domingo, 15 de maio de 2011

10565 - RAÍNHA VITÓRIA

A LUZ



J. Norberto Pires




James Clerck Maxwell





No princípio deus criou o céu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e a escuridão era a face das profundezas. E o espírito de deus desceu sobre as águas.



E deus disse ao seu emissário (James Clerk Maxwell de seu nome),











e fez-se LUZ. A luz que permitiu observar toda a criação. E Maxwell pensou: e como seria no vazio, onde não há cargas eléctricas, nem correntes eléctricas? E Maxwell disse em nome do senhor,









E ficou completa a representação de uma parte da natureza.



Maxwell fez um juízo parcialmente estético e empírico mantendo a simetria entre o campo magnético e o campo eléctrico no vazio. A natureza é bela e elegante. Só pode ser.



Maxwell era uma pessoa muito particular, um misantropo da ciência. Não era um homem bonito, nem elegante, e provávelmente era um chato. Daqueles chatos que preferem a companhia dos professores à dos colegas, que não acham piada a uma cervejinha gelada num bar ao ar livre porque têm sempre algo mais importante para fazer, que têm uma conversa complicada e fastidiosa. Uma vez, já perto da sua morte, teve uma entrevista com a raínha Vitória. Preparou a entrevista, preocupado com o problema de comunicar ciência com alguém não entendido na matéria. E esse alguém era a raínha. Apesar de tudo, a raínha detestou, e a entrevista demorou pouco tempo. Um chato.



Mas este fabuloso homem mudou o mundo. Desenvolveu as regras básicas do electromagnetismo (às quais se devem juntar ainda a Lei de Conservação de Cargas e a Lei de Lorentz), de forma quase empírica e intuitiva. Foi o percursor da rádio, da televisão e da comunicação via satélite. Das suas equações resulta a existência de ondas eletromagnéticas. Henrich Hertz descobriu-as em 1888, fazendo variar rápidamente um campo eléctrico e verificando que podia detectar essa excitação remotamente através de radiação electromagnética com a mesma frequência. Eram as ondas rádio. Estávamos à porta deste admirável mundo novo.



Em 1905 Albert Einstein, no seu fabuloso artigo “On the Electrodynamics of Moving Bodies” (Ann. Physik, 17,891, 1905) onde estabeleceu os principios da Teoria da Relatividade, escreveu:

“...

These two assumptions (nota breve: os dois princípios da relatividade, isto é, a inexistência de sistemas inerciais preferenciais e a constância da velocidade da luz) are quite sufficient to give us a simple and consistent theory of electrodynamics of moving bodies on the basis of the Maxwellian theory for bodies at rest.”



Isto é, as equações de James Clerck Maxwell mantinham-se e descreviam correctamente os fenómenos electromagnéticos. As suas equações representavam a natureza. E ela é bela e elegante.



Dá que pensar não é?



Links e livros:

James Clerck Maxwell - http://www.britannica.com (fazer search com “Maxwell”)

“Introdução à Electricidade e ao Magnetismo”,S. K. Mendiratta, Fundação Gulbenkian.

“Um Mundo Infestado de Demónios”, Carl Sagan, Gradiva.

“Introduction to Special Relativity”, Robert Resnick, John Wiley and Sons.







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