sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

D. MANUEL I - O VENTUROSO

Manuel I de PortugalOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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D. Manuel I
Monarca de Portugal

Pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, e Senhor da Guiné (1495-1499)
Pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc. (1499-1521)

Ordem: 14.º monarca de Portugal
Cognome(s): O Venturoso
Início do reinado: 25 de Outubro de 1495
Término do reinado: 13 de Dezembro de 1521
Aclamação: Alcácer do Sal,
27 de Outubro de 1495
Predecessor(a): D. João II
Sucessor(a): D. João III
Pai: D. Fernando, Duque de Viseu
Mãe: D. Beatriz, Infanta de Portugal
Data de nascimento: 1 de Junho de 1469
Local de nascimento: Alcochete
Data de falecimento: 13 de Dezembro de 1521
Local de falecimento: Lisboa
Local de enterro: Mosteiro de Santa Maria de Belém, Lisboa
Consorte(s): D. Isabel de Aragão
D. Maria de Aragão
D. Leonor de Áustria
(Infantas de Espanha)

Príncipe herdeiro: D. João III (filho)
Dinastia: Avis-Beja
Dom Manuel I de Portugal (Alcochete, 31 de Maio de 1469 — Lisboa, 13 de Dezembro de 1521) foi o 14.º Rei de Portugal, cognominado O Venturoso, O Bem-Aventurado ou O Afortunado tanto pelos eventos felizes que o levaram ao trono, como pelos que ocorreram no seu reinado. D. Manuel I ascendeu inesperadamente ao trono em 1495, em circunstâncias excepcionais, sucedendo ao seu primo direito João II de Portugal, de quem se tornara protegido. Prosseguiu as explorações portuguesas iniciadas pelos seus antecessores, o que levou à descoberta do caminho marítimo para a Índia, do Brasil e das ambicionadas "ilhas das especiarias", as Molucas, determinantes para a expansão do império português. Foi o primeiro rei a assumir o título de Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia. Em 1521, promulgou uma revisão da legislação conhecida como Ordenações Manuelinas, que divulgou com ajuda da recente imprensa. No seu reinado, apesar da sua resistência inicial, cumprindo as cláusulas do seu casamento com Dona Maria de Aragão, viria a autorizar a instalação da inquisição em Portugal. Com a prosperidade resultante do comércio, em particular o de especiarias, realizou numerosas obras cujo estilo arquitectónico ficou conhecido como manuelino.

Índice [esconder]
1 Infância e juventude
2 Descobrimentos
3 Obra em Portugal
4 Cultura popular
5 Descendência
6 Ver também
7 Referências
8 Bibliografia

[editar] Infância e juventude
Armas de Manuel I de Portugal, Livro do Armeiro-mor, 1509Constantes surtos de peste negra em Lisboa, capital do Reino, levaram a corte e a nobreza dos séculos XIV e XV a instalarem-se em Alcochete, nomeadamente o rei D. João I e, em meados do século XV, o seu neto infante D. Fernando, Duque de Viseu. Aí, na vila de Alcochete, nasceu em 1469 D. Manuel, filho de D.Fernando, Duque de Viseu e de Beatriz de Portugal.

Durante a infância e a juventude, assistiu à guerra de intriga e conspiração entre a aristocracia e o seu primo direito D. João II, muito cioso do seu poder. Alguns homens do seu círculo próximo foram mortos ou exilados, incluindo o seu irmão mais velho Diogo, Duque de Viseu, assassinado pelo próprio rei. Sucedeu-lhe como 5º Duque de Viseu, 5º Senhor da Covilhã e 4º Duque de Beja, 4º Senhor de Moura. Portanto, quando em 1493 recebeu uma ordem real de comparência no paço, D. Manuel I deveria estar preocupado. Mas o propósito de D. João II era nomeá-lo herdeiro da coroa, depois da morte do seu filho Afonso de Portugal e das tentativas frustradas de legitimar o bastardo Jorge de Lencastre.

