quinta-feira, 11 de outubro de 2012

INSÂNIA OU MEGALOMANIA: FERNANDO PESSOA

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Mandato de despejo aos mandarins do mundoFora tu,

reles

esnobe

plebeu

E fora tu, imperialista das sucatas

Charlatão da sinceridade

e tu, da juba socialista, e tu, qualquer outro

Ultimatum a todos eles

E a todos que sejam como eles

Todos!Monte de tijolos com pretensões a casa

Inútil luxo, megalomania triunfante

E tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral

Que nem te queria descobrirUltimatum a vós que confundis o humano com o popular

Que confundis tudo

Vós, anarquistas deveras sinceros

Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores

Para quererem deixar de trabalhar

Sim, todos vós que representais o mundo

Homens altos

Passai por baixo do meu desprezo

Passai aristocratas de tanga de ouro

Passai Frouxos

Passai radicais do pouco

Quem acredita neles?

Mandem tudo isso para casa

Descascar batatas simbólicasFechem-me tudo isso a chave

E deitem a chave fora

Sufoco de ter só isso a minha volta

Deixem-me respirar

Abram todas as janelas

Abram mais janelas

Do que todas as janelas que há no mundoNenhuma idéia grande

Nenhuma corrente política

Que soe a uma idéia grão

E o mundo quer a inteligência nova

A sensibilidade novaO mundo tem sede de que se crie

Porque aí está apodrecer a vida

Quando muito é estrume para o futuro

O que aí está não pode durar

Porque não é nadaEu da raça dos navegadores

Afirmo que não pode durar

Eu da raça dos descobridores

Desprezo o que seja menos

Que descobrir um novo mundoProclamo isso bem alto

Braços erguidos

Fitando o AtlânticoE saudando abstractamente o infinito."Álvaro de Campos, em 1917 #fernando pessoa #ultimatum #portugal #brasil #modernismo #poesia Carregando... Ocultar notas

899091 musicapipocaemagia “O que há em mim é sobretudo cansaço.” — Alvaro de Campos



#outros Carregando... Ocultar notas

012 sthecachola “(…)Ao som europeu das músicas e das vozes longe e perto,

E que doem por sabermos que nunca os realizaremos…

Vem e embala-nos,

Vem e afaga-nos.

Beija-nos silenciosamente na fronte,

Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam

Senão por uma diferença na alma.” — Alvaro de Campos



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464748 gramophoneme



Fernando Pessoa travestido de Álvaro de Campos.



#fernando pessoa #poesia #Lisbon Revisited Carregando... Ocultar notas

234 somewherebetweenwakingnsleeping “Não! Só quero a liberdade!

Amor, glória, dinheiro são prisões.

Bonitas salas? Bons estofos? Tapetes moles?

Ah, mas deixem-me sair para ir ter comigo.

Quero respirar o ar sozinho,

Não tenho pulsações em conjunto,

Não sinto em sociedade por quotas,

Não sou senão eu, não nasci senão quem sou, estou cheio de mim.

Onde quero dormir? No quintal…

Nada de paredes - só o grande entendimento -

Eu e o universo,

E que sossego, que paz não ver antes de dormir o espectro do guarda-fato

Mas o grande esplendor, negro e fresco de todos os astros juntos,

O grande abismo infinito para cima

A pôr brisas e bondades do alto na caveira tapada de carne que é a minha cara,

Onde só os olhos - outro céu - revelam o grande ser subjectivo.



Não quero! Dêem-me a liberdade!

Quero ser igual a mim mesmo.

Não me capem com ideias!

Não me vistam as camisas-de-forças das maneiras!

Não me façam elogiável ou inteligível!

Não me matem em vida!



Quero saber atirar com essa bola alta até à lua

E ouvi-la cair no quintal do lado!

Quero ir deitar-me na relva, pensando «amanhã vou buscá-la…»

Amanhã vou buscá-la ao quintal ao lado…

Amanhã vou buscá-la ao quintal ao lado…

Amanhã vou buscá-la ao quintal

Buscá-la ao quintal

Ao quintal

Ao lado…



” — Álvaro de Campos, 11-08-1930



#fernando pessoa #poesia #liberdade Carregando... Ocultar notas

012 paradoxosdamente Não: não quero nada.



Já disse que não quero nada.



[…]



Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo…



E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!



(Lisbon Revisited - Álvaro de Campos)



#Escritor #Fernando Pessoa #paz #silencio #abismo #sozinho Carregando... Ocultar notas

8910 icantfindmybluebird “Todas as cartas de amor são

Ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem

Ridículas.



