terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

8630 - HISTÓRIA DA TEOLOGIA

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AQUINATE, n°6, (2008), 194-207
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A TEOLOGIA NA HISTÓRIA – A HISTÓRIA NA TEOLOGIA*
Elisabeth Reinhardt – Universidade de Navarra
Resumo: Teologia e história estão unidas em sua origem mesma. Por um lado, o
desenvolvimento da teologia no tempo é objeto da ciência histórica. Por outro
lado, a teologia como ciência é inseparável da história, porque sua fonte, que é a
Revelação divina, se oferece na história da humanidade, sua transmissão se
realiza no tempo através de pessoas e instituições e seu trabalho de verificação
precisa do método histórico. A relação equilibrada entre o método filosóficoespeculativo
e o histórico no estudo e na transmissão do conteúdo revelado
garante a vitalidade da teologia ao mesmo tempo que sua fidelidade à verdade.
Palavras-chave: História da teologia, ciência teológica, teólogos, Tomás de Aquino.
Abstract: Theology and History are joined by their same origin. By one hand, the
development of Theology thru the time is the object of the historical science.
By the other hand, Theology as science is inseparable of History because its
source – the divine Revelation – offers itself on human’s History, its
transmission happens on the time thru people and institutions and its work of
verification needs the historical method. The balanced relationship between the
philosophical-speculative method and the historical one in the study and in the
transmission of the reveled subject guarantees Theology’s vitality at the same
time that its fidelity to truth.
Keywords: History of Theology, Theological Science, Theologians, Thomas Aquinas.
1. INTRODUÇÃO.
Ao concluir meu itinerário acadêmico em Teologia medieval e moderna
cabe refletir sobre a relação entre história e teologia. No meu caso, tal reflexão
vem respaldada pela experiência vivida na aquisição dos conhecimentos
teológicos e filosóficos.
Em meu contato com a teologia me atraía desde o princípio a dogmática
ou sistemática, e mais em concreto me interessavam as obras de Tomás de
Aquino. Por isso, ao elaborar minha tese doutoral sobre a imagem de Deus no
homem, mergulhava nos textos do Aquinate, refletindo sobre eles, sem
prestar excessiva atenção nem aos contextos nem à história. Na realidade,
nunca havia pensado em me especializar em Teologia histórica, mas ainda sem
pretendê-lo, a tese doutoral supôs um primeiro contato com a história. Muito
* Texto algo modificado da conferência proferida pela autora no seminário de professores
da Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra, Pamplona (Espanha), no dia 17 de
maio de 2007.
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mais tarde, ao me preparar para a docência, descobri a importância da história
com relação à teologia. Pode-se dizer que aprendi história, não precisamente
fazendo um curso, mas na linha dos temas que trabalhava e com as
orientações ad casum do professor Josep Ignasi Saranyana. Portanto, minha
formação histórica se desenvolveu em grande parte como autodidata. Esses
trajetos histórico-temáticos, trabalhosos às vezes, se refletem de alguma
maneira nos escritos que reuni sob o título “Por las rutas do saber medieval” e que
a Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra me ofereceu para
publicar como livro ao finalizar minha docência1. Porém não vou comentar o
livro, mas falar da perspectiva que agora me oferecem esses trabalhos. Faço
em duas etapas, já expressas no título da exposição: A teologia na história – a
história na teologia, o que não é uma tautologia como poderia parecer.
2. A TEOLOGIA NA HISTÓRIA
Refiro-me ao decurso histórico da teologia ou “história da teologia”, que
é inseparável da Igreja mesma e de sua história, ao mesmo tempo em que está
vinculada à vida dos teólogos. A tarefa de historiar a teologia implica muitos
aspectos. Vou assinalar alguns.
A) O ENFOQUE CENTRADO NOS PROTAGONISTAS
Objeto da História da teologia como disciplina são, em primeiro lugar, os
próprios teólogos, em seu contexto e com suas obras. Não me refiro a uma
mera prosopografia, ainda que seja importante para alcançar dados fiáveis.
Porém, como o expressava o professor Josep Ignasi Saranyana no título de
um livro, se trata de uma aproximação aos “grandes mestres da teologia”2.
Deter-se neles e estudar suas obras com o método histórico, leva a descobrir
aspectos, em ocasiões, pouco conhecidos, a matizar juízos e, se é o caso, a
superar lugares comuns ou opiniões pouco fundadas. Trago apenas alguns
exemplos, tomados da época medieval.
Começo por Santo Anselmo. Serviu-me, para conhecer melhor seu valor
como teólogo o opúsculo De processione Spiritus Sancti, que remonta à sua
intervenção no sínodo de Bari de 1098, importante por sua intenção unionista
depois do cisma de 1054. Este escrito não apenas é uma jóia de teologia
1 REINHARDT, E. Por las rutas del saber medieval. Pamplona: Eunsa (“Colección Historia de la
Iglesia”, 37), 2007.
