sexta-feira, 23 de março de 2012

A EDUCAÇÃO ROMANA E A TRANSFORMAÇÃO DO "MOS MAIORUM" NA OBRA DE TÁCITO INTITULADA "DIÁLOGO DOS ORADORES".

A EDUCAÇÃO ROMANA E A TRANSFORMAÇÃO DO MOS MAIORUM NA OBRA DE TÁCITO INTITULADA DIÁLOGO DOS ORADORES
OGAWA, Milena Rosa Araújo Ogawa; CAMPOS, Rafael da Costa2
1Universidade Federal do Pampa; 2Universidade Federal do Pampa, Departamento de História. milena_ogawa@yahoo.com.br.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho de iniciação científica tem como tema central: “A Educação Romana e a transformação do mos maiorum 1na obra de Públio Cornélio Tácito (55-120? d.C.) intitulada Dialogus Oratoribus. O grande objetivo deste artigo é o estudo da educação, analisando a retórica e a transformação do mos maiorum.
Do mesmo modo, este trabalho visa à análise do contexto histórico do Principado durante o período ao qual foi atribuído a obra. Públio Cornélio Tácito, possivelmente oriundo de Terni, cidade da Gália, foi pretor, questor, cônsul e pro cônsul durante o governo dos imperadores flavianos e antoninos, e esteve inserido no cerne da vida pública romana e considerado segundo Breno Silveira “o favorito dos césares”. 2
Avaliada como sua primeira obra, o “Diálogo dos Oradores” tem como principal tema uma controvérsia, em que quatro expoentes da aristocracia romana discutem a possível decadência da oratória em Roma, e desta temática acontece um debate ferrenho sobre as possíveis causas da mesma.
Deste modo, nos propomos a observar o panorama político, cultural e social do Principado mediante uma análise dos principais aspectos do debate travado na obra.
2 METODOLOGIA (MATERIAL E MÉTODOS)
Dirijo este trabalho usando a fonte de Tácito intitulada “Diálogo dos Oradores”, e a partir desta, traço com autores canônicos assuntos como educação, oratória e Principado romano.
1 Tradição.
2 Silveira Breno. “Prefácio” In: Tácito, anais. Trad. de U. L. Freire de Corralero.Rio de Janeiro: Jackson editores.1964. p.VII.
Assim, como Géza Alfödly, em seu artigo3, cita que a pesquisa científica em especial o estudo da História Antiga, ilumina o passado, que mediante a um planejamento consegue decidir, supor compreender e explicar os acontecimentos daquele período, transmitido pelas fontes, busco da mesma maneira tentar melhor compreender aquele período, mas sem deixar de ter em mente, que como bem Guarinello diz4, não podemos reconstruir o passado, pois este como é óbvio, nos é inalcançável, o que temos são apenas vestígios da memória de algumas pessoas, por este motivo apenas estou procurando dar um pouco de sentido aos documentos que tenho em mãos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta pesquisa como já mencionado, envolve a época da transição entre República e Principado, com maior ênfase no período Imperial. Neste contexto foi efetuada a leitura de alguns artigos aos quais um deles citava “A falência do sistema republicano romano,”5 nele, a autora retrata que os romanos não tinham um nome para dar ao seu sistema político, mas o termo Res publica queria dizer “assuntos da união de certo número de homens associados por um consenso comum no direito e na comunhão de interesses”.(Cic. De Rep. 1.25), apude Mendes, ou como a mesma já disse, a lei provinha da soberania do povo6. Assim, Roma, cresceu e se expandiu, ultrapassando muitas fronteiras e anexando cada vez mais terras ao seu domínio, perdendo aos poucos algumas de suas características. Mesmos os historiadores não possuindo um consenso sobre quando ocorreu a transição para o Império, existem teorias que apontam como o início para tal implantação de sistema, a morte dos irmãos Tibério e Caio Graco, pois foi neste período que e as truculências se espalharam, gerando um rastro de ilegalidades entre os próprios romanos. A instalação do Principado consumou-se quando Otávio venceu a batalha do Ácio,
3 Alföldy Géza. “La Historia Anigua y La investigación del fenómeno histórico ”. In: Gerión . Madrid: Editorial de la Universidad Complutense de Madrid, 1984. p.39-61.
4 GUARINELLO. Norberto Luiz. “Uma Morfologia da História: As Formas da História Antiga.” Politeia: História e Sociedade, São Paulo,v.3 n.1. p. 41-61. 2003
5 Mendes. Norma Musco. “O sistema político no principado”. In: Repensando o Império Romano. Perspectiva Socioeconômica, Política e Cultural, Rio de Janeiro/Vitória: Mauad/Edufes,2006. V.1. p.21-51.