Também escrevi em meu tempo cartas de amor,

Como as outras,

Ridículas.



As cartas de amor, se há amor,

Têm de ser

Ridículas.



Mas, afinal,

Só as criaturas que nunca escreveram

Cartas de amor

É que são

Ridículas.



Quem me dera no tempo em que escrevia

Sem dar por isso

Cartas de amor

Ridículas.



A verdade é que hoje

As minhas memórias

Dessas cartas de amor

É que são

Ridículas.



(Todas as palavras esdrúxulas,

Como os sentimentos esdrúxulos,

São naturalmente

Ridículas.)



” — Álvaro de Campos, 21-10-1935 (Fernando Pessoa)



#poesia #fernando pessoa #portuguese literature #todas as cartas de amor Carregando... Ocultar notas

123 wellareyou a note in the margin

Put time to good use!

But what’s time that I should put it to use?

Put time to good use!

Not a day without a few lines..

Honest and first-rate work

Like that of a Virgil or Milton…

But to be honest or first-rate is so hard!

To be Milton or Virgil is so unlikely!



Put time to good use!

Taking from my soul the right little bits—no more and no less—

That will fit together like a jigsaw puzzle

To make a definite picture in history…

(And it’s just as definite on the underside no one sees.)

Making my sensations into a house of cards—a miniature, after-dinner China…

Arranging my thoughts like dominoes, like against like…

Treating my will like a tricky billiard shot..

Images of games or of solitaires or of pastimes—

Images of life, images of lives, Image of Life…



Verbosity.

Yes, verbosity.

Put time to good use!

Not letting a minute go by without examining my conscience…

Not allowing a single indefinite or factitious act..

Not permitting any move out of line with my goals…

Good manners of the soul..

The elegance of persevering…



Put time to good use!

My heart is weary like a veritable beggar.

My brain’s ready to go, like a bundle in a corner.

My song (verbosity!) is what it is and is sad.

Put time to good use!

Five minutes have gone by since I started writing.

Have I put them to good use or not?

If I don’t know, then how will I know about other minutes?



(Lady who so often rode in the same compartment with me

On the suburban train,

Did you ever become interested in me?

Did I put time to good use by looking at you?

What was the rhythm of our silence in the moving train?

What was the understanding that we never came to?

What life was there in this? What was this to life?)



Put time to good use!

Ah, let me put nothing to use!

Neither time nor being, nor memories of time or being!

Let me be a tree leaf tickled by breezes,

The dust of a road, involuntary and alone,

The incidental runlet of the rains that are letting up,

The tracks left by wheels until new wheels come along,

The little boy’s top, which is coming to a halt,

And it sways with the same movement as the earth’s,

And it quivers, with the same movement as the soul’s,

And it falls, as the gods fall, onto Destiny’s floor.



#Fernando Pessoa #Poetry #Fernando Pessoa and Co Carregando... Ocultar notas

345 livrariaespacial Esse, com certeza, é meu poema preferido do gênio louco que foi Fernando Pessoa(ou Álvaro de Campos né).















LISBON REVISITED (1923)



Não: não quero nada.

Já disse que não quero nada.



Não me venham com conclusões!

A única conclusão é morrer.



Não me tragam estéticas!

Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafisica!

Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas

Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) ­

Das ciências, das artes, da civilização moderna!



Que mal fiz eu aos deuses todos?



Se têm a verdade, guardem-na!



Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.

Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.

Com todo o direito a sê-lo, ouviram?



Não me macem, por amor de Deus!



Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?

Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?

Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.

Assim, como sou, tenham paciência!

Vão para o diabo sem mim,

Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!

Para que havemos de ir juntos?



Não me peguem no braço!

Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.

Já disse que sou sozinho!

Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!



Ó céu azul ­ o mesmo da minha infância ­,

Eterna verdade vazia e perfeita!

Ó macio Tejo ancestral e mudo,

Pequena verdade onde o céu se reflecte!



Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!

Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo…

E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!



#fenando pessoa #modernismo #literatura #artigosespaciais Carregando... Ocultar notas

456 wellareyou I study myself but can’t perceive.

I’m so addicted to feeling that

I lose myself if I’m distracted

From the sensations I receive.



This liquor I drink, the air I breathe,

Belong to the very way I exist:

I’ve never discovered how to resist

These hapless sensations I conceive.



Nor have I ever ascertained

If I really feel what I feel.

Am I what I seem to myself—the same?



Is the I I feel the I that’s real?

Even with feelings I’m a bit of an atheist.

I don’t even know if it’s I who feels.



#Fernando Pessoa #Fernando Pessoa and Co #Poetry Carregando... Ocultar notas

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