2 SARANYANA, J.I. Grandes maestros de la teología. I. De Alejandría a México (siglos III a XVI).
Madrid: Sociedad de Educación Atenas, 1994.
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especulativa, mas adianta em alguns aspectos as precisões dogmáticas do
Concílio de Florença.
Outro exemplo pode ser Ricardo de São Vítor, a quem eu havia
classificado entre os místicos medievais, seguindo a informação manualística.
Depois do estudo direto de sua obra, pude admirar também seu rigor
especulativo, sua exegese polifacetada e seu interesse pela história da salvação
que se reflete no Liber Exceptionum, uma obra muito pouco conhecida que
esteve mesclada durante séculos com o Didascalion de Hugo de São Vítor.
Dentro do século XII e por causa de um projeto de investigação sobre o
neoplatonismo, pude conhecer mais de perto os mestres de Chartres, dos
quais suspeitava de tendências panteístas, antes de estudá-los diretamente.
Surpreendeu-me, por exemplo, a competência científica de Thierry de
Chartres que exigia de seus alunos um nível muito alto em todas as artes
liberais – também o quadrivium – e que se atreveu a comentar o hexaemeron
secundum physicam, fazendo compatível a ciência de seu tempo com a verdade
revelada, sem forçar os distintos âmbitos do saber.
Outra novidade para mim foi Joaquim de Fiore, pois o estudo do
contexto histórico me levou a matizar, em uma série de aspectos, a opinião
que antes tinha. Compreendi a importância de distinguir entre o próprio
Joaquim, com sua peculiar exegese bíblica, e as distintas correntes joaquinitas
com suas interpretações às vezes exageradas. Finalmente, conheci melhor o
próprio Santo Tomás, a quem sempre me havia dedicado de modo
preferencial. Ao retomar os mesmos textos de antes, mas agora com uma base
histórica, consegui penetrar com mais matizes em seu conteúdo e aprendi a
identificar as interpretações posteriores dos tomistas3.
Com estes exemplos quero mostrar que o primeiro modo e, talvez, o
mais importante de historiar a teologia, é enfocar os teólogos mais relevantes,
situando-os em seu contexto, e atentar também para a recepção de sua obra
tendo em conta as características de lugares e épocas que podem sofrer um
enriquecimento ou uma visão reducionista, ou inclusive uma distorção dos
textos originários.
B) O ESTUDO TEMÁTICO
A História da teologia como disciplina pode ser abordada, também,
segundo o tratamento dos diversos temas no decurso do tempo, sem perder
3 Redundam muito úteis as investigações sobre o tomismo, de recente publicação: BERGER,
D. In der Schule des hl. Thomas von Aquin. Studien zur Geschichte des Thomismus. Bonn:
Nova & Vetera, 2005; BERGER, D. VIJEN, J. (Hgg.), Thomistenlexikon. Bonn: Nova & Vetera,
2006.
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de vista os teólogos que os elaboravam. É uma oportunidade de dar voz a
autores pouco conhecidos, mas que ajudam a ilustrar ou perfilhar um tema.
Um dos temas de maior interesse é, sem dúvida, o estatuto científico da
teologia, incluída a história do mesmo termo “teologia”. O século XII, por
exemplo, é uma época chave de discernimento, quando a palavra theologia se
entende umas vezes segundo o esquema boeciano como conhecimento
natural das realidades imateriais; outras vezes, a palavra se aplica à Revelação
mesma (como vera et sancta theologia), ou então se designa como teólogos por
excelência São João e o Pseudo-Dionísio.
É uma busca terminológica que se reflete nos mestres de Chartres, em
Ricardo de São Vítor e na Theologia scholarium de Abelardo, para nomear só
alguns. Chenu, consciente desta evolução, dizia que nesse século a teologia era
antes ars fidei, com características de disciplina, mas já muito próxima a ser
scientia4. Com efeito, como mostrou Markus Enders, a progressiva entrada de
novas fontes aristotélicas no Ocidente contribuiu para o esforço de conferir à
teologia um estatuto científico que alcançaria uma cota decisiva na plena
escolástica5.
Mas o caminho da teologia até se constituir “em um verdadeiro e próprio
saber científico”6 é longo, com seus caminhos de encontros e desencontros
entre fé e razão. Sua trajetória continua e o estudo histórico desse percurso
traz luzes novas para o futuro. A proposta do Aquinate sobre a sacra doctrina
como ciência poderia aportar uma luz sobre o condicionamento histórico da
teologia. Quanto a seus princípios, diz, é uma ciência inferior à ciência de
Deus e dos bem-aventurados7.
