terça-feira, 4 de janeiro de 2011

7314 - GUERRA SINO-JAPONESA

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China - 1ª Parte (1842-1949)
A Revolução chinesa: da agressão
Ocidental ao Maoísmo


A guerra Sino-Japonesa

Primeiro período da guerra sino-japonesa - 1937-1941: divide-se a guerra sino-japonesa em dois grandes períodos: o primeiro deles, denominado de período crítico, teve seu início em julho de 1937 quando os nipônicos lançam sua ofensiva-relâmpago sobre as províncias do Norte e Leste (Hopei, Shantung, Shansi, Chamar e Suyan) com o objetivo de separá-las da China, seguindo os ditames do "Memorial Tanaka". Numa audaciosa operação de desembarque, ocuparam mais ao sul Cantão e em uns anos depois Hong Kong (que era colônia inglesa). Os invasores tiveram seu caminho facilitado por encontrarem pela frente uma China politicamente desorganizada, onde a rivalidade militar entre nacionalistas e comunistas havia sido suspensa a contra gosto, vendo-se ainda subdividida em várias "autoridades locais"" que se mostraram relutantes em oferecer-lhes uma resistência efetiva e coerente.

Mesmo assim Chiang Kai-shek e Mao Tse-tung assinam um acordo em 22 de setembro de 1937, pelo qual os comunistas abandonam seu projeto de um governo revolucionário e passavam a designar sua área de domínio como Governo Autônomo da Região Fronteiriça, enquanto o Exército Vermelho mudou seu nome para ser o Exército Revolucionário Nacional, renunciando a insurgir-se contra o governo de Chiang Kai-shek que, pelo seu lado, comprometeu-se a suspender as operações anticomunistas.

A estratégia japonesa baseava-se em sua mobilidade, fruto do desenvolvimento industrial do país, e na grande motivação da população em formar um império nipônico sobre a Ásia inteira. A ofensiva-relâmpago deles rapidamente ocupou Pequim em 8 de agosto de 1937, seguidas da capitulação de Tientsin e Shangai. Depois de quebrarem a encarniçada resistência das tropas chinesas, que lhes resstiram por três meses numa batalha nas ruas de Shangai, os japoneses marcharam para dentro do continente e, logo depois, em 13 de dezembro de 1937 entram em Nanquin.


Japoneses executam os prisioneiros em Nanquin, 1937

O estrupo de Nanquim: nesta antiga capital imperial, e também ex-sede do governo nacionalista de Chiang Kai-shek, os soldados japoneses sob o comando do general Iwane Matsui realizaram a partir de dezembro de 1937 um efeito-demonstração que converteu-se numa das maiores atrocidades da história contemporânea - o "estupro de Nanquin" (Nanjing Datusha). Visando a humilhação total dos chineses, o Alto Comando japonês permitiu que por três semanas suas tropas submetessem os habitantes da venerável cidade ao saque e a um bárbaro e indiscritível massacre que vitimou (entre torturados, fuzilados e mulheres estupradas) mais de 300 mil civis chineses - um verdadeiro, mas esquecido holocausto oriental.

Um ano depois de terem tomado a ofensiva, os nipônicos controlam amplas margens do Mar da China, ocupando uma boa parte da costa, na tentativa de isolar o país de qualquer auxílio ocidental. Apesar das simpatias americanas e britânicas inclinarem-se para os chineses, devido a rivalidade colonial que tinha com os nipônicos pela hegemonia sobre a Ásia, nada podem fazer de prático para ajudá-los.


o exército japonês realizou um massacre que vitimou mais de 300 mil civis chineses

Este período de seguidos triunfos japoneses chegou ao seu climax com a invasão de outras partes da Ásia pelo Exército e pela Marinha Imperial (Indochina, Indonésia, Malásia, Filipinas e Birmânia), seguida da desastrosa decisão do Micado de extender a guerra aos Estados Unidos. O surpreendente ataque japonês à base naval americana de Pearl Harbour em 7 de dezembro de 1941, obrigou o império do Sol Nascente a espalhar os seus recursos militares pelo Pacífico Ocidental, declinando como conseqüência disso as atividades bélicas no fronte da China.


