terça-feira, 11 de janeiro de 2011

7549 - oassassinato de rasputin

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O assassinato de Rasputin

Gregori Rasputin era um camponês siberiano que surgiu na corte do czar como um “homem santo”. Na Rússia daquela época era comum encontrar-se camponeses que faziam peregrinações por lugares sagrados, rezando e jejuando e ajudando as pessoas que passavam por dificuldades, o que não era nada difícil de se encontrar na Rússia czarista. O povo vivia numa extrema miséria. Os chamados “homens santos”, portanto, eram aqueles mujiques (camponeses) que rezavam e viviam uma vida de peregrinações e rezas. Muitos entravam para a vida religiosa, muitos não, mas mesmo sem serem padres, muitos eram considerados como se o fossem. O povo russo é muito místico e naquela época os andarilhos que vinham dos mosteiros e lugares sagrados eram muito respeitados pelos mais simples.
Rasputin, pois, apareceu como um desses homens. Apresentava-se vestindo botas de cano alto, calças largas e uma túnica tipicamente russa, usada pelos camponeses, com um cinto largo. Viajara pela Grécia até Jerusalém e dizia ter visto a Virgem Maria. Foi apresentado à czarina como um “homem santo”, que fazia até milagres. Alexandra, que vivia um inferno secreto, eternamente atormentada com os perigos que a hemofilia de Alexei trazia, viu em Rasputin um enviado de Deus para salvar seu filho da morte. De fato, ela achava (não sem razão) que seu filho tão amado estava condenado a morrer das terríveis hemorragias que volta e meia apareciam quando Alexei se machucava. Um simples esbarrão poderia ter as mais terríveis conseqüências. Quando Rasputin apareceu, ela estava cansada de rezar pela vida de seu filho e mais, pela cura dele. Rasputin, então, pareceu ser a resposta às suas rezas, aquele que iria ajudá-la com seu filho.
A doença do czarevich era assunto de estado, ou seja, um assunto ultra-secreto. Ninguém podia falar sobre o assunto, a não ser em família. Os criados que serviam a família imperial estavam proibidos de tocar no assunto com quem quer que fosse e muitos nem sabiam que tipo de doença tinha Alexei. O professor dos filhos do czar, o suíço Pierre Gilliard, autor do livro “Treze anos na corte russa” (não disponível em português) conta que levou muito tempo para saber qual era a doença do menino. Por isso o público de nada sabia e não podia nem imaginar o porquê da presença daquele estranho mujique no palácio.
Rasputin teve grande influência na vida de Alexandra por causa de seu poder de aliviar as dores que acometiam Alexei quando se machucava. Ninguém até hoje sabe ao certo como ele poderia trazer algum alívio ao garoto. É possível que soubesse as técnicas de hipnose e, através da mesma, conseguisse aliviar-lhe a dor. É possível também que fosse somente coincidência. A czarina estava sob forte tensão nervosa por causa dos problemas do menino e também porque era de natureza nervosa, herdada de sua mãe, Alice, filha da rainha Vitória da Inglaterra. De qualquer modo, após uma visita de Rasputin, Alexei acometido por uma crise acabava por melhorar e, coincidência ou não, Alexandra atribuía-lhe a recuperação do filho. Uma vez, estando a família no pavilhão de caça na Polônia, chamado Spala, um castelo escuro no meio da floresta, Alexei caiu e sofreu terrível hemorragia interna que o fez sofrer até os médicos acharem que ele iria morrer. O próprio dr.Botkin achava que tudo estava perdido. Alexandra mandou então um telegrama para Rasputin, que se encontrava na Sibéria. Ele respondeu dizendo que Deus havia ouvido as preces da czarina e que o menino não iria morrer, mas que os médicos deviam afastar-se dele. Alexandra fez como ele lhe dissera. Alexei melhorou. Ninguém sabe explicar como isso se deu.Até hoje há especulação sobre o que teria acontecido em Spala para a repentina melhora do garoto, sem que se encontre uma explicação satisfatória. É claro que Rasputin era uma farsa, mas até que ponto ele podia influenciar no alívio ao sofrimento do menino? Seria hipnose? Auto-sugestão? Impossível saber. O fato é que Rasputin tinha duas caras. Uma a que se apresentava à czarina como “padre Gregório”, o “homem de Deus” e a outra, a que tomava intermináveis bebedeiras e participava de orgias, que incluíam até