À primeira vista, esta afirmação poderia parecer uma curiosidade
epistemológica do século XIII, de difícil assimilação fora da escolástica, mas à
luz dos fatos históricos se revela como uma idéia guia, porque incide no
caráter peculiar de teologia e justifica seu estatuto científico, ao mesmo tempo
em que o condiciona. Reflete, com efeito, a grandeza desta ciência quanto a
seus princípios e, concomitantemente, sua limitação ao ser cultivada por
4 CHENU, M.-D. La théologie au douzième siècle. Paris: Vrin, 1966, p. 329.
5 ENDERS, M. “Zur Bedeutung des Ausdrucks «theologia» im 12. Jahrhundert und seinen
antiken Quellen’’, OLSZEWSKI, M. (ed.). What is Theology in the Middle Ages? Religious
Cultures of Europe (11th-15th Centurias) as reflected in their Self-Understanding. Münster:
Aschendorff Verlag, 2007, pp. 19-37. O estudo de Enders fazia parte das conferências
apresentadas no congresso internacional da “Internationale Gesellschaft für Theologische
Mediävistik” sobre o tema “¿Qué es teología en la Edad Media?”, que teve lugar em
Varsóvia, de 23 a 26 de junho de 2004.
6 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Donum veritatis: Instrução sobre a vocação
eclesial do teólogo (24.05.1990), n. 9.
7 Cfr. SANTO TOMÁS DE AQUINO. STh. I, q1, a2, c.
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mentes humanas; assinala também seu perfil provisional com vistas ao fim,
quer dizer, em seu trajeto histórico até que seja suplantada pela contemplação
direta de Deus, de que gozam já os bem-aventurados.
A primeira questão da Summa Theologiae, não sendo o único lugar onde
Santo Tomás enfrenta este tema, é sem dúvida um marco no caminho da
teologia como ciência. Por outro lado, está claro que sua aportação não é
exaustiva e que existem valiosas alternativas dentro do próprio Medievo,
como as que encontramos em São Boaventura e no Beato Duns Escoto8.
A evolução do estatuto científico da teologia pode ser investigado
também estudando as sumas, desde seus antecedentes no século XII até a
plena escolástica. Com efeito, cada um destes compêndios se baseia em um
determinado modo de entender a teologia e reflete também a discussão sobre
o caráter especulativo e prático da teologia; refiro-me à formulação
contrastante de Santo Tomás e de São Boaventura, que obedece a
pressupostos filosóficos divergentes.
A propósito dos compêndios, me surpreendeu muito o rumo que
tomaram, na baixa escolástica, os comentários às Sentenças, como demonstra
uma recente investigação dirigida por Gillian R. Evans, professora da
Universidade de Cambridge9. Vê-se que, nos séculos XIV e XV, o texto de
Pedro Lombardo não se “comentava” realmente, mas sim se convertia com
freqüência em colóquio para discutir determinados temas filosóficos e
teológicos, como o estatuto científico da teologia ou as questões da ciência
divina e da predestinação; por esse motivo se havia estendido enormemente o
tratado de Deus, deixando pouco espaço para o conteúdo restante da fé e para
questões de moral.
Este procedimento começa com João Duns Escoto e Guilherme de
Ockham e afeta praticamente todos os comentários às Sentenças nesses
séculos. Gabriel Biel, consciente desta unilateralidade, buscaria depois o
equilíbrio no tratamento dos temas em seu Collectorium (1498), sem deixar de
professar sua admiração pelo Inceptor10.
Isso não são apenas puros dados, mas denota o rumo que havia tomado
a teologia acadêmica, pois em paralelo à inflação das discussões escolásticas
minguaram os comentários à Sagrada Escritura, salvo a importante glosa de
Nicolau de Lira. Neste ponto, toco um desideratum da história da teologia, pois
8 Cfr. SARANYANA, J.I. “La polémica parisina sobre la condición científica de la Teología
(1250-1270)”, G. ARANDA, C. BASEVI, C. Y J. CHAPA, J. (dirs.). Biblia, exégesis y cultura.
Estudios en honor del Prof. D. José María Casciaro. Pamplona: Eunsa, 1994, pp. 659-678.
9 EVANS, G.R. (ed.). Mediaeval Commentaries on the «Sentences» of Peter Lombard. Current
Research, Volume I. Leiden-Boston-Köln: Brill, 2002.
10 Cfr. REINHARDT, E. Por las rutas del saber medieval, pp. 197-216.
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é evidente que os comentários bíblicos medievais receberam, no entanto,
pouca atenção na investigação histórico-teológica, com exceção do extenso
estudo de Henri de Lubac sobre a exegese medieval11 e de alguns trabalhos de
autores mais recentes.
