quarta-feira, 6 de junho de 2012

MONASTÉRIOS MEDIEVAIS

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Tudo é bucólico, sem sobressaltos e as povoações estão bem distanciadas umas das outras. Mosteiro de Poblet Foi nesta área aparentemente fértil que se instalou a Ordem de Cister durante o século XII. A Ordem nasceu em França, em finais do mesmo século, e os seus ideais de regresso à vida austera e simples, baseada na divisa “Ora et Labora” (Reza e Trabalha), exigia terrenos e áreas de cultivo que garantissem a ocupação dos monges e a sua subsistência. O primeiro destes mosteiros foi o de Santes Creus, pioneiro de Cister na Catalunha, fundado ainda em 1150; o de Santa Maria de Poblet, situado junto às montanhas de Prades, é um dos mais importantes e mais bem conservados de entre todos os mosteiros da Ordem; o de Vallbona de les Monges tem a particularidade de abrigar uma comunidade de monjas. Mesmo para quem não se interessa por história, a beleza destes três lugares, só por si, justifica em uma visita. Apesar dos edifícios não terem a sumptuosidade habitual em outras ordens na época, a expansão de Cister ocorreu durante os últimos tempos do estilo românico e o início do gótico, o que leva certos críticos a referirem a existência de um estilo particular, o “estilo cisterciense”, para designar esta elegante fusão de elementos arquitectónicos e decorativos. Sem esquecer que os “monges brancos”, como eram conhecidos por causa da cor das suas vestes, procuravam para se instalar locais isolados e com grandes áreas de terra em redor que permitissem, caso necessário, a expansão dos terrenos agrícolas e do próprio mosteiro; ainda hoje a localização do mosteiro de Poblet, por exemplo, se situa junto a um bosque luxuriante protegido sob a designação de Parque Natural. Em Portugal, o mais emblemático e conhecido mosteiro fundado pela Ordem de Cister, em 1153, é o mosteiro de Alcobaça. Apesar de o primeiro mosteiro português ter sido o de Tarouca, aquando da entrada da Ordem em 1144, o de Alcobaça, bem mais rico, transformou-se no centro intelectual e artístico da Ordem no país. SANTES CREUS, MUSEU MEDIEVAL A lógica das estradas leva-nos primeiro num passeio entre colinas verdes até Santes Creus. O grupo de edifícios vê-se ao longe, enquadrado entre vales viçosos e rodeado de vinhas, amendoeiras e oliveiras. Da construção, de aspecto sóbrio e sólido, destacam-se apenas três torres; o resto do mosteiro tem o aspecto de uma verdadeira fortaleza. À chegada, a funcionária recomenda-nos o espectáculo de Luz e Som que vai começar dentro de minutos e que tem lugar regularmente em várias línguas, fazendo uma pequena introdução histórica à Ordem de Cister. Pormenor do Mosteiro Santes Creus, pioneiro de Cister na Catalunha Muitíssimo interessante e bem feito, leva-nos até à Idade Média, recriando um ambiente escuro e romântico digno de “O Nome da Rosa” de Umberto Eco. Imagens, ruídos, um amanhecer que se vai abrindo na parede, cortinas que correm, objectos que saem das trevas e que para lá voltam e, por fim, o mistério de uma porta que se abre convidando-nos a entrar para uma sala onde nos é apresentada uma bela colecção de obras de caligrafia, arte em que os monges eram peritos. Depois a visita fica por nossa conta. Com o tempo quente, a frescura do velho claustro arborizado prende-nos por ali, antes de procurarmos a pérola do mosteiro: o seu Grande Claustro, cujas colunas terminam todas em capitéis diferentes, obra gótica do máximo interesse. Há bichos estranhos, morcegos e dragões, monges com cabeça de porco, cenas da Bíblia e os próprios artistas escultores em acção, de martelo e escopro em punho. Ao longo de algumas paredes perfilam-se túmulos de nobres catalães e na Sala do Capítulo, encastrados no chão, os túmulos dos abades. O dormitório é agora uma bela sala de concertos, onde se realiza ciclos de música clássica e sagrada, assim como cursos de canto gregoriano. A igreja