João I de PortugalOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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D. João I
Monarca de Portugal
Pela Graça de Deus, Rei de Portugal e do Algarve (1385-1415)
Pela Graça de Deus, Rei de Portugal e do Algarve e Senhor de Ceuta (1415-1433)
Ordem: 10.º monarca de Portugal
Cognome(s): O de Boa Memória
Início do reinado: 6 de Abril de 1385
Término do reinado: 14 de Agosto de 1433
Aclamação: Coimbra, 6 de Abril de 1385
Predecessor(a): D. Fernando I
Sucessor(a): D. Duarte
Pai: D. Pedro I
Mãe: D. Teresa
Data de nascimento: 11 de Abril de 1357
Local de nascimento: Lisboa
Data de falecimento: 14 de agosto de 1433 (75 anos)
Local de falecimento: Lisboa
Local de enterro: Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha
Consorte(s): D. Filipa de Lencastre
Príncipe herdeiro: Infante D. Duarte (filho)
Dinastia: Avis
D. João I de Portugal (Lisboa, 11 de Abril de 1357-Lisboa, 14 de Agosto de 1433), foi o décimo Rei de Portugal e o primeiro da Dinastia de Avis, cognominado O de Boa Memória pelo legado que deixou. Filho ilegítimo do rei D. Pedro I e 3º Mestre da Ordem de Avis (com sede em Avis), foi aclamado rei na sequência da crise de 1383-1385 que ameaçava a independência de Portugal. Com o apoio do condestável do reino Nuno Álvares Pereira e aliados ingleses travou a batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela, que invadira o país. A vitória foi decisiva: Castela retirou-se, acabando bastantes anos mais tarde por o reconhecer oficialmente como rei. Para selar a aliança Luso-Britânica casou com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, dedicando-se desde então ao desenvolvimento do reino. Em 1415 conquistou de Ceuta, praça estratégica para a navegação no norte de África, o que iniciaria a expansão portuguesa. Aí foram armados cavaleiros os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e o Infante D. Henrique, irmãos da chamada ínclita geração.
Índice [esconder]
1 Juventude
2 Crise de 1383-85
3 Reinado
4 Legado
5 Descendência
6 Ver também
7 Ligações externas
[editar] JuventudeD. João era filho ilegítimo do rei D. Pedro I e de D. Teresa, uma dama galega (ms. 352 do Arquivo Nacional da Torre do Tombo da Crónica de el-rei D. Pedro I, de Fernão Lopes). Em 1364 foi consagrado Grão Mestre da Ordem de Avis.
[editar] Crise de 1383-85À data da morte do rei D. Fernando I, Portugal parecia em risco de perder a independência. A rainha D. Leonor Teles de Menezes era impopular e olhada com desconfiança. O facto de se ter tornado pública a sua ligação amorosa com o nobre galego João Fernandes Andeiro, personagem influente no paço, atraiu todas as críticas contra a sua pessoa e a do seu amante. Para além do mais, a sucessão do trono recaía sobre a princesa D. Beatriz, única filha de Fernando I e de Leonor Teles de Menezes, casada aos onze anos de idade com o rei João I de Castela.
No entanto, a burguesia e parte da nobreza juntaram-se à voz popular que clamava contra a perda da independência, tão duramente mantida por D. Fernando I. Dois pretendentes apareceram para competir com João I de Castela e D. Beatriz pela coroa portuguesa:
D. João, príncipe de Portugal, filho de D. Pedro I e D. Inês de Castro, era visto por muitos como o legítimo herdeiro, dado o suposto casamento dos seus pais, e
D. João, filho de D. Pedro I e de Teresa Lourenço, que veio a tornar-se rei.
Morte do Conde Andeiro (Museu Nacional Soares dos Reis, Porto).Acicatado por um grupo de burgueses e nobres, entre os quais Álvaro Pais e o jovem D. Nuno Álvares Pereira, e tomando em linha de conta o descontentamento geral, o Mestre de Avis assassina o conde de Andeiro no paço a 6 de Dezembro de 1383. Com a posterior fuga de Leonor Teles de Lisboa para Alenquer inicia-se a sucessão de acontecimentos que lhe entregará a regência, a qual de início planeia exercer em nome de seu meio-irmão, o Infante D. João. Mas como este último já fora aprisionado por D. João I de Castela, abria-se então a possibilidade política de o Mestre de Aviz vir a ser rei.