O segundo período da guerra sino-japonesa - 1941-1945: no segundo período, que vai de dezembro de 1941 até agosto de 1945, os Estados Unidos assumem a tarefa de derrotar os japoneses, enquanto os exércitos nacionalistas chineses atuam apenas em pequenas escaramuças visando à fixação e ao desgaste do inimigo.

Consciente da sua absoluta inferioridade militar e estratégica, Chiang Kai-shek após sete meses de infrutífera resistência, ordenara a adoção da política de "vender espaço para ganhar tempo", que implicava na renúncia de enormes extensões territoriais chinesas. Ao mesmo tempo em que recuavam as tropas nacionalistas dedicaram-se à tática da destruição sistemática da infra-estrutura rural e urbana das regiões que fatalmente seriam ocupadas pelos invasores, tal como a explosão de diques do Rio Amarelo, que provocou a inundação de milhares de quilômetros quadrados de terras aráveis, arrasando e arruinando por muitos anos as propriedades camponesas, mas que somente atrasou o japoneses em três meses, ou o incêndio precipitado de Changsha, a capital de Hunan (fruto do pânico das tropas chinesas em debandada).

A estratégia de Chiang Kai-shek: O generalíssimo chinês na primeira fase da guerra, de 1937 a 1941, limitou-se pois a abandonar territórios ao invasor, ao mesmo tempo em que transferia a capital e todos os órgãos diretivos do regime para Chung-king, 1600 quilometros Yang-tse acima, uma zona remota, na expectativa de que a evolução da crise internacional levasse o Japão a abrir um novo fronte de guerra (fosse contra os E.U.A., ou contra a URSS), dando um tempo para o seu regime respirar. Desiteressado em fazer qualquer resistência mais efetiva, o generalíssimo obtou por "marcar passo", entregando-se às mãos do destino. Talvez pudesse ter lançado mão da mobilização total das massas, mas por temer fenômenos sociais e políticos incontroláveis renunciou a isto. Como observou Guilhermaz "...o lamentável estado de seu exército, as dificuldades logísticas e a certeza de que a derrota japonesa seria, antes de tudo, obra do Ocidente, incitaram Chinag a limitar seus esforços ao mínimo e a conservar o essencial de seus meios para um enfrentamento com os comunistas que parecia inevitável no futuro". (9).

Rapidamente os japoneses deram-se conta de suas limitações. Possuíam tropas somente para uma ocupação extensiva (controle das cidades, portos, pontes, vias férreas, estradas, passagens fluviais e posições fortificadas), mas não intensiva, impedindo-os de aprofundar suas conquistas. O complexo de redes aldeãs que compreeendia milhares de vilarejos espalhados pelo interior da China ficou fora do seu controle direto. Em vista disso, para explorá-los e vigiá-los, eles estimularam a política do colaboracionismo. Os elementos pró-nipônicos eram recrutados em meio aos notáveis locais - donos de terras, senhores da guerra, grandes comerciantes, os mais abonados enfim que sempre tendem a pactuar com o inimigo na expectativa de manter seu patrimônio e seus bens, e que não haviam abandonados as regiões dominadas. Os japoneses transferiram a eles a ingrata e infame função de espoliar os camponeses dos seus recursos agrícolas e denunciar os que acreditavam ser subversivos. O mais tristemente célebre dos colaboracionistas foi um ex-integrante do Kuomintang, Wang Ching-wei. Se houve um fato positivo na política do colaboracionismo, sob o ponto de vista dos revolucionários, foi a absoluta e completa desmoralização de parte substancial das classes dominantes tradicionais da China. Os notáveis locais, que há mais de século mostravam-se subservenientes aos estrangeiros, passaram a merecer o mais absoluto desprezo dos camponeses que, revoltados, permitiam a infiltração dos guerrilheiros maoístas nas aldeias e vilarejos.

