Miguel I de PortugalOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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D. Miguel I
Monarca de Portugal
Pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
Ordem: 31.º monarca de Portugal
Cognome(s): O Absolutista
O Tradicionalista
O Usurpador (para os liberais)
O Sacrificado (para os legitimistas)
Início do reinado: 11 de Julho de 1828
Término do reinado: 26 de Maio de 1834
Aclamação: Palácio da Ajuda, 11 de Julho de 1828
Predecessor(a): D. Maria II
Sucessor(a): D. Maria II
Pai: D. João VI
Mãe: D. Carlota Joaquina
Data de nascimento: 26 de Outubro de 1802
Local de nascimento: Palácio de Queluz, Portugal
Data de falecimento: 14 de Novembro de 1866[1]
Local de falecimento: Bronnbach, (Grão-ducado de Baden), Baden-Württemberg
Local de enterro: Convento dos Franciscanos de Engelberg, Großheubach, Baviera, Alemanha; em 1967 transladado no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa
Consorte(s): D. Adelaide de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg,
Príncipe herdeiro: D. Miguel II (no exílio)
Dinastia: Bragança
D. Miguel I de Portugal (nome completo: Miguel Maria do Patrocínio João Carlos Francisco de Assis Xavier de Paula Pedro de Alcântara António Rafael Gabriel Joaquim José Gonzaga Evaristo de Bragança e Bourbon; Queluz, 26 de Outubro de 1802 — Bronnback, Grão-ducado de Baden, 14 de Novembro de 1866) foi Rei de Portugal entre 1828 e 1834, tendo sido o terceiro filho do Rei Dom João VI e de D. Carlota Joaquina de Bourbon.
Foi detentor, sucessivamente, dos títulos de Infante de Portugal, Senhor do Infantado e duque de Beja, Infante de Portugal, duque de Bragança e conde de Samora Correia, Príncipe-regente de Portugal e, posteriormente, Rei de Portugal.
Índice [esconder]
1 Rei de Portugal
2 Ideologia
3 No Exílio
4 Descendência
5 Dúvidas sobre a paternidade
6 Notas
7 Ver também
8 Ligações externas
[editar] Rei de PortugalFoi Rei de Portugal entre 1828 e 1834, cobrindo o período da Guerra Civil Portuguesa (1831-1834), embora, segundo os pedristas, tenha sido um usurpador do título monárquico de sua sobrinha D. Maria da Glória. Por seu turno, os miguelistas contrapunham que D. Pedro I do Brasil perdera o direito à Coroa Portuguesa e, por isso, a designar um seu sucessor (no caso, sua filha, Dona Maria da Glória) desde o momento em que erguera armas contra Portugal, declarara a independência do Brasil e se tornara Imperador desse novo país. Com efeito, de acordo com as Leis Fundamentais do Reino, um príncipe-herdeiro que levantasse armas contra Portugal ou ascendesse ao trono de um estado estrangeiro, perderia o direito ao trono português. D. Miguel seria assim o legítimo sucessor de D. João VI, vindo a ser legitimado pelas Cortes, em 1828, em conformidade com as Leis tradicionais vigentes antes e após a revolta liberal de 1820.
Assim, para os pedristas, D. Miguel passou à história como o Absolutista ou o Usurpador (por alegadamente ter arrebatado o trono que seria de sua sobrinha), enquanto os miguelistas lhe atribuem o cognome de o Tradicionalista (por ter sido aclamado em Cortes, no respeito da Tradição legal portuguesa).
Antes de ascender ao trono - uma vez que o primeiro filho de D. João VI, o Infante Antônio Francisco de Assis de Bragança e Bourbon, Príncipe da Beira falecera na infância - D. Miguel usou os títulos destinados aos secundogénitos de Senhor do Infantado e Duque de Beja; foi ainda feito pelo seu pai Conde de Samora Correia, na sequência da Vilafrancada; após o período do seu reinado efectivo, já no exílio, usou o título de Duque de Bragança, com os demais subsidiários (marquês de Vila Viçosa, conde de Arraiolos, de Barcelos, de Neiva e de Ourém).