O assassinato do conde Andeiro explica-se, bem mais do que pela vontade de vingar a honra do falecido rei Fernando I, ainda que este tenha sido um dos motivos, pela razão de que João I de Castela havia começado a violar o pacto antenupcial de Salvaterra de Magos logo no primeiro dia em que se fez aclamar, em Toledo, "Rei de Castela e Portugal". Aquele tratado antenupcial apenas conferia a si e à sua mulher Beatriz, sendo esta herdeira de Fernando I, o título nominal de reis e senhores de Portugal, mas sem deterem poderes de efectiva governação. Além disso, os reinos de Castela e Portugal deviam manter-se separados. Para além de logo ter mesclado as armas dos dois reinos, João I de Castela, continuando a desrespeitar o tratado, entra em Portugal pela Guarda nos finais de Dezembro de 1383. Queria ser soberano pleno, e não de dois reinos separados mas dum único, considerando que não tinha que atender em nada ao tratado de Salvaterra porque a sua mulher Beatriz era a herdeira do trono português. Quem o diz de forma mais clara não é Fernão Lopes, mas sim o cronista castelhano Pero Lopez Ayala, contemporâneo dos acontecimentos, na sua Crónica do Rei Dom João o primeiro de Castela e Leão. Consultem-se, para o constatar, os capítulos IX e XI do ano quinto e os capítulos I e II do ano décimo segundo desta Crónica. Seguiu-se a Crise de 1383-1385, ou Interregno, um período de anarquia e instabilidade política onde as diferentes cidades e vilas de Portugal se declaravam umas por D. Leonor Teles (a maioria destas até ela abdicar da regência em benefício de João I de Castela e da filha), outras por D. Beatriz e o seu marido, outras ainda pelo Mestre de Aviz, além das que se mantiveram neutras, na expectativa do desenlace.
A guerra civil arrastou-se por mais de um ano. D. Nuno Álvares Pereira, posteriormente Condestável de Portugal, revelou-se um general de grande valor, ao contrário, ao início, do próprio pretendente ao trono. Fernão Lopes é um crítico feroz das acções militares do Mestre durante o primeiro ano de guerra, dado que tinha tendência a preferir os cercos e a assistência dos grandes fidalgos, sem outros resultados que não fossem traições, ao contrário da luta militarmente inovadora e terrivelmente eficaz de Nuno Álvares, que arrancou muitas vitórias no Alentejo e deu boa ajuda a Lisboa, onde o Mestre ficou sitiado sem se ter podido abastecer das provisões necessárias para aguentar durante muito tempo o cerco. No entanto, depois das Cortes de Coimbra em 6 de Abril de 1385, o rei D. João I mostrou-se um bom seguidor das tácticas militares de D. Nuno Álvares, e do conselho de guerra deste constituído por escudeiros.
[editar] ReinadoFinalmente a 6 de Abril de 1385, as Cortes portuguesas reunidas em Coimbra elevam o Grão-Mestre de Aviz, como D. João I, a rei de Portugal. Esta tomada de posição significava na prática que a guerra com Castela prosseguiria sem quartel, visto que declarava nulo o estatuto de D. Beatriz de Portugal, rainha consorte de Castela, como herdeira de D. Fernando, e isto devido em especial à violação do tratado de Salvaterra tanto pelo seu marido como por ela (com 11 anos de idade tivera de jurar o tratado em Badajoz, aquando do casamento). «Venhamos a outra maior contradição», disse João das Regras, ao começar a falar da «quebra dos trautos» no seu discurso perante as Cortes de Coimbra (Crónica de el-rei D. João I, cap. CLXXXV). E como os quebrara, não podia suceder ao pai, o «postumeiro (último) possuidor» destes reinos. É por isso que na História de Portugal Beatriz não figura como Rainha, pois foram as próprias Cortes de 1385 a proclamar que ao rei D. Fernando I, postumeiro possuidor do reino de Portugal, quem sucedeu foi o rei D. João I.