D. Manuel I ascendeu ao trono em circunstâncias excepcionais, sucedendo João II de Portugal em 1495 de quem se tornara uma espécie de «filho adoptivo»[1]

[editar] Descobrimentos
Gravura contemporânea do elefante Hanno, oferecido ao papa Leão X
Iluminura do período manuelino, "Livro 3 Místicos"Aclamado em 27 de Outubro de 1495, D. Manuel I provou ser um sucessor à altura, apoiando os descobrimentos portugueses e o desenvolvimento dos monopólios comerciais. Durante seu reinado, Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia (1498), Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil (1500), D. Francisco de Almeida tornou-se no primeiro vice-rei da Índia (1505) e o almirante D. Afonso de Albuquerque assegurou o controlo das rotas comerciais do Oceano Índico e Golfo Pérsico e conquistou para Portugal lugares importantes como Malaca, Goa e Ormuz.

Também no seu reinado organizam-se viagens para ocidente, tendo-se chegado à Gronelândia e à Terra Nova. O seu reinado decorreu num «contexto expansionista, já preparado por seu antecessor - e marcado pela descoberta do caminho marítimo para a Índia em 1498 e pelas consequências políticas e económicas que advieram deste facto».[1]

A extensão de seu reinado «permite surpreender nele uma personagem determinada, teimosa, voluntariosa, autocrática, detentora de um programa político de potenciação do seu poder dotado de uma assombrosa coerência, posto em prática até ao seu mais ínfimo detalhe.

D. Manuel I opta por uma política de expansão indiana e põe em prática os seus princípios, criando a oportunidade para a realização da viagem de Vasco da Gama em 1497, contra, ao que parece, a oposição de parte do seu Conselho. Escolhe, ainda, a via da inversão pró-aristocrática, ou seja, de restauração de privilégios e direitos antes postos em causa e isto certamente por opção política de Estado. O rei edifica, igualmente, um Estado que prenuncia em boa medida o absolutismo régio e o governo iluminado, por contraponto, aliás, ao problemático e agitado centralismo do seu antecessor D. João II.[1]

Tudo isto contribuiu para a constituição do Império Português, fazendo de Portugal um dos países mais ricos e poderosos da Europa. D. Manuel I utilizou a riqueza obtida pelo comércio para construir edifícios reais, no que se chamaria muito posteriormente estilo manuelino, dos que são exemplo o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. Atraiu cientistas para a corte de Lisboa e estabeleceram-se tratados comerciais e relações diplomáticas com a China e a Pérsia, além de que, em Marrocos, realizaram-se conquistas como Safim, Azamor e Agadir.

A sua completa consagração europeia deu-se com a aparatosa embaixada em 1514, chefiada por Tristão da Cunha, enviando ao papa Leão X presentes magníficos como pedrarias, tecidos e jóias. Dos animais raros, destacaram-se um cavalo persa e um elefante, chamado Hanno, doravante mascote do papa, que executava várias habilidades. Mas uma das inúmeras novidades que encantaram os espíritos curiosos das cortes europeias da época terá sido sem dúvida o rinoceronte trazido das Índias, que assumiu, então, um papel preponderante na arte italiana.

[editar] Obra em Portugal
O Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, um dos legados mais exuberantes do chamado estilo manuelino.Na vida política interna, D. Manuel I seguiu as pisadas de D. João II e tornou-se quase num rei absoluto. As cortes foram reunidas apenas três vezes durante o seu reinado de mais de vinte e cinco anos, e sempre no paço de Lisboa. D. Manuel I dedicou-se à reforma dos tribunais e do sistema tributário, adaptando-o ao progresso económico que Portugal então vivia.

D. Manuel I era um homem bastante religioso que investiu uma boa parte da fortuna do país na construção de igrejas e mosteiros, bem como no patrocínio da evangelização das novas colónias através dos missionários católicos.

O seu reinado ficará também lembrado pela perseguição feita a judeus e muçulmanos em Portugal, particularmente nos anos de 1496 a 1498. Esta política foi tomada por forma a agradar aos reis católicos, cumprindo uma das cláusulas do seu contrato de casamento com a herdeira de Espanha, Isabel de Aragão.