Retrato de D. Miguel[editar] IdeologiaD. Miguel era um homem de ideais católicos e tradicionalistas, os quais defendia com frontalidade. Era pouco popular entre a burguesia, mais aberta à influência do ideário liberal, mas gozava de grande popularidade entre o povo, que, caído na miséria após as guerras contra Espanha e França, via num rei forte a figura de um salvador. A isto acresce que era a Igreja quem muitas vezes matava a fome do elevadíssimo número de mendigos e deserdados de mais de 30 anos de guerras, pelo que a inimizade dos liberais face a esta instituição terá levado a que o povo se colocasse ainda mais do lado miguelista.
D. Miguel era também um admirador do chanceler Metternich da Áustria, embora afirmasse não ser adepto de uma monarquia absoluta mas apenas pretender libertar Portugal das influências estrangeiras, principalmente das ideias da Maçonaria, que considerava nefastas.
Na década de 1820, D. Miguel liderou um movimento militar contra as forças parlamentares - a Vilafrancada - de que vem a resultar a dissolução das Cortes e o restabelecimento do poder régio absoluto (independente) de seu pai, D. João VI, que nomeou seu filho "Generalíssimo e chefe do Exército". A reacção dos parlamentaristas organizou-se e projectou destronar o rei e restabelecer a Constituição de 1822, ao que D. Miguel respondeu com o que veio a ficar conhecido pela Abrilada. Em 30 de Abril de 1824, D. Miguel tenta travar a conspiração convocando as tropas de todos os quartéis de Lisboa. O corpo diplomático, contudo, intervém levando D. João VI para bordo do navio de guerra inglês HMS Windsor Castle, onde pressionam o rei a demitir D. Miguel do comando do Exército e a ordenar o seu exílio [2].
Dois anos depois, quando o rei D. João VI morre, D. Miguel estava ainda exilado na corte de Viena de Áustria. Morto o rei D. João VI, a regência de D. Isabel Maria, em Lisboa, considerou que o imperador do Brasil, D. Pedro, seria o herdeiro do trono de Portugal. No Brasil, o imperador D. Pedro é chamado a assumir o trono português, mas este abdica em favor de sua filha mais nova, D. Maria da Glória (depois D. Maria II) e outorga uma Carta Constitucional ao reino de Portugal.
Para poder voltar a Portugal, D. Miguel aceita então ficar noivo da sobrinha, D. Maria da Glória e, para poder ser nomeado Regente na menoridade desta, jura a Carta Constitucional de 1826 perante a corte austríaca, com "reserva de todos os seus direitos" e a expressa determinação de esta ser previamente aceite pelos Três Estados do reino, conforme seu decreto de outorga[3]. À sua chegada a Lisboa D. Miguel repete, nos mesmos termos, o juramento de fidelidade à Carta e à rainha, sua prometida mulher. Pouco depois, convoca a reunião dos Três Estados do reino em Cortes, para decidir a sucessão no trono de Portugal.
Em 23 de Junho de 1828, é proclamado Rei pelas Cortes Gerais do Reino, que anulam a vigência da Carta Constitucional e repõem as Leis constitucionais tradicionais. Foi reconhecido pelo Papa, Espanha e Estados Unidos da América, ficando as restantes potências na expectativa, mas aceitando porém tratar com o seu governo enquanto entidade que "de facto" exercia o poder político sobre a quase totalidade do território nacional.
A não aceitação da decisão das Cortes Gerais pelo seu irmão D. Pedro e pelos liberais desencadeou a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834) entre miguelistas e pedristas.