Fica pendente, por exemplo, estudar a transmissão do corpus paulinum por
parte dos teólogos medievais e modernos, em concreto a Carta aos Romanos
que, como já demonstrou Denifle12, foi muito comentada ao longo da Idade
Média, quer dizer já antes de Martinho Lutero a estudar. No caso do
Aquinate, se difundiram muito antes as obras sistemáticas que os comentários
bíblicos, imprescindíveis para a visão de conjunto de sua doutrina; é um fato
que se reflete também na marcha das edições e traduções.
Entre os trabalhos temáticos na história da teologia, e em estreita relação
com a epistemologia, está a questão do método. Neste aspecto, é emblemático
o estudo do método escolástico por Martin Grabmann, que continua sendo
uma obra de consulta válida pela seriedade científica com que se fez13. Por
outro lado, a consideração histórica do método costuma formar parte dos
tratados e manuais de Teologia dogmática e de Teologia moral.
O enfoque temático está presente também nos simpósios de Teologia
Histórica que organiza a Faculdade de Teologia de Valência desde os anos
8014, e muitas obras coletivas como a volumosa Festschrift dedicada a Michael
Schmaus de 1957, voltada quase por inteiro à história da teologia15.
C) RELAÇÃO COM A HISTÓRIA DOS DOGMAS
A história da teologia se entrecruza também com outra disciplina
aparentada, a história dos dogmas. Esta, no entanto, tem um objeto
específico, enquanto investiga o caminho histórico dos dogmas e, em geral, da
doutrina revelada. Ainda que sempre se levasse em conta a gênese histórica
dos dogmas, a Dogmengeschichte – como se sabe – nasce propriamente no século
XIX e tem seus próprios avatares, os quais não cabe comentar neste contexto.
11 DE LUBAC, H. Exégèse médiévale: les quatre sens de l’Écriture. Paris: Aubier, 1959-1964, 4
vols.
12 DENIFLE, H. Die abendländischen Schriftausleger über Justitia Dei (Rom. 1, 17) und Justificatio.
Mainz: Kirchheim, 1905.
13 GRABMANN, M. Die Geschichte der scholastischen Methode. Graz: Akademische Druck- und
Verlagsanstalt, 1957, 2 vols.
14 Na Faculdade de Teologia São Vicente Ferrer - Valência vêm-se celebrando
regularmente, desde 1980, simpósios de Teologia histórica, cujas atas estão publicadas pela
mesma Faculdade.
15 AUER, J. - VOLK, H. (Hg.). Theologie in Geschichte und Gegenwart. Michael Schmaus zum
sechzigsten Geburtstag. München: Zink, 1957.
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Joseph Ratzinger, na época de sua docência na Universidade de Tubinga
e depois de assistir como perito no Concílio, enfrentou em várias publicações
a relação entre dogma e história. Analisa o modo em que o historicismo
afetou a teologia, com manifestações diferentes na teologia católica e na
protestante, devido a uma maneira muito distinta de entender a Tradição; isso,
logicamente, levava consigo um modo diferente – contraposto, inclusive – de
conceber a história dos dogmas. Este trabalho de análise e reflexão
desemboca na proposta de uma relação equilibrada entre história e dogma, e
como há de se entender sobre esta base a “história dos dogmas”16.
D) NA LINHA DA HISTÓRIA DA IGREJA
Os enfoques para historiar a teologia que apontei não são os únicos, pois
cabe estudá-la também na linha dos principais acontecimentos da história da
Igreja. Como disciplina científica, a História da Igreja tem muito com o que
contribuir para a História da teologia e dos dogmas, mas também tem um
status próprio por seu objeto e seu método. Onde podemos colocar a História
da Igreja em relação à teologia?
Para responder a esta pergunta, remeto ao XVI Simpósio Internacional
desta Faculdade, em 1995, com o título “Qué es la Historia de la Iglesia?”17.
Nessa reunião científica se debateu amplamente sobre se é História, ou
Teologia, ou ambas. Parece-me que o debate sempre ficará em aberto, porque
os aspectos fixos são unicamente a origem divina e a natureza da Igreja, que o
historiador não pode ignorar, sobretudo, na fase hermenêutica de seu
trabalho.
