quinta-feira, 29 de julho de 2010

2312 - HISTÓRIA DAS RELIGIÕES

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História das religiões
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Alguns símbolos religiosos.A história das religiões é uma ciência humana ou ciência social que tem por objecto de estudo as religiões, ou mais exactamente os conjuntos de práticas religiosas]] e crenças religiosas, ritos e mitos. Estabelece-se como disciplina diferenciada da teología (estudo filosófico da divinidad -incluindo a consideração de sua existência-) e da história da Igreja (um ramo da historiografía com marcado carácter confesional católico) a partir da segunda metade do século XIX, no marco do desenvolvimento das ideias laicas, o debate de separação Igreja-Estado]] e o início de outras ciências sociais, especialmente a antropologia, a psicologia e a sociologia (antropologia da religião, psicologia da religião e sociologia da religião). Tem uma proximidade muito directa com outras perspectivas de estudo científico das religiões: os conceitos de religião comparada]] (ou religiões comparadas), de mitología comparada (ou mitologías comparadas); menos directa com a fenomenología da religião (filosofia da religião em termos consistentes com a orientação dos crentes); e inclui-se, com todas estas disciplinas, na disciplina global que costuma se denominar ciência da religião, ciências da religião ou estudos religiosos.

Não convém confundir com a História Sagrada]] (perspectiva providencialista da história humana, ainda que habitualmente limitada à história bíblica -narração histórica contida na Biblia-).

Índice
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1 Definição
2 História
3 Veja-se também
4 Bibliografía
4.1 Fontes deste artigo
4.2 Obras clássicas
4.3 Obras recentes
5 Enlaces externos


Definição
A história das religiões aborda os fenómenos religiosos desde um ponto de vista não confesional e uma perspectiva tanto histórica como antropológica, bem como com referência tanto ao tempo como ao espaço (perspectivas diacrónica e sincrónica -ver historiografía, história e tempo histórico-).

Está estreitamente relacionada com a etnología, a filología e a história (veja-se Alta crítica). Como suas disciplinas irmãs, é uma ciência de observação que se baseia no exame crítico dos datos, bem como no método comparativo.

Esta ciência pode ser definida com outras denominaciones, como ciência das religiões, com tradição na Alemanha (Religionswissenschaft), noção acuñada por Friedrich Max Müller, célebre orientalista, mitólogo e especialista no indoeuropeo do século XIX. Nessa época, o estudo das religiões se encuadraba no âmbito intelectual do academicismo romântico. O termo religiões comparadas é utilizado sobretudo no mundo intelectual anglosajón.

História
O exercício da história das religiões sempre tem sido comparatista. Já na Antigüedad, desde Heródoto, os gregos observaram com curiosidade os costumes e tradições de outros povos (egípcios, persas, judeus) com o fim de situar as próprias. Plutarco, no século I de era-a cristã, deixou-nos um verdadeiro número de trabalhos que se podem qualificar de mitología comparada.

São os pais da Igreja os que vão comparar as diferentes religiões e forjar o conceito de paganismo, para explicar em seu próprio benefício o surgimiento e a superioridad do cristianismo. Também são conceitos enunciados neste contexto pela patrística (Luz natural ou imitação diabólica) os que servirão para explicar mil anos mais tarde, na colonização da América, os curiosos costumes dos indígenas, as comparando com as dos paganos precristianos. Tal comparação executa-se em três níveis: o antigos, o selvagems e nós. Expressa a tensão entre o egocentrismo do eu e a alteridad do outro; que pode desembocar em uma forte identificação ou identidade colectiva do nós oposta ao eles (racismo e nacionalismo étnico e linguístico, ou proselitismo, intolerância e fundamentalismo religioso); ou, menos frequentemente, em um relativismo cultural que tente não aplicar preconceito]]s e encontre valor (axiología)|valores]] de similar natureza em ambos lados de um diálogo entre iguais (por exemplo, o famoso conto de os três anéis).

Exemplos dessas perspectivas na Idade Moderna são a "História Apologetica" do dominico Bartolomé das Casas (século XVI) ou "Lhes moeurs dês sauvages amériquains comparée aux moeurs dês premiers temps" do jesuita Josèphe François Lafitau (século XVIII). Ainda se encontram ambos em um contexto apologético. A história das religiões desenvolve-se neles a partir da mirada que o cristianismo posa sobre as demais religiões.

No século XIX, ao termo do processo de desconfesionalización iniciado pelos philosophes da Ilustração, a história das religiões vai-se lentamente a emancipar de suas origens piedosas para converter-se em uma verdadeira disciplina científica, desembarazada de seu propósito inicial (justificar a religião) para precisamente abordar melhor seu objecto de estudo (as religiões mesmas). A história das religiões distingue-se assim em primeiro lugar das disciplinas teológicas, inclusive ainda que ao mesmo tempo estas mesmas estão empenhadas em iniciar uma crítica profunda de suas tradições dogmáticas.

O florecimiento contemporâneo dos estudos orientalistas marcarão decisivamente esta nova orientação, especialmente descobertas filológicos como os efectuados em torno do sánscrito, a crítica bíblica (Ernest Renan), e sobretudo a antropologia anglosajona (Robertson Smith, Edward Tylor, James George Frazer) e a escola sociológica francesa (Emile Durkheim, Marcel Mauss, Henri Hubert).