D. Miguel tentou o reconhecimento internacional para seu regime, tendo até 1830 a simpatia da França e da Inglaterra. Porém, naquele ano, grandes mudanças ocorrem na conjuntura europeia: na França uma rebelião colocara no trono Luís Felipe em lugar de Carlos X; no Reino Unido, caíra o governo do duque de Wellington, antes que fosse concedido o reconhecimento a D. Miguel como monarca. A acção diplomática de Metternich, cujo soberano era sogro de D. Pedro, e pretendia que a sua neta, Habsburgo por sua mãe, estivesse no trono de Lisboa, começou também a desenvolver-se contra D. Miguel.
Em 1831, o imperador D. Pedro abdica do trono do Brasil em favor do filho, Pedro II, e parte para a Europa em busca de apoios para a causa de sua filha. Após obter armas e dinheiro, por intermédio de Juan Álvarez Mendizábal [1], reúne em Inglaterra uma força de aproximadamente sete mil soldados britânicos, regressando a Portugal para liderar em pessoa o partido liberal, na guerra contra os miguelistas. Toma o arquipélago dos Açores, de onde lança ataques navais a Portugal.
Caricatura representando D. Pedro IV e D. Miguel a brigar pela coroa portuguesa, por Honoré Daumier, 1833Na primavera de 1834, a guerra civil vai entrar em fase decisiva. Em 22 de Abril, pelo tratado de Londres, a Inglaterra e a França decidem pôr fim ao reinado de D. Miguel em Portugal e às pretensões de Carlos María Isidro de Borbón em Espanha. Enquanto o almirante Napier desembarca tropas na Figueira da Foz, avançando por Leiria, Ourém e Torres Novas, o general espanhol José Ramón Rodil y Campillo entra em Portugal através da Beira e Alto Alentejo com uma expedição de 15 mil homens em apoio do partido de D. Pedro e de sua filha D. Maria da Glória. Na batalha de Asseiceira, as forças militares portuguesas são definitivamente derrotadas pela conjugação das forças estrangeiras aliadas às forças pedristas do duque da Terceira e são obrigadas a depor as armas, sendo o rei D. Miguel forçado a abdicar em favor de D. Maria II através da Concessão de Évoramonte (26 de Maio de 1834).
[editar] No ExílioDo Palácio de Vila Viçosa parte, para embarcar num navio de guerra britânico, em 1 de Junho, do mesmo ano de 1834, em Sines, com destino a Génova, tendo pernoitado pela última vez em solo português na vila alentejana de Alvalade e que sempre se lhe tinha mostrado fiel ao seu partido[4].
Viveu no exílio primeiro na Itália, depois na Inglaterra e, finalmente, na Alemanha.
Ainda ao largo da costa portuguesa, D. Miguel denuncia a Concessão, redijindo uma carta à chegada em que afirma que o acordo fora firmado sob coacção. No dia 20 de Junho faz um protesto contra a renúncia que fora obrigado a fazer dos seus direitos à coroa de Portugal. Ao fazê-lo, perde voluntariamente o direito à pensão vitalícia que Portugal ficara obrigado a pagar-lhe nos termos daquele, não lhe restando, a partir de então, qualquer fortuna pessoal, visto que já mandara entregar as suas jóias ao seu irmão D. Pedro, como contribuição para o esforço de reconstrução do País após a guerra. Passou pois a viver da boa-vontade do Papa e dos seus partidários. A oferta do seu tesouro pessoal para ajudar na reconstrução de Portugal suscitou a D. Pedro IV o comentário emocionado: "Isto são mesmo coisas do mano Miguel".
D. Miguel viveu o resto de sua vida no Grão-ducado de Baden, Baden-Württemberg, Alemanha, onde se casou com a Princesa Adelaide de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg, que lhe deu seis filhas e um filho, Miguel, Duque de Bragança.
Em 26 de Novembro de 1836, D. Miguel nomeou simbolicamente Governador do Reino do Algarve e Comandante em Chefe Interino de Todas as Tropas Realistas, Regulares e Irregulares do Exército de Operações do Sul o chamado "Remexido", líder de um grupo de guerrilheiros e ex-soldados, que se manteve fiel à causa miguelista e fez acesa resistência no território compreendido entre o Algarve e o norte do Alentejo durante mais de quatro anos após a Concessão. O que não foi caso isolado, já que se conhecem vários outros focos de luta de guerrilha ao longo de todo o país nesta época, com especial destaque no Norte de Portugal, apoiados nomeadamente pelo célebre Zé do Telhado, no Douro, e pelo Conde Almada, no Minho.
