segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

7516 - SOCIALISMO NA RÚSSIA

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Editorial
Página 5


Info 90 anos da Revolução Socialista na Rússia
Essa matéria foi publicada na Edição 418 do Jornal Inverta, em 23/11/2007
— registrado em: editorial
No dia 07 de Novembro de 2007, a revolução socialista russa completou 90 anos e em todos os países socialistas e nas diversas organizações revolucionárias no mundo, comemorou-se este feito humano, que mudou definitivamente o curso da história.


90 anos da Revolução Socialista na Rússia






No dia 07 de Novembro de 2007, a revolução socialista russa completou 90 anos e em todos os países socialistas e nas diversas organizações revolucionárias no mundo, comemorou-se este feito humano, que mudou definitivamente o curso da história, impulsionando-a rumo ao progresso e justiça social. Sua importância para toda a humanidade é ainda pouco estudada, embora todo o pensamento político, econômico e científico atual se desenvolva, seja negando-a, afirmando-a, ou ao mesmo tempo, negando-a e afirmando-a em parte. As comemorações foram e ainda são atos que vão da exaltação à crítica, mas, em linhas gerais de reconhecimento de um fato excepcional na história da humanidade. Em primeiro lugar porque ela continua sendo o paradigma de revolução proletária no mundo inteiro, tanto para os que afirmam ou a negam, em parte ou totalidade, assim como o é para a burguesia a revolução francesa do século XVIII.




Karl Marx ao comparar as revoluções burguesas do século XVIII, com as revoluções proletárias do século XIX, afirmou em seu trabalho, “Dezoito Brumário de Luis Bonaparte”:




“As revoluções burguesas, como as do século XVIII, avançam rapidamente de sucesso em sucesso; seus efeitos dramáticos excedem uns aos outros; os homens e as coisas se destacam como gemas fulgurantes; o êxtase é o estado permanente da sociedade; mas estas revoluções têm vida curta; logo atingem o auge, e uma longa modorra se apodera da sociedade antes que esta tenha aprendido a assimilar serenamente os resultados de seu período de lutas e embates. Por outro lado, as revoluções proletárias, como as do século XIX, se criticam constantemente a si próprias, interrompem continuamente seu curso, voltam ao que parecia resolvido para recomeçá-lo outra vez, escarnecem com impiedosa consciência as deficiências, fraquezas e misérias de seus primeiros esforços, parecem derrubar seu adversário apenas para que este possa retirar da terra novas forças e erguer-se novamente, agigantado, diante delas, recuam constantemente ante a magnitude infinita de seus próprios objetivos até que se cria uma situação que torna-se impossível qualquer retrocesso e na qual as próprias condições gritam: Hic Rhodus, hic salta! (Aqui está Rodes, salta aqui!)” 1




Sem dúvida, a revolução proletária russa no início do século XX foi uma crítica teórica e prática que escarneceu sem piedade todos os processos revolucionários desenvolvidos pelo proletariado nos séculos XVIII e XIX, se desenvolvendo como superação aos processos anteriores e tornando-se paradigma revolucionário até os dias atuais. A conspiração dos iguais, em 1789, na França; o levante dos operários de 1831 em Lyon; o movimento cartista de 1838 a 1842 na Inglaterra; as revoluções de 1848, na França e Alemanha; a Comuna de Paris, em 1871; bem como sua doutrina e forma de organização e luta, tiveram na revolução russa de 1917 uma contumaz crítica que ao contrário do proselitismo e debates estéreis escolásticos, iam à prática como experiências vividas e criadas na luta de classes real. Quando a revolução socialista na Rússia se colocou de pé, com a tomada do Palácio de Inverno e a deposição do governo provisório de Kerensky, nada do que havia formulado o movimento socialista para a Rússia, fora os bolcheviques comandados por Lênine, ficou de pé, tudo havia sido levado pelo turbilhão de ações do proletariado russo edificando-se uma nova realidade histórica.