3. A HISTÓRIA NA TEOLOGIA
Até agora consideramos o caminho histórico da teologia, de certo modo,
a partir de fora dela. Mas, qual é o lugar da história no interior da teologia,
quer dizer, no próprio trabalho do teólogo que, nas palavras da Instrução
16 RATZINGER, J. Natura e compito della Teología. Il teologo nella disputa contemporanea.
Storia e dogma. Milano: Jaka Book, 22005. O tema de história e dogma é tratado
particularmente nas pp. 107-142; as publicações correspondentes, aqui reproduzidas em
italiano, são: Das Problem de Dogmengeschichte in der Sicht der katholischen Theologie. Köln-
Opladen: Westdeutscher Verlag, 1966; "Zur Frage der Geschichtlichkeit der Dogmen",
SEMMELROTH, O., HAUBST, R., RAHNER, K. (Hgg.), Martyria, Leiturgia, Diakonia. Festschrift
für Hermann Volk zum 65. Geburtstag, Ostfildern: Grünewald, 1968, pp. 59-70.
17 SARANYANA, J.I., DE LA LAMA, E., LLUCH-BAIXAULI, M. (eds.), ¿Qué es la Historia de la
Iglesia?. Actas del XVI Simposio Internacional de Teología de la Universidad de Navarra.
Pamplona: Eunsa, 1996.
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Donum veritatis, está chamado a alcançar “uma compreensão cada vez mais
profunda” da Revelação divina18?
Esta pergunta nos remete às fontes da teologia – mais em concreto aos
lugares teológicos em sua elaboração sistemática – e à metodologia. É
obrigatório recordar Melchor Cano que, como se sabe, foi o primeiro a incluir
a “história humana” – assim se expressa – entre os loci theologici. Esta novidade
surgia seguramente do interesse pela história entre os humanistas e da
polêmica com o protestantismo. Mas a novidade era realmente o
enquadramento sistemático. É certo que o interesse dos teólogos pela história
vinha de mais longe, mas faltava a ferramenta científica e o método de
verificação histórica.
Com efeito, já em Santo Tomás encontramos a preocupação pela
história. Há mais de quarenta anos, Max Seckler chamou a atenção sobre a
mentalidade histórica do Aquinate, que se manifesta, mais que em uma
justificação teórica, no modo prático de proceder, algo nada comum em seu
tempo: recorrer diretamente às fontes, discernir a autenticidade ou não de
uma obra mediante uma documentação crítica, estabelecer o status quaestionis
de um tema antes de enfrentá-lo, buscar a intentio auctoris por detrás das
palavras, atender a questões de estilo e o modus loquendi e finalmente contar
com a historicidade mesma do ser humano19.
Anos depois, Leo Elders retomou este tema numa comunicação no
simpósio “Qué es la Historia de la Iglesia?” que mencionei antes. Adverte Elders
que a solução epistemológica que Tomás dá à teologia como ciência inferior à
ciência divina permite estudar cientificamente acontecimentos individuais da
história da salvação, porque Deus conhece com certeza infalível o que é
contingente em nosso mundo. Assim, a história da salvação pôde ser integrada
no plano mesmo da Summa theologiae, se atendemos à sua estrutura20.
Outro tomista contemporâneo – Jean-Pierre Torrell – vê no Aquinate, ao
menos em germe, as atitudes espontâneas e qualidades científicas que se
encontram em todo bom historiador, ao mesmo tempo em que lhe concede o
mérito de uma verdadeira teologia da história21.
Mas voltemos a Melchor Cano. Em sua obra De locis critica aqueles
teólogos anteriores – dos quais excetua expressamente Santo Tomás – que
18 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Donum veritatis. Instrução sobre a vocação
eclesial do teólogo (24.05.1990), n. 6.
19 SECKLER, M. Das Heil in der Geschichte. Geschichtstheologisches Denken bei Thomas von
Aquin. München: Kösel-Verlag, 1964, pp.21-26.
20 ELDERS, L. “Historia e historicidad en el pensamiento de Santo Tomás de Aquino”, in
Qué es la Historia de la Iglesia, pp. 737-746; aqui, p. 745.
21 Cfr. TORRELL, J.-P. “Le côté historien de Thomas d'Aquin”, Memoire dominicaine, 20
(2006), 11-27.
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não prestavam suficiente atenção à história22. Convém pontuar que Melchor
Cano pensava na História Geral, não na História da Igreja, como às vezes se
entendeu. É certo que para o mestre salmantino a história, junto com a razão
natural, os filósofos e juristas, é um lugar teológico alheio (ou estranho), com
um valor de pura probabilidade, frente aos sete lugares próprios cujos valores
argumentativos vão da infalibilidade até a probabilidade.
Mas, como destacou Bernhard Körner, quando Cano concede apenas um
valor de probabilidade à história, o faz do ponto de vista aristotélico do objeto
do conhecimento científico que trabalha com a necessidade por evidência ou
demonstração. A auctoritas humanae historiae não oferece este tipo de
necessidade, mas isso não quer dizer que suas informações sejam inseguras se
estão devidamente atestadas, e inclusive chegam a ser certissima argumenta.