data de finais do século XII e constitui uma das partes mais antigas do complexo, de onde desponta uma bela torre-lanterna. Junto às suas paredes ficam as ruínas de outras partes do mosteiro, que lhe reforçam a faceta mais selvagem e romântica, umas sem telhado, outras com paredes e escadas que terminam no ar, para uso exclusivo de fantasmas... Santes Creus foi o primeiro dos mosteiros de Cister na Catalunha e agora, desabitado desde há cerca de sessenta anos, é uma espécie de museu que nos conta a história da Ordem num cenário excepcionalmente restaurado e bonito. SANTA MARIA DE VALLBONA, O MOSTEIRO DAS MULHERES A paisagem não se altera muito entre este mosteiro, o mais tardio da trilogia, e os outros dois. A sua situação num vale fértil, de abundante vegetação mediterrânica, é comum a todos, e a maior diferença reside no facto de a aldeia de Vallbona de os Monges ter crescido à volta dele, num casario compacto de onde despontam as habituais torres. Ruelas estreitas e empedradas, fachadas simples e nuas, um belo portal de pedra que dá acesso à igreja. A razão desta integração da Ordem na aldeia foi um decreto emanado do concílio de Trento, que proibia os conventos e mosteiros femininos isolados. As religiosas fizeram então os camponeses chegar-se a si, instalando-se muitos deles em dependências cedidas pelas monjas, e a aldeia foi crescendo rente aos seus muros. Vallbona, Espanha Desde 1157 que este ramo feminino de Cister mantém a sua actividade religiosa, uma duração de mais de oito séculos durante a qual sempre foi o mais importante na Catalunha. Apesar de ser mais grandioso que o normal para um mosteiro Cister feminino, fica bastante atrás dos seus confrades de Santes Creus e Poblet. A igreja é a parte mais importante e um belo exemplo da transição entre o românico e o gótico, datando dos séculos XIII e XIV. Também aqui as abadessas e os nobres - neste caso a rainha Violante da Hungria e sua filha - têm belos túmulos ou pedras tumulares esculpidas. O edifício dispões das divisões comuns aos outros da Ordem, destacando-se a sua biblioteca, que abriga valiosos manuscritos, e um pequeno museu com bordados, peças de joalharia e outras obras realizadas na abadia. Chegaram a ser mais de cento e cinquenta, as religiosas que aqui viviam, entre as quais as filhas das principais famílias nobres que asseguravam a riqueza do mosteiro; hoje resta uma comunidade de cerca de trinta, o suficiente para manter a actividade espiritual da abadia e organizar todos os anos uma época de concertos de música clássica no interior da igreja. SANTA MARIA DE POBLET - TERRAS DE CISTER A apenas cerca de trinta quilómetros de Vallbona, Santa Maria de Poblet foi o último mosteiro que visitámos neste circuito medieval. Mandado construir em 1151 por Raymond Bérenger, como agradecimento após a reconquista da Catalunha aos mouros, foi sempre favorecido pelos reis de Aragão, que aqui ou em Santes Creus repousavam nas suas viagens entre Saragoça e Barcelona, acabando por o escolher para panteão nacional. Em 1835, depois de convulsões sociais e de uma série de leis contra as ordens religiosas, o mosteiro acabou por ser abandonado e pilhado. Só um século mais tarde se retomou a sua reconstrução, e apenas em 1940 os monges voltaram a instalar-se aqui. A mancha verde dos bosques fica muito próxima e, tal como em Santes Creus, o cultivo da vinha faz-se junto às suas paredes. Só já não se vê nas imediações o choupal que lhe deu o nome; Poblet vem do latim populetum, choupo, mas os ciprestes parecem ter tomado o seu lugar. Santa Maria de Poblet, terras de Cister Mais uma vez, a arquitectura do edifício faz-nos hesitar entre a fortaleza e o castelo, de tal modo é imponente, muralhada e pontuada por torres defensivas. Atravessa-se três fiadas de muralhas para chegar ao mosteiro propriamente dito, e pelo caminho não passam despercebidas as graciosas capelas de Sant Jordi e de Santa Catarina, esta última na