaia foi José Pedro Rona. Suas descobertas foram comunicadas no “I Congresso Brasileiro de Dealetologia e Etnografia” em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, que teve lugar de 1 a 7 de setembro de 1958 (publicado em 1963). Neste primeiro estudo, Rona (1963) observa que o dialeto que se havia formado na fronteira é “uma mescla de português e espanhol, mas que não é nem português nem espanhol e o resultado é que freqüentemente não é compreensível nem para os brasileiros nem para os uruguaios” (p. 208). Rona também parece ter sido o primeiro a anotar um nome para o dialeto. Ele escreveu, “[este] dialeto intermediário recebe aqui [na fronteira] o nome de ‘dialeto fronteiriço’” (p. 202). Fronteiriço ainda é usado como um termo de referência até hoje.

Apesar da aceitação geral do termo fronteiriço, Elizaincín e outros encontraram uma designação alternativa para este dialeto. O termo que veio a ser preferido (Elizaincín, 1984) é dialetos portugueses do Uruguai (abreviado como DPU). Elizaincín et al. (1987) explicam como e por que eles preferem o termo DPU a fronteiriço. Inicialmente, o termo dialeto “se justifica por ser, talvez o mais neutro de todos no sentido diatópico, mais ou menos tradicional, forma de falar peculiar de uma determinada zona do território nacional” (p. 13). Em segundo lugar, o plural dialetos têm um significado importante porque “responde a nossa visão do fenômeno como uma situação intricamente variável” (p.13). Finalmente, o adjetivo portugueses explica que “se trata de formas mistas de base preponderantemente portuguesa, as quais, entretanto evidenciam a forte influência do espanhol” (Elizaincín net al., 1987, p. 14).

De acordo com Elizaincín et al. (1987), as designações mais comuns desta fala da fronteira ou, em outras palavras, “as formas como os próprios falantes as reconhecem” (p. 12) são carimbão, basano, brasilero, and portuñol. Os dois primeiros termos “somente se conhece[m] em algumas zonas rurais do departamento nortista de Tacuarembó; não [são] portanto designação comum em toda a zona fronteiriça” (p. 12). Brasilero é definido como “a forma mais neutra no estrato popular” (p. 13), e portuñol “e caracterizado como “a designação mais neutra que se escuta dos membros cultos da comunidade urbana (p. 12). Estes autores essencialmente rejeitam o termo fronteiriço porque, na sua opinião, “a designação é demasiado ampla: na realidade qualquer linguagem que surja e se use em uma fronteira é um ‘fronterizo’” (p. 13), e não o incluem como um dos termos usados pela população natura em geral para referir-se a esta particular forma de fala.

Geografia do dialeto da fronteira

Rona (1965) chegou à conclusão que “a verdadeira fronteira lingüística entre o espanhol e o português se encontra no Uruguai” (p. 8). Entretanto, em relação à existência de uma fala singular na fronteira, ele explica, “quando examinamos a zona de encontro destas duas línguas, observamos a ausência total de uma linha divisória bem demarcada” (Rona, 1963, p. 202). De acordo com Rona, então, há uma área indeterminada de transição do português ao espanhol. Elizaincín (1976) sugere que a transição do português do Brasil ao espanhol do Uruguai talvez seja algo similar a um contínuo lingüístico, tal como o que é visto no norte da Espanha (ver página 123).

Além de estabelecer a extensão da influência lingüística do português em toda a fronteira, Rona (1963) também determinou primeiramente que existiam basicamente três zonas distintas da influência do português (ver página 207). De acordo com ele, estas zonas ocorriam al longo de toda a fronteira Brasil/Uruguai e eram identificáveis principalmente pelos departamentos ou províncias uruguaios. Rona convidou lingüistas brasileiros a estudar o fenômeno dentro do território brasileiro (ao longo da sua fronteira nacional), mas nada foi feito até hoje.

O desafio enfrentado pelos lingüistas que embarcaram nas primeiras aproximações ao entendimento da notável fala da fronteira foi capturar a variabilidade dos dialetos da fronteira falados em toda a região, enquanto, al mesmo tempo oferecendo um quadro composto da sua localização geral e da distribuição dos seus isoglosses, Elizaincín et al. (1978) parecem entender este dilema quando eles dizem, “talvez extremar a apreciação e dizer que há tantos ‘fronteiriços’ como há habitantes na fronteira não seria adequado” (p. 13).

Há aparentemente um corpus de informações muito amplo que vai ser publicado com o Atlas Lingüístico del Uruguay. Este projeto ainda está incompleto; entretanto, quando se completar, mapas lingüísticos também serão feitos. Este corpus representará o mais extenso do seu tipo, e sem dúvida vai esclarecer esta particular situação de contato. Talvez também abra portas para novas oportunidades para estudar ou comparar e contrastar em maior profundidade o que já foi estudado nas áreas da fonética, fonologia, morfologia, e léxico. Sem dúvida, todos aqueles que estão interessados neste ramo da lingüística estão aguardando ansiosamente as descobertas e novas idéias que fazem parte deste projeto.

Conclusão

O dialeto fronteiriço como um todo pode ser definido não como uma influência portuguesa na língua espanhola, mas a influência do espanhol em uma base portuguesa bem estabelecida. Os uruguaios foram confrontados com a necessidade de empurrar de volta a influência portuguesa e lutar contra o fluxo de uma cultura oposta dentro de suas próprias fronteiras políticas.

