quarta-feira, 6 de junho de 2012
cultura medieval
É costume de uma história sem fundamento, alimentada no desprezo pelo catolicismo, afirmar que a Idade Média foi a Idade das Trevas, época em que dominou o dogmatismo católico, privando o ser humano do desenvolvimento científico.Jornal - "MISSÃO JOVEM"
História da Igreja
Dentre as grandes conquistas medievais está a Universidade, um dos maiores serviços prestados para o desenvolvimento da civilização ocidental. A evolução que, diga-se a verdade, parte das escolas monásticas e episcopais do século IX ao XIII, vai preparando o desenvolvimento da ciência do Ocidente.
Escolas monásticas e episcopais
Roger Bacon
Os mosteiros mantinham escolas internas para a formação de seus monges e, muitos deles, acrescentaram uma escola externa, destinada a crianças e jovens de fora. À medida que os mosteiros se espalhavam pela Europa, espalhavam-se também estas escolas de importância fundamental.
Por sua vez, os bispos também fundaram escolas semelhantes, denominadas escolas episcopais ou catedralícias, destinadas à formação dos futuros clérigos. Famosa foi a escola de Chartres, fundada em 990 e que alcançou seu esplendor máximo no século XIII. Sua característica era a orientação para as ciências naturais.
Nestas escolas estudava-se o trívio (gramática, retórica e dialética) e o quatrívio (aritmética, geometria, astronomia e música).
Studium generale e Universidade
No século XII há uma mudança significativa no sistema de formação do Ocidente. Em algumas cidades ensinam mestres que não estão incorporados, e nem seus discípulos, a alguma escola catedralícia.
No início do século XIII, por iniciativa dos papas e, às vezes com o apoio dos reis, em algumas cidades foram fundados estabelecimentos destinados exclusivamente ao cultivo do saber. Substituindo as escolas catedralícias, vinham à luz centros de estudo de outro tipo. Recebendo o nome de Studium generale (Escola geral), indicavam um lugar de estudos abertos a alunos de qualquer comarca ou nacionalidade.
A palavra latina Universitas (Universidade) indicava inicialmente, a associação dos estudantes e, em seguida, incluia alunos e mestres. O documento mais antigo, em que aparece a palavra com esse significado, é do papa Inocêncio III, dirigido em 1208 ao Studium generale de Paris. Mais tarde o nome universidade passou a designar a própria instituição de ensino e estudos superiores na mais alta esfera.
Como as universidades admitiam mestres e alunos de diferentes países, para que seus títulos e graus fossem universalmente válidos, a licença para ensinar tinha de ser dada por uma autoridade universal. Para isso, pediam aos papas e reis bulas e diplomas que lhes outorgassem esse direito. Quando uma escola funcionava bem e adquiria fama por causa de seus mestres, terminava por transformar-se em universidade.
Há unanimidade entre os historiadores em reconhecer que as universidades têm na Igreja a maior responsável por sua existência, e que a maior parte das antigas universidades é fundação eclesiástica.
A faculdade de artes, com as disciplinas do trívio e do quatrívio abria a porta para o acesso às três faculdades superiores: teologia, direito e medicina. Mestres e alunos manejavam o latim, língua acadêmica universal, o que facilitava o intercâmbio de idéias e de pessoas nestes centros internacionais da cultura.
Primeiras Universidades
As estruturas, que definiriam o conceito de universidade medieval, surgiram primeiramente em Bolonha (na Itália, a mais antiga, fundada em 1158), Paris (França) e Oxford (Inglaterra, organizada a partir de 1167). A de Paris, fundada pelo ano de 1200, por causa de seus mestres e doutores foi a maior e a mais famosa da Idade Média.
Universidade de Coimbra (1290)
O Centro Médico de Salerno (Itália) já existia no século IX, mas é no século XI que brilha como a mais famosa escola de medicina. Sua origem está bastante ligada ao mosteiro de Montecassino. Muitos escritos do médico e monge Constantino, o Africano, serviram de texto nas escolas medievais até o século XV.
Alfano (1017-1085), arcebispo de Salerno, ali aprendeu medicina e redigiu um estudo sobre os pulsos e um amplo tratado de clínica terapêutica (Os Quatro Humores do Corpo Humano).
Podemos ainda citar as universidades de Toulouse (1229), Roma e Avignon (1303), Colônia (1389), Erfurt (1392), Cambridge (1209), Palência (1208), Salamanca (1219), Coimbra (1290).
Ao longo dos séculos XIII e XIV surgem na Europa 29 universidades de fundação pontifícia. Aqui poderíamos citar toda uma série de franciscanos em Oxford e de dominicanos em Paris que, com suas pesquisas, descobertas e obras deram impulso às ciências da filosofia, astronomia, física, matemática, geometria, náutica, ótica, movimento, geologia, botânica, meteorologia, medicina, entre outras. A ciência moderna fixa suas raízes nesses homens contemplativos, especulativos e experimentais ao mesmo tempo.
A Teologia Escolástica
A Igreja teve de responder, em cada período, às perguntas feitas à fé cristã, à relação Escritura e Teologia, à relação Ciência e Fé.
Na Antigüidade, a Teologia conheceu seus momentos culminantes com os Pais do Oriente e do Ocidente. Agora, num novo ambiente, com o desenvolvimento da ciência e da filosofia, a Teologia conheceu um grande florescimento, cujo centro estava nas Universidades, nas Escolas, donde o nome de Filosofia e Teologia Escolástica. A unidade na língua latina favoreceu o rico intercâmbio entre os pensadores.
Platão foi o grande inspirador da antigüidade. Agora é Aristóteles que oferece o instrumental teórico e filosófico. Sua filosofia chegou ao Ocidente através de sábios árabes e judeus, entre os quais citamos: Averroes (+1198) e Moisés Maimônide (+1204). Mas os teólogos “batizaram” Aristótles. Grandes foram Alberto Magno (+1280), São Boaventura (+1274), sem esquecer Bernardo de Claraval, Roger Bacon, Guilherme de Ockham e muitos outros.
Santo Tomás de Aquino (1226-1274)
O pensamento filosófico e teológico medieval, atingiu seu ápice com o dominicano Santo Tomás de Aquino (1226-1274). Homem de capacidade de unificação e sistematização, teólogo iluminado, homem de oração, conselheiro de papas e bispos, professor em Paris, Bolonha, Pisa, Nápolis, Colônia.
Entre suas numerosas obras, citamos como as mais importantes a Summa Theologica e a Summa contra Gentiles (esta contra os filósofos maometanos). Ainda ofereceu à Igreja belíssimos hinos litúrgicos, entre os quais o Ofício da festa do Corpo de Cristo.
Tomás de Aquino e Agostinho de Hipona, um no mundo medieval e o outro no antigo, elevaram ao grau máximo a reflexão e a santidade cristãs.
Pe. José Artulino Besen
Professor de História do ITESC
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