grande praça que antecede a Porta Real, enquadrada por duas grandes torres. Todas estas construções se foram sucedendo ao longo dos séculos, de XI a XVIII, conforme as necessidades do mosteiro. Após algum tempo de espera, um guia - um monge, com toda a certeza - veio mostrar-nos os interiores, que só se visitam em grupo, e foi-nos explicando as funções da cada sala. Há muitas em redor do claustro, e nas que continuam a ser utilizadas só nos é permitida uma espreitadela, para não prejudicar o normal funcionamento do mosteiro. Passamos pelo refeitório, pela biblioteca, pela Sala do Capítulo onde estão belíssimos túmulos, pelo salão onde os monges se aqueciam junto a uma grande lareira e por uma cozinha, de onde sai um cheirinho rescendente. Uma porta fechada dá acesso à clausura. Tudo grande e austero, sem que avistássemos algum dos trinta e dois monges que habitam o complexo. Quanto à igreja, os túmulos dos reis e rainhas - entre as quais Leonor de Portugal - e o altar-mor de alabastro são obras de arte requintadas que não se podem perder. Para uma visão final do claustro, de onde se levantam ciprestes gigantescos e um precioso fontanário, a visita termina num passeio sobre uma passagem superior, que começa junto à bela torre-lanterna da igreja. É nesta atmosfera de paz e austeridade que os monges de Cister continuam a guardar os ideais da Ordem. Poblet continua a ser um grande centro espiritual de Espanha, mas qualquer um dos três mosteiros constitui um magnífico exemplo da arquitectura medieval europeia. Pormenor do mosteiro de Poblet Vista da povoação de Vallbona, Espanha Mosteiro Santes Creus Mosteiro Santes Creus GUIA DE VIAGENS QUANDO VIAJAR PARA TARRAGONA Todo o ano. Informar-se sobre os horários dos mosteiros com antecedência, uma vez que estes mudam de Inverno. COMO VISITAR OS MOSTEIROS DE CISTER Com veículo próprio, o melhor é fazer base em Tarragona, onde há mais facilidades dos que em qualquer das aldeias junto dos mosteiros. Por aí encontra-se o ocasional café e pouco mais. Sair de Tarragona em direcção à auto-estrada de Barcelona e Lleida (Lérida), seguindo depois pela N240 até aparecerem indicações para os mosteiros. São cerca de 50 quilómetros até Poblet, daí uns trinta até Vallbona. Santes Creus é o mais próximo de Tarragona. Uma hipótese agradável é sair de manhã de Tarragona, visitar Santes Creus de manhã (umas duas horas de visita), fazer um piquenique pelo caminho, visitar Vallbona e Poblet (uma hora para o primeiro e hora e meia de visita para o segundo), e regressar à base ao fim do dia. Todos os mosteiros possuem dias e horários de abertura, e a entrada é paga. Em Santes-Creus, entrada é gratuita às quartas-feiras. » Mais informações e reserva de voos ALOJAMENTO EM TARRAGONA Em Tarragona, tanto pode optar pelo campismo - o Camping Tarraco fica mesmo ao pé da praia - como por hotéis de 4 estrelas, como o Ciutat de Tarragona, na Plaza Imperial Tarraco, 5. Bem central, na Rambla Nova 20, é o três estrelas Hotel Lauria. » Mais informações e reservas de hotéis RESTAURANTES Impossível não falar no restaurante que fica no próprio Forte de la Reina, e que tem o mesmo nome, situado na Platja del Miracle. A gastronomia catalã e os vinhos locais podem ainda ser testados, por exemplo, no Restaurante Merlot, em Cavallers 6. SEGURO DE VIAGEM O seguro de viagem da World Nomads oferece uma das mais completa e confiáveis apólices de seguro do mercado. São os seguros recomendados por entidades prestigiadas como a Lonely Planet, Footprint, Hostelworld e National Geographic. » Comprar seguro de viagem online VIAGENS RELACIONADAS (ESPANHA) : Barcelona de Gaudí : O arco-íris de Madrid : Valência, a flor da luz levantina : Sevilha, tapas e flamenco : Lanzarote, erupções de lava e de betão : Fogo de julho em Santiago de Compostela : Caminho Português de Santiago, de pedra é o caminho : Mancha, por onde andou D. 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