Quem poderia imaginar que a revolução, ao contrário do que previra Marx e Engels, que se daria justamente nos países mais avançados, como Inglaterra, França e Alemanha, onde o modo de produção capitalista já havia se desenvolvido plenamente ou estava já em desenvolvimento avançado, portanto, compondo a base objetiva para a revolução; se daria justamente em um país onde esta base objetiva ainda não estava desenvolvida em sua plenitude? Eis um primeiro paradigma que nos traz a experiência russa e que tanto contribui para entendermos porque o marxismo, isto é, o marxismo revolucionário continua atual para os nossos dias e os processos revolucionários nos países considerados do terceiro mundo. Não que ele não esteja na ordem do dia para entender os fenômenos por que passa os países mais desenvolvidos na América do Norte, Europa e Ásia, mas porque o marxismo vivo, aquele que foi traduzido pela síntese de autoria como Marxismo-Leninismo, não encontra os elementos históricos para se aplicar na plenitude nos países imperialistas de acordo com os paradigmas que este aportou ao movimento revolucionário e à luta de classes internacional.




O estudo sistemático e o movimento revolucionário prático, mostraram que a Revolução Russa, não só criticou ou escarneceu as lutas revolucionárias do século XVIII e XIX, seguindo a análise genial de Marx no Dezoito Brumário, como mostram também, sobretudo, onde foram capazes de superarem os limites estreitos da interpretação dogmática do marxismo, que era efetuada pelos mencheviques russos de ontem e continua sendo pelos mencheviques de hoje em todas as partes de mundo. Como já mencionamos anteriormente, o primeiro dogma quebrado e superado foi o da impossibilidade de uma revolução socialista em um país onde as condições do modo de produção capitalista não estariam plenamente desenvolvidas. Esta primeira contradição dividiu o movimento revolucionário russo em dois grandes grupos, os que seguiam os bolcheviques de Lênine e os que seguiam os notórios defensores do marxismo dogmático, sejam quais forem as variações ou tendências que estes assumiam: mencheviques, sociais revolucionários, trotskystas, kaustkystas etc. Aqui está a raiz da concepção etapista como tática ou estratégia para a revolução. Lênine e os bolcheviques defenderam as duas etapas na revolução apenas como tática para chegar a revolução comunista. Os mencheviques, se apoiando na interpretação mecânica do marxismo, em especial do Manifesto Comunista, transformaram a tática – a revolução burguesa – na estratégia, se prendendo a mesma como resultado final do processo revolucionário iniciado com a revolução burguesa de fevereiro de 1917.

Nestes termos, a revolução russa superou a idéia equivocada na luta de classes de que viria primeiro o econômico e depois o político, sem entender que a ação humana é a parteira da história e em seus eventos o político é que abre as portas para o econômico, ou no caso da revolução socialista destrava a sociedade para se desenvolver o socialismo, mesmo de forma ainda rudimentar e eivado das relações de produção anteriores, como se pode ver nas Teses de Abril, desenvolvidas por Lênine e com seu próprio testemunho, que muito do programa ainda não era socialista, mas preso ao conteúdo da revolução democrática-burguesa, ou o que muitos denominaram de capitalismo de estado. Como disse Lênine, o capitalismo de estado era o ponto máximo a que poderia chegar a revolução democrática-burguesa em termos de socialização dos meios de produção, portanto o caminho para transição às relações de produção socialista sob a ditadura democrática do proletariado e do campesinato. Trotsky não entendeu isto bem, pois se mantinha, como os mencheviques, preso a leitura dogmática e mecânica do marxismo, criticando duramente Lênine em torno desta formulação: “Ditadura Democrática do Proletariado e do Campesinato”. Este aporte da Revolução Russa é importante para os dias atuais, quando se analisa o processo revolucionário que vivemos na América Latina, em especial o vivido na Venezuela e não entendemos até que ponto o processo político pode ir abrindo portas ao processo de transição do modo de produção para o socialismo.