6 Mendes. Norma Musco. “O sistema político no principado”. In: Repensando o Império Romano. Perspectiva Socioeconômica, Política e Cultural, Rio de Janeiro/Vitória: Mauad/Edufes,2006. V.1. p.21-51.
afastando uma “ameaça” de ocidentalização por parte de Marco Antônio aliado ao Egito. Desta maneira, Roma a partir daquele instante passa a ser governada por um princeps aos moldes de um poder pessoal ilimitado, como caracteriza Mendes7.
Neste contexto, o autor da fonte em que trabalho, tece sua obra, comparando estes dois períodos, em que o primeiro sistema era movido através opinião pública para tomada de decisões e leis, e em contrapartida, para o outro, onde os romanos sem distinção estavam com suas vidas nas mãos dos princeps. Mas algo fica bem nítido como diz Momigliano8 a respeito de Tácito, ao qual sempre preocupava-se com a honra de Roma, outra informação relevante dada pelo mesmo
historiador é a de que Tácito inspirou durante três séculos políticos, moralistas e teólogos. É a respeito da obra deste grande historiador que se tange esta pesquisa, a procura de conhecer melhor a sociedade romana deste período, e especialmente como estes lidavam com a educação, a qual embora tenha nascido na Grécia, Roma inseriu suas peculiaridades.
A Obra o “Diálogos dos Oradores”, trata-se de Tácito respondendo a uma questão de Justo Fábio, a respeito da falta de oradores no tempo deles9, e então este diz que o responderá mediante a um debate ouvido por ele a algum tempo na qual assuntos como ser ou não ser orador, costume, tradição, oradores antigos versus os “atuais” permeiam toda esta conversa na qual concluem que não foi a oratória ou os oradores de seus tempos que são ruins, mas que se estivessem no mesmo momento que aqueles eloquentíssimos, ao qual muitos se espelhavam teriam brilhado da mesma forma, com glória e fama (Tac. Dialugus.5).
4 CONCLUSÃO
Este trabalho desenvolveu as diferenças educacionais entre o tempo do Lácio e o Principado, os métodos propostos para o ensino, o modo da formação dos professores e alunos e também a práxis da oratória. No âmbito da política, buscou-se a distinção entre os períodos republicanos e imperiais, na qual aborda temas como liberdade de expressão, violência e a mentalidade do romano. Enfim, neste
7 Mendes. Norma Musco. “O sistema político no principado”. In: Repensando o Império Romano. Perspectiva Socioeconômica, Política e Cultural, Rio de Janeiro/Vitória: Mauad/Edufes,2006. V.1. p.27
8 Momigliano. Arnaldo. “Tácito e a Tradição Taciteana”. In: As raízes clásiscas da historiografia moderna, Trad. de Maria Borba Florenzano. Bauru. EDUSC. 2006
9 Século I a.C.
século de transição, como o própria palavra já se refere, é um momento de mudança, as quais pretendemos debater e questionar.
5 REFERÊNCIAS
Alföldy Géza. “La Historia Anigua y La investigación del fenómeno histórico ”. In: Gerión. Madrid: Editorial de la Universidad Complutense de Madrid, 1984. p.39-61.
CAMPOS, Rafael da Costa. Diálogos Dos Oradores: Um Debate Sobre As Transformações Da Oratória Enquanto Instrumento Político Em Tácito. CHRÔNIDAS, Goiás, n.3 p. 1-11, 2009
FINLEY, M.I. “O Estudioso da História Antiga e suas Fontes”. In: História Antiga: testemunhos e modelos. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p.37-62.
GAIA, Deivid Valério. A Arte De Falar Romana No Principado: Algumas Considerações Sobre A Ótica De Tácito. CESUMAR, Maringá, v.8, n.01. p.4-61.2003
GUARINELLO. Norberto Luiz. “Uma Morfologia da História: As Formas da História Antiga.” Politeia: História e Sociedade, São Paulo,v.3 n.1. p. 41-61. 2003
Mendes. Norma Musco. “O sistema político no principado”. In: Repensando o Império Romano. Perspectiva Socioeconômica, Política e Cultural, Rio de Janeiro/Vitória: Mauad/Edufes,2006. V.1. p.21-51.
Momigliano. Arnaldo. “Tácito e a Tradição Taciteana”. In: As Raízes Clássicas Da Historiografia Moderna, Trad. de Maria Borba Florenzano. Bauru. EDUSC. 2006
SILVERA, Breno. Prefácio. In: TÁCITO. Anais. Tradução de J. L. de Carvalho. Rio de Janeiro: Jackson Editôres, 1964. p. 5 -24.
TÁCITO, Cornélio. Diálogo Dos Oradores. Lisboa:Tipografia de Silva, 1852.

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