Pouco depois, em Junho de 1385, João I de Castela invade pela 2ª vez Portugal com o objectivo de tomar Lisboa e ver-se livre do «Mestre D'avis que se chamava rei» (era o modo como os castelhanos o designavam). Com os castelhanos vinha então um grande contingente de cavalaria francesa. A França era aliada de Castela enquanto os ingleses haviam tomado o partido de D. João I (Guerra dos Cem Anos). Como resposta D. João I prepara-se com Nuno Álvares para a batalha decisiva. O Condestável de Portugal, que o rei nomeara aquando das Cortes de Coimbra, e o seu conselho de escudeiros montaram então uma tremenda armadilha ao exército castelhano.
O génio militar de Nuno Álvares Pereira foi decisivo na Batalha de Aljubarrota.A invasão castelhana transformou-se em debandada durante o Verão, depois da decisiva batalha de Aljubarrota travada a 14 de Agosto, perto de Alcobaça, onde o exército castelhano foi quase totalmente aniquilado, apesar de se encontrarem em vantagem numérica de 4 para 1. Castela teve de retirar-se do combate e a estabilidade da coroa de D. João I ficou solidamente garantida. Muitos anos depois um tratado de paz será definitivamente confirmado, reconhecendo Castela sem quaisquer reservas D. João I como rei de Portugal.
Casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre.Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, Duque de Lencastre, fortalecendo por laços familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que perdura até hoje. Depois da morte em 1390 de João de Castela, sem herdeiros de D. Beatriz, a ameaça castelhana ao trono de Portugal estava definitivamente posta de parte. A partir de então, D. João I dedicou-se ao desenvolvimento económico e social do país, sem se envolver em mais disputas com a vizinha Castela ou a nível internacional. A excepção foi a conquista de Ceuta, no Norte de África, em 1415, uma praça de importância estratégica no controle da navegação na costa de África que é conquistada a 21 de Agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita daquela cidade, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.
[editar] Legado
Bandeira pessoal de D. João I com a sua divisa: «Pour bien».Cronistas contemporâneos descrevem D. João I como um homem arguto, cioso em conservar o poder junto de si, mas ao mesmo tempo benevolente e de personalidade agradável. Na juventude, a educação que recebeu como Grão Mestre da Ordem de Aviz transformou-o num rei invulgarmente culto para a época.
O seu amor ao conhecimento passou também para os filhos, designados por Luís Vaz de Camões, nos Lusíadas, por "Ínclita geração": o rei D. Duarte de Portugal foi poeta e escritor, D. Pedro, Duque de Coimbra o "Príncipe das Sete Partidas", foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo e muito viajado, e o Henrique, Duque de Viseu, "o navegador", investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos.
A sua única filha, D. Isabel de Portugal, casou com o Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nas suas terras.
No reinado de D. João I são descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Ilha da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Tem início, igualmente, a colonização dos Açores e da Madeira.
D. João morreu a 14 de Agosto de 1433. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
Foi cognominado O de Boa Memória, pela lembrança positiva do seu reinado na memória dos portugueses; alternativamente, é também chamado de O Bom ou O Grande.
