quarta-feira, 20 de junho de 2012
A MIGRAÇÃO NORDESTINA PARA A AMAZÔNIA
A febre da borracha na Amazônia
Os povos indígenas do Acre
estiveram submetidos por
dezenas de anos ao trabalho
forçado nos seringais, desde
o século passado. Hoje os
Kaxinawá, os Yawanawá,
os katukina, os Arara e os
seringueiros trabalham junto
na produção de couro vegetal
feito a partir do látex
estraído da seringueira.
O processo de ocupação da Amazônia foi bem diferente. Entre 1840 e 1920, a região foi tomada por um surto econômico que transformou a cidade de Manaus numa cidade moderna e Belém num porto internacional. A Amazônia era o único lugar do mundo que fornecia a borracha, uma matéria-prima cada vez mais requisitada pelos países industrializados, a partir da descoberta do processo de vulcanização que abria o seu uso para a produção de pneus. Isso levou milhares de trabalhadores a invadirem a região. Como as seringueiras se espalhavam por toda a floresta, e como os primitivos métodos de incisão matavam a planta em alguns anos, os seringueiros foram obrigados a se embrenhar cada vez mais mata adentro.
Fugindo da grande seca de 1877-1880, cerca de 300 mil nordestinos, vindos em sucessivas levas, chegaram à Amazônia incentivados pelo governo federal, que via nessa mobilidade uma forma de livrar-se do problema social e de ocupar uma região considerada “desabitada”.
Adentrando a selva, sangrando as seringueiras, o nordestino viveu em condições de extrema penúria, explorado pelo dono do seringal, dizimado por doenças e muitas vezes vítima de uma alimentação precária, pois todos estavam voltados para o recolhimento do látex. Os trabalhadores viviam em regime semi-escravidão, vigiados pelos capangas dos seringalistas e impedidos à força de abandonar o trabalho.
Além disso, havia constantes conflitos com os povos indígenas que ali viviam. Os indígenas foram subjugados e muitas vezes inseridos na extração do látex.
Nesse processo foram dizimadas as populações das nações de língua Pano, Aruak, Arawa e Katukina. Outras foram drasticamente reduzidas, como os Munduruk, que em 1877 contavam com 18 mil pessoas, passando a ter, em 1960, apenas 1.600.
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Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo: FTD, 2000.
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