O Massacre de Lisboa de 1506 foi talvez uma das consequências da política de D. Manuel I. Seguíram-se as conversões forçadas dos judeus e, depois, confiou ao seu embaixador em Roma a missão secreta de pedir ao papa, em 1515, a permissão de estabelecer a Inquisição em Portugal.

Na cultura, D. Manuel I procedeu à reforma dos Estudos Gerais, criando novos planos educativos e bolsas de estudo. Na sua corte surge também Gil Vicente, o pai do teatro português, e Duarte Pacheco Pereira, o geógrafo, autor do Esmeraldo de Situ Orbis.

Analisando-se a sua obra, verifica-se que avulta a tentativa de reforma do reino, «através da criação de instrumentos unificadores de carácter estatal, como sejam a publicação dos Forais Novos, reformando os antigos, a Leitura Nova (1504-1522), a compilação e revisão da legislação, consagrada pelas Ordenações Manuelinas, a reorganização da Fazenda Pública e a estruturação administrativa daí decorrente. Com ele organiza-se o Estado moderno».[2] D. Manuel I morreu em 1521 e encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.

[editar] Cultura popularNo filme português Camões (1946), de José Leitão de Barros, foi interpretado pelo ator José Amaro.

[editar] DescendênciaRealeza Portuguesa
Casa de Avis
Descendência

João I[Expandir]
Filhos
Infante Duarte (futuro Duarte I)
Infante Pedro, Duque de Coimbra
Henrique, o Navegador (Infante Henrique, Duque de Viseu)
Infanta Isabel, Duquesa da Borgonha
Infante João, Senhor de Reguengos
Infante Fernando, o Infante Santo
Afonso, Duque de Bragança (ilegítimo)
Beatriz, Condessa de Arundel (ilegítima)
Netos
Infanta Isabel de Avis, Rainha de Portugal

Duarte I[Expandir]
Filhos
Afonso, Príncipe de Portugal (futuro Afonso V)
Infante Fernando, Duque de Viseu
Infanta Leonor, Sacra Imperatriz Romana
Infanta Catarina
Infanta Joana, Rainha de Castela
Netos
Infante Manuel, Duque de Beja (futuro Manuel I)
Infanta Leonor de Avis, Rainha de Portugal
Bisnetos
Jaime, Duque de Bragança e Príncipe de Portugal

Afonso V[Expandir]
Filhos
João, Príncipe de Portugal
Santa Joana, Princesa de Portugal
João, Príncipe de Portugal (futuro João II)

João II[Expandir]
Filhos
Afonso, Príncipe de Portugal
Jorge, Duque de Coimbra (ilegítimo)

Manuel I[Expandir]
Filhos
Miguel da Paz, Príncipe de Portugal e das Astúrias
João, Príncipe de Portugal (futuro João III)
Infanta Isabel, Imperatriz do Sacro-Império Romano-Germânico
Infanta Beatriz, Duquesa de Sabóia
Infante Luís, Duque de Beja
Infante Fernando, Duque da Guarda e de Trancoso
Cardeal-Infante Afonso
Cardeal-Infante Henrique (futuro Henrique I)
Infante Duarte, Duque de Guimarães
Infanta Maria, Duquesa de Viseu
Netos
Filipe II de Espanha (futuro Filipe I de Portugal)
António, Prior do Crato (ilegítimo)
Infanta Maria de Guimarães, Duquesa de Parma e Piacenza
Infanta Catarina de Guimarães, Duquesa de Bragança
Bisnetos
Teodósio II, Duque de Bragança
Ranuccio I Farnese de Parma
Trinetos
João II, Duque de Bragança (futuro João IV de Portugal)

João III[Expandir]
Filhos
Maria Manuela, Princesa de Portugal e das Astúrias
João Manuel, Príncipe de Portugal
Netos
Sebastião, Príncipe de Portugal (futuro Sebastião I)
Carlos, Príncipe das Astúrias