Há ainda muito mais que pode ser descoberto, esclarecido, ou confirmado em relação ao fronteiriço. Adolfo Elizaincín e Fritz Hensey, ambos, reconheceram a necessidade coletar mais informações e adquirir um corpus mais extenso. O Atlas Lingüístico del Uruguay deve dar mais informação fidedigna que pode, por sua vez, ser comparada com estudos e descobertas anteriores. Os estudos da morfologia e sintaxe do fronteiriço receberam mais atenção e foram mais completamente observadas em Elizaincín et al. (1978). A postulação da simplificação ali contida, que ocorro não somente na morfologia e na sintaxe do fronteiriço, mas também na morfologia, uma vez mais, requer um corpus mais extenso para confirmar o avanço desta teoria. O léxico foi a área que recebem o menor número de pesquisas.

A dificuldade de encontrar falantes monolíngües de fonteiriço é um obstáculo ao estudo dos dialetos mistos. Hensey (1972) expressa sua preocupação de que com o aumento da educação dos residentes da fronteira “incluindo o estudo do espanhol standard... se duvida que o fronteiriço continue por muito tempo como a única língua de qualquer pessoa” (p.78). De fato, muito da pesquisa atual dedicada ao estudo do fronteiriço puro passou a ser, ou está sendo feita junto com, estudos de interferência lingüística ou bilingualismo (see Hensey, 1972).

Hensey (1993) reconheceu que “o português uruguaio é um candidato óbvio para o estudo de variações” (p.447). Este estudo está incluído na pesquisa sociolingüística que tem recebido considerável atenção. As pesquisas e estudos relacionados às atitudes da língua e prestígio da língua, vistos pelos falantes dos dialetos foram feitos por Hensey e Elizaincín. Além do mais, Elizaincín tentou comparar o DPU com outras línguas “pidgin” para estabelecer as relações entre as características dos DPU e os fenômenos de línguas em contacto em outros lugares do mundo. Outras áreas da pesquisa incluem as implicações educacionais do efeito da imposição de um espanhol standard sobre os falantes do fronterizo, a questão das políticas da língua, e a opção pela estandardização do dialeto. Estes assuntos podem ser discutidos em detalhe em uma outra ocasião.

A vasta maioria da pesquisa feita até o presente momento, sobre a situação de contato, focaliza nos lugares mais próximos da fronteira. Rivera recebe a maior parte da atenção, mas Elizaincín et al. (1987) ampliaram seu campo de pesquisa de Artigas a Río Branco. Somente as publicações mais recentes começaram a olhar em outras áreas da região nortista, onde houve contato interno lingüístico no passado. A fala distinta evidenciada nestas áreas foi chamada de español rural fronterizo (EFR) (ver Elizaincín and Barrios, 1989), e ainda outras formas de fala da fronteira foram reconhecidas como “variedades de espanhol rural sem contatos atuais com DPU... [mas que] evidenciam uma perceptível influência do português” (Elizaincín, 1995ª, p. 119). Estas variedades rurais do espanhol uruguaio estão localizadas mais ao sul da fronteira do que no interior nortista do Uruguai. Outros estudos poderiam revelar influências residuais do contato que ocorreu entre o espanhol e o português nestas localidades mais isoladas. Assim, talvez se pudesse concluir que ainda há abundantes oportunidades de expansão (da pesquisa) em áreas que receberam menos atenção e identificar, descrever, and estudar os efeitos do contato lingüístico. Entretanto, se mais estudos do espanhol rural influenciado pelo português vai ser feito, Hensey (1975), frisa que eles devem ser feitos logo (ver página 59).

O Atlas Lungüístico del Uruguay teoricamente foi planejado para cobrir toda a área nortista do país (ver mapas, Elizaincín, 1995b, pp. 222-223), que vai esclarecer os fenômenos fonáticos, morfológicos, léxicos, e semânticos. Em relação à longevidade dos DPE, Elizaincín (1995a) sabiamente notou,

O processo de urbanização e o acesso concomitante a níveis mais altos de instrução, envolvendo um contato mais próximo com o espanhol, são fatores que contribuem para o desalojamento do português, à sua perpetuação como língua da casa familiar, e à sua falta de prestígio entre aqueles que são fluentes em espanhol, especialmente os monolíngües. (p. 119)

A política lingüística entre os uruguaios sempre foi a de proteger e manter a identidade nacional através do conhecimento do espanhol como a língua nacional.

Finalmente, como é mencionado por Rona (1963), há uma possibilidade muito real que existam outros dialetos mistos em outros países de fala espanhola que têm fronteiras com o Brasil, o Coloso del Sur. Entretanto, desde aquele tempo, nenhuma atenção foi dada a estas oportunidades para pesquisas mais aprofundadas. A exploração deste assunto, e a possível identificação e estudo deveriam ser levadas a cabo pelas principais universidades dos países que viveram este contato lingüístico, especialmente se foi verificado pelos residentes da fronteira que uma variedade de fala de portunhol está sendo usada. Estas descobertas, por sua vez, podem ser comparadas aos estudos mais completos dos DPU feitos no Uruguai. Como sempre, uma compreensão maior pode ser atingida se há mais pesquisadores com novas idéias e pontos de vista.



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por MICHAEL T. JUDD



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[1] Muitas pessoas costumam referir-se a fronterizo ou portunhol, mas eu acho que estas pessoas estão quase sempre pensando em um falante de espanhol tentando falar português. Este não é realmente o caso com o fronteiriço. Este é um dialeto ou uma variação lingüística falada por algumas pessoas como sua primeira língua, embora e influência do espanhol e do português standard seja obviamente inevitável.



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