Entretanto, a 26 de Outubro de 1866, morre sem nunca ter conseguido regressar e muita da sua luta pela sua legitimação pelo Reino de Portugal esmorece, apesar da continuidade que lhe foi dada pelo seu filho Miguel II de Bragança e vários que o sempre seguiram.
Um dos actuais pretendentes ao trono português e porventura o principal, D. Duarte Pio de Bragança, é bisneto de D. Miguel I, por legítima varonia. Coincide ser também trisneto do seu rival e irmão D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, pelo lado materno.
D. Miguel de Bragança jaz desde 1967 no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa, juntamente com sua mulher, para onde foi transladado do Convento dos Franciscanos de Engelberg, em Großheubach no distrito de Miltenberg.
[editar] DescendênciaRealeza Portuguesa
Casa de Bragança
Descendência
João IV[Expandir]
Filhos
Teodósio, Príncipe do Brasil
Joana, Princesa da Beira
Infanta Catarina, Rainha de Inglaterra
Afonso, Príncipe do Brasil (futuro Afonso VI)
Infante Pedro, Duque de Beja (futuro Pedro II)
Afonso VI[Esconder]
Pedro II[Expandir]
Filhos
Isabel Luísa, Princesa da Beira
João, Príncipe do Brasil (futuro João V)
Infante Francisco, Duque de Beja
Infante António
Infante Manuel, Conde d'Ourém
Infanta Francisca
Luísa, Duquesa do Cadaval
José, Arcebispo de Braga
João V[Expandir]
Filhos
Infanta Bárbara, Rainha de Espanha
José, Príncipe do Brasil e Duque de Bragança (futuro José I)
Pedro, Príncipe do Brasil e Duque de Bragança (futuro Pedro III)
José I[Expandir]
Filhos
Maria Francisca, Princesa do Brasil (futura Maria I)
Infanta Mariana Francisca
Infanta Doroteia
Benedita, Princesa do Brasil
Maria I e Pedro III[Expandir]
Filhos
José, Príncipe do Brasil
João, Príncipe Real e Duque de Bragança (futuro João VI)
Infanta Mariana Vitória
João VI[Expandir]
Filhos
Infanta Maria Teresa
Infanta Maria Isabel, Rainha de Espanha
Infante Pedro, Príncipe Real e Duque de Bragança (futuro Pedro I do Brasil e IV de Portugal)
Infanta Maria Francisca
Infanta Isabel Maria
Infante Miguel, Duque de Bragança (futuro Miguel I)
Infanta Maria da Assunção
Infanta Ana de Jesus Maria, Marquesa de Loulé
Pedro IV (I do Brasil)[Expandir]
Filhos
Infanta Maria da Glória, Duquesa do Porto (futura Maria II)
Januária, Princesa Imperial do Brasil
Francisca, Princesa de Joinville
Pedro, Príncipe Imperial do Brasil (futuro Pedro II do Brasil)
Miguel I[Expandir]
Filhos
Infanta Maria das Neves, Duquesa de São Jaime
Miguel II de Bragança
Infanta Maria, Arquiduquesa de Áustria
Infanta Maria José, Duquesa na Bavaria
Infanta Adelgundes, Duquesa de Guimarães, Condessa de Bardi
Infanta Maria Ana, Grã-Duquesa do Luxemburgo
Infanta Maria Antónia, Duquesa de Parma
Netos
Duarte Nuno de Bragança
Bisnetos
Duarte Pio de Bragança
Miguel Rafael de Bragança
Henrique Nuno de Bragança
Trinetos
Afonso de Bragança
Maria Francisca de Bragança
Dinis de Bragança
Maria II e Fernando II[Expandir]
Filhos
Pedro, Duque de Bragança (futuro Pedro V)
Infante Luís, Duque do Porto (futuro Luís I)
Infante João, Duque de Beja
Infanta Maria Ana, Princesa da Saxónia
Infanta Antónia, Princesa de Hohenzollern-Sigmaringen
Infante Augusto, Duque de Coimbra
Pedro V[Esconder]
Luís I[Expandir]
Filhos
Carlos, Príncipe Real e Duque de Bragança (futuro Carlos I)
Infante Afonso, Duque do Porto
Carlos I[Expandir]
Filhos
Luís Filipe, Príncipe Real e Duque de Bragança
Infante Manuel, Duque de Beja (futuro Manuel II)
Manuel II[Esconder]
Nome Nascimento Morte Casamento
Infanta Maria das Neves de Bragança 1852 1941 Casou-se, em 1871, com o infante Afonso da Espanha, filho do pretendente João de Bourbon.
