terça-feira, 27 de julho de 2010

´2241 - HISTÓRIA DOS DIFERENTES TIPOS DE LETRAS

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Tipos de letra
Publicado há 6 anos e 2 mess por Martim Weinstein, em Design Gráfico
Este artigo vem com um atraso descomunal, do qual que desde já peço desculpa. Gostaria de o ter entregue a tempo, mas obrigações profissionais misturado com uma semana de férias e ainda a reparação do Powerbook onde estou neste momento a trabalhar impediu-me de o entregar a tempo. Ainda por cima o tópico começou por ser um tutorial, mas esse artigo ficou a meio e preferi antes fazer algo mais simples.

As coisas mais simples são, muitas vezes, as mais fáceis de ignorar ou de "passar por cima", enquanto nos concentramos num objectivo final. Quando nos dedicamos a escrever uma carta imediatamente começamos a apresentação, passamos ao corpo e finalmente concluímos, despedimo-nos e assinamos. E lá vai a carta, mail, circular ou seja que peça escrita for. Por vezes não pensamos nas letras em si. No tipo de letra que escolhemos para escrever. Uma coisa tão simples mas que faz um mundo de diferença ao leitor.

Basta abrirmos um qualquer livro para perceber que há muitas semelhanças entre eles, donde concluímos que existirão algures regras sobre que tipos de letra usar e em que situação. Claro que, na maioria das vezes, será sobretudo um caso de senso comum saber que não se deve usar um estilo script para um livro de 400 páginas, pois dificulta a leitura. Da mesma forma, não se deve usar um tipo Sans-Serif para o mesmo efeito, pois um tipo de letra Serif será mais eficiente a nível de cansaço do leitor... esperem aí... rewind...

Vamos voltar atrás. Vamos falar de tipos de letra, de tipografia. Vamos falar do elemento mais pequeno mas que é, talvez, o elemento mais importante numa comunicação. Se no mês passado falei sobre regras para uma comunicação efectiva, agora vou tentar ser ainda mais analítico. Vou por o texto sob a lupa e analisar o tipo de letra escolhido para várias formas de comunicação. Vou falar um pouco sobre tipografia. E apesar de isto parecer simples, acreditem que talvez tenha escolhido um assunto, senão o assunto, mais complicado. Por isso em vez de discutir opiniões e ditar regras vou falar um pouco da história das letras.

É importante, acima de tudo, perceber que a escrita - com pincel, pena, lápis ou caneta - evoluiu da mão. Apesar de hoje estarmos habituados a um mundo digital é importante lembrar que foi à mão que a escrita foi inventada. Alguns de nós não se lembram de um mundo sem computadores. A grande maioria de nós, senão mesmo todos, não nos lembramos da ausência da máquina de escrever e duvido que alguém vivo se lembre da ausência do jornal e portanto da prensa. Claro que as coisas evoluíram de um modo exponencial, mas isso já se aplica a quase todos os ramos da nossa sociedade. Nada parece andar devagar nos dias de hoje. Enquanto que há 100 ou 200 anos os tipos de letra se contavam pelos dedos de uma mão, no máximo duas, hoje em dia facilmente um utilizador doméstico de um computador ultrapassa o limite imposto pelo sistema sobre quantos tipos de letra pode ter instalados.

Acredito que, para se escolher um tipo de letra, é preciso saber um pouco da sua história. Mesmo que não a história do tipo de letra especifico, mas pelo menos da família a que esse tipo de letra pertence. É por estas famílias que vou começar a minha divagação...

Tipos de letra Serif são aqueles a que vulgarmente chamamos tradicionais. São tipos de letra que encontramos em livros antigos. O Serif é o nome que se dá àquelas pequenas perninhas e arredondados nas pernas e pontas das letras. Podemos considerar os tipos de letra "Black Letter" como os primeiros tipos Serif. São tipos de letra em que apenas existem as maiúsculas e são geralmente bastante trabalhadas. Um exemplo é o "Old English":






Eram letras muito rebuscadas, muito trabalhadas e complicadas e, na sua grande maioria, de difícil leitura! Estávamos no século XV quando se iniciava, talvez, a maior revolução tipográfica que veio com o renascimento e a admiração da simplicidade grega e romana nas artes. Foi nesta altura que as letras minúsculas foram criadas e adaptadas à prensa de Gutenberg, a qual tinha sido inventada há pouco tempo. Mas apesar de ser um tipo novo de letra foi intitulado de "Antiqua" pois foi inspirado nas letras Gregas e Romanas, mas com minúsculas. Mais tarde estas letras passaram a ser conhecidas como "Old Style" ou "Humanist Antiqua". Engraçado ver que são estes tipos de letras (ou suas réplicas) que hoje são usados para dar um aspecto moderno e avançado a um texto. Letras como o Garamond, Minion ou Jenson. São letras com uma espessura relativamente uniforme e que mesmo assim, em muitos casos, mantinham um aspecto de terem sido feitas à mão especialmente com a criação do itálico que também apareceu por esta altura. O itálico era considerado um pouco "alternativo" e não fazia parte da tipografia tradicional.