(9) A China iniciou a guerra com 1.788.000 de soldados. Nos anos seguintes mobilizou 14 milhões de homens. A guerra provocou mais mortes por privações e enfermidades do que pelos combates. Segundo as cifras oficiais, tiveram 3.211.419 baixas, das quais 1.761.335 feridos, 1.319.958 mortos e 130.116 desaparecidos (Guillermaz, pags. 337 e 38).

A estratégia de Mao Tse-tung: mesmo participando da "Frente Unida Antijaponesa", onde ofereceu-se para que o Exército Vermelho se subordinasse a um comando únificado chefiado por um general do Kuomintang, Mao Tse-tung estabeleceu uma estratégia própria para enfrentar o invasor. A China, segundo ele, não podia esperar resolver a curto praso o conflito mediante uma paz de compromisso, pois seria perpetuar a ocupação e a opressão dos japoneses sobre mais de 170 milhões de chineses que habitavam as mais férteis terras do país extendidas numa área de mais de 1,5 milhões de quilômetros quadrados. Mas também não tinha forças suficientes para manter o inimigo fora do território nacional devido à notória debilidade interna. Podia, no entanto, numa perspectiva a longo prazo, tornar impossível ao invasor o controle territorial da China bem como a exploração tranqüila dos seus recursos. Para infernizar os japoneses era preciso fazer entrar em jogo uma vastíssima rede de guerrilhas camponesas que, construindo uma série de labirintos subterrâneos, defenderiam as colheitas e as vidas dos aldeões ao mesmo tempo que cortavam ou destruíam sistematicamente a rede de comunicações do inimigo.

Exemplo dessa determinação dos maoístas em lutar a qualquer custo contra o invasor foi a adoção do sistema de recompensas que premiava com 50 yuans, a moeda oficial de então, a cada camponês que recolhesse dos campos de batalha uma metralhadora, e de 10 a 20 yuans por cada rifle que encontrassem, mas, dizia o manual de orientação, se não conseguissem armas modernas que trouxessem o que achassem: "armas de fogo antigas, lanças, facas, varas, machados, enxadas e pedras", serviam pois todas podem matar os inimigos.

A estratégia de "luta de longa duração" deu seu primeiro resultado em Pinghsingkuan, em 25 de setembro de 1937, onde Lin Piao, um dos mais ativos lugares-tenentes de Mao, travou, com excelentes resultados, uma clássica batalha de guerrilhas contra os japoneses. Simultaneamente à guerra de guerrilhas, os maoístas elaboraram a reestruturação política das zonas liberadas. Operada a eliminação dos colaboracionistas, instituía-se uma administração comunal, apoiada nas milícias aldeãs. Paralelamente à transformação cultural e política que sofriam os camponeses, arrancando-os do marasmo e da submissão secular, as aldeias forneciam o apoio logístico - rede de informações, abastecimento e subsistência e proteção para os feridos. Ficou evidente que os maoístas lançavam no campo as sementes de uma estrutura econômica e política radicalmente nova e perigosamente ameaçadora ao Kuomintang. As guerrilhas viam seus quadros se ampliarem na medida em que cada vez era maior o número de desgostosos com a "apatia estudada" de Chiang Kai-shek e com a brutal repressão japonesa calcada nos "três tudo: "matar tudo, queimar tudo, destruir tudo - adotada a partir de 1941. (10). Esses fatores fizeram brotar nos camponeses uma consciência nacional, um "nacionalismo de massas", que até então era atributo das populações urbanas, levando a que eles identificassem em Mao Tse-tung o seu líder inconteste.

(10) Os efetivos maoístas, que em 1937 oscilavam de 40 a 80 mil homens, chegaram a ter de 600 a 900 mil guerrilheiros, ao fim da guerra. Se calcularmos que para cada guerrilheiro existiam cinco milicianos, seu apoio se estendia para 3 ou 4 milhões e meio de camponeses. Nas zonas controladas pelo Kuomintang, os camponeses se mostravam arredios em colaborar, pois seu pior inimigo era o exército nacionalista que cometia saques, confiscos e conscrições forçadas (L. Bianco, Las origenes...p. 203).

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