A segunda contradição se dá justamente no plano da organização, isto é, na concepção de partido que poderia levar a cabo de fato a revolução. Como é sabido, os mencheviques e sociais revolucionários se prendiam a duas formas de organização distintas da constituída pelos bolcheviques. Lênine e seus camaradas defendiam uma organização de revolucionários profissionais, mais tarde definida como organização de quadros. Sem entrar na profundidade que este tema merece, o principal aqui é ressaltar que na polêmica entre os mencheviques e bolcheviques, o elemento central é a concepção desenvolvida por Lênine que, se apoiando na experiência de Marx e Engels na Revolução de 1848, na Alemanha, extraiu as lições da necessidade do Partido Revolucionário de Quadros e o método de sua construção, através de um agitador e organizador coletivo, o jornal. Os mencheviques, por seu turno, viam no partido de massas a idéia organizativa fundamental para a revolução, cujo método de construção dava via o processo parlamentar e movimento de massas. Eles incorporavam e tentavam reproduzir a experiência alemã, já totalmente infiltrados pelas idéias de Bernstein e Lassale, que foram sintetizadas por Kautsky, dando curso a transformação do marxismo revolucionário em reformismo parlamentar e sindical, que mais tarde incorporava definitivamente a definição tática da revolução em etapas como estratégia: a social-democracia. Rosa de Luxemburgo, que em um primeiro momento da polêmica, entre bolcheviques e mencheviques, após o II Congresso do Partido Operário Social Democrata Russo, interviu defendendo os mencheviques e o partido de massas, pagaria com a vida este seu equívoco. Ao se retratar na prática com os bolcheviques durante o processo insurrecional russo de 1905, sofreu o estigma que os revisionistas tinham por Lênin, durante a bancarrota da II Internacional, tomando parte da Esquerda de Zimmerwald, e na insurreição Berlim, liderada pelos Spartakistas, foi assassinada, junto com Karl Liebknecht, pelo acordo entre os sociais-democratas e os nazistas.




Em relação a esta contradição a superação que trouxe a revolução russa foi a idéia de que a constituição de uma organização revolucionária é resultado da luta ideológica, em termos dos princípios do marxismo revolucionário aplicados à situação concreta da luta de classes e da formação sócio-econômica historicamente determinada, logo exigindo a criatividade para condensá-las em projeto estratégico, tático e organizativo como unidade indissolúvel. Os bolcheviques desenvolveram o fenômeno da comunicação, a base para uma estrutura revolucionária, e buscaram na estrutura militar a organização necessária para desenvolver o combate, tático e estratégico. Luta de idéias, organização de quadros e luta de massas; com isto rompiam a tradição anarquista do terrorismo e a tradição social-democrata do parlamentarismo e do sindicalismo como formas de organização, se desviando do obreirismo e parlamentarismo em que se consumou o Partido Operário Social Democrata Alemão. A Revolução Russa mostrou que em um país onde o modo de produção capitalista não está plenamente desenvolvido e que o campesinato compõe a maioria da população, o proletariado pode exercer o papel de vanguarda através de sua organização no processo revolucionário, desde que esta organização seja de novo tipo, uma organização de quadros e com forte poder de ação e comunicação. Eis porque, na formulação das teses de Abril, os bolcheviques defendem a mudança do nome do partido de POSDR para Partido Comunista. E assim superam também o desafiou deixado por Marx e Engels, ao analisarem o processo de Colônia após a derrota da revolução na Alemanha, em 1848.




Mas a revolução russa foi além, com a sua experiência surgiu a primeira forma concreta de organização do poder na sociedade capaz de levar às últimas conseqüências aquilo que a teoria marxista desenvolveu como Ditadura do Proletariado. Ou seja um estado de transição do capitalismo ao socialismo. Como Marx afirmou em uma carta a Joseph Weydemeyer em 5 de Março de 1852:




[...] No que me diz respeito, não me cabe o mérito de ter descoberto nem a existência das classes na sociedade moderna nem a sua luta entre si. Muito antes de mim, historiadores burgueses tinham exposto o desenvolvimento histórico desta luta das classes, e economistas burgueses a anatomia econômica das mesmas. O que de novo eu fiz, foi:




1. demonstrar que a existência das classes está apenas ligada a determinadas fases de desenvolvimento histórico da produção;

2. que a luta das classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado;

3. que esta mesma ditadura só constitui a transição para a superação de todas as classes e para uma sociedade sem classes. [...]




Lênine entendeu bem esta formulação de Marx e viu na organização desenvolvida pelos operários russos na insurreição de 1905, iniciada por uma Greve Geral, o embrião daquilo que mais tarde veio a ser conhecido como conselhos de operários, soldados e camponeses, os sovietes. E a partir deste fenômeno social deu curso a uma estrutura de poder mais ampliada e estratégica que a experiência da Comuna de Paris de 1871. O governo dos sovietes passou para a história de um modelo criado para uma formação sócio-econômica historicamente determinada para um modelo universal de governo no estado de transição entre o capitalismo e o socialismo em todo o mundo. Mas, foi além, quando da livre união dos países que adquiram independência e soberania depois da revolução russa, formando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, apontou o caminho da livre união e solidariedade entre os povos, que mais tarde os próprios países capitalistas viriam caricaturar. Lênine na abertura do VIII Congresso do Partido Comunista Bolchevique Russo afirmou:




“apesar de agora estarmos isolados de maneira artificial de todo mundo, não passa um só dia sem que os jornais informem do ascenso do movimento revolucionário em todos os países. Mais ainda: sabemos e vemos que este crescimento adota a forma soviética. E nisso resiste a garantia de que, ao implantar o Poder Soviético, achamos a forma internacional, universal, da ditadura do proletariado. E estamos firmemente convencidos de que o proletariado do mundo inteiro compreendeu o caminho dessa luta, o caminho da criação dessa forma de poder proletário – do poder dos operários e dos trabalhadores – e de que não há no mundo força capaz de conter a marcha da revolução comunista mundial para a República Soviética Mundial. “ 2




Sem dúvida, falar da Revolução Russa olhando apenas o processo de tomada de poder, ou o momento em que simbolicamente os bolcheviques tomam o poder, os milhões de operários e camponeses, soldados e estudantes, mulheres, homens, jovens, avançam contra o Palácio de Governo e o assaltam desafiando os tiros de canhões e metralhadoras, colocando abaixo os trezentos anos de dinastia Romanov, ou o ato espetacular que derrubou o governo provisório dos mencheviques e sociais revolucionários e deu posse ao governo revolucionário dos bolcheviques, é se limitar a imagem do ato magistral que elevou a humanidade a um nível superior em seu desenvolvimento histórico. Mas, para além deste ato, é necessário compreender que ele é apenas o resultado de um processo e o início de um outro, e que as experiências e lições que a Revolução Russa aporta à humanidade, também, mais que assimiladas, devem ser compreendidas e desenvolvidas criticamente na prática. Cuba, China, Coréia do Norte, Vietnã e tantos outros países caminham neste curso. Outros surgiram, se desenvolveram e sucumbiram, como é o caso da própria Revolução Russa. Contudo a humanidade atual já não é a mesma de antes da Revolução Socialista de Outubro de 1917, o proletariado e as massas exploradas no mundo já não lutam para chegar a primeira vez ao poder, e por mais que se queira negar este evento magnífico humano e revolucionário, enquanto subsistir o capitalismo e o imperialismo, ele continuará a exercer a sua influência e sua experiência será paradigma das novas revoluções em devir.




Para nós latino-americanos que vivemos novamente o alvorecer da esperança da revolução em nosso continente dando curso ao processo iniciado por Cuba, que para nós tem o mesmo significado que a Revolução Russa teve para o mundo, é momento de nos debruçarmos na crítica prática do processo revolucionário anterior e forjarmos o caminho dessa nova experiência humana seguindo o exemplo de Cuba. Aqui, como na Revolução Russa, a ação política prefaciou a transformação econômica, retirou os entraves da sociedade para o desenvolvimento socialista. Mas, aqui, como também, na Rússia há noventa anos atrás, o capitalismo com o qual lutava já não se desenvolvia como aquele que Marx se confrontou na Europa ao escrever o Manifesto do Partido Comunista, em 1848. Lá Lênine percebeu magistralmente o fenômeno do imperialismo criando novas condições do desenvolvimento do capitalismo e para a revolução socialista, o mesmo que se passa entre nós hoje, diante das novas condições de desenvolvimento do imperialismo, após sua globalização neoliberal. Aqui é necessário extrair da história de luta de nossos povos as experiência e formulações, as idéias e ações heróicas que possam dar vida ao marxismo de forma revolucionária. Em Cuba, a fusão do socialismo científico com o legado martiniano iniciou na prática a crítica e a superação do processo revolucionário na Europa do Leste, agora mesmo vemos o processo bolivariano se aprofundando, trazendo elementos novos a este desafio histórico dos revolucionários e povos de nossa América, portanto, é hora de assimilarmos de forma revolucionária as lições do proletariado internacional e caminharmos para avançar na edificação da nossa própria experiência!




Viva 90 anos da Revolução Socialista Russa!

Viva a Revolução Socialista de Cuba!

Viva a Revolução Bolivariana na Venezuela!

Viva a revolução Continental e a revolução Mundial!

Viva aos 40 anos da queda em combate de Che Guevara!

Ousar Lutar! Ousar Vencer! Até a Vitória Sempre!







Rio de Janeiro 18 de Novembro de 2007

P. I. Bvilla Pelo OC do PCML



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