As coisas evoluíram lentamente até ao século XVIII quando começou a aparecer um outro tipo de escrita. Pode-se chamar uma época de transição. Será talvez o ponto mediano entre aquilo que hoje chamamos os tipos modernos e os tipos "Old Style". Deste estilo de transição fazem partes tipos de letra conhecidos de todos nós como o Times Roman e Baskerville. A espessura já e visivelmente diferente no traço horizontal, diagonal ou vertical, criando mais contraste entre as próprias letras. As letras são mais simétricas e começam a evidenciar um aspecto mais mecânico e menos artesanal. São letras bastante neutras pela sua fácil leitura e acabam por ser, ainda hoje, usadas em todo o tipo de situações em que a concentração na leitura é essencial. O Times Roman ainda hoje é o tipo de letra escolhido na grande maioria dos livros e até como fonte "default" nos processadores de texto dos computadores:





Este tipo de letra continuou a evoluir até se tornar, também, um rebuscado levando os Serifs a extremos e dificultando até a leitura. Estes tipos de letras - chamados de modernos - rapidamente passaram de moda por isso mesmo. Os Serifs começaram a ser muito compridos e finos, aumentando o contraste das letras de tal forma que o leitor tinha mesmo de se esforçar para manter a sua atenção no texto. Claro que isto ajudou à evolução e criação de uma nova categoria: o Sans Serif.

Sans Serif que é isso mesmo: sem o Serif. Apesar de já aparecer em textos mais antigos, foi apenas em 1920 e 1930 que esta categoria de letras realmente se afirmou e cresceu. É quase inacreditável que até então não se tivesse pensado em retirar os Serifs das letras, mas se pensarmos que as letras nasceram da escrita, é fácil perceber a dificuldade que alguém a escrever com tinta tinha em manter uma linha perfeita, uniforme, e sem algum borrão nos pontos onde parava ou levantava a caneta. Assim percebe-se, até certo ponto, a origem dos Serifs.

Quando apareceram os primeiros textos feitos com este tipo de letra - Sans Serif - o efeito foi tal que o primeiro nome que lhe deram foi de "grotesco"! Claro que com o passar do tempo e a evolução do design para movimentos como o Bauhaus, o lado estético foi, até certo ponto, ignorado e o design só o era quando era prático e útil. O maior exemplo desta época e deste tipo de letra talvez seja o Futura:





No entanto não foi a Futura que ficou conhecida como tipo de letra Sans Serif. Esse título ficou para a Helvética. Apesar de revolucionário, esta nova categoria não eliminou a anterior, mas sim complementou-a e deu-nos mais opções sobre o que usar, quando e onde.

Este muito pequeno resumo acerca dos tipos de letra é talvez útil para se poder escolher tipos de letra adaptados ao tipo de trabalho que estamos a fazer. O tipo de letra provoca um impacto bastante importante no leitor e poderá fazer a diferença entre capturar a sua atenção ou deixa-lo distrair-se. Não vamos escrever textos Shakespeareanos num tipo Sans Serif, nem vamos tentar uma venda agressiva com um tipo Serif. No entanto a maioria dos projectos de design criam um problema de termos que conjugar dois ou mais tipos de letra, sem que se destaquem de tal forma que choquem a vista (a não ser que seja esse o objectivo). Geralmente para um projecto destes, o ideal é usar a mesma família de tipo de letra nas suas variantes (bold, itálico). Por vezes é preferível arriscar uma certa estandardização e ter um projecto com uma fonte apenas, do que criar contrastes sem significado e despropositados.

Resolvi falar apenas destas duas famílias de letras pois são elas a fundação do design. Qualquer profissional do ramo raramente usa outros tipos de letra tão regularmente como usa os destas duas grandes famílias. Há ainda aqueles tipos de letra fantasia ou script a imitar escrita, mas se olharmos à nossa volta podemos sempre identificar tipos Serif e Sans Serif em todo o lado. As letras são um elemento do design que é considerado simples e por vezes não lhes é dada a atenção devida. A escolha de um tipo de letra para um logótipo, texto, anúncio ou qualquer outra peça de comunicação pode elevar ou destruir a mensagem. Escolham bem.

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