quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

8014 - GENERAIS ITALIANOS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Diga não ao Racismo! • Home • Quem Somos • Editorial • Estatuto • Contato • Estado Maior • Links • Janeiro 20, 2011


Clube dos Generais

Armamentos
· Aereo
· Naval
· Terrestre
· Outros



Artigos

Batalhas
· 1939
· 1940
· 1941
· 1942
· 1943
· 1944
· 1945
· Outras Batalhas



Biografias
· Aliados
· Eixo
· Outros



Brasil na Guerra
· 1º ELO
· FEB
· 1º GAC



Dia D
· Defesas Alemãs
· Estratégia
· Invasão
· Ordens de Batalha
· Paris
· Preparação
· Progressos



Especiais
· Napoleão
· Canadá na SGM
· Encontros
· A Arte de Strachwitz



Galeria
· Fotos
· Mapas
· Posters



Guerras do Séc. XX
· Guerra da Coréia
· Guerra das Falklands



Membros
· Comandos Regionais
· Comendas
· Sistema de Patentes
· Panteão do CG



Projeto Atena




Avisos Gerais

Contribuam com a página do CG. Escrevam artigos e enriqueçam seu conhecimento.


Novos Membros, leiam o Estatuto. É Obrigatório.


A Moderação do CG deseja muita saúde e sucesso aos aniversariantes do mês .






Estatísticas
Até o momento, recebemos
1651590
vizualizações de páginas (page views) desde Novembro de 2006



O Soldado Italiano: Herói ou Vilão da Guerra no Deserto?
Por Erwin Rommel*


Se o ditado que afirma que “a História é escrita por seus vencedores” tem já sua validade reconhecida, quando tratamos de História Militar essa validade deve ser em muitas vezes aumentada. A grande carga emocional que envolve os mais variados aspectos de uma guerra leva aqueles que dela tomaram parte a retratar seus opositores com as piores características possíveis, numa dinâmica que atinge dimensões estratosféricas quando se trata da participação italiana na Segunda Guerra Mundial.

Alçando episódios pontuais à categoria de regra geral, e assim bloqueando qualquer análise mais profunda do assunto, a visão britânica sobre o desempenho militar dos italianos se estabeleceu firmemente no período pós-1945, contribuindo para a situação que temos hoje, que mistura desconhecimento, preconceito e desrespeito ás centenas de milhares de soldados italianos que participaram da Segunda Guerra Mundial (sobretudo do teatro de operações norte-africano). O objetivo desse pequeno artigo é o de tentar abrir uma brecha nessa cortina de fumaça que há seis décadas ofusca nossa visão sobre o tema e que insiste em não se dissipar.

Comecemos, então, pelo reconhecimento das fraquezas do dispositivo militar italiano, assim como das situações nas quais esse desempenhou papel pouco digno de honras na História Militar. A partir desse reconhecimento, podemos tratar de estabelecer uma tipologia básica desses fatos que são tantas vezes evocados: primeiro, temos os episódios relacionados à baixa qualidade do equipamento utilizado pelos italianos (sobretudo os blindados – vitais à luta no deserto - , eram inicialmente inadequados por serem demasiado leves, passando depois a ter na baixa qualidade técnica as raízes de seu mau desempenho), que, de forma alguma desqualifica o combatente; a seguir, temos os episódios caracterizados por equívocos estratégicos 9como a ênfase dada à infantaria – própria a uma guerra de posições, e não á de movimento que ocorreu no deserto africano -, a constante superestimação do poderio inimigo e incontáveis pequenos erros táticos), que podem ser associados aos oficiais envolvidos, sobretudo aos de mais altas patentes; e finalmente, temos a categoria de “situações desonrosas” que se relaciona com o “baixo espírito combativo” do soldado italiano (como colocado pelos ingleses, dada a facilidade com que faziam prisioneiros em determinadas ocasiões).

Uma análise detida dos principais tipos de falhas cometidas pelos italianos logra, ao mesmo tempo, inocentar o combatente e incriminar os oficiais que os comandavam: o primeiro tipo de erro aponta para uma falha na comunicação entre os altos escalões do Exército e os setores de produção e pesquisa da indústria bélica italiana; o segundo tipo é, por si só, imputável ao médio e alto oficialato pelo simples fato de terem sido seus membros os mentores das medidas equivocadas em questão; e, por sua vez, a “falta de combatividade” do soldado italiano se deve, principalmente, a ações lavada a cabo pelos oficiais, que contribuíam enormemente para minar a união da arma como um todo e para comprometer o espírito combativo dos soldados.

Essas ações se relacionavam fortemente com o distanciamento que existia entre oficiais e soldados, e principalmente com a vasta gama de privilégios detidos pelos oficiais (muitas vezes às custas dos soldados). Sobre essa relação entre soldados e oficiais italianos, convém transcrever trecho que revela as impressões do Marechal-de-Campo Erwin Rommel, comandante do Deutsches Afrika Korps:

Rommel gostava da soldadela italiana. (...) Quando os italianos lutavam bem, ele era generoso na publicação de mensagens e ordens que diziam isso. Às vezes ele era brusco com os superiores, mas para com os soldados Rommel mostrava gentileza e bom humor. Ele simpatizava com os soldados, que retribuíam. Hitler havia escrito a Mussolini, logo após a chegada de Rommel à África, que o General Rommel com certeza ganharia a lealdade e afeição dos soldados italianos; e Hitler estava certo. Mas Rommel achava que eles tinham sido muito freqüentemente decepcionados pela indiferença e egoísmo de seus oficiais. Ele detestava a forma como os oficiais italianos dispunham de rações diferenciadas e de um padrão de vida muitas vezes melhor que o de seus soldados em campanha. Os oficiais italianos eram hábeis em improvisar confortos, mesmo no deserto, e Rommel desprezava tais confortos. Seu próprio regime era espartano – as mesmas rações que o mais comum dos soldados, um copo de vinho à noite em seu pequeno alojamento, tanto sono quanto qualquer homem do Panzerarmee; e ele nunca fumava. Austero por natureza, as qualidades de auto-indulgência e insensibilidade do caráter militar italiano o irritavam.