mulheres de altos funcionários da corte, bem como prostitutas. A Okrana, a polícia secreta czarista, tinha um relatório completo e detalhado sobre as atividades licenciosas de Rasputin, bem como seu tráfico de influência. Ele mandava cartões para ministros e outros dignitários a fim de favorecer pessoas que lhe vinham pedir cargos e benefícios. Dizia ter domínio completo sobre o czar e a czarina. Os ministros e o Primeiro-Ministro foram protestar junto ao czar. Apresentaram-se os relatórios da Okrana. O czar prometeu dar uma resposta logo, mas a czarina impediu-o de agir, alegando que eram mentiras, perseguição contra Rasputin. Se ele fosse exilado, que seria de seu filho? Quem iria salvá-lo? O czar, que tinha imensa dificuldade em recusar qualquer coisa à czarina, acabou concordando em deixar Rasputin em paz. Uma vez ele não lhe deu ouvidos e mandou Rasputin de volta para a Sibéria. Então o episódio de Spala aconteceu. Depois de Spala, Nicolau não mais ousou afastar Rasputin.
Havia, porém um grupo de nobres e políticos que não estavam de acordo com a atitude do czar em relação a Rasputin. Eles achavam, e nisso estavam cobertos de razão, que a presença daquele homem no palácio só podia trazer desgraça à casa imperial, à monarquia e, segundo eles, à própria Rússia. O príncipe Félix Yussupov, marido da sobrinha do czar, o Grão-duque Dimitri, primo do soberano, aquele a quem Olga amava, um deputado da Duma e mais outros dois cavalheiros resolveram dar cabo do mujique e armaram um plano. Yussupov fingiria dar uma pequena festa, uma “farra” e convidaria Rasputin, prometendo-lhe apresentar sua esposa Irina, que Rasputin ansiava conhecer. Acontece que Irina nem estava em São Petersburgo naquela época.Mas isso não tinha a menor importância, pois Félix não tinha a menor intenção de apresentar Irina ao mujique. Sua intenção era matá-lo.
Um dos cavalheiros era médico e colocou uma dose cavalar de cianureto nos bolos e outras iguarias que seriam servidas naquela noite. Os convivas, príncipe Felix e Grão-duque Dimitri ficaram impressionados ao ver que, mesmo tendo ingerido uma quantidade enorme de veneno, Rasputin não caíra morto. O médico que preparara o veneno estava boquiaberto diante do que estava acontecendo. Felix saiu então do aposento, pegou o revólver e disparou contra Rasputin ,que caiu, aparentemente morto. Foram então todos apanhar sacos e cordas para amarrar o cadáver. Quando voltaram, o morto tinha sumido. Ficaram horrorizados. Foram achar Rasputin no pátio do palácio (eles estavam num aposento no sub-solo). Mesmo envenenado e mortalmente ferido, o mujique ainda tivera forças para arrrastar-se até a entrada do edifício. No fim, Rasputin foi amarrado e jogado no rio Neva (rio que banha São Petersburgo). Causa da morte verificada no laudo policial:afogamento.
Logo depois de sua morte, foi encontrada uma carta de Rasputin ao czar, avisando-o de que ele sentia que iria morrer. Caso fosse morto por pessoas comuns, nada aconteceria aos Romanov. Porém, se fosse morto por algum membro da família, o czar e sua família não sobreviveriam. Profecia? Coincidência? O fato é que o czar e sua família foram mortos em Ekaterimburgo e muitos outros Romanovs pereceriam nas mãos dos revolucionários. O príncipe Félix Yussupov e o Grão-duque Dimitri, por terem sido condenados ao exílio, escaparam de morrer e sobreviveram. Anos depois, Yussupov escreveu um livro: “Como matei Rasputin” (disponível em português), contando o ocorrido. O Grão-duque Dimitri, porém, jamais perdoou Felix por ter escrito o livro, pois parece que ambos haviam feito um juramento de jamais revelarem os fatos. Dimitri foi morar nos Estados Unidos, enquanto Félix Yussupov viveu em Paris até sua morte. Os Yussupov, que eram riquíssimos (havia quem dissesse que eles eram mais ricos até que o czar) morreram pobres. A mãe de Félix, a princesa Zinaida Yussupov, uma das mulheres mais lindas da Rússia, morreu praticamente na miséria, pois gastou o pouco que lhe sobrara ajudando nobres refugiados russos que chegavam a Paris e lhe pediam auxílio. Era o fim de uma era, de um tempo de opulência, mistério e fascínio.
Príncipe Félix YussupovGrão-Duque Dimitri e esposa no exílio
Porão onde ocorreu o assassinato


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