sexta-feira, 12 de outubro de 2012

poema de bocage



O Ciúme




Entre as tartáreas forjas, sempre acesas,

Jaz aos pés do tremendo, estígio nume (1),

O carrancudo, o rábido (2) Ciúme,

Ensanguentadas as corruptas presas.



Traçando o plano de cruéis empresas,

Fervendo em ondas de sulfúreo lume,

Vibra das fauces o letal cardume

De hórridos males, de hórridas tristezas.



Pelas terríveis Fúrias (3) instigado,

Lá sai do Inferno, e para mim se avança

O negro monstro, de áspides (4) toucado.



Olhos em brasa de revés me lança;

Oh dor! Oh raiva! Oh morte!... Ei-lo a meu lado

Ferrando as garras na vipérea (5) trança.



Bocage







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(1) Plutão, deus dos infernos.

(2) Raivoso, furioso

(3) Demónios do mundo infernal.

(4) Serpentes venenosas.

(5) De víbora

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copyright autor do texto.

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