(Fraser, 1993, p. 341, tradução nossa)

As impressões contidas no trecho acima foram proferidas do topo de mais de dois anos de convivência diária e bastante próxima, e não é preciso conjecturar muito para se poder prever o efeito que a postura do oficialato italiano teve no moral e na vontade de combater do soldado italiano. Em outro trecho (Fraser, 1993), Rommel afirma que, quando bem comandados, os soldados italianos se equiparam em desempenho aos melhores do mundo; o Marechal-de-Campo alemão também baseia esse argumento em várias experiências práticas que ele teve oportunidade de executar no teatro de combates norte-africano. Além desse tipo de análise, há ainda numerosos relatos – feitos pelos britânicos e por seus aliados, mas pouco divulgados – que comprovam a tenacidade e o valor em combate das tropas italianas, que mesmo sujeitas a toda sorte de adversidades causaram prejuízos significativos a seus inimigos. Limitamo-nos aqui a um desses relatos, feito pelos australianos que combatiam o tão difamado “Exército de Graziani”, que se retirava rumo oeste no período inicial da guerra no deserto (1940-1941); a batalha em questão foi travada com a retaguarda italiana:

Mas neste ponto da campanha os soldados italianos lutaram melhor do que nunca (e muito melhor do que seus generais mereciam) – ou pelo menos assim pareceu aos australianos envolvidos na luta contra as defesas externas de Derna. O Wadi Derna foi obstinadamente defendido e quando os homens do 2/4º batalhão infiltraram-se em seu curso durante a noite de 26, foram violentamente contra-atacados, não só pela costumeira barragem de fogo de artilharia como também pela infantaria do 10º Bersaglieri movendo-se arrojadamente em campo aberto, o que lhe custou 100 baixas. Isto fez com que os australianos hesitassem e cancelassem o avanço sobre Derna quando, simultaneamente, chegaram informações sobre a presença de tanques M 13 envolvendo o flanco sul. No dia seguinte, 27, o mais leve avanço australiano era recebido por uma tempestade de fogo porque, como se observou: ”Eles [os italianos] têm mais canhões e muito mais granadas do que nós e seus canhões estão habilmente embasados e bem servidos”.

(Macksey, 1978, p. 127)

A propósito, os relatos britânicos sobre o valor dos artilheiros italianos são os mais numerosos, destacando tanto o aspecto técnico como a garra desses (em certa ocasião, os ingleses chegam a afirmar que os artilheiros italianos só cessavam fogo quando “esmagados pelas lagartas dos tanques atacantes” – Macksey, 1978). Por fim, basta dizer que, no norte da África os italianos lutaram ao lado dos alemães – sob as piores condições possíveis – até o último dia, 13 de maio de 1943, se rendendo apenas quando já não era mais possível resistir (Fraser, 1993).

Reabilitado o soldado italiano, resta a dúvida sobre as origens dos defeitos dos oficiais italianos. Macksey (1978) aponta na direção de uma extrema politização dos quadros superiores as Forças Armadas Italianas durante o período de vigência do regime fascista. Tal argumento ganha mais sentido quando o confrontamos com a situação alemã: se havia forte antagonismo entre os oficiais “do partido” nazista e aqueles mais fiéis á instituição das Forças Armadas – levando-se em conta que Hitler havia ascendido ao poder em 1933 - , como não teria ficado essa situação se o nazismo tivesse tido uma década a mais para se infiltrar nas Forças Armadas, como ocorreu na Itália?

Extrapolando Macksey, arriscamo-nos a afirmar aqui que a quase totalidade do oficialato italiano (com certeza, dentre as mais altas patentes) se encontrava mais comprometida com fidelidades políticas do que com a competência no comando militar quando Mussolini lançou seu país à Segunda Guerra Mundial. Exceções foram registradas, com destaque para o Marechal Giovanni Messe (outro combatente do deserto), mas infelizmente apenas em proporção suficiente para confirmar a regra geral.

Referências bibliográficas:
FRASER, David. Knight´s Cross: A life of Field Marshal Erwin Rommel. Nova York, Harper Collins, 1993.
MACKSEY, Kenneth. Beda Fomm: Uma vitória clássica. Rio de Janeiro, Renes, 1978






Conteudo ©




*Nick de um membro do Clube dos Generais.

O Clube dos Generais é uma entidade voltada apenas e tão somente aos estudos dos fatos históricos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial e não fazemos, em nenhuma hipótese, apologia aos regimes e ideologias vigentes à época. Desta forma, as imagens aqui apresentadas que contenham símbolos nazistas ou outros foram incluídos apenas pelo seu valor histórico e como objeto de estudo e curiosidade, não constituindo crime nos termos da Lei No 7716/89 (que define os crimes resultantes de preconceito ou discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional)."

Portal instalado e configurado por Alan Besen

Este site utiliza technologia PHP-NUKE e é usado sobre Licença GPL e desenvolvido por Francisco Burzi

Tempo para gerar esta página: 0.06 segundos


:: Baseado no Theme Army SkaidonDesigns :: Modificado por Alan Besen



ALEN BESEN

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas