sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

7633 - TRATADO DE VERSAILLES

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PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL



NESTA EDIÇÃO


Assinado o Tratado de Versalhes
Por dentro da Sala dos Espelhos
Ferdinand Foch, herói contrariado
A Liga das Nações - sem os EUA
'Maré vermelha' cobriu à Hungria

Índice



ESPECIALVEJA, Junho de 1919

Aliados e Alemanha assinam Tratado de Versailles – Documento
obriga derrotados a assumir total e única responsabilidade pela guerra
– Caráter excessivamente punitivo traz críticas e desconfiança

Autoridades reunidas: Lloyd George, Vittorio Emanuele Orlando, Georges Clemenceau e o americano Woodrow Wilson


m 1871, o Palácio de Versailles abria, constrangido, sua famosa Galeria dos Espelhos para as solenidades em comemoração à acachapante vitória germânica na Guerra Franco-Prussiana. Ali, em pleno coração da derrotada França, Otto von Bismarck finalizava a unificação do estado alemão e proclamava o Império Germânico, rascunhando o destino de uma nação cujo poderio militar parecia não conhecer limites – mas que a História, quatro décadas depois, trataria de estabelecer. Em 28 de junho de 1919, os alemães, agora solapados pelo fracasso na Grande Guerra, voltaram a Versailles cabisbaixos, para assumir toda a culpa pelas hostilidades militares e para mostrar sua disposição em reparar territorial e financeiramente todo o estrago causado em quatro anos de batalhas. Humilhados, também concordaram em ter sua brilhante máquina de guerra desmobilizada e seu exército tosado e marginalizado, limitado em número e amansado pelos inimigos. Assinado por vencedores e vencidos, o Tratado de Versalhes decreta oficialmente o final da guerra – mas não o término do vexame germânico.

Punitivo, o calhamaço tem 440 artigos e mais um florilégio de apêndices, anunciando de alguma forma a responsabilidade da Alemanha por todas as agruras sofridas no planeta nestes últimos anos. O documento também redefine as fronteiras da Europa, obrigando os germânicos a devolver territórios anexados e a ceder alguns rincões como compensação. A lista de exigências é longa; a seguir, alguns dos principais pontos do tratado, que versa apenas sobre a Alemanha – a negociação com as outras nações das Potências Centrais (Áustria, Bulgária, Hungria e Turquia) será feita separadamente e em datas ainda a serem definidas.

Admissão de culpa e responsabilidade única da Alemanha pela ocorrência da Grande Guerra
Proibição da união entre Alemanha e Áustria
Compromisso de reparações financeiras a definir (especialistas falam em uma quantia superior a 20 bilhões de dólares)
Concordância com julgamento internacional do Kaiser e de outros líderes de guerra
Devolução da Alsácia e da Lorena à França
Cessão de Eupen-Malmedy à Bélgica, de Memel à Lituânia e do distrito de Hultschin à Checoslováquia
Entrega da Poznania, Silésua setentrional e Prússia oriental à Polônia restabelecida
Entrega das possessões ultramarinas na China, África e Pacífico
Transformação de Danzig em cidade livre
Desmilitarização permanente e ocupação aliada por 15 anos da província do Reno
Limitação do Exército Alemão a 100.000 homens, para segurança interna, sem tanques, sem artilharia pesada, sem suprimentos de gás, sem navios ou aviões
Limitação da Marinha Alemã a belonaves inferiores a 100.000 toneladas e proibição de submarinos
Impossível – Finalizado pelos aliados em abril, após quatro meses de deliberações de 70 delegados de 27 países – nenhum dos derrotados –, o documento foi entregue às autoridades alemãs no dia 7 de maio, com um prazo de resposta de três semanas. Ao chegar à delegação de paz germânica, liderada pelo conde Brockdorff-Rantzau, os termos do pacto causaram revolta. “Perdemos o fôlego quando lemos as exigências que nos foram feitas, a violência vitoriosa de nosso inimigos. Quando mais penetramos no espírito desse tratado, mais nos convencemos que é impossível levá-lo adiante”, respondeu o conde, devolvendo aos aliados uma contraproposta com nove itens e requisitando ainda uma audiência para discutir outros termos detalhadamente. Inflexíveis, os vencedores, em documento assinado pelo primeiro-ministro francês Georges Clemenceau, rejeitaram o pedido de encontro e ignoraram a absoluta maioria das ponderações tedescas. “O protesto da delegação germânica mostra que eles não entendem a posição que está a Alemanha hoje”, disparou Clemenceau.

Contudo, os alemães se mantinham firmes na decisão de não assinar o documento, justificando ser um peso que a população não poderia suportar. No início do mês de junho, as negociações chegaram a um preocupante impasse, o que fez, no dia 16, os aliados soltarem uma ameaça que aterrorizou os germânicos: caso os derrotados não subscrevessem o tratado no prazo de uma semana, Estados Unidos, França e Grã-Bretanha retomariam as ações militares contra a Alemanha. O conde Brockdorff-Rantzau, então, aconselhou as autoridades provisórias, que se reuniam na Assembleia Nacional em Weimar para criar uma nova e democrática Constituição para o país, a autorizar a ratificação dos termos dos aliados. Dito e feito, estabeleceu-se para a assinatura do tratado o dia de 28 de junho. Simbólica, é a mesma data em que, na folhinha de 1914, o estudante sérvio Gavrilo Princip alvejou o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do hoje defunto Império Austro-Húngaro – balázio que acendeu a fagulha da Grande Guerra.

Insatisfação generalizada – Curiosamente, o Tratado de Versalhes desagradou igualmente vencidos, vencedores e observadores neutros. Para os especialistas independentes, o documento, punitivo em excesso, teria se distanciado demais da aclamada proposta de catorze pontos do presidente Woodrow Wilson, que fundamentou o armistício. Para os franceses, porém, todo o castigo ainda foi pequeno. O Tratado de Versalhes não atendeu por completo a sede de vingança dos gauleses, que sofreram a invasão alemã em seu território, vitimando mais de 400.000 civis. Clemenceau, por exemplo, queria que a província do Reno, de indústria historicamente pujante, fosse retirada da Alemanha para evitar um novo fortalecimento do país. Wilson e o primeiro-ministro britânico David Lloyd George vetaram a proposta, determinando, em contrapartida, uma ocupação militar aliada na região durante 15 anos.

Mesmo com o veto às exigências de Clemenceau (a quem apelidou de “Napoleão” e “Jesus Cristo”), Lloyd George achou a carta em demasiado pesada – suas exigências poderiam, ao invés de apaziguar a Alemanha, incitá-la ainda mais contra os aliados. E é esse o único ponto que parece ter se tornado unanimidade em Versalhes. O indefinido futuro europeu ao fim da “guerra para acabar com todas as guerras” toma ares sombrios. Seja nas palavras de Lloyd George, já antecipando novos problemas com a Alemanha, ou no clamor da publicação holandesa Algemeen Handelsblad, cujo editorial grita que “a Alemanha acorrentada e escravizada será sempre uma ameaça à Europa”, todos têm em mente um só pensamento – e ninguém melhor que o supremo comandante aliado, marechal Ferdinand Foch, para externá-lo. Com seu pragmatismo característico, ele sentenciou, após a notícia da assinatura do Tratado de Versailles: “Isto não é a paz. É apenas um armistício válido pelos próximos vinte anos.”



Dia histórico em Versalhes
Autoridades chegam para a assinatura do tratado e
multidões tentam acompanhar a ocasião marcante.





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