Para Körner, Melchor Cano amplia a noção aristotélica de ciência, ao
admitir como critério de verdade as afirmações históricas apoiadas em uma
certeza moral qualificada e o teólogo deve trabalhar com elas23. É certo que
Cano se encontra em continuidade com Tomás de Aquino, observa Körner,
mas também se distingue dele enquanto estabelece a história como lugar
teológico e porque inclui a verdade histórica na argumentação teológica24.
Com isso, se abria formalmente a porta para que a história pudesse entrar
no método da teologia. Não poderia prever o mestre salmantino os avatares
posteriores do método histórico no trabalho teológico. Com efeito, a
aplicação do método histórico, depois de entrar muito paulatinamente na
teologia, produziu em seu momento os conhecidos conflitos na crise
modernista. E depois de ficar a história reduzida quase ao silêncio na teologia,
se fez presente novamente com força em meados do século XX, se pensamos
na problemática surgida em torno de Le Saulchoir e Fourvière.
Depois, o Concílio Vaticano II concedeu título de cidadania à história na
formação do teólogo, como se vê no decreto Optatam totius25. Também a
22 MELCHOR CANO. De locis theologicis, XII, 2; cfr. BELDA PLANS, J. La Escuela de Salamanca y
la renovación de la teología en el siglo XVI. Madrid: BAC, 2000, p. 571.
23 Cfr. KÖRNER, B. “Die Geschichte als locus theologicus bei Melchior Cano”, Rivista
teologica di Lugano, 5 (2004), 257-269; aqui, 263-269. Körner se baseia, sobretudo, em De locis,
libro XI, capítulos 2, 4 e 7.
24 KÖRNER, B. Ibid., 264.
25 CONCÍLIO VATICANO II. Decl. Optatam totius, n.16: "Ordene-se a teologia dogmática de
forma que, antes de tudo, se proponham os temas bíblicos; exponha-se logo aos alunos a
contribuição que os Padres da Igreja do Oriente e do Ocidente aportaram à fiel transmissão
e compreensão de cada uma das verdades da Revelação, e a história posterior do dogma,
considerada inclusive em relação com a história geral da Igreja (...). Renovem-se igualmente
as demais disciplinas teológicas por um contato mais vivo com o mistério de Cristo e a
história da salvação.
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Instrução Donum veritatis se pronunciava a respeito: “as ciências históricas são
necessárias para os estudos do teólogo devido, sobretudo, ao caráter histórico
da Revelação, que nos foi comunicada em uma “história da salvação”26.
Não pretendo entrar na discussão sobre o método histórico na teologia.
Apenas faço referência ao testemunho do teólogo dogmático Walter Kasper:
em um artigo de 1985 afirma que se sente “diletante” em História, mas no
sentido etimológico de dilectio, porque “seria um mau teólogo sistemático
aquele que não fosse ao mesmo tempo um amante da história”, e retoma uma
comparação de Ignaz Döllinger, que falava de “os dois olhos da teologia, o
histórico e o filosófico-especulativo”.
O pensamento histórico, seguia Walter Kasper, já não é um terreno
exclusivo da disciplina de História da Igreja, mas uma dimensão e um núcleo
de todas as disciplinas teológicas, também da Dogmática, de modo que já não
há um dogmático sério que não tenha trabalhado pessoalmente com História
(Teologia bíblica, patrística, escolástica ou moderna) e que não leve em conta
constantemente, em seu próprio trabalho sistemático, os resultados da
investigação nestas matérias”27.
Com efeito, todos os renomados teólogos sistemáticos têm trabalhos de
história ou desenvolvimentos históricos em seus escritos. Limito-me a alguns
exemplos: em primeiro lugar, Joseph Ratzinger, agora Bento XVI; também
Michael Schmaus, Karl Rahner, Yves-Marie Congar, Leo Scheffczyk e se
poderia citar muitos outros. De modo mais próximo, posso me referir aos
teólogos dogmáticos e moralistas de minha própria Faculdade, como mostram
os abundantes estudos histórico-teológicos do eclesiólogo Pedro Rodríguez28,
os trabalhos dos professores José Luis Illanes e César Izquierdo, a edição
crítica da eclesiologia de Mancio, do professor Augusto Sarmiento, entre
outros.
A propósito das edições críticas quero destacar que são instrumento
importante no trabalho teológico, porque permitem contar com textos
confiáveis e situados em seu contexto. Além disso, uma edição crítica implica
em muito mais que estabelecer o texto mais fiel ao original; é, ao mesmo
tempo, um catalisador para toda uma série de investigações e publicações
sobre o contexto do autor e da obra.
26 Instrução Donum veritatis, n. 10; cfr. n. 24.
27 KASPER, W. "Kirchengeschichte als historische Theologie", RQ (80/1985), 174-188; aquí, 176-
177.
28 Pode-se ver o artigo: SARANYANA, J.I. "Pedro Rodríguez, historiador de la teología". In VILLAR,
J.R. (ed.). Communio et Sacramentum: en el 70 cumpleaños del Prof. Dr. Pedro Rodríguez.
Pamplona: Eunsa, 2003, pp. 221-236.
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Todos os grandes projetos de edição levam consigo essas investigações
particulares que se submetem depois à discussão em colóquios e congressos,
como se pode observar na edição das obras de Hugo de São Vítor, Joaquim
de Fiore, Alberto Magno e também na Editio leonina de Santo Tomás, para
citar somente algumas destas iniciativas.
A este propósito posso trazer um exemplo próximo a minha experiência.
Nos anos 80 o Prof. Pedro Rodríguez iniciou uma linha de investigação na
minha Faculdade, para estudar a teologia eclesiológica e sacramentária do
Catecismo Romano. Era consciente da importância de fixar o texto,
comparando as edições, e estudar as fontes antes de enfrentar a investigação
propriamente teológica; este trabalho prévio se reflete em uma ampla
monografia29.
Nesse momento se desconhecia por completo o manuscrito original do
Catecismo Romano, cuja existência se supunha, mas que ninguém havia
podido localizar. O Prof. Rodríguez teve a sorte, em 1985, de identificar o
manuscrito definitivo durante suas investigações na Biblioteca Vaticana, que
realizava junto com um colega seu, Raúl Lanzetti30. O achado deu chance para
empreender uma edição crítica por parte de uma equipe sob a direção de
Pedro Rodríguez31. Em torno da primeira monografia e da edição crítica
surgiram muitas investigações particulares e teses doutorais, entre as quais se
destaca por seu interesse histórico um estudo sobre os motivos do atraso – de
dois séculos – em introduzir este Catecismo na Espanha32. A série de
trabalhos que se realizaram nessa ocasião é uma mostra clara da conjunção
frutífera entre dogmática e história.
4. RELAÇÃO COM A TEOLOGIA DA HISTÓRIA
Falamos da Teologia na história e da História na teologia. Entretanto,
falta um aspecto, que só vou mencionar: a teologia da história. E o faço com
um exemplo, que é a tese de habilitação do então Dr. Joseph Ratzinger sobre
a Teologia da história em São Boaventura, que já teve cinco edições (alemão,
29 RODRÍGUEZ, P. & LANZETTI, R. El Catecismo Romano: fuentes e historia del texto y de la
redacción. Pamplona: Eunsa, 1982, p. 15.
30 Sobre a narrativa da descoberta, ver RODRÍGUEZ, P. “El manuscrito original del Catecismo
Romano”. Scripta Theologica (17/1985), 487-552.
31 Catechismus Romanus seu Catechismus ex Decreto Concilii Tridentini ad Parochos Pii Quinti Pont.
Max. iussu editus, editioni praefuit Petrus Rodríguez, eam instruendam atque apparandam item
curaverunt Ildephonsus Adeva, Franciscus Domingo, Radulfus Lanzetti et Marcellus Merino. Città del
Vaticano - Pamplona: Libreria Editrice Vaticana – Eunsa: 1989.
32 RODRÍGUEZ, P. El Catecismo Romano ante Felipe II y la Inquisición española. Los problemas de
la introducción en España del Catecismo del Concilio de Trento. Madrid: Rialp, 1998.
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duas em inglês, italiano e espanhol). No prólogo à edição alemã (1959) explica
o autor seu próprio processo intelectual neste tema: “A origem desta
investigação e seu ponto de partida foi a pergunta pelo conceito de revelação
em São Boaventura. Mas quanto mais me ocupava disso, tanto mais claro
aparecia que não se pode alcançar uma compreensão completa da teoria do
conhecimento teológico do grande Mestre escolástico, sem uma explicação
simultânea de sua teologia da história”33.
Por causa de sua investidura como Doctor honoris causa na Universidade
de Navarra rememorou esses inícios de sua carreira acadêmica na Alemanha,
onde era indispensável começar por uma fase de investigação históricoteológica34.
É claro que a penetração científica na obra de São Boaventura,
combinando o método historiográfico e a reflexão teológica, forneceu a
Joseph Ratzinger as bases para relacionar adequadamente verdade e história
como instâncias não contrapostas, antes complementares; em outras palavras,
o levou a descobrir a história como “mestra” da teologia35.