[editar] DescendênciaRealeza Portuguesa
Casa de Avis
Descendência
João I[Expandir]
Filhos
Infante Duarte (futuro Duarte I)
Infante Pedro, Duque de Coimbra
Henrique, o Navegador (Infante Henrique, Duque de Viseu)
Infanta Isabel, Duquesa da Borgonha
Infante João, Senhor de Reguengos
Infante Fernando, o Infante Santo
Afonso, Duque de Bragança (ilegítimo)
Beatriz, Condessa de Arundel (ilegítima)
Netos
Infanta Isabel de Avis, Rainha de Portugal
Duarte I[Expandir]
Filhos
Afonso, Príncipe de Portugal (futuro Afonso V)
Infante Fernando, Duque de Viseu
Infanta Leonor, Sacra Imperatriz Romana
Infanta Catarina
Infanta Joana, Rainha de Castela
Netos
Infante Manuel, Duque de Beja (futuro Manuel I)
Infanta Leonor de Avis, Rainha de Portugal
Bisnetos
Jaime, Duque de Bragança e Príncipe de Portugal
Afonso V[Expandir]
Filhos
João, Príncipe de Portugal
Santa Joana, Princesa de Portugal
João, Príncipe de Portugal (futuro João II)
João II[Expandir]
Filhos
Afonso, Príncipe de Portugal
Jorge, Duque de Coimbra (ilegítimo)
Manuel I[Expandir]
Filhos
Miguel da Paz, Príncipe de Portugal e das Astúrias
João, Príncipe de Portugal (futuro João III)
Infanta Isabel, Imperatriz do Sacro-Império Romano-Germânico
Infanta Beatriz, Duquesa de Sabóia
Infante Luís, Duque de Beja
Infante Fernando, Duque da Guarda e de Trancoso
Cardeal-Infante Afonso
Cardeal-Infante Henrique (futuro Henrique I)
Infante Duarte, Duque de Guimarães
Infanta Maria, Duquesa de Viseu
Netos
Filipe II de Espanha (futuro Filipe I de Portugal)
António, Prior do Crato (ilegítimo)
Infanta Maria de Guimarães, Duquesa de Parma e Piacenza
Infanta Catarina de Guimarães, Duquesa de Bragança
Bisnetos
Teodósio II, Duque de Bragança
Ranuccio I Farnese de Parma
Trinetos
João II, Duque de Bragança (futuro João IV de Portugal)
João III[Expandir]
Filhos
Maria Manuela, Princesa de Portugal e das Astúrias
João Manuel, Príncipe de Portugal
Netos
Sebastião, Príncipe de Portugal (futuro Sebastião I)
Carlos, Príncipe das Astúrias
Sebastião I[Esconder]
Henrique I[Esconder]
Do seu casamento com Filipa de Lencastre (1359-1415) nasceram nove filhos. Destes, os seis que chegaram à idade adulta seriam lembrados como a ínclita geração:
Branca (1388-1389), morreu jovem
Afonso (1390-1400), morreu jovem
Duarte I de Portugal (1391-1438), sucessor do pai no trono português, poeta e escritor
Pedro, Duque de Coimbra (1392-1449), foi um dos infantes mais esclarecidos do seu tempo. Foi regente durante a minoridade do seu sobrinho, o futuro Rei D. Afonso V e morreu na Batalha de Alfarrobeira
Henrique, Duque de Viseu, O Navegador (1394-1460), investiu a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia
Isabel, Duquesa da Borgonha (1397-1471) casou com Filipe III, Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nas suas terras
Branca (1398), morreu jovem
João, Infante de Portugal (1400-1442), condestável de Portugal e avô de Isabel de Castela
Fernando, o Infante Santo (1402-1443), morreu no cativeiro em Fez
D. João teve ainda dois filhos naturais de Inês Pires:
Afonso I (1377-1461), primeiro duque de Bragança
Beatriz (ca. 1386-1447), casada com Thomas Fitzalan, 12.º Conde de Arundel
[editar] Ver tambémÁrvore genealógica dos reis de Portugal
[editar] Ligações externasO Commons possui multimídias sobre João I de PortugalO Wikisource contém fontes primárias relacionadas com este artigo: D. João O PrimeiroChronica del Rey D. Ioam I de Boa Memoria e dos reys de Portugal o decimo, Fernão Lopes (1380-1460), Lisboa: Antonio Alvarez, 1644, na Biblioteca Nacional Digital (em português)
Precedido por
Leonor Teles de Menezes
Regente de Portugal
1384 - 1385 Sucedido por
Leonor de Aragão
Precedido por
Fernando I
Rei de Portugal e do Algarve
1385 - 1433 Sucedido por
Duarte I
Precedido por
--- Senhor de Ceuta
1415 - 1433 Sucedido por
Duarte I
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Dinastia de Avis João I • Duarte I • Afonso V • João II • Manuel I • João III • Sebastião I • Henrique I
Dinastia Filipina Filipe I • Filipe II • Filipe III
Dinastia de Bragança João IV • Afonso VI • Pedro II • João V • José I • Maria I (com Pedro III) • João VI • Pedro IV • Maria II • Miguel I • Maria II (com Fernando II) • Pedro V • Luís I • Carlos I • Manuel II
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