Miguel II Maria Carlos de Bragança 1853 1927 Casou-se em 1877 com a princesa Isabel de Thurn e Taxis, e em 1893 com a princesa Maria Teresa de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg.
Infanta Maria Teresa de Bragança 1855 1944 Casou-se, em 1873, com o arquiduque Carlos Luís da Áustria.
Infanta Maria José de Bragança 1857 1943 Casou-se, em 1874, com Carlos Teodoro, duque da Baviera.
Infanta Aldegundes de Bragança 1858 1956 Casou-se, em 1876, com Henrique de Bourbon-Parma, conde de Bardi.
Infanta Maria Ana de Bragança 1861 1942 Casou-se, em 1893, com o grão-duque Guilherme IV do Luxemburgo.
Infanta Maria Antónia de Bragança 1862 1959 Casou-se, em 1884, com o duque Roberto I de Parma.
D. Miguel teve ainda uma filha de mãe desconhecida, Maria Ana de Assunção de Bragança, gerada ainda enquanto era rei de Portugal (12 de Março de 1831 - Julho de 1897).
[editar] Dúvidas sobre a paternidadeAlgumas fontes sugerem que D. Miguel seria fruto das alegadas ligações adúlteras de sua mãe, Carlota Joaquina. Aparentemente, o próprio D. João VI teria confirmado não ter tido relações sexuais com a sua esposa durante mais de dois anos e meio antes do nascimento de D. Miguel[5], tempo durante o qual D. João e Carlota Joaquina terão vivido em guerrilha conjugal, permanente conspiração e só se encontravam em raras ocasiões oficiais.[6]
Segundo esta teoria, D. Miguel poderia ter sido filho do marquês de Marialva (com quem se assemelhava fisicamente), ou do jardineiro do palácio da rainha, ou de um outro serviçal do Ramalhão (o palácio localizado perto de Sintra, onde Carlota Joaquina vivia separada de seu real esposo).[7][8]
Os defensores desta teoria não conseguem contudo explicar o porquê de D. João, se tinha de facto dúvidas quanto à paternidade de D. Miguel, ter reconhecido este último como seu filho. Repudiando D. Miguel, o monarca teria a mais soberana das oportunidades de anular o seu casamento com Dª Carlota Joaquina. Se não o fez, é lícito afirmar que não tinha quaisquer dúvidas quanto à paternidade de D. Miguel e que essas dúvidas são fruto de meros mexericos sem base sólida e muito explorados por alguma propaganda pró-liberal e por alguns monárquicos da actualidade que pretendem privar os descendentes de D. Miguel da condição de pretendentes ao trono de Portugal.