Sebastião I[Esconder]
Henrique I[Esconder]
Do primeiro matrimónio, com Isabel de Aragão, infanta de Espanha (1470–1498):

Miguel da Paz (1498-1500), presumível herdeiro das Coroas de Portugal, Castela e Aragão
Do segundo matrimónio, com a sua cunhada Maria de Aragão, infanta de Espanha (1482-1517), a 30 de Outubro de 1500:

João III, rei de Portugal (1502-1557)
Isabel de Portugal (1503-1539), casada com Carlos V, Imperador da Alemanha que se tornaria mãe de Filipe II de Espanha;
Beatriz de Portugal, Duquesa de Sabóia (1504-1538), casada com Carlos III, Duque de Sabóia;
Luís, Duque de Beja (1506-1555), condestável do Reino e Prior da Ordem de S. João de Jerusalém, pai do polêmico D. António, prior do Crato;
Fernando, Duque da Guarda (1507-1534), casado com Guiomar Coutinho, Condessa de Marialva
Afonso de Portugal, cardeal (1509-1540), arcebispo de Évora e de Lisboa.
Maria de Portugal (1511-1513)
Cardeal Henrique, rei de Portugal (1512-1580), cardeal, arcebispo de Braga, de Évora e de Lisboa, Inquisidor Geral, regente do reino e rei;
Duarte, Duque de Guimarães (1515-1540), casado com Isabel de Bragança, bisavô de João IV de Portugal
António de Portugal (1516) que viveu poucos dias.
Do terceiro matrimónio, com Leonor da Áustria (1498-1558), infanta de Espanha, irmã do imperador Carlos V:

Carlos de Portugal (1520-1521)
Maria de Portugal (1521-1577), famosa como a mais culta das infantas.



Precedido por:
D. Diogo
Duque de Beja
1484 — 1495 Sucedido por:
D. Luís

Duque de Viseu
1484 — 1495 Sucedido por:
o título foi incorporado na Coroa e extinto
Precedido por
D. Afonso
Príncipe herdeiro de Portugal
1491 — 1495 Sucedido por
D. Leonor
Precedido por
D. João II
Rei de Portugal e dos Algarves,
d'Aquém e d'Além-Mar em África,
Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação
da Arábia, Pérsia e Índia
1495 — 1521 Sucedido por
D. João III
[Expandir] Ancestrais de Manuel I de Portugal


8. João I de Portugal



4. Duarte I de Portugal



9. Filipa de Lencastre



2. Infante Fernando, Duque de Viseu



10. Fernando I de Aragão



5. Leonor de Aragão



11. Leonor, Condessa de Alburquerque



1. Manuel I de Portugal



12. João I de Portugal



6. João, Infante de Portugal



13. Filipa de Lencastre



3. Beatriz de Portugal, Duquesa de Viseu



14. Afonso, Duque de Bragança



7. Beatriz de Bragança



15. Beatriz Pereira Alvim





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Dinastia Filipina Filipe I • Filipe II • Filipe III
Dinastia de Bragança João IV • Afonso VI • Pedro II • João V • José I • Maria I (com Pedro III) • João VI • Pedro IV • Maria II • Miguel I • Maria II (com Fernando II) • Pedro V • Luís I • Carlos I • Manuel II

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[editar] Ver tambémDescobrimentos Portugueses
Ordenações Manuelinas
Império Português
Árvore genealógica dos reis de Portugal
Referências↑ a b c Paulo Pereira, Enciclopédia dos Lugares Mágicos de Portugal, volume IX, página 70
↑ Paulo Pereira, Enciclopédia dos Lugares Mágicos de Portugal, volume IX, página 72
[editar] BibliografiaDamião de Góis, "Chronica do serenissimo senhor rei d. Manoel", Na officina de M. Manescal da Costa, 1749
O Commons possui multimídias sobre Manuel I de PortugalObtida de "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Manuel_I_de_Portugal&oldid=27796801"
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