Por isso a leitura atenta desta monografia “boaventuriana” oferece um
horizonte mais amplo do que o de uma investigação ad casum, porque se
encontram nela as chaves para desenvolver uma verdadeira teologia, que faça
justiça a seu caráter atemporal e a sua necessária temporalidade. Com efeito,
nela a reflexão teológica encontra seu complemento histórico em todos os
seus aspectos: história da teologia, história dos dogmas, teologia da história e
também da Igreja no que se refere aos contextos.
5. CONCLUSÃO.
Ao final destas considerações sobre teologia e história, quero evocar
algumas palavras de João Paulo II na encíclica Fides et Ratio:
“A verdade que a revelação nos dá a conhecer não é o fruto
maduro ou o ponto culminante dum pensamento elaborado
pela razão. Pelo contrário, aquela se apresenta com a
característica da gratuidade, obriga a pensá-la, e pede para ser
acolhida, como expressão de amor”36.
33 RATZINGER, J. Die Geschichtstheologie des heiligen Bonaventura. München: Schnell & Steiner,
1959, Prolog. Na edição espanhola: La teología de la historia de san Buenaventura. Madrid:
Ediciones Encuentro, 2004, p. 11.
34 El Cardenal Ratzinger en la Universidad de Navarra: discursos, coloquios y encuentros:
crónica de cinco días, 30 de enero a 3 de febrero de 1998. Pamplona: Facultad de Teología,
Universidad de Navarra, 1998, p. 52.
35 Cfr. BLANCO SARTO, P. Joseph Ratzinger. Vida y teología. Madrid: Rialp, 2006, pp. 89-94.
36 JOÃO PAULO II. Encíclica Fides et ratio (14.09.1998), n. 15.
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Neste processo de acolhida vital do dom da revelação podemos situar a
teologia. Uns anos antes da encíclica, a Instrução Donum veritatis (assinada pelo
então prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger), dizia
que o teólogo é uma das vocações suscitadas pelo Espírito Santo na Igreja,
para:
“alcançar, em comunhão com o Magistério, uma compreensão
cada vez mais profunda da Palavra de Deus contida na
Escritura inspirada e transmitida pela Tradição viva da
Igreja”37.
Esta compreensão “cada vez mais profunda” da revelação implica
progressão, não apenas intelectual, mas também vital e comunicativa. Sobre o
resultado deste processo diz a mesma Instrução: “Ao longo dos séculos a
teologia se constituiu progressivamente em um verdadeiro e próprio saber
científico38”.
Sobre a Revelação que gera pensamento, acrescentava João Paulo II:
“Essa verdade revelada é a presença antecipada na nossa
história daquela visão última e definitiva de Deus, que está
reservada para quantos acreditam Nele ou O procuram de
coração sincero”39.
É fácil relacionar esta afirmação com a noção da teologia como ciência
que encontramos em Santo Tomás, como participação temporal da ciência de
Deus e dos bem-aventurados, cultivada por aqueles que caminham no tempo
e se dirigem à meta supratemporal. João Paulo II acrescentava: “O fim último
da existência pessoal é objeto de estudo quer da filosofia, quer da teologia”40.
Precisamente este ponto é chave no pensamento filosófico e teológico do
Aquinate e se percebe também na estrutura da Summa Theologiae,
particularmente na parte moral.
Penso que a ciência histórica não tem apenas um papel instrumental na
teologia, o de verificar com exatidão o passado, mas também que é capaz de
mostrar o passado de tal modo que dele surjam novas luzes para o presente.
Não se trata de “reviver” o passado – que seria tradicionalismo – nem de
37 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Donum veritatis. Instrução sobre a vocação
eclesial do teólogo (24.05.1990), n. 6.
38 IBID., n. 9.
39 JOÃO PAULO II. Encíclica Fides et ratio (14.09.1998), n. 15.
40 IBID.
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transladar o passado para novos contextos – isso seria anacronismo -, mas de
refletir sobre os textos e os fatos, deixando que nos sugiram algo que nunca
havíamos pensado ou que não havíamos visto com suficiente claridade.
Neste sentido, a verdade histórica influi no presente, está implicada no
processo de “gerar pensamento”, que é característico da Revelação, mas a
verdade do gerado dependerá de ter acolhido adequadamente a revelação
“como expressão de amor”, com as manifestações práticas expostas também
na Instrução Donum veritatis.
Compreender-se-á que não pretendi abarcar um tema tão amplo como
prometia o título. Deixemo-lo com umas reflexões sobre minha breve
experiência com o trabalho histórico-teológico.
Elisabeth Reinhardt
Departamento de Teologia Histórica
Faculdade de Teologia
Universidade de Navarra
Pamplona (Espanha).

COPYRIGHT DEPARTAMENTO DE TEOLOGIA HISTÓRICA - UNIVERSIDADE DEW NAVARRA (ESPANHA)

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