No século XX, a história das religiões será também influída pelas aproximações psicológicas (Sigmund Freud, Carl Gustav Jung, Karol Kérény), fenomenológicas (Rudolf Otto, Mircea Eliade) ou pelas grandes figuras da mitología comparada (Georges Dumézil) e da antropologia social (Claude Lévi-Strauss).

Nos últimos tempos, várias associações e organizações reagrupan aos especialistas de diferentes domínios da história das religiões (vejam-se os enlaces externos). Desde as aproximações diferentes que praticam as diferentes escolas, o exercício comparatista e a perspectiva histórico-antropológica costumam dotar de rigor a seus métodos e propostas de investigação.

Veja-se também
Escola da história das religiões
Bibliografía
Fontes deste artigo
Philippe Borgeaud, Aux Origines de l'histoire dês religions, Paris, 2004.
Maurice Olender, Lhes langues du Paradis, Paris, 1993.
Obras clássicas
Müller, K. Ou., Prolegomena zu einer wissenschafltichen Mythologie, mit einer antikritischen Zugabe, Göttingen, 1825.
Müller, Friedrich Max, Einleitung in die Vergleichende Religionswissenschaft, Strassburg, 1874
Smith, W. Robertson, The Religion of the Semites, 1889 (2e éd. 1894).
James George Frazer, The Golden Bough. A Study in Comparative Religion, 2 vol., Londres/ New York, 1890 (trad. française: Lhe Rameau d'or, 4 vol., Paris, 1981-1984.) ; cf. Ackerman, R., J.G. Frazer. His Life and Work, Cambridge UP, 1987.
Durkheim, E., Formes-lhes élémentaires da vie religieuse. Lhe système totémique em Australie, Libraire Félix Alcan, 2e éd, Paris, 1925 (spécialement livre I, chap. 1; livre III, chap. 5), (réédition Quadrige, Paris, PUF, 1998).
Freud, Sigmund, Totem et tabou, Totem et tabou. Quelques concordances entre a vie psychique dês sauvages et celle dês névrosés(1912-1913), trad. M. Weber, Paris, Gallimard, trad. M. Weber, Paris, Gallimard, 1993.
Caillois, Roger, L’homme et lhe sacré, Paris, 1939.
Hubert, Henri, et Mauss, Marcel, «Essai sul a nature et a fonction du sacrifice», dans M. Mauss, Oeuvres, Paris, édition de Minuit, 1968, pp. 195-354.
Jung, Karl Gustav, Psychologie et religion, Paris, 1958.
Eliade, Mircea, Traité d'histoire dês religions, Paris, 1949.
Eliade, Mircea, Lhe mythe de l’éternel retour, Paris, 1949.
Eliade, Mircea, Lhe sacré et lhe profane, Paris, 1965.
Lévi-Strauss, Claude, Mythologiques, 4 vols., Paris, Plon, 1964-1971.
Lévi-Strauss, Claude, Anthropologie structurale, Paris, Plon, 1958.
Lévi-Strauss, Claude, Anthropologie structurale deux, Paris, Plon, 1976.
Puech, Henri-Charles (dir.), Histoire dês religions, Paris, Gallimard, 1970
Dumézil, Georges, Mythes et épopées, 3 vol., Paris, 1968-1973.
Walter Burkert, Homo Necans, Berlin, 1972.
Leroi-Gourhan, A., Lhes religions da préhistoire, Paris, 1964.
Obras recentes
Boespflug, F., et Dunand, F., (éds.), Lhe comparatisme em histoire dês religions, Centre de Recherches d’histoire dês religions, Paris, 1997.
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Philippe Borgeaud, Aux Origines de l'histoire dês religions, Paris, 2004.
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Marcel Detienne, L’invention da mythologie, Paris, 1981.
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Hans G. Kippenberg, À découverte de l'histoire dês religions, Paris, 1999.
Bruce Lincoln, Theorizing Myth. Narrative, Ideology, and Scholarship, Chicago, Chicago UP, 1999.
Tomoko Masuzawa, The Invention of World Religions, Chicago, 2005.
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Maurice Olender, Lhes langues du Paradis, Paris, 1993.
Robert A. Segal (éd.), The Blackwell Companion to the Study of Religion, Malden, 2006.
Jonathan Z. Smith, Relating Religion, Chicago, 2004.
Ivan Strenski, Thinking about Religion. A Historical Introduction to Theories of Religion, Malden, 2006.
Guy G. Stroumsa, Barbarian Philosophy. The religious Revolution of Early Christianity, Tübingen, 1999.
Mark C. Taylor, Critical Terms for Religious Studies, Chicago, 1998.
Enlaces externos
Association internationale pour l'histoire dês religions (IAHR)
European Association for the Study of Religions (EASR)
Société Suisse pour a Science dês Religions
Society for Scientific Study of Religion (SSSR)
North American Association for the Study of Religion (NAASR)
Canadian Corporation for the Study of Religion (CCSR)
History of religion
Revue d'histoire dês religions
Archives de sciences sociais dês religions
Dictionary of the History of Ideias
ASDIWAL, revue genevoise d'anthropologie et d'histoire dês religionsdá:Religionshistorieem:History of religionsnão:Religionshistorie
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