Por outro lado, dado que as dúvidas sobre a paternidade de D. Miguel acima referidas têm como base fundamental as memórias de Laure Permon, mulher de Junot, onde sobressai uma profunda antipatia pela Corte Portuguesa e por Carlota Joaquina, a sua veracidade torna-se mais duvidosa ainda.[9] É um facto que, ao longo da História, são inúmeros os casos em que a fidelidade conjugal de reis e rainhas é posta em causa, mas, neste caso específico, esta veracidade torna-se ainda mais remota se atendermos também ao facto de que nenhum dos historiadores liberais de referência do período pós-miguelista (Luz Soriano e Alexandre Herculano) coloca em dúvida a paternidade de D. Miguel, mesmo apesar de terem sido seus inimigos confessos e de inclusivamente terem combatido contra ele durante a Guerra Civil.[10]
Notas↑ O obituário publicado no The New York Times está disponível aqui.
↑ Maria Alexandre Lousada e Maria de Fátima Sá e Melo Ferreira, D. Miguel, Lisboa, Círculo de Leitores, 2006, p. 65
↑ Francisco Pina Manique, A Causa de D. Miguel, Lisboa, Caleidoscópio, 2007, p. 20
↑ Alvalade – História em Datas, alvalade.info
↑ Ver EDMUNDO, Luiz, A corte de D. João no Rio de Janeiro (1808-1821), volume 1 (de 3), página 239.
↑ PEREIRA, Sara Marques (1999), D. Carlota Joaquina e os Espelhos de Clio - Actuação Política e Figurações Historiográficas, Livros Horizonte, Lisboa, 1999, página 53.
↑ Ver WILCKEN, Patrick, Empire Adrift, páginas 61 e 62.
↑ O erário público pagava a um apontador para apontar as datas do acasalamento real, mas ele tinha pouco trabalho. Isso não impedia D. Carlota Joaquina de ter filhos com regularidade e, ao mesmo tempo advogar inocência e dizer que era fiel a D. João VI. No caso de D. Miguel, havia cerca de 2 anos que D. João VI não acasalava com a sua mãe. Mas uma coisa é saber-se quem não era o pai, outra é dizer quem era o pai, porque D. Carlota Joaquina, não era fiel nem ao marido nem aos amantes. DOMINGUES, Mário (1972), Junot em Portugal, Livraria Romano Torres, página 211).
↑ Ver Souvenirs d'une ambassade et d'un séjour en Espagne et en Portugal de 1808 a 1811. - Bruxelas: Société Belge de Librairie, 1838 - 2 v.
↑ Ver Luz Soriano, História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal, comprehendendo a história diplomática militar e política d'este reino desde 1777 até 1834. - Lisboa: Imprensa Nacional, 1866-1890. - 19 v.
[editar] Ver tambémÁrvore genealógica dos reis de Portugal
Guerras Liberais
Precedido por
Maria II
Rei de Portugal e dos Algarves
daquém e dalém-mar em África
1828 - 1834 Sucedido por
Maria II
Precedido por
Isabel Maria de Bragança
Regente de Portugal
1827 - 1828 Sucedido por
---
Precedido por
Pedro I de Bragança
Duque de Bragança
Sucedido por
Miguel II de Bragança e Maria II
(o título foi usado simultaneamente
pelos dois ramos dos Braganças)
Precedido por
João de Bragança
(João VI de Portugal) Senhor do Infantado
Sucedido por
incorporado à Coroa
[editar] Ligações externasMiguel (D.), Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume IV págs. 1099-1104, Edição electrónica de Manuel Amaral, 2000-2010
[Expandir]v • eBiografias
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
[Expandir]v • eMonarcas de Portugal
Dinastia Afonsina Afonso I • Sancho I • Afonso II • Sancho II • Afonso III • Dinis I • Afonso IV • Pedro I • Fernando I
Dinastia de Avis João I • Duarte I • Afonso V • João II • Manuel I • João III • Sebastião I • Henrique I
Dinastia Filipina Filipe I • Filipe II • Filipe III
Dinastia de Bragança João IV • Afonso VI • Pedro II • João V • José I • Maria I (com Pedro III) • João VI • Pedro IV • Maria II • Miguel I • Maria II (com Fernando II) • Pedro V • Luís I • Carlos I • Manuel II
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